sábado, 4 de maio de 2013

Descoberto gene vinculado à enxaqueca

02/05/2013 - 8h12

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco (Estados Unidos), descobriram o primeiro gene cuja mutação está associada à forma mais comum de enxaqueca. A descoberta pode abrir o caminho para uma compreensão da doença de causas desconhecidas, segundo estudo publicado nos Estados Unidos. 

Louis Ptacek, professor de neurologia da universidade, um dos principais autores da pesquisa, disse que este é o primeiro gene descoberto no qual uma mutação está relacionada à forma mais comum de enxaqueca. "Isso lança a primeira luz sobre uma doença que ainda não entendemos. Mas só um número muito pequeno de pacientes com enxaqueca tem esse gene mutante", acrescentou.

Segundo especialistas, a enxaqueca afeta de 10% a 20% da população e causa perdas de produtividade. Os sintomas da doença são forte dor de cabeça e hipersensibilidade ao som, ao tato e à luz.

Os resultados da pesquisa estarão na revista norte-americana Science Translational Medicine. Os pesquisadores fizeram um estudo genético com duas famílias em que a enxaqueca é comum. Eles descobriram que a maioria das pessoas que têm o distúrbio é portadora do gene mutante ou filha de pais que tinham esse gene.

No laboratório, os autores do estudo descobriram que a mutação do gene CKIdelta afetava a produção de uma proteína chamada quinase CK2, que desempenha importante papel em muitas funções vitais no cérebro e no resto do corpo. "Isso indica que a mutação genética tem consequências bioquímicas reais", disse Ptacek.

*Com informações da agência pública de notícias de Angola, Angop

Edição: Graça Adjuto
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Crianças americanas sofrem cada vez mais com alergias

Crianças americanas sofrem cada vez mais com alergias, e as que vivem em famílias ‘mais cuidadosas’ são especialmente afetadas, segundo um relatório do governo americano.

As alergias na pele, como eczemas, registraram o maior avanço na última década, passando de 7,4% em 1997-1999 a 12,5% no período 2009-2011, segundo o documento [Trends in Allergic Conditions Among Children, 1997 to 2011], do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde Pública (NCHS) em menores de 17 anos. Matéria da AFP, no Yahoo Notícias, com informações complementares do EcoDebate.

As alergias alimentares também registraram alta no período e passaram de 3,4% a 5,1%.

A taxa de alergias respiratórias permaneceu constante e, entre elas, a febre do feno (rinite alérgica) continua sendo a alergia mais comum na infância (17%).

Uma alergia é uma reação exagerada a substâncias que o sistema imunológico deveria considerar inofensivas, como o pólen, leite ou amendoim.

Alguns especialistas acreditam que o aumento das alergias nos Estados Unidos e em outras partes do mundo desenvolvido é motivado pelo aumento da higiene pessoal, que elimina os germes. Assim, a falta de estímulo infeccioso do sistema imunológico nas crianças pequenas impede o desenvolvimento de suas defesas para lutar contra bactérias e vírus.

O estudo do NCHS destaca que as crianças latinas nos Estados Unidos são menos propensas a sofrer enfermidades alérgicas.

Os cientistas também descobriram que a prevalência das alergias aos alimentos e respiratórias aumenta de acordo com a renda.

“As crianças que vivem em uma família com renda igual ou superior a 200% da linha de pobreza têm a maior taxa de prevalência”, afirma o relatório.

Entre as crianças abaixo da linha da pobreza, 4,4% sofriam alguma alergia aos alimentos e 14,9% tinham alguma alergia respiratória.

Nas famílias com maior renda, 5,4% das crianças sofriam de alergia aos alimentos e 18,3% tinham alguma alergia respiratória.

O documento não demonstra diferenças significativas entre as alergias da pele e a renda.

NCHS Data Brief No. 121 May 2013
Trends in Allergic Conditions Among Children, 1997 to 2011

EcoDebate, 03/05/2013

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Inflação dos alimentos está ligada à hegemonia do agronegócio, afirmam especialistas

Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

“Olha o meu cordão! Tomates! Estou usando ouro”, disse a apresentadora Ana Maria Braga, do programa Mais Você, da Rede Globo, no dia 10 de abril. Ela proferiu essa frase e fez o programa inteiro usando um colar feito de tomates, em “protesto” ao aumento do preço.

Diversas piadas em relação ao preço alto do tomate se espalharam pela internet nas últimas semanas. Muito se discutiu na imprensa sobre a alta do preço, alardeando o crescimento da inflação provocado pela alta dos alimentos e que o aumento na taxa de juros seria a medida principal no controle da inflação.

Para o economista Guilherme Delgado, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o aumento dos juros para controlar a inflação tem custos econômicos e sociais.

“A elevação da taxa de juros Selic pelo governo (de 7,25% a 7,5%) não tem nenhum efeito do ponto de vista da contenção inflacionária, mas atende a apetites midiáticos e simbólicos. A linha de contenção da demanda via elevação de juros e redução do gasto social aparece como uma forma de conter a inflação, mas tem custo de muitos empregos e desaceleração econômica. Não me parece que seja essa a via que o governo está seguindo”, acredita.

O uso político da alta do tomate para forçar o aumento de juros se torna mais evidente ao analisar a queda brusca do preço do fruto. A inflação do tomate em março foi de 122,13%, sendo que no meio de abril o preço já havia caído mais de 75%.

Além disso, a farinha de trigo teve um aumento de preço maior que o tomate (151,39%) por conta da seca no nordeste, e não recebeu tanta atenção dos analistas e da mídia quanto o tomate.

“O tomate é um produto de cultivo cíclico de 90 dias. Se está faltando no mercado é porque os agricultores estão plantando. O preço que estava muito alto começa a diminuir quando o plantio novo chega. A produção do tomate não é relevante para explicar a pressão inflacionária, porque senão temos um discurso puramente sazonal. Todas as economias do mundo, em todas as épocas, tem problemas sazonais. E isso não é causa de inflação”, afirma Delgado.

Gerson Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), concorda. “Existe sim um problema de pressão dos preços dos alimentos, mas o tomate foi usado como um vilão para pressionar o governo a aumentar a Selic. O impacto do preço do tomate na taxa de inflação é mínimo, em torno de 0.2%”.

Política Agrária

Os especialistas avaliam que a alta inflacionária dos alimentos se deve, em grande parte, à política agrícola adotada pelo governo brasileiro, que prioriza as exportações do agronegócio em vez do abastecimento interno.

Dados da Abra apontam que, de 1990 para 2011, as áreas plantadas com alimentos básicos como arroz, feijão, mandioca e trigo declinaram, respectivamente, 31%, 26%, 11% e 35%. Já as de produtos do agronegócio exportador, como cana e soja, aumentaram 122% e 107%.

“Precisamos pensar melhor em como atender a demanda interna e externa para resguardar a estabilidade de preços nos produtos alimentares. Hoje, pensamos em resolver o equilíbrio externo, exportar a qualquer custo para obter superávit na balança comercial e o menor déficit possível na balança corrente. E o resíduo das exportações fica com o mercado interno para resolver as questões de estabilidade. Essa equação está equivocada e precisa ser reformulada”, afirma Delgado.

Esse cenário faz com que o Brasil dependa de importações de alimentos básicos para suprir seu mercado interno. No ano passado, o país importou US$ 334 milhões em arroz, equivalente a 50% do valor aplicado no custeio da lavoura em nível nacional. No caso do trigo, o valor das importações foi de US$ 1,7 bi, duas vezes superior ao destinado para o custeio da lavoura, e a produção de mandioca atualmente é a mesma de 1990.

Para controlar os preços e garantir o abastecimento interno, o governo começa a adotar a criação de estoques reguladores por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Essas reservas permitem ao governo intervir caso o preço dos alimentos esteja fora do padrão determinado, e comprar ou vender esses alimentos, com ênfase especial nos que compõem a cesta básica para equilibrar os valores.

Segundo Gerson Teixeira, os estoques são estratégicos. “Deixamos de estocar na década de 90, pois prevalece até hoje a tese neoliberal da autorregulação do mercado. Qual o resultado? Não temos estoques de alimentos capazes de impedir a alta dos preços”.

“A política de estoques regulares e estratégicos é fundamental. A presidenta Dilma assinou uma medida importante em fevereiro, criando um conselho interministerial para formar estoques públicos de alimentos. É uma medida extremamente necessária nesses tempos de volatilidade do mercado agrícola”, defende.

