Bolo de Cidreira


Ingredientes

- 2 xícaras de farinha de trigo
- 2 xícaras de açúcar
- 1/2 xícara de óleo
- 4 ovos
- 1 copo de iogurte natural sem açúcar
- 1 colher sopa de fermento em pó
- 1 maço com 10 folhas de cidreira
- 1/2 xícara de leite fervido e batido com a cidreira e coado

Preparo

Bata todos os ingredientes no liquidificador, menos o maço de cidreira, que deve ser descartado após a fervura do leite. Unte uma fôrma com manteiga e açúcar. Coloque a massa na fôrma e leve ao forno a 180º por mais ou menos 20 minutos. Fique de olho.

Fitoterapia e Obesidade...

A Organização Mundial da Saúde define a obesidade como uma doença que resulta do desequilíbrio entre o consumo e gasto calórico e que traz algum risco à saúde. Apesar da maioria das pessoas visualizar a obesidade como apenas um problema estético, sua característica metabólica inflamatória faz uma relação direta com outras doenças, como diabetes, hipertensão e aterosclerose.
No Brasil, os índices de obesidade são crescentes e alarmantes. Os dados da última pesquisa do sobre fatores de risco e proteção para doenças crônicas não-transmissíveis, de autoria do da Saúde (VIGITEL, 2011), mostra que 48,1% dos brasileiros estão com excesso de peso e 15,0% estão obesos. Houve um crescimento significativo de 2006 a 2010.

Estes números são reflexos de um comportamento alimentar errado e com atividade física cada vez mais escassa, nesta vida tão corrida que levamos hoje. Aliás, os últimos estudos de nutrigenômica mostraram que muito mais importante que o fator genético, são os fatores externos aos quais o indivíduo está exposto, para determinar se este será ou não obeso. É o que chamamos de ambiente obesogênico.

É consenso científico que, para obter redução de peso, é necessário uma reeducação alimentar ou uma dieta apropriada, além da prática de atividade física e eliminação de outros fatores de risco, como cigarro e consumo de álcool: é o que chamamos de mudança de estilo de vida.

Os medicamentos aprovados no Brasil para o tratamento da obesidade atualmente são: sibutramina, femproporex, anfepramona, mazindol e orlistat. Porém, a ANVISA pretende retirar do mercado em agosto de 2011 os quatro primeiro desta lista, com a alegação de apresentarem riscos cardiovasculares relevantes. 

Segundo informações do fornecedores de insumos, desde maio a ANVISA não tem permitido a entrada destes quatro fármacos no país, surgindo um forte indício de proibição dos medicamentos manipulados e industrializados ainda em 2011.

Com isso, as opções terapêuticas na obesidade ficarão escassas, tendo em vista que os medicamentos inovadores no tratamento da obesidade, que atuam por novos mecanismos de ação (como modulação da colescistoquinina, leptina e grelina) estão ainda em fase de testes clínicos e os medicamentos com aprovação no Brasil para tratamento do diabetes e que promovem redução de peso como efeito adverso, não têm aprovação das entidades sanitárias para esta finalidade por falta de evidências científicas (p. ex.: liraglutida).

Neste sentido, os fitoterápicos surgem como alternativas para o tratamento da obesidade, porém devem ser utilizados com cautela e com critérios técnicos, pois da mesma forma promovem efeitos benéficos, podem produzir efeitos indesejados ou maléficos.

Existem muitos fitoterápicos que são utilizados para auxiliar na perda de peso, porém, aqui serão listados apenas os que possuem evidências científicas no tratamento da obesidade: Camellia sinensis (Chá Verde), Garcinia cambogia, Irvingia gabonensis, Plantago ovata (Psyllium), Amorphophallus konjac (Glucomanan), Citrus aurantium (laranja amarga) e Phaseolus vulgaris (Faseolamina).

O Chá Verde é a forma de processamento da Camellia sinensis mais investigada e consumida no mundo, portanto é a que apresenta maior perfusão de trabalhos científicos avaliando sua eficácia e segurança no tratamento da obesidade.
O extrato seco da folha contém os compostos chamados “catequinas”, que são da classe dos polifenóis, substâncias produzidas pela planta que lhe confere diversos mecanismos de defesa. Estas catequinas, segundo estudos in vitro e in vivo, funcionam na obesidade principalmente aumentando o gasto energético das células (termogênese) e reduzindo a digestão de macronutrientes (carboidratos e gorduras), por inibir a ação de enzimas digestivas de origem pancreática. (FIGURA). 

É importante citar que o efeito terapêutico do Chá Verde se obtém de forma mais segura e eficaz, na forma de extrato seco padronizado a 50% de polifenóis totais, pois esta possui um teor menor de xantinas (cafeína e derivado), comparado com a droga vegetal (forma utilizada em infusão ou chá). Deve-se obter o consumo diário de 250 a 500mg de polifenóis totais para obter redução de peso, do colesterol total, do LDL-Colesterol, da glicemia e da pressão arterial sistêmica segundo investigações científicas.

A Garcinia cambogia é uma planta da região da África conhecida como tamarindo malabar e foi muito utilizada nos anos 90 no tratamento da obesidade, devido ao grande número de publicações científicas feitas no final dos anos 80.
O extrato do seu fruto deve conter 50% de Ácido Hidroxicítrico, que é a substância responsável pelos efeitos farmacológicos. Ela é capaz de inibir uma enzima conhecida como citrato-liase, responsável pela conversão de citrato a ácidos graxos, reduzindo então a conversão de açúcares a gorduras. Clinicamente, promove redução de peso, colesterol total, LDL-colesterol e da glicemia.

