sexta-feira, 27 de julho de 2012

Importante artigo que analisa as espécies com possível atividade hipolipidêmica

O objetivo deste trabalho foi realizar levantamento sobre as plantas medicinais indicadas para o tratamento da hiperlipidemia, hipercolesterolemia e/ou aterosclerose. Este estudo foi feito a partir da pesquisa bibliográfica em 32 livros publicados no Brasil entre 1998 e 2008, resultando em lista de 85 espécies distribuídas em 53 famílias, principalmente Asteraceae e Fabaceae, com 54 espécies exóticas e 31 nativas. As espécies mais citadas foram Allium sativum (Alliaceae), Cynara scolymus (Asteraceae), Curcuma longa (Zingiberaceae), Allium cepa (Alliaceae), Echinodorus grandiflorus (Alismataceae), Taraxacum officinale (Asteraceae), Vernonia condensata (Asteraceae), Cuphea carthagenensis (Lythraceae) e Curcuma zedoaria (Zingiberaceae). As espécies nativas, citadas em pelo menos 2 livros, foram  investigadas para alguma evidencia científica relacionada a possíveis efeitos hipolipidêmico, hipocolesterolêmico e/ou contra aterosclerose. Somente foram encontrados estudos científicos, relacionados a estes efeitos, para as espécies nativas Cuphea carthagenensis e Echinodorus grandiflorum, indicando a necessidade de pesquisas que possam garantir a segurança e a eficácia do uso destas espécies.

PIZZIOLO, V.R; BRASILEIRO, B.G; OLIVEIRA, T.T.;  NAGEM, T.J. Plantas com possível atividade hipolipidêmica: uma revisão bibliográfica de livros editados no Brasil entre 1998 e 2008. Rev. Bras. Plantas Med., v.13, n.1, p. 98-109, 2011.

Planta da semana: fáfia - II


Pesquisa que analisa seu uso no controle da cárie dental.

No Brasil, diversas espécies do gênero Pfaffia, família Amaranthaceae, são utilizadas em substituição ao ginseng, sendo conhecidas como “ginseng-brasileiro” ou fáfia. Entre essas espécies são citadas: Pfaffia glomerata, Pfaffia eresinoides e Pfaffia panicula. Algumas propriedades já foram relatadas na literatura como atividades antitumoral, analgésica e anti-inflamatória. Até o presente momento não existem trabalhos com estas plantas relacionando-as a atividade antimicrobiana frente a microrganismos da cavidade bucal. O objetivo deste trabalho foi determinar a Concentração Inibitória Mínima (CIM) através do método de diluição em caldo de diferentes extratos de Pfaffia glomerata frente a alguns microrganismos da cavidade bucal. Foram utilizados extratos hexânico, diclorometânico, etanólico, aquoso, butanólico e acetato de etila das raízes de P. glomerata. Utilizou-se como controle positivo o digluconato de clorexidina. Os resultados demonstraram que os extratos apresentaram atividade antimicrobiana, com uma CIM que variou de 50 a >400 µg/mL, sendo considerado os melhores resultados os extratos que apresentaram valores de CIM menores que 100 µg/mL. A ação antimicrobiana observada nos extratos sugere seu uso como adjuvante no controle da cárie dental.

MOURA, C.L. et al.  Evaluation of the antimicrobial activity of the plant species Pfaffia glomerata against oral pathogens.  Investigação, v.11, p.24-28, 2011.

A união faz a força

Texto: Raquel Marçal, de Curitiba |19 de julho de 2012

Muitos nutrientes que ingerimos funcionam melhor se combinados a outros, daí a importância de uma alimentação balanceada. Saiba como montar seu prato.

Basta dar uma olhada nas recomendações nutricionais para saber o quanto de cada nutriente devemos consumir por dia – vitamina C, por exemplo, são 60 miligramas. Porém, os nutrientes não seguem sempre carreira solo. Algumas vezes, eles podem interagir com outras substâncias que potencializam sua ação ou acabam até neutralizando-a. É o caso, por exemplo, das duplas abaixo.