Fortalecimento da agricultura familiar

A agricultura familiar e os assentamentos da Reforma Agrária, de acordo com dados do Censo Agropecuário de 2006, ocupam 30% das terras agricultáveis do país, mas produzem 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.

Dessa forma, as políticas para fortalecer a agricultura familiar são uma alternativa para controlar a alta dos preços dos alimentos, garantir o abastecimento interno e diminuir a dependência externa do Brasil em relação aos alimentos básicos.

“Os assentamentos de Reforma Agrária e o campesinato em geral tem uma especialização na produção de alimentos. Esse setor, se for devidamente fomentado, pode produzir em grande quantidade os produtos da cesta básica. É uma via importante e necessária a ser trabalhada. Mas não me parece que o governo esteja muito atento a isso, pois para ele o agronegócio resolve tudo, o que não é verdade”, afirma Guilherme Delgado.

Gerson Teixeira acredita que para alterar este cenário, é preciso incluir os camponeses no meio de produção rural, mas qualificá-los para que sua produção possa se diferençar da do agronegócio, pois os incentivos oferecidos hoje fazem com que muitos produtores deixem de produzir os alimentos da cesta básica para plantar as commodities valorizadas no mercado internacional.

“O que precisa ser feito mesmo é rever a política agrícola e fazer a Reforma Agrária. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) está completamente esgotado. Ele realizou uma política de inclusão social nas políticas agrícolas, que aproximou a agricultura familiar do agronegócio. Precisamos rever essa política e colocar o Pronaf não como uma estratégia de inclusão, mas de diferenciação para habilitar realmente o agricultor a produzir alimentos de qualidade”, propõe Teixeira.

Dados do Pronaf revelam que, ao comparar 2003 com 2012, o número de operações de custeio de arroz com agricultores familiares declinou de 34.405 para 7.790 (-77.4%).

No caso do feijão, o número de contratos de custeio pelo Pronaf reduziu de 57.042 para 10.869 (-81%). Os contratos para o custeio da mandioca caíram de 65.396 para 20.371 (-69%), e para o custeio de milho declinaram de 301.741 para 170.404 (-44%).

Teixeira demonstra preocupação com o futuro da agricultura brasileira, diante do quadro de ameaças de mudanças climáticas, em um cenário de enormes desafios para a alimentação de uma população mundial crescente e de expansão da urbanização:

“No Brasil, assistimos à passividade e um recuo ‘inexplicável’ na execução da Reforma Agrária, que é crucial para o incremento massivo da produção alimentar. É inacreditável que não vejam que o agronegócio corre sérios riscos de colapso nesse ambiente”, conclui.

Colaboração de Roberta Graf para o EcoDebate, 03/05/2013

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Empresa produz acessório para chuveiros, que reduz consumo de água e energia em 40%

Empresa de Santa Rita de Sapucaí (MG) produz acessório inovador para chuveiros, que reduz consumo de água e energia em 40%

Sobre a empresa

Ramo de atividade: fabricação de acessório para chuveiro
Localização: Santa Rita do Sapucaí (MG)
Tempo de mercado: 20 anos
Área: 200 m²
Nº funcionários: 03

Como Sebrae apoiou: Empretec, Sebraetec, consultorias, cursos, etc

Números

De 2010 até o momento, a KL cresceu 100% ao ano, devido ao sucesso do Ecoshower
Vanessa Brito

Como reduzir o consumo de água e energia elétrica durante os banhos? Este é o sonho de muitos consumidores. Os chuveiros sempre foram grandes vilões das contas de água e luz das residências brasileiras. E essa era a preocupação de Claudio Lasso, desde os tempos em que cursava engenharia elétrica no Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel)), em Santa Rita do Sapucaí (MG), no Vale da Eletrônica.

Em 1988, ele desenvolveu o projeto de um acessório inédito para chuveiros, denominado na época como Power Control, exposto numa feira do Inatel. Vinte anos depois, o engenheiro eletricista e empresário da KL Tecnologia decidiu aperfeiçoar o dispositivo e lançá-lo no mercado como Ecoshower. O acessório, que deve ser instalado junto ao chuveiro, reduz o consumo de água e luz nos banhos em até 40%. O produto se tornou sucesso de vendas e foi patenteado. Até momento, foram comercializados mais de oito mil unidades para todo o país.

“Desenvolvi um acessório simples para ser instalado pelo próprio usuário. O Ecoshower também quebra paradigma, pois coloca o controle da qualidade do banho nas mãos do usuário”, afirma Claudio. O dispositivo aumenta as graduações de temperatura e vazão de água da maioria dos chuveiros elétricos, que só possuem as alternativas verão e inverno, acrescenta. O preço do acessório varia entre R$ 80 e R$ 128, conforme o modelo. Ele também é compatível com sistema de aquecimento solar.

Carro-chefe

A KL Tecnologia está no mercado há 20 anos, mas foi a partir de 2008 que Claudio despertou para o antigo projeto dos tempos de universitário. “ Percebi que as mudanças climáticas e a preocupação com a emissão de carbono eram realmente sérias. O futuro é buscar soluções tecnológicas para mitigar os efeitos do CO2”, ressalta.

Hoje, o Ecoshower é o carro-chefe da KL Tecnologia, que também atua na área de telecomunicações. Quatro modelos são produzidos: slim; BC (baixo custo); kit slim (com chuveiro e cano); e kit BC (com chuveiro e cano).

“Além de economizar água e energia, nosso produto aumenta a vida útil dos chuveiros, pois poupa a resistência deles”, explica o empresário. “O Ecoshower é robusto e durável”, acrescenta. O produto não foi criado para ser descartável em pouco tempo, segundo ele.

A produção do Ecoshower é baseada em parcerias com empresas do Vale da Eletrônica. A KL Tecnologia tem capacidade para produzir até 7 mil peças/mês. Atualmente a empresa fabrica 500 unidades/mês. De 2010 até o momento, a KL Tecnologia cresceu 100% ao ano, devido ao sucesso do produto.

O acessório de chuveiro possui qualidade assegurada por laudo da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). O site da KL Tecnologia calcula a quantidade de água e energia gasta nos banhos e a economia conseguida com o Ecoshower (www.ecoshower.com.br) .

Clientela

Concessionárias estaduais de energia elétrica do RJ, MG e RS estão comprando Ecoshower para atender exigências da Agência Nacional de Energia Elétrica (Anel), por meio de Programa de Eficiência Energética. Hotéis, pousadas, hospitais, escolas, creches, academias de ginástica, residências, entre outros, compõem a clientela do produto.

Preços diferenciados para lojitas e consumidor final são encontrados na loja virtual do produto, que também está disponível em lojas de ferragens, materiais de construção, elétricos e hidráulicos.

A divulgação do acessório de chuveiro é feita em participações em feiras, catálogos e email marketing. No momento, Claudio revela que está negociando exportação para o México e Costa Rica. “O mundo vai ter que buscar soluções sustentáveis e equipamentos cada vez mais econômicos”, diz ele. “Estou feliz com o que faço. Vai de encontro aos nossos valores éticos”, enfatiza.

O empresário também inventou um umidificador ecológico, feito a partir de materiais recicláveis. Este produto não foi patenteado, não é comercializado, não consome energia elétrica e pode ser montado facilmente por interessados. O objetivo do empresário e engenheiro eletricista foi ajudar famílias menos favorecidas com uma solução simples e barata para usar durante períodos quentes e muito secos (http://www.inventeaqui.com.br/invencao/umidificador-de-ar-feito-com-sucata/resultado-final).

Informe do Centro Sebrae de Sustentabilidade, publicado pelo EcoDebate, 03/05/2013

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Temperatura do planeta avançou até 2°C em 2012, um dos dez mais quentes de toda a história

O ano de 2012 foi um dos dez mais quentes de toda a história. O alerta é da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que hoje publica sua avaliação sobre a situação climática e o avanço do aquecimento global [Statement on the Status of the Global Climate].

A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 02-05-2013.

Entre os destaques está o Nordeste brasileiro, que viveu em 2012 a pior seca em meio século. Foi uma das anomalias climáticas mais importantes do planeta no ano, que afetou 1,1 mil municípios, um quinto de todas as cidades brasileiras. Na América do Sul e no Brasil, a onda de calor fez as temperaturas médias ficarem entre 1ºC e 2°C acima do normal.

Apesar do impacto do La Niña, no início do ano, reduzindo as temperaturas em várias partes do mundo, 2012 entra para os registros como o nono ano mais quente já identificado pelos cientistas. Em média, registraram-se temperaturas terrestres e da superfície dos oceanos 0,45°C acima da média de 14°C do período entre 1961 e 1990. Por 27 anos consecutivos, a média registrada tem ficado acima do período de comparação.