A Irvingia gabonensis é um tipo de manga da África que foi capaz de melhorar significativamente os parâmetros metabólicos em dois estudos clínicos feitos em 2005 e 2008.
Entretanto, não se sabe exatamente por qual substância ou grupo de substâncias o extrato utilizado no estudo, chamado OB131, foi capaz e promover tais efeitos clínicos, sendo assim cabível de questionamento sobre a qualidade dos extratos disponíveis para manipulação no Brasil.

O consumo de fibras na alimentação reduz a incidência da obesidade, assim sendo, as plantas Plantago ovata (Psyllium) e Amorphophallus konjac (Glucomanan), que são ricas em fibras solúveis, podem contribuir na dietoterapia do paciente. São as únicas formas de tratar, devidamente estudado e de forma segura, a obesidade em crianças.
Plantago ovata

Elas atuam reduzindo a quantidade e a velocidade de absorção de carboidratos e gorduras, reduzindo o consumo calórico ao dia. Em adultos e crianças, é capaz de gerar efeito sacietógeno se utilizado antes das refeições, reduzindo a quantidade de alimentos consumidos em uma refeição e, assim, de reduzindo número de calorias por refeição.

O Citrus aurantium (laranja amarga) contém em seu extrato seco 6% de sinefrina, um alcaloide responsável pelo seu efeito termogênico, ou seja, estimula a quebra de gorduras nos adipócitos, assim como o Chá Verde. Entretanto, seus efeitos adversos possuem freqüência relativamente elevada, do ponto de vista cardiovascular, sendo contra-indicada em pacientes com doença cardiovascular estabelecida ou potencial.
O Phaseolus vulgaris (feijão branco) contém em seu extrato das sementes uma proteína conhecida como Faseolamina, que inibe a ação da enzima digestiva alfa-amilase, responsável por digerir o amido dos alimentos.
Assim sendo, existe uma redução na absorção de carboidratos menores (maltose, glicose, amilopectina) e do consumo calórico. Estudos clínicos mostraram haver redução de peso, glicemia e colesterol após o consumo de 500 a 2000 mg ao dia deste extrato.

Estas são as opções que foram investigadas com maior rigor técnico-científico até então, portanto, são os fitoterápicos mais confiáveis para o tratamento da obesidade. Apesar disto, os resultados clínicos são mais relevantes se estiverem sendo utilizados dentro de um plano de mudança de estilo de vida, que envolve alimentação saudável, exercícios e eliminação de fatores de risco, como ditos anteriormente.

Por esta razão, o médico ou nutricionista devem ser consultados para que seja feita uma avaliação clínica e bioquímica inicial, e após isto, entender quais são os fitoterápicos mais apropriados para o caso clínico em questão. Além disso, são produtos com ação farmacológica, assim sendo, não estão isentos de efeitos adversos, precauções, advertências, contra-indicações e interações com nutrientes ou outros medicamentos.

Fitorremediação: Plantas podem ajudar no combate à contaminação da água por metais pesados

Pesquisadores identificam plantas que podem ajudar no combate à contaminação da água por metais pesados


A chave para o tratamento de rios e lagos contaminados por metais pesados pode estar na própria natureza. Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Lavras (Ufla) está identificando uma série de plantas que podem acusar a existência de elementos tóxicos que comprometem a qualidade da água. São os chamados bioindicadores. Além disso, o estudo tem se dedicado ao conhecimento de algumas espécies que têm o poder de remover os contaminantes do ambiente aquático, processo mais conhecido como fitorremediação.

Uma das primeiras plantas analisadas pela equipe, conhecida como orelhinha-de-onça (Salvinia auriculata), era vista como invasora nas proximidades da Usina Hidrelétrica do Funil, situada próxima aos municípios mineiros de Perdões e Lavras. No entanto, as análises da universidade mostraram que ela pode, na verdade, ajudar a limpar o local. Reportagem de Gisela Cabral, no Correio Braziliense.
A atividade industrial, a mineração e a própria agricultura têm sido os principais fatores responsáveis pelo depósito de elementos tóxicos, entre eles os metais pesados, em ambientes aquáticos ou terrestres. “Muitas coisas utilizadas no dia a dia resultam em elementos tóxicos, seja na sua produção ou durante a utilização”, explica o professor da Ufla e coordenador da pesquisa, Evaristo Mauro de Castro.

Dependendo do elemento que contamina o corpo d’água, uma mesma espécie de planta pode atuar como bioindicadora ou como fitorremediadora. Isso vai depender do grau de tolerância que a espécie possui para cada elemento. “Outro fator que afeta a seleção da espécie é o ambiente, ou seja, se é terrestre ou aquático”, destaca Fabrício José Pereira, doutorando em fisiologia vegetal pela Ufla. Além da orelhinha-de-onça, plantas aquáticas como a taboa (Typha angustifolia e Typha domingensis), o aguapé (Eichhornia crassipes), a alface-d’água (Pistia stratiotes) e a cruz-de-malta (Ludwigia octovalvis) têm apresentado excelentes resultados como fitorremediadoras. “Todas essas espécies ocorrem em Minas Gerais e em outras regiões do Brasil, e são particularmente abundantes no Pantanal”, enfatiza Fabrício.
Bastante comum nas regiões cobertas por reservatórios como Furnas e Funil, no sul de Minas, e em regiões como a do Vale do Rio Doce, a orelhinha-de-onça foi considerada uma espécie invasora e daninha por muito tempo. “Isso devido ao grande crescimento populacional e à alta tolerância a diferentes condições ambientais”, afirma Castro. Entretanto, é justamente a capacidade de suportar adversidades que torna a espécie uma removedora de metais pesados em potencial.