VITAMINA D E CÁLCIO

O cálcio é importante para o fortalecimento dos ossos. No entanto, o corpo precisa da ajuda da vitamina D para absorvê-lo. “Estima-se que na ausência da Vitamina D, apenas 10% a 15% do cálcio seja absorvido e, sozinho, ele não consegue se fixar nos ossos de maneira adequada”, explica a nutricionista funcional Chris Vitola, de Curitiba.
Dose diária: adultos devem consumir 1.000 miligramas de cálcio e 600 unidades internacionais (UI) de vitamina D por dia. Para idosos a dose é mais alta: a partir dos 70 anos são 800 UI de vitamina D e 1.200 miligramas de cálcio (as mulheres precisam dessa quantidade do mineral a partir dos 51 anos).
Fontes: leite e derivados contêm grande quantidade de cálcio, mas mesmo quem não tem intolerância aos laticínios deve também encher a dieta de frutas, legumes e verduras – principalmente os folhosos verdes escuros, repolho, brócolis, feijão branco e gergelim, todos ricos no mineral. Para a vitamina D, bastam 20 minutos de exposição ao sol, três vezes por semana, além de colocar no prato peixes e ovos, ambos riquíssimos no nutriente.

SÓDIO E POTÁSSIO

O sódio é um nutriente essencial para a transmissão de impulsos nervosos, a contração e relaxamento das fibras musculares e para manter o equilíbrio de líquidos no corpo.  Mas, em excesso, interfere na habilidade dos vasos sanguíneos de relaxar e expandir, aumentando a pressão arterial e as chances de um derrame ou ataque cardíaco. Daí a importância do potássio, que dá uma força para os rins eliminarem o sódio.
Dose diária: Adultos devem ingerir 4.700 miligramas de potássio e 1.400 miligramas de sódio por dia. Atenção: apenas 1 grama de sal já contém 400 miligramas de sódio.
Fontes: com uma alimentação rica em frutas, legumes e verduras, chega-se fácil à quota de potássio. Já para não extrapolar o limite de sódio não basta cortar o sal. “Tem de ficar atento a alimentos industrializados como caldos, enlatados, conservas, sopas de pacotinho, embutidos, entre outros”, diz a nutricionista Chris Vitola.

VITAMINA B12 E FOLATO

Vitamina B12 e folato (também conhecido como ácido fólico) trabalham juntos na formação dos glóbulos vermelhos, as células do sangue que transportam oxigênio pelo corpo. A falta de apenas um desses nutrientes é suficiente para causar anemia.
Dose diária: 2,4 microgramas de B12 e 400 microgramas de folato.
Fontes: Verduras, legumes e feijão são ótimas fontes de folato. “A vitamina B12 está presente em quantidade significativa apenas nos alimentos de origem animal”, lembra a nutricionista. Por isso, os veganos (vegetarianos que, além de carne, também não consumem ovos e leite), precisam de suplementação.

NIACINA E TRIPTOFANO

A niacina é uma vitamina do complexo B (atende também pelo nome de B3). “Ela é produzida no intestino através do triptofano. Portanto se não ingerirmos alimentos que sejam fontes de triptofano, não produziremos a niacina”, explica Chris Vitola. A deficiência de niacina causa pelagra, uma doença cujos sintomas são irritações graves na pele, diarreia e perda da capacidade cognitiva.
Dose diária: 900 miligramas por dia de triptofano são suficientes para produzir as 15 miligramas de niacina necessárias.
Fontes: carne bovina, ovos, leite, trigo e arroz.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Importância da flora espontânea dos quintais - VII