Na América do Sul, o impacto da elevação de temperaturas foi ainda maior. A onda de calor que atingiu o Brasil foi destacada pela entidade. Já a Argentina viveu seu ano mais quente desde 1961. O caso do Nordeste é alvo de um especial alerta dos especialistas e, para a entidade ligada à ONU, é um exemplo da intensificação dos fenômenos extremos no clima mundial. O auge da seca teria sido registrado entre março e maio, com um déficit de chuva de 300 milímetros.

“Isso teve um impacto severo sobre a população da Região Nordeste“, indicou o informe. “A seca severa afetou mais de 1,1 mil cidades, ameaçando a vida das populações locais e seus abastecimentos de alimento”, apontou.

Entre os cientistas da entidade, a onda de calor e as anomalias são vistas com preocupação. “Esse é um sinal alarmante”, declarou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. “Tudo indica que o aquecimento continuará a ocorrer, por causa da concentração de gases de efeito estufa”, insistiu. Além do caso brasileiro, outros destaques foram o aumento de temperatura e a seca na Rússia, América do Norte e Norte da África.

Furacão Sandy

Para Jarraud, fenômenos extremos são comuns. Mas, com o aquecimento do planeta, eles estariam ganhando dimensões inéditas. O impacto desses desastres também estaria aumentando. Em 2012, por exemplo, os níveis dos mares estavam 20 centímetros acima do que era registrado em 1880, o que estaria levando furacões como Sandy a ter consequências bem mais desastrosas que há cem anos.

Perda de gelo no Ártico chega a 3,4 mi de km²

Em um outro sinal preocupante do aquecimento global, 2012 registrou uma perda recorde do gelo do Ártico. A perda foi 18% superior ao recorde anterior, de 2007, chegando a 3,4 milhões de quilômetros quadrados. “Esse é um sinal também de muita preocupação”, alertou Michel Jarraud, secretário executivo da Organização Meteorológica Mundial.

Em agosto, o Ártico perdeu 92 mil quilômetros quadrados por dia, outro recorde absoluto. O volume de gelo ficou 49% abaixo da média dos últimos 30 anos, enquanto a Groenlândia registrou o maior degelo em 34 anos.

Um dos aspectos destacados pelo informe é o fato de que, apesar dos esforços internacionais e promessas de governos e empresas, a concentração de gases de efeito estufa continua em expansão e voltou a atingir um novo recorde em 2011. A concentração de CO2, por exemplo, está 40% acima dos níveis pré-industriais, do ano de 1750. Mas o que mais preocupa é que a expansão desse gás é mais intensa agora que nos anos 1990.

Metano

No caso do gás metano, sua intensidade na atmosfera é 159% superior ao que era registrado pelos cientistas há 300 anos. Se a expansão das emissões chegou a cair no início do século XXI, agora os especialistas apontam que voltou a crescer. No geral, a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera é 30% ao que era em 1990; entre 2010 e 2011, o aumento foi de 1,2%.

(Ecodebate, 03/052013) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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Você acha que um copo plástico é apenas um copo plástico? artigo de Jimmy Cygler

[EcoDebate] Ontem fui ao laboratório fazer exames de saúde. Após ter as ampolas de sangue recolhidas, e esfomeado por horas de jejum, resolvi visitar a lanchonete do local. Ao meu lado, uma mãe de cabelos brancos e quem parecia ser seu filho, barbudo, uns 40 anos, também se sentavam para comer. Entre uma golada e outra de café, reparei no comportamento do rapaz quando se levantou para pegar mais suco. Em vez de um copo plástico, ele trouxe dois, um embaixo do outro – o que nem se justificava para aplacar uma eventual temperatura muito quente. Ao fim daquele lanche rápido, o que deveriam ser dois copos eram, na verdade, oito.

É muito possível que o meu companheiro de cantina não tenha consciência de que ele colaborou para que exista quatro vezes mais petróleo extraído das profundezas de nosso planeta; quatro vezes mais coleta de lixo; quatro vezes mais desperdício de energia para recolhê-lo; lixões quatro vezes mais abarrotados; quatro vezes menos tempo de vida para a Terra. Hoje, ainda não é possível responsabilizá-lo. Isso porque até agora, a humanidade seguiu os princípios da abundância para se firmar enquanto espécie. Ainda não conseguimos perceber que a água está acabando porque hoje ela escorre de forma abundante em nossos chuveiros, tanques e torneiras. Mas dentro de 20 anos, a demanda por água será 40% maior do que a sua oferta. Daqui para frente, portanto, é preciso adotar um princípio de vida exatamente oposto se quisermos sobreviver enquanto espécie: o da escassez.

Todos os dias, 250 mil bebês nascem em todo o mundo, enquanto a média de mortes gira em torno de 150 mil. No último Dia das Bruxas, a Terra ultrapassou a marca dos 7 bilhões de habitantes. Até 2100, segundo o último relatório do Fundo de População das Nações Unidas, devemos passar dos 10 bilhões e até chegar perto dos 15. Esses dados são alarmantes se pensarmos que, apenas com o número de moradores atual, o planeta demora 18 meses para repor os recursos consumidos em 12 meses. E pouca gente sabe que a elevação da temperatura global, causada pelo incessante envio de CO2 à atmosfera, está diretamente ligada à uma possível falta de alimentos para a população terrestre no futuro. Se o clima médio do planeta ficar 5,8 graus mais quente nos próximos cem anos, conforme foi previsto pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, as plantações de arroz, soja e milho serão reduzidas pela metade. Essa quantidade de comida pode ter que ser suficiente para alimentar o dobro de indivíduos que existem agora.

Para cada quilo de plástico produzido, seis quilos de CO2 são liberados na atmosfera. Tudo está interligado em uma mesma lógica ambiental que funciona de forma praticamente matemática e explica por que o meu companheiro de cantina não tem o direito de pegar oito copos diferentes para beber o mesmo suco com a sua mãe. Fazendo isso, ele está cooperando para que a crise mais séria de fome que a humanidade já enfrentou até o presente momento realmente exista. Ele está colaborando, sem saber, para que o derretimento das geleiras promova desastres ecológicos que podem fazer cidades inteiras sumirem para sempre. E para que as crianças que nasçam daqui a cem anos encontrem um planeta muito menos habitável do que é a Terra hoje.

Você já jogou fora a garrafinha de água mineral que comprou na rua hoje? Se não, guarde-a na bolsa e encha em casa. Não é isso que vai salvar o planeta, mas acredite: é uma bela ajuda.

*Jimmy Cygler é presidente da Proxis, foi professor do MBA da ESPM por 13 anos, lutou em quatro guerras em Israel (principalmente no deserto do Negev) e publicou pela editora Elsevier o livro Quem Mexeu na Minha Vida.

Colaboração de Karine Reis, para o EcoDebate, 03/05/2013

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Informe sobre Desarrollo Humano 2013

Países de América Latina sacan a millones de personas de la pobreza y posibilitan que otros muchos asciendan a la clase media, según el Informe sobre Desarrollo Humano 2013

Ciudad de México, 14 de marzo de 2013. En las últimas décadas, países de América Latina y otras regiones en desarrollo han logrado impresionantes avances en desarrollo humano, sacando a cientos de millones de personas de la pobreza y posibilitando el surgimiento de miles de millones a una nueva clase media global, tal y como afirma el Informe sobre Desarrollo Humano 2013, lanzado en el día de hoy en Ciudad de México por la Administradora del Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo (PNUD) Helen Clark y el Presidente de México Enrique Peña Nieto.

El Informe sobre Desarrollo Humano 2013, titulado El ascenso del Sur: progreso humano en un mundo diverso, analiza más de 40 países en desarrollo, a los que denomina "el Sur", y que han conseguido un rápido avance en el desarrollo humano en los últimos años. El Informe elogia los programas sociales innovadores aplicados en la región de América Latina, en particular aquellos dirigidos a reducir la pobreza y las desigualdades sociales históricas, como el programa Oportunidades de México y Bolsa Familia de Brasil.

