Sobre a importância dos quintais, cada vez mais desaparecidos e, com isso, as nossas raízes também.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Importância da flora espontânea dos quintais- IV
Serralha
A
serralha, também denominada de chicória-amarga e serralha-branca, é uma espécie
conhecida por muitos. Antes era usada com frequência na alimentação, mas, que
com o tempo, foi sendo esquecida ou deixada de ser utilizada como alimento. Mesmo
não mais recebendo a devida atenção pelo ser humano, ainda persiste,
felizmente, em nossos quintais. Apesar de não ser nativa, no Brasil ocorre nas
lavouras, nos quintais e até nas calçadas, demonstrando o quanto é resistente e
de fácil cultivo.
Além
do uso como alimento, é uma espécie que atrai pulgões e, consequentemente, também
as joaninhas, as quais são inimigos naturais desses e de outros insetos. Também
pode ser utilizada na alimentação animal, pois é bem aceita pelo gado.
O
nome científico da serralha é Sonchus oleraceus L, que se propaga facilmente por
sementes, fato que lhe garante a sua sobrevivência nos mais versos locais. Quando o solo é rico
em matéria orgânica e bem arejado, cresce em abundância, e com melhores
qualidades nutricionais.
Para
ser consumida, é considerada de melhor sabor antes do florescimento, mas
algumas pessoas consomem também as suas flores. É comum ser cozida juntamente
com o feijão, o que, segundo alguns, facilita a digestão.
Como
medicinal, tem tido algumas referências no tratamento do vitiligo, ainda não
comprovado cientificamente, tanto na forma de consumo in natura, quanto aplicada
em compressas ou em emplastro sobre a área com sintomas de vitiligo. Outros usos
populares são: digestiva e diurética; e recomendada para tratar cistites, feridas,
escaras, úlcera varicosa e falta de apetite.
Algumas
pesquisas revelaram resultados, como, por exemplo, que a serralha possui
atividade antioxidante, altos valores pró-vitamínicos A, quando comparadas às
folhas de salsão e hortelã. Nas pesquisas que realizamos, relacionadas com a
qualidade nutricional de plantas espontâneas, comprovamos que a serralha é uma
boa fonte de ácido ascórbico e de sais minerais.
Texto: Marcos Roberto Furlan e colaboração da farmacêutica
Giany Margareth de Cassia Thomazin
Fonte da foto: Link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Serralha
terça-feira, 26 de junho de 2012
Fatores que afetam os teores de princípios ativos - V
Aspectos da reprodução dos vegetais
Conhecer aspectos relacionados à forma de reprodução dos
vegetais é essencial na produção de plantas medicinais, pois influencia na
variação dos teores de princípios ativos.
Santos e Motta (2008) observam que, quando as flores
apresentam estames e pistilo, são ditas perfeitas (bissexuadas) ou
hermafroditas, ou monoclinas. Se apresentam somente androceu (flores
estaminadas) ou somente o gineceu (flores pistiladas), são chamadas flores
imperfeitas (unissexuais) ou diclinas.
Espécies monoicas
As espécies que produzem flores masculinas (estaminadas) e
flores femininas (pistiladas), na mesma planta, são denominadas de monoicas. Se
os estames e os pistilos estiverem na mesma flor, a planta é denominada de hermafrodita, sendo que alguns autores a consideram também como monoica.
Plantas com flores hermafroditas têm mais chances de serem
autopolinizadas, e, portanto, produzir descendentes com menor variação de
princípios ativos. No entanto, alguns fenômenos podem impedir que isso ocorra, como,
por exemplo, a dicogamia e a autoincompatibilidade.
Na dicogamia, na mesma flor ocorrem diferenças quanto à
maturidade dos órgãos masculinos e femininos, isto é, um amadurece primeiro do
que o outro. Quando o outro amadurece o primeiro pode não estar mais disponível.
Quanto à autoincompatibilidade, há algum impedimento fisiológico para que
ocorra a autofecundação, o qual, geralmente, é de origem genética.
Infelizmente, não é possível reconhecer visualmente algum
mecanismo que impede a planta monoica de se autopolinizar.
Exemplos de espécies monoicas:
Achillea millefolium
Calendula officinalis
Matricaria chamomilla
Foeniculum vulgare
Melissa officinalis
Phyllanthus niruri
Plantago major
Ruta graveolens
Salvia officinalis
Taraxacum officinale
Thymus vulgaris
Alogamia
Uma forma de reprodução que mais provoca variabilidade no
teor de princípios ativos é aquela na qual o grão de pólen de um indivíduo é
transportado para o estigma da flor de outro indivíduo. É denominada de
alogamia ou de fertilização cruzada. A planta que possui essa forma de
reprodução é classificada como alógama.