Segundo os cientistas envolvidos na pesquisa — que também contou com o trabalho da engenheira sanitarista e ambiental Graziele Wolff — a S. auriculata demonstra importantes propriedades para monitorar e limpar ambientes contaminados por zinco. “Essa espécie apresentou capacidade para acumular zinco proporcionalmente ao aumento dessa substância na solução, sendo capaz de manter a produção de biomassa (massa seca da planta produzida durante o seu crescimento) até determinada concentração. Já em concentrações mais altas, ela demonstra redução na biomassa”, explica Castro. Isso significa que, enquanto a quantidade de metal for reduzida, ela pode ser usada para purificar o ambiente. Caso a poluição por zinco chegue a níveis mais altos, ela dará o alerta.

Uso ainda restrito

Na avaliação da doutora em citologia e genética Agnes Barbério, da Universidade de Taubaté (Unitau), a fitorremediação é uma técnica ainda pouco difundida no Brasil, porém bastante utilizada em países da Europa e nos Estados Unidos. “As plantas fitorremediadoras requerem alguns requisitos, como raízes profundas e bem desenvolvidas na capacidade de absorção, crescimento acelerado e metabolismo capaz de resistir ao poluente que se deseja eliminar”, explica. De acordo com ela, em alguns momentos, essas espécies precisam sofrer modificações genéticas para se tornarem fitorremediadoras. “Entre os poluentes frequentemente alvos estão os metais pesados, os pesticidas, os herbicidas, entre outros”, afirma.

Embora as técnicas utilizadas pareçam não apresentar nenhum contraponto negativo, segundo a especialista, vale ressaltar que algumas plantas usadas para despoluir precisam ser corretamente descartadas. “Caso contrário, acabam contaminando o solo e a água subterrânea.”

Na região do Vale do Paraíba, situada entre o eixo Rio de Janeiro-São Paulo, a cebola (Allium cepa) e o coração-roxo (Tradescantia pallida) são utilizados em alguns municípios para monitorar a qualidade da água e do ar, respectivamente, por meio de um núcleo de pesquisa coordenado por Agnes.

A especialista defende que o monitoramento da água e do ar é imprescindível, principalmente pelo fato de a água ser um recurso finito. “São mecanismos que nos permitem diagnosticar rapidamente a situação ambiental em determinada área de estudo. Isso também é importante para que nossos alunos e jovens pesquisadores se preocupem com a questão ambiental e se tornem defensores da saúde do planeta”, aponta.

EcoDebate, 27/05/2010
Link:

Espécies de vegetação espontânea consideradas como "plantas indicadoras" (EMBRAPA)

EspécieIndicadora de:
Amendoim bravo ou leiteira(Euphorbia heterophylla)Desequilíbrio entre N e micronutrientes, sobretudo Mo e Cu.
Azedinha (Oxalis oxyptera)Terra argilosa, pH baixo, deficiência de Ca e de Mo.
Barba-de-bode (Aristida pallens)Solos de baixa fertilidade
Beldroega (Portulaca oleracea)Solo fértil, não prejudica as lavouras, protege o solo e é planta alimentícia com elevado teor de proteína.
Cabelo-de-porco (Carex sp.)Compactação e pouco cálcio.
Capim-amargoso ou capim-açu(Digitaria insularis)Aparece em lavouras abandonadas ou em pastagens úmidas, onde a água fica estagnada após as chuvas. Indica solos de baixa fertilidade.
Capim-caninha ou capim-colorado (Andropogon laterallis)Solos temporariamente encharcados, periodicamente queimados e com deficiência de fósforo.
Capim-carrapicho (Cenchrus echinatus)Indica solos muito decaídos, erodidos e compactados. Desaparece com a recuperação do solo.
Capim-marmelada ou papuã(Brachiaria plantaginea)Típico de solos constantemente arados, gradeados e com deficiência de Zn; desaparece com o plantio de centeio, aveia preta e ervilhaca; diminui com a permanência da própria palhada sobre a superfície do solo; regride com a adubação corretiva de P e Ca e com a reestruturação do solo.
Capim rabo-de-burro (Andropogonsp.)Típico de terras abandonadas e gastas - indica solos ácidos com baixo teor de Ca, impermeável entre 60 e 120 cm de profundidade.
Capim amoroso ou carrapicho(Cenchrus spp.)Solo empobrecido e muito duro, deficiência de Ca.
Caraguatá (Erygium ciliatum)Húmus ácido, desaparece com a calagem e rotação de culturas; freqüente em solos onde se praticam queimadas.
Carqueja (Bacharis articulata)Pobreza do solo, compactação superficial, prefere solos com água estagnada na estação chuvosa.
Carrapicho-de-carneiro(Acanthospermum hispidum)Deficiência de Ca.
Cavalinha (Equisetum sp.)Indica solo com nível de acidez de médio a elevado.
Chirca (Eupatorium bunifolium)Aparece nos solos ricos em Mo.
Dente-de-leão (Taraxacum officinale)Indica solo fértil.
Grama-seda (Cynodon dactylon)Indica solo muito compactado.
Guanxuma (Sida sp.)Solo compactado ou superficialmente erodido. Em solo fértil fica viçosa; em solo pobre fica pequena.
Língua-de-vaca (Rumex obtusifolius)Solos compactados e úmidos. Ocorre freqüentemente após lavouras mecanizadas e em solos muito expostos ao pisoteio do gado.
Maria-mole (Senecio brasiliensis)Solo adensado (40 a 120 cm). Regride com a aplicação de K e em áreas subsoladas.
Mio-mio (Baccharis coridifolia)Ocorre em solos rasos e firmes, indica deficiência de Mo.
Nabo (Raphanus raphanistrum)Deficiência de B e Mn.
Picão preto (Galinsoga parviflora)Solo com excesso de N e deficiente em micronutrientes, principalmente Cu.
Samambaia (Pteridium aquilinium)Alto teor de alumínio. Sua presença reduz com a calagem. As queimadas fazem voltar o alumínio ao solo e proporcionam em retorno vigoroso da samambaia.
Sapé (Imperata exaltata)Indica solos ácidos, adensados e temporariamente encharcados. Ocorre também em solos deficientes em Mg.
Tanchagem (Plantago maior)Solos com pouca aeração, compactados ou adensados.
Tiririca (Cyperus rotundus)Solos ácidos, adensados, anaeróbicos, com carência de Mg.
Urtiga (Urtica urens)Excesso de N (matéria orgânica). Deficiência de Cu.
Fonte: Modificado de Pedini (2000).
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Cafe/CafeOrganico_2ed/anexo10.htm