"El desarrollo económico por sí solo no se traslada automáticamente en avances en desarrollo humano," apunta la Helen Clark, Administradora del PNUD, en el prólogo del Informe. "Las políticas dirigidas a los pobres y las inversiones significativas en las capacidades de las personas, centradas en la educación, la alimentación y la salud, y las habilidades de empleo, pueden ampliar el acceso a un trabajo digno y ayudar a lograr avances sostenidos." "El acenso del Sur es uno de los hechos más notables del nuevo escenario mundial," dijo Heraldo Muñoz, Director del PNUD para América Latina y el Caribe. "Entre 40 países de diversas regiones a nivel mundial, el Informe de este año destaca a América Latina, especialmente Brasil, Chile y México, considerados pioneros en los tres impulsores del desarrollo: mayor proactividad del Estado en las políticas de desarrollo, mayor integración con los mercados globales, y sobre todo innovación ejemplar en políticas sociales."

En Brasil, por ejemplo, el porcentaje de población que vive con menos de 1,25 de dólares/día ha caído del 17,2% al 6,1% entre 1990 y 2009. El país ha logrado cuatro de sus ocho Objetivos de Desarrollo del Milenio antes del plazo establecido en 2015 y está en el buen camino para lograr los otro cuatro a tiempo. Para 2030, América Latina y el Caribe serán el hogar de uno de cada diez miembros de una emergente clase media global. Miles de millones de personas de todo el mundo están cada vez más formados, socialmente comprometidos e internacionalmente interconectados. Cuatro de los cinco países con el mayor número de usuarios de Facebook se encuentran en el Sur: Brasil, India, Indonesia y México.

Según el Informe, el crecimiento de América Latina ha sido liderado por estados fuertes que han experimentado una integración gradual y secuencial en la economía mundial. Mientras Brasil siguió experimentando con estrategias económicas dirigidas al mercado interior, las empresas nacionales también fueron animadas a exportar y competir a nivel mundial. La empresa brasileña Embraer, por ejemplo, es ahora la principal productora mundial de aeronaves a reacción de tamaño medio. Chile fomentó la inversión en sectores en los que el país contaba con una ventaja comparativa, como el vino, productos madereros y la acuicultura, que a la postre también impulsaría el empleo en el sur rural del país.

La innovación en los programas sociales también es otra característica de los estados que han tenido esta evolución positiva, según concluye el Informe sobre Desarrollo Humano.

"El ascenso del Sur está dando lugar a una agenda social y de reducción de la pobreza más amplia, en la que las políticas para tratar las desigualdades, las fallas institucionales, las barreras sociales y las vulnerabilidades de las personas son tan importantes como la promoción del crecimiento económico," afirma el Informe.

Los conocidos programas de transferencia condicional de dinero de América Latina, como el Bolsa Familia de Brasil, Oportunidades en México y Chile Solidario, por ejemplo, han contribuido a impulsar una distribución más equitativa de las oportunidades socioeconómicas. Los programas de transferencia condicional de dinero están diseñados para aumentar los ingresos de las personas y su acceso a la salud y la educación mediante transferencias condicionales de dinero a cambio de requisitos como acudir al centro de salud y asistir a la escuela. Estos programas cuestan menos que las ayudas sociales en especie tradicionales; por ejemplo, Bolsa Familia y Oportunidades cuestan menos que el 1% del producto interior bruto (PIB). Los éxitos en política social de América Latina se están emulando cada vez más en otras regiones. El Alcalde de Nueva York, Michael Bloomberg, viajó hasta México para estudiar este programa Oportunidades antes de lanzar Opportunity NYC: Family Rewards, el primer programa de transferencia condicional de dinero de los Estados Unidos.

"A la hora de diseñar Family Rewards, nos basamos en las lecciones aprendidas en Brasil, México y otra decena de países", apunta el Alcalde Bloomberg en el Informe sobre Desarrollo Humano 2013. "Nadie tiene el monopolio de las buenas ideas."

Brasil, por ejemplo, ha trabajado con gobiernos africanos para adaptar sus programas de ayuda escolar, campañas de alfabetización y proyectos de salud pública a las necesidades y circunstancias locales. En 2011, contaba con 53 acuerdos bilaterales obre salud con 22 países africanos.

No obstante, el Informe recalca que queda mucho por hacer. "En los próximos años, los políticos de los países en desarrollo tendrán que seguir una agenda ambiciosa que responda a las difíciles condiciones mundiales, especialmente la ralentización económica, que ha disminuido la demanda del Norte. Al mismo tiempo, deberán tratar sus propias prioridades políticas más apremiantes."

América Latina ha visto como la desigualdad de ingresos ha caído en la mayoría de países desde 2000, en gran medida debido a las iniciativas nacionales de lucha contra la pobreza, pero sigue teniendo la distribución de riqueza más desigual de todas las regiones del mundo. "En Brasil, al menos una cuarta parte de la desigualdad en ingresos está asociada con circunstancias familiares, como los logros educativos de los padres, la raza o la etnia, o el lugar de nacimiento. Dicha persistencia de los patrones de distribución de ingresos transgeneracional también se hace patente en Chile y México, si bien este último ha aumentado la movilidad intergeneracional en los últimos años," resalta el Informe.

Otro desafío analizado por el PNUD es el de la sostenibilidad. El Informe del PNUD muestra que los desafíos medioambientales plantean una seria amenaza al desarrollo: cerca de 3.100 millones de personas vivirán en extrema pobreza de ingresos en todo el mundo en 2050 en el escenario de desastre medioambiental examinado por el PNUD, 155 millones de ellos en América Latina y el Caribe.

Los gobiernos y las empresas latinoamericanas están cooperando para desarrollar y compartir nuevas tecnologías respetuosas con el medio ambiente, poniendo a América Latina en la vanguardia. Brasil está invirtiendo miles de millones en energías renovables, y México ha aprobado recientemente la primera ley climática nacional integral del mundo, con objetivos para reducir las emisiones de CO2 y la dependencia del petróleo para el transporte y la creación de electricidad. Las cada vez más activas organizaciones sociales están cerrando la brecha entre ciudadanos y gobiernos en América Latina, al igual que en otras regiones. Tal y como muestra el Informe, estas organizaciones van desde movimientos sociales hasta grupos dedicados a la defensa de temas concretos, pasando por sindicatos y grupos comunitarios. En Brasil, por ejemplo, el movimiento Sanitarista de profesionales de la salud desempeña un papel fundamental para desarrollar el sistema sanitario público del país y ampliar los servicios prestados a los pobres.

Aunque se buscan nuevas formas de involucrar a los ciudadanos en el proceso de toma de decisiones, los gobiernos de América Latina y de otros muchos países del Sur también están trabajando por tener más participación en la toma de decisiones en la esfera mundial. La creación del G20 es un primer paso, tal y como reconoce el Informe Sobre Desarrollo Humano, pero no es suficiente.

"Las principales instituciones internacionales necesitan ser más representativas, transparentes y responsables," apunta el Informe. "Las instituciones Bretton Woods, los banco de desarrollo regional e incluso el propio Sistema de Naciones Unidas se encuentran en riesgo de perder relevancia si no consiguen representar adecuadamente a todos los estados miembro y a todos sus ciudadanos."

Aunque las instituciones de gobernanza global a menudo parecen ser inefectivas, hay algunas nuevas que están floreciendo en el Sur. Los acuerdos comerciales regionales se han ampliado y profundizado en áfrica, Asia y América Latina, incluso a pesar del estancamiento de las negociaciones comerciales mundiales de la Ronda de Doha. La región también ha creado nuevas instituciones para el desarrollo y la asistencia económica, incluyendo el Fondo Latinoamericano de Reserva y el CAF, un banco de desarrollo latinoamericano. El cambiante sistema multilateral de acuerdos políticos y económicos globales y regionales está abonando el terreno para lo que el Informe sobre Desarrollo Humano 2013 denomina "pluralismo coherente", con diferentes estructuras internacionales que cooperan para la consecución de objetivos comunes.

Según el informe, los países en desarrollo también son cada vez más importantes en los mercados del Norte. En los últimos cinco años, por ejemplo, las exportaciones de EE.UU. a países desarrollados pertenecientes a la Organización de Cooperación y Desarrollo Económico (OCDE) aumentó solo el 20%, mientras que las exportaciones a América Latina y el Caribe lo hicieron en más del 50%.

La lección, concluye el Informe sobre Desarrollo Humano 2013, es bien sencilla: "El Sur necesita al Norte, pero cada vez más, el Norte también necesita al Sur."
Indice de Desarrollo Humano (IDH) 2013. Destacados:

De los países de la región, hay tres (Barbados, Chile y Argentina) en el grupo de desarrollo humano muy alto, 19 en el grupo de desarrollo humano alto y otros 10 en el grupo de desarrollo humano medio. Haití es el único que se encuentra en el grupo de desarrollo humano bajo.