Espécies alógamas
Helianthus annuus
Petroselinum crispum
Rheum officinale
Rosmarinus officinalis
Autogamia
Se a oosfera (óvulo da flor) for fecundada pelo grão de
pólen de uma mesma flor ou de flores distintas, mas presentes no mesmo
indivíduo, a reprodução é denominada de autogamia, e a planta classificada como
autógama.
Como nas plantas autógamas ocorre a autopolinização,
espera-se menos variabilidade genética entre os indivíduos, pois as plantas que
se reproduzem por autofecundação são quase ou completamente homozigóticas.
Importante realçar que em muitas espécies podem ocorrer as
duas formas, com predominância de uma. Para facilitar a classificação, tendo em
vista a possibilidade de ocorrência das duas formas na mesma espécie,
pesquisadores consideram plantas alógamas as que possuem mais de 40% de taxa de
polinização cruzada.
Os agentes naturais da polinização, tais como, vento,
insetos, pássaros, aves e morcegos, podem favorecer uma das duas formas.
Espécies autógamas
Catharanthus roseus
Ocimum basilicum
Ocimum carnosum
SANTOS, D. Y. A. C.; MOTTA, L. B. Diversidade da morfologia
floral. In: SANTOS, D. Y. A. C.; CHOW, F.; FURLAN, C. M. (org.) Ensino de
Botânica - Curso para atualização de professores de Educação Básica: A Botânica
no cotidiano. São Paulo: Universidade de São Paulo, Fundo de Cultura e
Extensão: Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Departamento
de Botânica, 2008. p.13-18. (Projeto de Cultura e Extensão).
Fonte: alterado de
Planta da semana: erva-baleeira - II
Notícia publicada em 2005, sobre o fitoterápico
produzido a partir da erva-baleeira
Antiinflamatório 100% nacional
Acheflan é o primeiro antiinflamatório fitoterápico
desenvolvido no Brasil. Com dois meses no mercado, empatou em vendas com o
conhecido Cataflan, informou a Agência Fapesp em 31/8. “Nenhuma parte da
pesquisa foi realizada fora do Brasil”, disse o pesquisador em farmacologia João Batista
Calixto, da Universidade Federal de Santa Catarina, que levou “vida dupla” nos
últimos sete anos, para manter o segredo do projeto, quase que totalmente
desenvolvido com recursos privados. O Laboratório Aché e o grupo de pesquisa
assinaram um contrato de prestação de serviço. “Todos que participaram
receberam pelos serviços, não existe direito sobre royalties ou algo parecido”.
O antiinflamatório é feito com base numa planta da Mata
Atlântica, a erva-baleeira ou maria milagrosa (Cordia verbenacea). O dono do
laboratório, Victor Siaulys, jogava tênis no Guarujá (SP) quando sofreu
contusão. “Apareceram com uma solução caseira que foi aplicada no ombro, e a
melhora foi bem rápida”, contou o médico Dagoberto Brandão, dono da consultoria
Pharma Consulting. Os três, então, deram início ao processo de desenvolvimento
do antiinflamatório fitoterápico nacional.
O farmacólogo pretende continuar aproximando as pesquisas
feitas na universidade e a iniciativa privada. “Existe muito ranço sobre essa
questão no Brasil. De um lado, é preciso dizer que não adianta nada existir a
patente se, por trás disso, não vier a inovação, a novidade e a aplicação
industrial”. E a iniciativa privada, para ele, deve ter em mente que o
conhecimento tem valor em si mesmo. “Muitos querem tudo de graça”. Os detalhes
do projeto foram apresentados pela primeira vez à comunidade científica na
Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe)
encerrada em 27 de agosto na cidade de Águas de Lindóia (SP).
“O dossiê enviado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) com o objetivo de aprovar o medicamento é considerado uma referência”,
elogia Dagoberto Brandão. “Todas as fases dos testes pré-clínicos e clínicos
foram realizadas com absoluta precisão.” E acrescenta: “Em 100% dos testes em
humanos nenhum efeito adverso foi registrado”. Para ele, há no caso uma grande
vitória simbólica: “Isso serve para mostrar aos jovens estudantes, ao governo
em geral e a toda a população que nós podemos fazer. Isso representa um sonho
de muitas pessoas”.
Ele acredita que o que restou ao Brasil é desenvolver
medicamentos a partir de plantas. “Não adianta querer ganhar a primeira
divisão, se o nosso time está apto a jogar na segunda”. O Laboratório Aché
gastou R$ 15 milhões para desenvolver o produto, valor considerado pequeno para
o desenvolvimento de um medicamento desse tipo.