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Artigo: Anredera cordifolia (Basellaceae), uma hortaliça potencial em desuso no Brasil.

Valdely Ferreira Kinupp; Francisco Stefani Amaro; Ingrid Bergman Inchausti de Barros


Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - Faculdade de Agronomia - Departamento de Horticultura e Silvicultura, Avenida Bento Gonçalves, 7.712, Bairro Agronomia, CEP. 91.540-000 Porto Alegre/RS, Brasil - Fones: (51) 33.16.65.70. vkinupp@hotmail.com

RESUMO

Anredera cordifolia é uma trepadeira da família Basellaceae muito comum em vários Estados brasileiros, sobretudo, em terrenos abandonados, cafezais e pomares. É considerada erva daninha, pois produz grande biomassa e é muito prolífica vegetativamente. Contudo, suas folhas, tubérculos aéreos e rizomas são comestíveis possuindo potencial de aproveitamento imediato como hortaliça.

PALAVRAS-CHAVES: Anredera cordifolia, plantas alimentícias, soberania alimentar, segurança alimentar, nutrição, fome, etnobotânica.

ABSTRACT

Anredera cordifolia (Basellaceae), a potential vegetable in disuse in Brazil.

Anredera cordifolia is a vine of Basellaceae family that is very common in several Brazilian States, mainly in abandoned lands, coffee plantations and orchards. It is considered as weed because it produces large biomass and it is very prolific by vegetative propagation. However, their leaves, aerial stems and rhizomes are edible and have an immediate potential use as vegetable.

KEYWORDS: Anredera cordifolia, food plants, feed sovereignty , feed security, nutrition, famine, ethnobotany.

Muitas plantas que medram entre as plantas cultivadas ou em áreas abertas pelo homem são denominadas "daninhas" ou "inços", contudo, em sua maioria são espécies com grande potencial de cultivo e/ ou extrativismo como fonte alimentar. Esses termos pejorativos são bastante discutíveis e dependem muito do ponto de vista de quem os categorizam e do momento histórico. Na história da alimentação humana há os modismos temporários e, obviamente, a alimentação sofre influências da mídia e dos interesses econômicos. Assim o homem acabou optando pela especialização ao invés da diversificação alimentar. Muitas espécies, atualmente denominadas "daninhas" por alguns, vêm servindo de alimento para populações humanas desde o Paleolítico e outras, que hoje gozam de privilégios no campo, na indústria, nos mercados e nas mesas dos consumidores, eram até pouco tempo atrás consideradas "inços".

No Brasil, algumas plantas foram durante algum período cultivadas em hortas e roças de subsistência e a partir da introdução de monoculturas e produção em grande escala de umas poucas espécies melhoradas permitindo a fácil aquisição destas em supermercados e feiras, aquelas deixaram de ser cultivadas e até mesmo de serem aproveitadas com finalidades alimentícias. No entanto, dados disponíveis na literatura específica (Díaz-Betacourt et al., 1999; Rapoport et al., 1995; Rapoport et al., 1997; Rapoport et al., 1998; Rapoport et al., 2001) e observações pessoais mostram que o fator preponderante para falta de uso é o desconhecimento do que pode ser utilizado como alimento e seu modo de preparo.

Uma destas plantas que já foi, em determinadas épocas e locais, cultivada como hortaliça ou como ornamental, sendo hoje considerada pela maioria das pessoas uma erva daninha altamente infestante é a espécie Anredera cordifolia (Tenore) Steen (bertalha). Segundo Cronquist (1981) pertence a família Basellaceae, uma pequena família com quatro gêneros (Anredera (= Boussigaultia), Basella, Tournonia e Ullucus) com cerca de 20 espécies tropicais ou subtropicais, especialmente nos Neotrópicos. Destas Basella alba L. de origem incerta, acreditando-se ser nativa da Ásia tropical, Índia ou Indonésia e segundo Paiva (1997) é cultivada e usada como verdura em vários países tropicais da Ásia, África e da América Central e do Sul (no Brasil, sobretudo no Nordeste e Norte). E Ullucus tuberosus Caldas (ulloco, melloco), uma cultura de grande importância alimentar nos Andes, onde os rizomas são usados tradicionalmente. Desta espécie também as folhas são consumidas (saladas) em menor escala (Facciola, 1998).