El valor IDH promedio para la región es 0,741, el segundo mayor (después de Europa y Asia central, con un 0,771) y por encima de la media mundial, situada en el 0,694.

Entre 2000 y 2012, la región registró un crecimiento anual medio del 0,67% en el valor IDH, el mayor crecimiento de entre todas las regiones. Nicaragua registró un crecimiento anual medio del 1,04% durante dicho periodo, seguido de la República Bolivariana de Venezuela y Cuba, con un crecimiento anual del 1,04% y 1,02%, respectivamente.

La región muestra un buen comportamiento en todos los indicadores que componen el IDH. La esperanza de vida media al nacer es de 74,7 años y el promedio de años de escolarización previstos esperados de 13,7 sitúa a la región a la cabeza de otras regiones en lo que respecta a estos componentes. De hecho la esperanza de vida media al nacer es casi cinco años superior que el promedio mundial. La región también ocupa la segunda posición tanto en años promedio de instrucción (con una media de 7,8 años) y producto nacional bruto (PNB) per cápita. El PNB per cápita promedio se encuentra por encima de la media mundial de 10.184 dólares estadounidenses.

La región sufre una pérdida media del 25,7% en cuanto al IDH ajustado por la Desigualdad, por encima de la pérdida media mundial del 23,3%. El componente de ingresos es donde la pérdida debida a la desigualdad es mayor (38,5%) seguido de la educación (23%).

La mayor pérdida debida a las desigualdades la sufre Haití (40,2%), seguido de Bolivia (34,2%). El país de la región que sufre la pérdida menor es Trinidad y Tobago (15,3%). La desigualdad de ingresos parece ser generalizado en la región, con pérdidas que van del 21,9% al 47,9% cuando el componente de ingresos se ajusta según la desigualdad.

La media del valor del índice de Desigualdad de Género para la región es de 0,419, inferior a la media mundial situada en el 0,463, situándose como tercera región. La tasa de fertilidad adolescente media de la región se encuentra por encima de la media mundial, mientras que los logros de educación secundaria y terciaria está por debajo, tanto en el caso de los varones como en el de mujeres. Sin embargo, la región encabeza la lista en cuanto a escaños ocupados por parlamentarias, 23%, más de tres puntos porcentuales por encima de la media mundial del 19,5%. Las tasas de participación de mujeres y varones en el mercado laboral también se encuentra por encima de la media mundial.

La pobreza multidimensional medida por el IPM es relativamente baja en la región, en comparación con regiones como el Sur de Asia y el áfrica Subsahariana. Haití tiene el mayor valor en el IPM de la región (0,299) en base a los datos de la encuesta 2005/06, seguido por Honduras (0,159).

El valor de las exportaciones de mercancías total de la región fue de 857.800 millones de dólares, lo que representa el 6,3% del total mundial y un 18,9% del PIB de la región. México encabeza estos números, con bienes exportados por valor de 298.300 millones de dólares en 2010, un 31% de su PIB. Le sigue Brasil, con exportaciones valoradas en 197.400 millones de dólares, cerca del 10,5% del PIB del país.

La región cuenta con la tercera mayor relación empleo-población (67,2%), que va desde el 56,4% de Surinam hasta el 77,4% de Bolivia y Perú.

La mano de obra infantil parece ser un problema en Perú y Belice, donde más de un tercio (34% y 40%, respectivamente) de los menores comprendidos entre 5 y 14 años están económicamente activos.

La media general de bienestar de vida basado en la Encuesta Mundial Gallup para la región es del 6,5 (en una escala de 0 a 10), el mayor de todas las regiones.

Leer y descargar el Informe Sobre Desarrollo Humano 2013

Data: 14.03.2013
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Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta sobre recorde de degelo no Ártico em 2012

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou ontem (2) para um degelo recorde no Ártico entre agosto e setembro de 2012. O alerta está no relatório anual sobre mudanças climáticas denominado Atlas da Saúde e do Clima [Statement on the Status of the Global Climate], que faz uma relação entre como as mudanças no clima e os eventos climáticos extremos afetam a saúde das pessoas. De acordo com o documento, o ano de 2012 foi um dos nove anos mais quentes desde 1850.

De acordo com o estudo, as temperaturas acima da média foram observadas na maior parte das áreas terrestres do mundo e foram mais notadas na América do Norte, no Sul da Europa, na Rússia (Ocidental), em áreas do Norte da África e no Sul da América do Sul.

Entre agosto e setembro de 2012, a cobertura de gelo no Ártico era 3,4 milhões de quilômetros quadrados, o que representa um decréscimo de 18% na comparação com o ano de 2007, ano do registro anterior. “O aquecimento contínuo da atmosfera é um sinal preocupante”, ressaltou o secretário-geral da OMM, Michel Jaurrad.

Jaurrad chamou a atenção para “muitos outros extremos” registrados em 2012, como as secas e os ciclones tropicais. “A variação natural do clima sempre deu origem a estes extremos, mas as características físicas do tempo e do clima estão cada vez mais sendo moldadas pelas mudanças climáticas”, disse ele. “Por exemplo, o nível do mar aumentou 20 centímetros desde 1880. Com isso, as tempestades como o Furacão Sandy causam muitas inundações costeiras.”

Segundo Jarraud, o aquecimento mundial varia devido a uma série de fatores, incluindo os fenômenos meteorológicos como El Niño e La Niña – que contribuem para o aquecimento e degelo, do Oceano Pacífico, assim como para erupções vulcânicas. De acordo com ele, “o aquecimento vai continuar” em decorrência do aumento das concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa.

O atlas apresenta exemplos práticos de como o uso do tempo e de informações sobre o clima podem proteger a saúde pública e está disponível em árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol.

*Com informações da OMM e da agência pública de notícias de Portugal, Lusa

Edição: Denise Griesinger

Reportagem de Renata Giraldi*, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 03/05/2013
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Pesquisadores da USP desenvolvem cimento ecoeficiente

03/05/2013 Por Elton Alisson

Agência FAPESP – Uma tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) pode auxiliar a indústria cimenteira a atingir dois objetivos: dobrar a produção de cimento para atender a demanda mundial e diminuir a pegada de carbono, uma vez que o setor é um dos que mais emitem dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.

Os pesquisadores criaram uma formulação que substitui grande parte do material responsável pela emissão de CO2 na fabricação do produto, diminuindo a concentração de material reativo produzido a altas temperaturas na composição de cimentos e, consequentemente, na de concretos e argamassas de revestimento, mantendo a resistência dos materiais.

A tecnologia foi testada em laboratório e despertou o interesse de empresas, que analisam a viabilidade do uso em escala na fabricação do material – o segundo mais produzido e consumido no mundo, atrás apenas dos alimentos.

“Em alguns experimentos em laboratório conseguimos reduzir em mais de 70% a quantidade de ligante [fração do cimento com capacidade de reagir com água] em concretos de alta resistência com um produto feito com a formulação”, disse Vanderley Moacyr John, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP e um dos coordenadores do projeto. “Recentemente, conseguimos adaptar a formulação para concretos de mais baixa resistência com metade do ligante usado em um produto convencional.”

De acordo com o pesquisador, que conduziu um projeto com apoio da FAPESP, o cimento tradicional – chamado Portland – é composto basicamente por argila e calcário – materiais extraídos de jazidas, posteriormente moídos e que, quando fundidos em fornos a 1,5 mil graus Celsius, se transformam em pequenas bolotas de clínquer. Esses grãos de clínquer são misturados e moídos com gipsita – a matéria-prima do gesso – até virarem cimento.

Para produzir uma tonelada de clínquer, no entanto, a indústria cimenteira emite entre 800 e mil quilos de dióxido de carbono, incluindo aí o CO2 gerado pela decomposição do calcário e pela queima do combustível fóssil para manter os fornos em funcionamento.

A fim de diminuir as emissões de CO2 na produção de clínquer, nas últimas décadas as indústrias cimenteiras começaram a substituir parte do material por escória de alto-forno – um resíduo da siderurgia – e, mais recentemente, por cinza volante – resíduo de termelétricas a carvão.

O problema dessas duas soluções, contudo, é que a indústria do aço – também altamente emissora de CO2 – e a geração de cinza volante não crescem na mesma velocidade das cimenteiras, inviabilizando as estratégias no longo prazo. “As estratégias utilizadas hoje para mitigar as emissões de CO2 pela indústria cimenteira são insuficientes”, avaliou John.