A mamona (Ricinus communis), esteticamente, pode não ter nenhum atrativo, até porque cresce desengonçadamente, ocupando os seus merecidos espaços.
No entanto, tem muitas qualidades, como, por exemplo:

o seu óleo produz um polímero, semelhante ao plástico, e que está sendo estudado para servir na fabricação de próteses (http://www.redetec.org.br/inventabrasil/mamonapro.htm);
na alimentação de animais, apesar de ser fonte rica de proteína, ainda está sendo analisada quanto à toxicidade (http://www.scielo.br/pdf/abmvz/v64n1/a22v64n1.pdf; http://www.scielo.br/pdf/abmvz/v64n1/a22v64n1.pdf);
gera a famosa torta de mamona para ser usada na adubação, devido ao seu alto teor de nitrogênio;
onde se desenvolve, a incidência de pernilongos é menor;
indica solo rico em matéria orgânica;
serve para a produção de biodiesel;
suas folhas, de preferência picadas, enriquecem o composto; e
fornece o óleo de rícino, um dos laxantes mais conhecidos no Brasil.

E como vantagens, se adapta aos vários tipos de climas, resiste às pragas e pode servir como fonte de renda para a agricultura familiar.


Confusões com os alecrins

Rosmarinus officinalis 'Tuscan Blue'
Rosmarinus officinalis 'Santa Barbara'
Rosmarinus officinalis 'Joyce Debaggio'
Rosmarinus officinalis 'Blue Boy'
Rosmarinus officinalis 'Baby PJ'
Rosmarinus officinalis 'Severn Sea'
Rosmarinus officinalis 'Huntington Carpet'
Rosmarinus officinalis 'Foxtail'
Rosmarinus officinalis 'Benenden Blue'
Rosmarinus officinalis 'Majorca'
Rosmarinus officinalis 'Blue Rain'


Famoso desde a antiguidade, como ornamental e por fazer parte de rituais religiosos, da culinária de vários países, de cosméticos e de inúmeros medicamentos, o alecrim (Rosmarinus officinalis), principalmente a partir do Renascimento, começou a ser trabalhado pelo ser humano com o objetivo de gerar novos cultivares ou variedades. Como resultado desse trabalho, podemos encontrar mais de 50 cultivares comerciais de alecrim, com diferenças, tanto externas quanto com relação à sua composição química, o que pode ter, como consequências, diferentes ações medicinais, aromas ou sabores.

No Brasil, precisamos ficar atento quanto ao nome popular alecrim, pois, em algumas regiões, pode ser referência, por exemplo, ao alecrim-do-campo (Baccharis dracunculifolia) ou ao alecrim-de-vaqueiro (Lippia sidoides).

Texto: Marcos Roberto Furlan

No blog tem um texto específico sobre os usos do alecrim (R. officinalis): http://quintaisimortais.blogspot.com.br/2012/03/alecrim.html
As fotos ilustram 11 cultivares de alecrim.




segunda-feira, 23 de julho de 2012

Pioneira da agroecologia receberá prêmio mundial

A modéstia permeia as declarações da engenheira agrônoma Ana Primavesi quando ela se refere ao One World Award - o principal prêmio da agricultura orgânica mundial, conferido pela International Federation of Organic Agriculture Movements (Ifoam). Neste ano, foi ela a escolhida para receber a homenagem, na Alemanha.

"Eles distribuem o prêmio entre os vários continentes. Agora, foi a vez da América do Sul", comenta uma das precursoras do movimento orgânico no Brasil. "Estão me premiando por toda parte... Não sei para que isso", acrescenta, quase encabulada.

E ouve, em seguida, que a homenagem que receberá no dia 14 de setembro, com a participação de mais de mil pessoas, entre elas a vencedora do prêmio Nobel Alternativo da Paz, a indiana Vandana Shiva, é mais do que merecida, pelo trabalho que vem fazendo, há 65 anos, pela agricultura ecológica, auxiliando lavradores a tornarem suas terras produtivas e limpas, em harmonia com o ambiente, eliminando o uso de agrotóxicos e adubos químicos.

"Pois é... Pelo jeito...", sorri Ana Primavesi, que arremata: "Dizem que eu inventei a agricultura orgânica. Conscientemente, não. A gente sempre trabalhou dessa forma".

Impactos positivos

Instituído em 2008, o One World Award é conferido a cada dois anos a ativistas da agricultura orgânica no mundo. São pessoas cujo trabalho impacte positivamente a vida dos produtores rurais.