No Brasil existem poucos trabalhos sobre plantas alimentícias alternativas, sejam inços ou nativas subutilizadas de grande potencial de uso imediato ou futuro. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é demonstrar a importância alimentar de Anredera cordifolia, enfatizando seu aproveitamento a partir do extrativismo nos campos agrícolas e terrenos abandonados e fornecer subsídios para pesquisas futuras com enfoques fitotécnicos e nutricionais e divulgar dados de revisão bibliográfica sobre esta espécie para técnicos e produtores rurais estimulando o seu cultivo, comercialização e consumo.

MATERIAL E MÉTODOS

Folhas, bulbilhos aéreos e rizomas de Anredera cordifolia foram coletados em diferentes condições em terrenos baldios de Porto Alegre, RS para descrição botânica, registro fotográfico e correta identificação de acordo com metodologia usual e quando de áreas não poluídas para consumo e elaboração de diferentes pratos. Uma coleta foi depositada no Herbário ICN (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS) como material testemunha (voucher): V.F.Kinupp 2.921.

Foi realizada uma ampla revisão bibliográfica sobre a família Basellaceae: seus usos, biologia e revisões taxonômicas, entre outros aspectos na literatura específica mundial e em bancos de dados na internet, como o do Kew Botanical Garden (http://www.kew.org/bibliographies).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A espécie estuda é identificada erroneamente com o nome de Anredera baselloides (Kunth) Baill. em herbários e na literatura, como em Lorenzi (2000). Esta espécie existe, contudo é rara e é conhecida no Equador e Peru, porém este nome tem sido freqüentemente mal aplicado para várias outras espécies do gênero Anredera (Eriksson, 1999; Eriksson, 2004).

A bertalha (A. cordifolia) foco do presente estudo é uma trepadeira que se enrola em suportes (volúvel) com rizoma carnoso e bulbilhos/tubérculos aéreos (Foto).

Suas folhas são alternas, curto-pecioladas, largo-ovadas, de consistência carnosa e mucilaginosa com coloração verde-escuro e, como o próprio epíteto específico diz em formato de coração. Suas flores são de cor creme e perfumadas. Segundo Reitz (1968) os frutos são desconhecidos no Brasil. Aliás, a formação de frutos parece ser um fato raro em toda a família. Mesmo na espécie Ullucus tuberosus cultivada, tradicionalmente, nas regiões andinas somente recentemente foi registrado a ocorrência de frutificação (Rousi, 1988). No tocante aos frutos de A. cordifolia até o presente nenhuma população observada produziu. Esta espécie parece reproduzir-se, exclusivamente, vegetativamente por tubérculos aéreos
e subterrâneos.

Em relação ao uso, atualmente, poucas pessoas ainda aproveitam esta verdura. Cita-se o pai do primeiro autor que manejava a bertalha associada ao bananal para consumo familiar e forrageira para porcos (Nova Friburgo, RJ) e uma senhora que cultiva, em espaldeira, tal espécie em sua horta (Santa Cruz do Sul, RS). Entretanto, A. cordifolia é facilmente encontrada em terrenos baldios e cercas na área urbana de Porto Alegre, RS e, em vários Estados do Brasil. Esta espécie é conhecida, popularmente, por vários nomes. O mais difundido no Brasil é bertalha. Colonos de origem alemã em Pirapó, RS chamam de speck blatter (significando folha-gorda, folha-toucinho). Mas, também constam na literatura consultada caruru-de-seda (RS), caruru-baiano (RS), cipo-manteiga (Lontras/SC), carurudo-reino (MG) e na Argentina é conhecida por papilla e zarza e no Peru por olloquitos (Pio Corrêa, 1926; Reitz, 1968; Zurlo & Brandão, 1990); em inglês por madeira-vine (Cronquist, 1981; Facciola, 1998). São citados ainda cipó-babão, folha-santa e trepadeira-mimosa (Lorenzi, 2000). O nome folha-santa, provavelmente, deve-se ao uso medicinal popular para tratar feridas cutâneas em forma de emplastro como o feito pelos colonos alemães de Pirapó, RS e outras comunidades rurais do Rio Grande do Sul.

Dados parciais de Anredera cordifolia mostram a grande quantidade de fitomassa foliar produzida. Suas folhas podem ser consumidas em saladas cruas ou cozidas, refogadas, ensopadas, em bolos e suflês. Os bulbilhos aéreos e rizomas são mucilaginosos similares ao quiabo (Abelmoschus esculentus) e podem ser comidos cozidos como batata-inglesa (Solanum tuberosum). A produção excessiva de mucilagem ("baba"), pouco aceita por grande parte dos consumidores, sobretudo, no Rio Grande do Sul, onde nem mesmo o tradicional quiabo é muito difundido, pode ser amenizada pelo acréscimo de algumas gotas de vinagre ou limão durante o preparo.

A partir da comparação com outra espécie próxima da mesma família acredita-se ser Anredera cordifolia uma espécie de bom valor nutricional. Tomando-se como parâmetro o teor médio de ácido ascórbico, segundo Franco (2004) para a bertalha convencional - Basella alba L. (= B. rubra L.): 58 mg em 100g de folhas cozidas e 41,9 mg na água de cozimento), além de outras vitaminas e fibras alimentares.