“Como a escala de produção de cimento é de 3,5 bilhões de toneladas por ano e estima-se que a produção global desse material chegará a 5,5 bilhões anuais até 2050, as indústrias cimenteiras poderão ser responsáveis por até 30% do total das emissões mundiais de CO2, superando muitos países isoladamente”, disse.

Pó de calcário

Segundo o professor da Poli-USP, por causa dessas limitações, a indústria cimenteira também usa desde a década de 1970 outro material candidato a substituir parcialmente o clínquer na formulação de cimento: o filler de calcário cru (pó de calcário).

O filler é uma matéria-prima que dispensa tratamento térmico (calcinação) – processo que, na fabricação de cimento, é responsável por mais de 80% do consumo energético e 90% das emissões de CO2.

A quantidade de filler na fórmula do cimento, contudo, era limitada a, no máximo, 10% no Brasil e em até 30%, em algumas situações, na Europa. Isso porque o calcário é moído junto com o cimento e, como não há controle do tamanho das partículas do material, seu limite de adição é baixo.

Por meio de tecnologias de controle de granulometria de partículas, já usadas em indústrias como a alimentícia e farmacêutica, os pesquisadores da Poli demonstraram em laboratório que combinando granulometrias de pó de calcário é possível aumentar para 70% a proporção do material e diminuir para 30% a quantidade de clínquer na composição do cimento.

“Atualmente, o teor de filler no cimento comercializado no mundo é de 6% e, no Brasil chega, no máximo, a 10%. Já na Europa, em algumas situações, uma tonelada de cimento tem 700 quilos de clínquer e 300 quilos de filler [incluindo outros tipos de filler, além do de calcário cru]”, comparou Bruno Damineli, um dos autores da pesquisa e que realiza pós-doutorado na Poli no âmbito do projeto.

“Demonstramos que é possível inverter essa composição e produzir uma tonelada de cimento com 300 quilos de clínquer e 700 quilos de pó de calcário”, disse.

Além de um padrão controlado do tamanho de grãos, segundo o pesquisador, as partículas de fillerde pó de calcário e clínquer precisam receber aditivos químicos dispersantes, como policarboxilatos, que impedem que elas se aglomerem e formem grumos na água.

Como consequência disso, o dispersante reduz a quantidade de água e de cimento necessário para misturar à areia e pedra para produzir e desempenhar o papel de “cola” no concreto usado na indústria da construção civil.

“Os cimentos menos eficientes de modo geral apresentam grumos. Por causa disso são menos reativos e eficientes e requerem uma quantidade muito maior de água para fluir, porque são mais porosos”, explicou Rafael Pileggi, professor da Poli e um dos autores do projeto.

“Como o cimento com mais filler moído precisa de pouca água para fluir, é possível fazer um concreto pouco poroso e mais resistente do que o convencional”, disse Pileggi.

Os pesquisadores também obtiveram resultados semelhantes com outros produtos à base de cimento. Por meio do projeto realizado atualmente com apoio da FAPESP, o grupo de pesquisadores da Poli observou que também se pode reduzir o teor de cimento em argamassa de revestimento (reboco), mantendo a resistência de aderência do material.

“Constatamos que é possível reduzir a quantidade de cimento de argamassa pelo cimento com maior teor de filler moído e que a resistência do material não cai. Estamos demonstrando que a resistência não depende do cimento”, disse John.

Viabilidade técnica

A nova formulação de filler com granulometria controlada, combinada com o uso de dispersantes, abre a janela para produção de cimento com até 70% do material em sua composição, sem perder e até mesmo aumentar a confiabilidade do produto. Dessa forma, a tecnologia permitiria à indústria dobrar a produção de cimento, sem a necessidade de construir mais fornos ou produzir mais clínquer.

O grande desafio, no entanto, é viabilizar a tecnologia na escala da indústria cimenteira e de forma competitiva. “A tecnologia para moer partículas com granulometria controlada já existe, mas nunca ninguém a operou na escala da indústria cimenteira”, afirmou John.

“Será preciso produzir entre 2 e 3 bilhões de toneladas de filler com partículas com tamanho controlado e mais finas do que talco”, comparou.

Segundo os pesquisadores, vários materiais podem ser usados para produzir filler. O pó de calcário, no entanto, atualmente é o melhor candidato para substituir parcialmente o clínquer na formulação de cimento porque oferece menores riscos à saúde do que outros fillersbiopersistentes.

Há outros grupos tentando utilizar quartzo finamente moído para essa finalidade. Entretanto, se usado de forma descontrolada, o material pode ser aspirado e causar silicose.

“Não é qualquer material finamente moído que pode ser utilizado para esse fim. É preciso levar em conta questões como a segurança do trabalhador da indústria da construção”, disse Damineli.

A tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores da USP despertou o interesse de empresas como a InterCement, a holding para negócios de cimento do grupo Camargo Corrêa. A empresa financia a reforma de um prédio no Departamento de Construção Civil da Poli para sediar um centro de pesquisa em construção sustentável. Coordenado pelos professores John e Pileggi, o centro de pesquisa deverá iniciar suas atividades ainda este ano e, entre outras atividades, deverá avançar no desenvolvimento do cimento ecoeficiente. 

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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Estudo utiliza plantas medicinais para o combate à cárie

Estudo identificou benefícios do uso de plantas medicinais no combate à cárie. (Foto: Reprodução)

10/04/2013 - Um estudo desenvolvido há 8 anos identificou os benefícios do uso de plantas medicinais no combate à cárie e resultou em produtos para uso odontológico como meio de minimizar os índices de dentes cariados na região amazônica. A pesquisa é intitulada ‘Estudo e desenvolvimento de fitoterápicos de uso odontológico com propriedade removedora de biofilme a partir de espécies vegetais amazônicas’ e foi desenvolvida pelo doutor em Biotecnologia, Renilto Frota, a partir da sua dissertação de mestrado.

O trabalho conta com o apoio do Governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). De acordo com Frota, três plantas se destacaram: o breu branco, a laranjinha e a tiririca que é conhecida como uma praga no campo. "Essas espécies são conhecidas e usadas em algumas regiões do Brasil pelo seu uso medicinal, mas nunca utilizadas em odontologia", disse.

Após a pesquisa das plantas medicinais, foi elaborada a primeira linha de produtos fitoterápicos para uso odontológico, além da obtenção da primeira patente internacional, garantindo o direito do Brasil, em relação à descoberta, em 142 países. O próximo passo da pesquisa vai ser a solicitação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o teste com pessoas.

Ouça a reportagem completa, clique aqui.

David Simplício e Manoela Moura - Rádio com Ciência

Agência FAPEAM
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Iogurte é enriquecido com fibras de maracujá

Publicado em 2/maio/2013

No Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba, pesquisa desenvolveu um iogurte enriquecido com fibras incorporadas pela adição de farinha de maracujá elaborada a partir das cascas e sementes da fruta. O estudo procurou gerar uma alternativa para agregar valor aos subprodutos resultantes do processamento industrial da fruta, evitando o desperdício e aumentando o valor nutricional do iogurte.
Iogurte com farinha feita da casca e sementes de maracujá tem alto teor de fibras

O produto foi desenvolvido por Nataly Maria Viva de Toledo, bacharel em Ciências dos Alimentos e mestranda em Ciências. O trabalho teve orientação da professora Solange Guidolin Canniatti Brazaca, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. O estudo relata que as cascas e as sementes do maracujá são os principais resíduos agroindustriais provenientes do processo de esmagamento da fruta para obtenção do suco. A casca é rica em fibras, vitaminas e minerais. Já as sementes apresentam grande quantidade de óleo com alto teor de ácidos graxos insaturados.

As análises laboratoriais foram realizadas nos Laboratórios de Nutrição Humana e de Higiene e Laticínios do LAN. “A casca do maracujá corresponde a mais da metade da composição mássica da fruta e não pode mais ser considerada como resíduo industrial uma vez que estudos relatam características funcionais e tecnológicas interessantes para o desenvolvimento de novos produtos”, afirma Nataly. A pesquisa teve financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Escolhidos aleatoriamente, 60 provadores não treinados de ambos os sexos foram submetidos ao teste que utilizou uma escala hedônica de nove pontos que varia de 1 (desgostei muitíssimo) a 9 (gostei muitíssimo). Entre as amostras de iogurte com adição de farinha de maracujá, pode-se afirmar que a amostra com 2% de farinha foi a que obteve grande aceitação com nota igual a 7,5. De acordo com os provadores, o iogurte com adição de 2% de farinha possui um teor de fibras agradáveis e bom dulçor e é menos doce que a amostra de iogurte sem adição de farinha.