Em 2008, quem ganhou o prêmio foi o veterinário e professor alemão Engelhard Boehncke, por suas práticas e estudos em relação à criação orgânica de animais. Há dois anos, foi a vez do indiano pioneiro em agricultura orgânica Bhaskar Salvar, que, logo no início da década de 1950, contrapôs-se à

Revolução Verde - que inaugurou o uso de adubos sintéticos e agrotóxicos nas lavouras -, ensinando agroecologia aos produtores, com o uso de fertilizantes orgânicos, a manutenção da vida no solo e o fortalecimento das plantas por meio de um ambiente equilibrado.

Neste ano, Ana Primavesi será a agraciada. Aos 92 anos, austríaca naturalizada brasileira, formada pela Universidade Rural de Viena, é Ph.D. em Ciências Agronômicas e especializada em vida dos solos. Publicou vários artigos científicos e livros sobre o assunto, mas um deles, Manejo Ecológico do Solo (Editora Nobel, 552 páginas, reeditado mais de 20 vezes), é uma das bíblias da produção orgânica e leitura obrigatória nas faculdades de Agronomia do País.

A obra é citada no livro Plantas Doentes pelo Uso de Agrotóxicos, de Francis Chaboussou, no qual prova que pragas e doenças não atacam plantas cujos sistemas estejam equilibrados. E que são os adubos químicos e os agrotóxicos que atraem os parasitas, gerando um ciclo de dependência, com nefastas consequências para o planeta.

Preservação

Desde 1947, quando iniciou sua vida profissional, e por meio de aulas na Universidade Federal de Santa Maria (RS), Ana Primavesi vem batendo na tecla da preservação da vida no solo. Em aulas, palestras, conferências, debates, assistências técnicas diretas aos produtores rurais e a suas associações, a engenheira agrônoma repete frases que se tornaram mantras.

E quem as coloca em prática vê os resultados na produção, na preservação e na saúde de quem planta e de quem consome os alimentos agroecológicos: "O segredo da vida é o solo, porque do solo dependem as plantas, a água, o clima e nossa vida. Tudo está interligado. Não existe ser humano sadio se o solo não for sadio e as plantas, nutridas."

Observação

Tanto que a primeira coisa que ensina aos agricultores que a procuram é olhar para a terra. "Se o solo tem uma boa estrutura, o agricultor tem grande chance de modificá-lo e convertê-lo para a agricultura orgânica", diz. "Terra com boa estrutura forma grumos, que nada mais são que o entrelaçamento de microrganismos que conferem vida ao solo e saúde às plantas, além de permitirem a infiltração da água. Em solos compactados e sem vida, água vira enxurrada e provoca erosão."

Ana Primavesi lembra que uma planta precisa de no mínimo 45 nutrientes para se desenvolver e produzir de forma saudável. "A agricultura convencional dá, no máximo, 15 desses nutrientes para as plantas. E nem sempre esses 15 nutrientes são integralmente ministrados às lavouras convencionais", diz.

O resultado são plantas deficientes nutricionalmente e frágeis aos ataques de pragas e doenças, dependentes, portanto, do uso de agrotóxicos.

É justamente a maneira de devolver esses nutrientes ao solo que Ana Primavesi ensina aos agricultores. Ela lembra de agricultores na cidade de Diamantina, em Minas Gerais, que há cerca de 15 anos a procuraram porque já não conseguiam produzir com o pacote convencional.

"Eles estavam a desanimados, quase falindo, porque a cada ano a terra respondia menos às adubações", conta. "Começamos a melhorar o solo e a qualidade dos nutrientes, passando a aplicar adubações orgânicas", continua. "Demorou uns quatro a cinco anos, mas agora eles produzem com fartura. Há uns anos voltei lá e vi como estavam felizes com a produção orgânica", conta Ana, ressaltando que a recompensa sempre vem. "O problema é que ela não é rápida, e muitos desistem." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

http://www.dgabc.com.br/News/5970287/pioneira-da-agroecologia-recebera-premio-mundial.aspx