Além do aumento da diversidade alimentar e da renda proveniente da venda desta hortaliça, outros benefícios serão notáveis: maximização da produção com o aproveitamento de cercas e árvores mortas para cultivo; economia de tempo e recursos com mão-de-obra para tentar eliminar mecanicamente a "praga" e, sobretudo, ganhos ambientais com a eliminação do uso excessivo de herbicidas para tentar controlar esta vigorosa planta infestante.

Acredita-se que a A. cordifolia apresenta grande potencial para cultivo e comercialização imediatos, pois é bastante similar à algumas espécies já utilizadas, como a bertalha (Basella alba) e com o espinafre-da-nova-zelândia (Tetragonia tetragonioides - Aizoaceae) e com a vantagem de sua rusticidade e das baixas exigências de manejo e, provavelmente, vantagens nutricionais.

LITERATURA CITADA

CRONQUIST, A. An Integrated System of Classification of Flowering Plants. New York: Columbia University Press, 1981. 1262 p.

DÍAZ-BETANCOURT, M.; GHERMANDI, L.; LADIO, A.; LÓPEZ-MORENO, I.R.; RAFFAELE,
E. ; RAPOPORT, E.H. Weeds as a source for human consumption. A comparison between tropical and temperate Latin America. Revista Biología Tropical, v. 47, n. 3, p. 329-338, Fev. 1999.

ERIKSSON, R. Basellaceae comments. roger.eriksson@botany.gu.se. Mensagem pessoal. 30 março 2004.

ERIKSSON, R. Basellaceae. In: Jorgensen, P.M.; Leon-Yanez, S. (Ed.) Catalogue of the vascular plants of ecuador. Saint Louis: Missouri Botanical Garden, 1999. p. 315-316.

FACCIOLA, S. Cornucopia II - a source Book of edible plants. Vista: Kampong Publications, 1998. 713 p.

FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9ª Edição. São Paulo: Atheneu, 2004. 307 p.

KUNKEL, G. Plants for Human Consumption. Koenigsten: Koeltz Scientific Books, 1984. 393 p.

LORENZI, H. Plantas Daninhas do Brasil - terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3ª ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2000. 652 p.

PAIVA, W.O. Bertalha (Basella alba L. syn. B. rubra). In: Cardoso, M.O. (Ed.). Hortaliças não-convencioanais da Amazônia. Brasília: Embrapa, 1997. p. 33-38.

PIO CORRÊA. M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Ministério da Agricultura & Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Vol. 1, 1984 (edição original: 1926). 747 p.

RAPOPORT, E.H.; LADIO, A.; RAFFAELE, E.; GHERMANDI, L.; SANZ, E.H. Malezas comestibles - Hay Yuyos y Yuyuos...Ciencia Hoy, v. 9, n. 49, p. 30-43, Nov./Dez. 1998.

RAPOPORT, E.H.; MARGUTTI, L.; SANZ, E.H. Plantas silvestres comestibles de la Patagonia Andina. Exóticas I. Bariloche: Univ. Nac. Comahue, INTA-UNICEF. 1997. 51 p.

RAPOPORT, E.H.; SANZ, E.H.; LADIO, A.H. Plantas silvestres comestibles de la Patagonia Argentino-Chilena. Exóticas II. Bariloche: Univ. Nac. Comahue, INTA-UNICEF. 2001. 79 p.

REITZ, P.R. Flora iIlustrada catarinense - Baseláceas. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1968. 8 p.

ROUSI, A. The fruit of Ullucus (Basellaceae), an old enigma. Taxon, v.37, n.1, p.71-75. 1988.

ZURLO, C.; MITZI, B. As Ervas Comestíveis - Descrição, Ilustração e Receitas. 2 ed. São Paulo: Editora Globo, 1990. 167 p.

Figura. Ramo florido de Anredera cordifolia (bertalha). Foto: V.F.Kinupp, Porto Alegre/2004.
Detalhes dos bulbilhos aéreos de Anredera cordifolia (bertalha) em escala centimetrada (Foto: V.F.Kinupp, Porto Alegre/2004).

Texto no link:


Outras fotos



Todos os pulos do Gato do Kibe Vegano!


Kibe Vegano foi sempre um desafio, nunca dava certo, simplesmente era dificil de modelar e depois explodia no óleo quente. Para fazer um bom kibe descobri que há dois segredos, a massa precisa ser bem sequinha, ter pouca água e precisa ter algo que de liga no lugar da carne (carne de soja sozinha não da liga).

Pulos do Gato
Acho que resolvi os dois problemas, primeiro passei a massa na Champion Juicer no modo de extrair suco, ela saiu sequinha do outro lado e o caldo que foi extraido ainda serve de molho para algum outro prato.

Veja foto abaixo.
Depois usei Chia hidratada em agua para dar liga, fica igual um gel e se mistura perfeitamente com o triguilho para formar o kibe.
Foto: Blog Papacapim

Misturando a massa que saiu da juicer com a Chia em gel a massa fica com uma boa liga para ser modelada, a água que foi acrescida a Chia parece não atrapalhar na fritura depois, caso o kibe comece a explodir na frigideira e se desmanchar é sinal que você pos água demais na chia, tente por um pouco menos. Ela deve criar apenas uma leve pelicula gelatinosa na superficie.

Receita de Kibe Vegano ficou:

250 gramas de pvt, se possível compre da pvt escura com corante de caramelo
250 gramas de trigo para kibe
1 maço de salsinha picadas
1 maço de cebolinha picadas
1 maço de Hortelã
3 a 4 cebolas picadas em cubinhos pequenos
1 colher chá de curry
2 colheres de sopa de alho triturado
1 colher de sopa de pimenta do reino (opcional)
200 gramas de sementes de chia
óleo para fritar
Sal a gosto
Limão para por na hora de servir.