Alimento mais saudável

Muitos provadores comentaram que apesar de preferirem o sabor da amostra sem farinha, comprariam o produto com adição de 2% de farinha por associarem a presença de fibras a um alimento mais saudável. Do total de provadores, cerca de 60% afirmou que compraria o produto se este estivesse disponível no mercado.

De acordo com a cientista dos alimentos, o iogurte elaborado nesse estudo apresentou características nutricionais superiores ao iogurte comercializado, destacando-se pelo seu elevado teor de fibra alimentar. “As fibras presentes nos subprodutos do maracujá possuem muitos benefícios à saúde e devem ser consumidas diariamente”, ressalta. ”Autores relatam seu efeito sob a redução do colesterol no sangue, controle de glicemia e do peso e prevenção de problemas gastrointestinais”.

A pesquisa também destaca que o iogurte é um produto amplamente recomendado devido suas características sensoriais, probióticas e nutricionais uma vez que além de ser elaborado com leite contendo alto teor de sólidos, cultura lática e açúcar, pode ainda ser enriquecido com leite em pó, proteínas, vitaminas e minerais. “Os produtos lácteos são importantes fontes de cálcio, proteínas e outros nutrientes em uma dieta balanceada. Atualmente, as indústrias e pesquisadores têm apresentado crescente interesse no desenvolvimento de produtos lácteos com teores reduzidos de gordura, com pouco ou sem açúcar, ou enriquecidos com fibras”, afirma Nataly.

A pesquisa foi desenvolvida pelo programa de pós-graduação (PPG) em Química na Agricultura e no Ambiente do Cena e teve a colaboração do professor Ernani Porto, da Esalq.

Imagem: cedida pela pesquisadora
Mais informações: (19) 3429-4109 / 3447-8613/ 3429-4485, na Assessoria de Comunicação da Esalq

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Café é um alimento funcional e nutracêutico que melhora a satisfação, o humor e o aprendizado

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O café é um alimento funcional e nutracêutico. Essa máxima já é aceita pela comunidade médico-científica por estar relacionado à prevenção de doenças físicas, mentais e degenerativas e à manutenção da saúde. Pesquisas comprovam que o café vai muito além da cafeína, contendo também diversos nutrientes: minerais – como cálcio, potássio, zinco, ferro, magnésio -, aminoácidos, proteínas, lipídeos e ainda elementos antioxidantes, entre eles os ácidos clorogênicos.

O médico neurologista Jorge Moll Neto, presidente do Instituto D’Or Pesquisa e Ensino, desenvolve pesquisa desde 2009 sobre os efeitos do café no cérebro. A etapa inicial da pesquisa, intitulada “Correlatos neurais da experiência olfativa e gustativa do café”, contou com a participação de 30 voluntários e tem o apoio do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café. O objetivo é entender os efeitos sensoriais causados pelo aroma do café no cérebro, especificamente nos mecanismos de recompensa (prazer) e motivação. Moll constatou que o aroma do café tem um efeito poderoso sobre as regiões do cérebro que regulam a sensação de prazer, atenção e motivação.

Segundo o neurologista, o que motivou a pesquisa foi compreender os mecanismos que levam as pessoas a tomar e apreciar o café, a bebida mais consumida no mundo depois da água, sendo o Brasil o segundo maior consumidor depois dos EUA. “O café é riquíssimo em compostos químicos, muitos com efeitos biológicos ainda desconhecidos. Muitas dos benefícios atribuídos ao café – por exemplo, o efeito de estímulo intelectual e social – ainda não são compreendidos, e é por esse motivo que a Neurociência e a Medicina precisam estudá-lo”, afirma.

Pesquisa – De acordo com Moll, os voluntários são submetidos a um “exame” de ressonância magnética. À máquina que realiza o exame, está acoplado um aparelho especialmente desenvolvido para apresentar os aromas: o olfatômetro, o qual através da abertura e fechamento de válvulas permite que diversos aromas de café sejam apresentados ao voluntário.

“Por meio de vários finos tubos que chegam próximos ao nariz dos voluntários, apresentamos diversos aromas de café de forma precisamente controlada. Verificamos que o aroma do café age em vários circuitos cerebrais.

A primeira região que detectamos foi a da percepção olfativa ‘genérica’, chamada córtex olfativo, onde o cheiro é percebido”, explica. Moll salienta que qualquer tipo de cheiro ativa essa região. “O que chama atenção, no caso do café, é a potência com que o aroma da bebida evoca ativação em outras regiões do cérebro, envolvidas na experiência de recompensa ou prazer, assim como em mecanismos da atenção seletiva”.

O neurocientista compara o café, por exemplo, com o vinho ou com os perfumes. Segundo ele, o café é mais rico no perfil de aromas do que qualquer uma dessas substâncias. “O café tem mais de 200 componentes que são liberados no ar (“voláteis”) e muitos desses podem ser percebidos pelo olfato”, completa.

Futuro – A pesquisa pretende ainda descobrir se existem compostos químicos no café com efeitos mais seletivos, ou seja, se certos compostos estão associados a experiências subjetivas mais específicas e a regiões diferentes do cérebro. “O objetivo agora é a construção de um novo olfatômetro, permitindo apresentação de maior número de amostras com maior intensidade e precisão temporal. Certos cafés com diferentes concentrações de substâncias podem ter efeitos diferentes em relação à atividade cerebral”, assegura Moll.

Doenças físicas – De acordo com estudos norte-americanos, o consumo de café pode diminuir as chances de acidentes cardiovasculares (infartos) e cerebrais (“derrame” ou AVC), de diabetes e hipertensão, além de diminuir incidência da osteoporose e de crises de asma, nesse caso devido ao efeito brancodilatador da cafeína. A bebida melhora ainda a capacidade de atenção, memória e aprendizado.

“É claro que cada indivíduo é único e reage de uma forma. Os horários mais recomendados para se tomar café são no café da manhã, depois do almoço e à tarde. Algumas pessoas não devem consumir café ao fim da tarde ou à noite, pois poderão ter insônia devido à cafeína. Em média, o consumo recomendado, de acordo com estudos epidemiológicos sobre os benefícios do café, é de três a seis xícaras ao dia”, esclarece.

Doenças mentais e degenerativas – O café também é conhecido por seus potentes antagonistas opióides, os quinídeos, formados na torra do café a partir dos ácidos clorogênicos. São pouco conhecidos outros efeitos no organismo humano dos quinídeos, que também possuem uma ação inibidora da recaptação da adenosina, atuando como citoprotetor (ou seja, protegendo a célula de efeitos oxidantes).

Por isso, os ácidos clorogênicos e os quinídeos formados na torra adequada do café podem até ser mais importantes que a cafeína na bebida e de grande ajuda na prevenção e controle de distúrbios como a depressão, o alcoolismo e o uso de drogas. Estudos também comprovaram que o consumo de café pode prevenir doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer, potencialmente devido ao seu efeito antioxidante.

Consórcio Pesquisa Café – Congrega instituições de pesquisa, ensino e extensão localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais. Foi criado por dez instituições: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig, Instituto Agronômico – IAC, Instituto Agronômico do Paraná – Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro – Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras – Ufla e Universidade Federal de Viçosa – UFV.

Texto de Flávia Bessa e Gabriela Coelho , da Embrapa, publicado pelo EcoDebate, 02/05/2013

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Biodiversidade de aves, mamíferos e mosquitos não-vetores pode impedir transmissão da malária

Fatores ecológicos podem impedir a transmissão do plasmódio, micro-organismo causador da malária. Pesquisa realizada pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) na Ilha do Cardoso, área preservada de mata atlântica no litoral sul do Estado de São Paulo, mostra que a biodiversidade de aves e de mamíferos, bem como a diversidade de mosquitos não-vetores do parasita, contribuem para interromper a cadeia de transmissão do plasmódio. O estudo sugere um maior critério no uso e na ocupação do solo, de modo a manter a biodiversidade, especialmente na amazônia, região que apresenta o maior número de casos da doença.
Biodiversidade da Ilha do Cardoso impede transmissão de causador da malária

De acordo com o biólogo Gabriel Zorello Laporta, um dos autores da pesquisa, o modelo clássico da dinâmica de transmissão da malária não incorpora os efeitos das interações ecológicas sobre o vetor e os hospedeiros, que podem influenciar ou não a transmissão do patógeno para os seres humanos. “Na dinâmica clássica, os fatores chaves são o vetor (mosquito), que incorpora o parasita (plasmódio) ao picar um hospedeiro infectado e que pode levá-lo a um hospedeiro suscetível”, conta o biólogo. “É um sistema simples, em que nenhum fator externo tem influência”, afirma, ressaltando que, “no entanto, o vetor e os hospedeiros não estão inertes e, dentro do ambiente, realizam interações que podem criar uma instabilidade na dinâmica e, dessa forma bloquearem a transmissão”.