Preparando a PVT (carne de soja)

Deixe a PVT em água morna por no mínimo 10 minutos. Até ficar bem molinha. Então escorra num escorredor de macarrão ou usando uma peneira, o melhor que puder.

Refogue as cebolas picadas com uma colher alho (primeiro a cebola depois o alho), acrescente o curry e a pimenta do reino, deixe dar uma fritadinha nos temperos

Acrescente a PVT hidratada, caso ela não seja da escura ( com corante de caramelo ) use um pouco de shoyo para dar uma corzinha na carne de soja, mas lembre-se que shoyo já tem sal.

Vá refogando tudo mexendo sempre pra não grudar no fundo, tente deixar a carne bem sequinha.

Criando a massa do Kibe Vegano

Deixe o trigo imerso em água de um dia para outro, ou por no mínimo 4 horas.

Junte a PVT temperada mais os temperos frescos (salsinha, cebolinha, hortelã) mais a segunda colher de alho triturado. Misture bem até homegenizar a massa. Neste ponto é que você poderá passar ela pelaChampion Juicer caso possua uma, ou então deixar em geladeira por algumas horas para ver se massa resseca um pouco. Na Champion Juicer será instantâneo, use a juicer em modo suco, com a peneira furadinha, deixe o jarro que vem com a juicer embaixo da máquina e uma tigela na boca do funil de saída para aparar a massa que irá sair já mais ressecada. O caldo que irá acumular no jarro poderá ser utilizado em outras receitas.

Hidrate a chia em água, se você por as 200 gramas de chia numa tigelinha pequena e cobrir com água já é suficiente. Em poucos minutos irá se formar um gel sobre a chia.

Misture a chia gelatinosa a massa que saiu da Champion Juicer, até que as sementes de chia sumam dentro da massa do kibe, como são muito pequenas e escuras, ficarão imperceptíveis.

Prove o sal desta massa, se precisar por mais algumas pitadas e vá misturando para homogenizar este sal, o mesom serve para pimenta, caso ache necessário ter mais um pouco.

Moldando o Kibe Vegano

Unte suas mãos com óleo.

Pegue pequenas porções de massa e enrole como um bolinho, se os bolinhos forem muito grandes tenderão a ficar cru por dentro na hora de fritar, tente faze-los pequenos e sempre do mesmo tamanho.

De tempos em tempos ponha mais óleo nas mãos para ajudar a enrolar.
Fritando o Kibe Vegano

Aqueça o óleo em uma panela ou frigideira de maneira que os kibes fiquem submersos no mesmo. Espere até que o óleo esteja bem quente para começar a fritar.

Acrescente os kibes um a um, tente não mexer neles assim que por eles no óleo, espere eles se firmarem um pouco criando aquela casca mais escura caracteristica do kibe.

Sirva quente com limões cortados para as pessoas expremerem por cima.
Obs.: Também pode-se se optar por assar os kibes em forno. Os da foto acima foram fritos.

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Integração lavoura-pecuária é alternativa sustentável

Valéria Dias - valdias@usp.br
7/junho/2013

A integração lavoura-pecuária é uma técnica, também conhecida como rotação de culturas anuais com pastagens, em que os produtores utilizam a terra tanto para a produção animal como a vegetal, realizando um revezamento de acordo com a época do ano. Entre os benefícios encontrados na implantação da técnica estão: o aumento na renda, melhora da situação do solo, melhor aproveitamento do maquinário, além de aumento da necessidade de mão-de-obra, gerando mais empregos locais.
A integração lavoura-pecuária é um modo mais sustentável de produção

Esses resultados foram obtidos a partir de entrevistas realizadas em 12 fazendas que utilizam a técnica, localizadas no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso, por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) e da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, ambas em Pirassununga.

“A integração lavoura-pecuária é uma forma mais sustentável de produção e várias organizações não-governamentais [ONGs] são favoráveis ao seu uso”, conta o professor Augusto Hauber Gameiro, do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP) da FMVZ, em Pirassununga. “Outra vantagem observada é o fato de as plantações de soja e outras leguminosas fixarem nitrogênio no solo. Ao plantar gramíneas para a pastagem do gado, quase não será preciso adicionar nitrogênio” descreve.

Gameiro foi o orientador do trabalho de iniciação científica realizado pelos alunos Felipe Perrone Braz e Thiago Denardi Mion, do curso de Zootecnia da FZEA. A pesquisa deu origem ao artigo Análise Socioeconômica comparativa de sistemas de integração lavoura-pecuária em propriedades rurais nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil.

O estudo — uma pesquisa qualitativa — foi realizado por meio da aplicação de um questionário que foi respondido pelos donos ou gerentes das fazendas. Foram escolhidas propriedades que já são sabidamente usuárias da técnica. Os entrevistados destacaram que o conhecimento técnico e a capacidade de investimento são fundamentais para o sucesso da atividade. “Não se trata de algo a ser utilizado apenas por pequenas propriedades”, diz o docente, ressaltando que “são necessários investimento e conhecimento técnico para que produções em maior escala tornem-se viáveis e rentáveis”.

Monoculturas e pecuária

Segundo Gameiro, a integração lavoura-pecuária é algo bastante antigo. O uso da técnica decaiu após a Segunda Guerra Mundial, quando houve um crescimento das grandes monoculturas. Já a pecuária cresceu muito no Brasil a partir da década de 1970. Durante muito tempo, agricultores e pecuaristas se dedicaram a uma ou outra atividade exclusivamente, cenário que tem mudado nos últimos tempos.