Os pesquisadores desenvolveram um modelo conceitual teórico que foi testado na Ilha do Cardoso, que é uma unidade de conservação da mata atlântica situada no litoral sul do Estado de São Paulo. “Nessa região não há presença do plasmódio, apesar das áreas de mata atlântica nas proximidades serem endêmicas para a malária”, descreve o cientista. “A chance de invasão é grande, mas nunca aconteceu”, aponta. “Dois fatores ecológicos poderiam bloquear a dinâmica de transmissão: os níveis altos de biodiversidade de aves e mamíferos, e também a diversidade de mosquitos não-vetores”.

As aves e mamíferos podem ser picados pelo mosquito que transmite o plasmódio, o qual não se desenvolve. “Isso corta a cadeia de transmissão, o que faz com que sejam conhecidos como hospedeiros não competentes ou ‘dead end’ [sem saída]”, afirma Laporta. “Se a alta abundância dessas espécies bloqueia a transmissão, no sentido inverso, uma presença baixa ou média de espécies pode ter o efeito inverso, o que poderia ser possível devido a caça, que é permitida, apesar da área ser preservada, criando um fenômeno conhecido como ‘floresta vazia’ ”.

Competição difusa

Os mosquitos transmissores competem com os não-transmissores por hospedeiros. “É uma competição difusa, pois tanto as aves quanto os mamíferos e os seres humanos não têm tolerância às picadas e desenvolvem um comportamento defensivo, fazendo com que nenhum mosquito consiga picar os hospedeiros”, ressalta o biólogo. “Dessa forma, a presença de mosquitos não-vetores tem efeito significativo e negativo na dinâmica de transmissão”.

Segundo Laporta, os dois fatores externos são serviços ecossistêmicos promovidos pela biodiversidade. “Em locais onde a diversidade de espécies é grande, como no caso da Ilha do Cardoso, acontece uma redundância funcional, ou seja, se algumas espécies de hospedeiros não-competentes ou mosquitos não-vetores são eliminados, ainda assim a região estará livre do plasmódio”, observa.

O biólogo alerta para o risco de a ocupação humana não levar em conta os serviços ecossistêmicos durante o manejo ambiental e eliminar os mecanismos que impedem a transmissão do plasmódio. “Com base nos resultados da pesquisa, para evitar os efeitos dos impactos antropogênicos é preciso criar políticas públicas de uso e ocupação do solo que mantenham a biodiversidade, aproveitando-a para manter as regiões ocupadas livres da transmissão da malária, especialmente na amazônia”, diz. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2012 foram registrados 276 mil casos de malária no Brasil, sendo 99,5% na região amazônica.

A pesquisa foi realizada por Laporta em parceria com a bióloga Maria Anice Mureb Sallum, no Departamento de Epidemiologia da FSP, com participação do ecólogo Paulo Inácio Knegt Lopes de Prado, do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências (IB) da USP, e dos físicos Roberto André Kraenkel e Renato Mendes Coutinho, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp). O trabalho serviu de base para o artigo “Biodiversity can help prevent malária outbreaks in tropical forests”, publicado em 21 de março na revista científica eletrônica PLOS Neglected Tropical Diseases.

Imagem cedida pelo pesquisador

Matéria de Júlio Bernardes, da Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 02/05/2013

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Pesquisa com 14 cultivares de tomate de mesa em sistema orgânico revela os mais produtivos

Análise revela cultivares de tomate orgânico mais produtivos – Cultivares se destacam pelo volume de produção, em especial de frutos adequados para comercialização

Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, pesquisa com 14 cultivares de tomate de mesa em sistema orgânico avaliou os parâmetros produtivos e identificou as variedades mais adequadas para comercialização e consumo. O trabalho da engenheira agrônoma Jacqueline Camolese de Araujo, observou as características físico-químicas e sensoriais da fruta. Entre os cultivares estudados, o HTV 0601, Granadero, Netuno e Bari apresentaram maiores valores para produção total, produção comercial e número de frutos comerciais.
Estudo identificou cultivares de tomate mais adequados para comercialização

As avaliações compreenderam a caracterização dos frutos, quando foram observadas massa média, diâmetro, comprimento, número de lóculos, espessura da parede, relação comprimento/diâmetro. Para a caracterização frutos foram avaliados 840 frutos a cada colheita, originando diversos gráficos sobre o comportamento das cultivares ao longo das 11 colheitas realizadas. “Também quantificamos os componentes de produção, ou seja, rendimento total, rendimento comercial, número de frutos comerciais, produção de frutos não-comercializáveis, análise físico-química (pH, Brix, acidez titulável, ratio) e análise sensorial”. As etapas de análises físico-químicas e sensorial foram realizadas no Laboratório de Frutas e Hortaliças do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Esalq.

Os resultados mostraram que as cultivares HTV 0601, Granadero, Netuno e Bari apresentaram maiores valores para produção total, produção comercial e número de frutos comerciais. A produção média total das melhores cultivares foi 60,5 t ha-1, muito próxima à média nacional convencional com rendimento médio de 62,6 t ha-1, segundo dados de 2012, do IBGE. “Todas as cultivares apresentaram frutos de qualidade, com valores da relação sólidos solúveis/acidez titulável maiores que 10 e teor de sólidos solúveis maior que 3%, sendo adequadas ao consumo in natura”, comenta Jacqueline. Ao mesmo tempo, as cultivares do grupo Italiano IAC 4, IAC 6, Netuno e Bari; bem como as cultivares do grupo Santa Cruz: IAC 1, IAC 5, HTV 0601 e Débora Victory obtiveram as melhores notas em todos os atributos sensoriais avaliados.

O experimento analisou o comportamento das cultivares e a variação dos parâmetros de caracterização dos frutos ao longo das colheitas. Neste quesito, as cultivares IAC 1, IAC 2, IAC 5, Avalon, HTV 0601, Granadero, Debora Victory, Pizzadoro, Bari e Santa Clara apresentaram valores da relação comprimento/fruto constantes durante as colheitas, indicando frutos de formato uniforme durante todo o ciclo, característica desejável para a comercialização. A pesquisa, realizada no do programa de Pós-graduação em Fitotecnia da Esalq, foi orientada pelo professor Paulo César Tavares de Melo, do Departamento de Produção Vegetal (LPV) da Esalq, e teve apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Parâmetros produtivos

De acordo com Jacqueline, o experimento foi conduzido em área de produtor orgânico, em Piracicaba (SP) e ocorreu de março a setembro de 2010. Durante esse período, foram utilizados seis genótipos experimentais oriundos do programa de melhoramento genético do Instituto Agronômico de Campinas, sendo três do segmento varietal Italiano e três do segmento Santa Cruz. Outros oito genótipos comerciais também foram utilizados, sendo quatro do grupo Italiano e quatro do grupo Santa Cruz. O experimento de produção orgânica foi possível graças a combinação dos genótipos utilizados, clima, nutrição equilibrada das plantas e ao uso do controle biológico de pragas de forma sistemática.

A Instrução Normativa 46 de 6 de outubro de 2011, que regulamenta a Lei de Orgânicos (Nº 10.831/2003) obriga a usar sementes oriundas de sistema orgânico, permitindo contudo, o uso de sementes convencionais, desde que não encontradas no mercado as orgânicas. Assim, este tipo de trabalho também pode auxiliar as empresas produtoras de sementes de tomate convencional na escolha de qual cultivar tem mais potencial para adaptação e, posteriormente venda, no sistema orgânico.

A alta nos preços do tomate em abril fez muita gente migrar para o consumo do produto oriundo do modo de produção orgânica, que foi encontrado com valor menor ao tomate convencional. Além disso, a comparação entre cultivares empregados em ambos sistemas de produção agrícola é o foco de inúmeras pesquisas em âmbito acadêmico e produtivo.

“Estudos direcionados para avaliação de cultivares, apenas no sistema orgânico de produção, possibilitam comparações entre genótipos de diferentes origens. Além disso, torna possível discriminar, de maneira eficiente, os genótipos com maior potencial de produção”, comenta a engenheira agrônoma.

Imagem cedida pela pesquisadora

Matéria de Caio Albuquerque, da Assessoria de Comunicação da Esalq / Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 02/05/2013

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