“Aquelas lavouras enormes de monocultura podem parecer melhor sob alguns aspectos, pois o produtor fica focado em uma só cultura, e pode se especializar. Entretanto, há várias desvantagens, sendo a principal delas a ambiental. As monoculturas prejudicam a biodiversidade e, sob o aspecto econômico, na entressafra, é preciso lidar com a ociosidade da terra, de equipamentos e de pessoal, principalmente nas culturas anuais, como soja e milho”, afirma o professor. Já no caso da pecuária, pode ocorrer um processo crescente de degradação do solo, caso o manejo seja inadequado.

Na integração lavoura-pecuária, quando a terra não está sendo utilizada para o cultivo de determinada cultura, ela se transforma em pasto e o agricultor pode se dedicar à pecuária e vice-versa. No caso da soja e do milho, o plantio é realizado na primavera (em outubro ou novembro), em São Paulo e nos estados localizados acima dele. A colheita é em fevereiro, março e abril. No modelo tradicional, a terra somente seria utilizada no plantio seguinte (na primavera) e, no inverno, o pasto estaria seco. Na integração lavoura-pecuária, o produtor pode plantar pasto para o gado logo após a colheita. Entre julho e agosto, durante a época seca, o pasto estará verde e capaz de sustentar uma maior lotação de animais.

Adaptação possível

Gameiro lembra que a agricultura, quando comparada à pecuária extensiva de baixa produtividade, é uma atividade mais complexa, pois exige mais investimentos, atenção e esforço gerencial: é preciso cuidar adequadamente do solo, dos maquinários, escolher a semente adequada, plantar e colher na época certa, armazenar corretamente, etc.

Na pecuária extensiva de baixa produtividade, os animais ficam em grandes áreas, geralmente um por hectare (cerca de 10 mil metros quadrados ou um campo de futebol). Já na pecuária mais intensiva, o gado ocupa espaços menores e recebe uma alimentação de altíssima qualidade, o que exige mais esforços do produtor.

“Apesar de ser mais difícil para um pecuarista deste tipo se adaptar, constatamos que não é impossível que ele comece a utilizar a integração lavoura-pecuária. Isso pode ser feito por meio de arranjos contratuais entre pecuaristas e agricultores”, finaliza o docente.

No ultimo dia 30 de abril, a presidenta da República, Dilma Rousseff, sancionou a Lei que institui a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. O objetivo, segundo o texto, “é de aperfeiçoar a produtividade e qualidade dos produtos, utilizando sistemas sustentáveis de exploração que integram atividades agrícolas, pecuárias e florestais”.

Imagem: Divulgação / FMVZ

Mais informações: (19) 3565-4224, com o professor Augusto Hauber Gameiro
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Artigo: Contaminação de Cocaína em Cédulas de Dinheiro em Belo Horizonte-MG

Rodrigues, N. M.; Guedes, M.; Augusti, R.; Marinho, P. A.
Rev. Virtual Quim., 2013, 5 (2), 125-136. 
Data de publicação na Web: 27 de março de 2013

Resumo

A cocaína é uma das drogas ilícitas mais problemáticas no Brasil, devido seu impacto social e toxicológico para os usuários e sociedade em geral. Uma das formas de utilização desta droga é pela via intranasal, quando a mesma se encontra na forma de cloridrato de cocaína, podendo ser aspirada utilizando cédulas de dinheiro como artefato. Deste modo, o presente trabalho objetivou analisar cédulas de R$ 2,00 (dois reais) que circulam no comércio de Belo Horizonte - MG, a fim de verificar a porcentagem de notas com resíduos de cocaína e traçar um perfil quantitativo da substância nestas. As notas (n = 50) foram coletadas em estabelecimentos comerciais no centro de Belo Horizonte e armazenadas em envelopes pardos até o momento da análise. Notas novas obtidas junto ao Banco Central foram utilizadas como branco da amostra. As notas foram extraídas com solventes em banho de ultrassom. Os dois extratos foram misturados, centrifugados a 13.000 rpm por 3 minutos e analisados por cromatografia líquida de alta eficiência com detector de ultravioleta (235 nm). O método foi validado, constatando-se uma linearidade entre 0,5 a 10 g/mL (10 a 200 g/nota), precisão média intra e inter ensaio de 5,3 % e 7,6 %; e recuperação média de 98 %. Os adulterantes comumente encontrados na cocaína, como a lidocaína, benzocaína, cafeína, paracetamol e propranolol não apresentaram picos no mesmo tempo de retenção da cocaína. Após as análises, as notas foram secas e devolvidas à circulação sem nenhum dano físico aparente e perda dos elementos de segurança. Das 50 notas analisadas, 43 apresentaram resíduos de cocaína. A concentração média de cocaína encontrada nas notas foi de (148,56 + 230,06) µg/nota (CV = 155 %), sendo que 36 % apresentaram teores entre 10 a 50 g/nota. Deste modo, conclui-se que as cédulas de R$ 2 reais na região central de Belo Horizonte, têm alta porcentagem de contaminação por cocaína, podendo esta ser proveniente de contaminação direta da droga na nota ou indireta entre notas contaminadas e superfícies contaminadas.

Texto completo:

Nutrition During First 1,000 Days of Life Crucial for Childhood and Economic Development

June 5, 2013 — A new Lancet series on maternal and childhood nutrition finds that over 3 million children die every year of malnutrition -- accounting for nearly half of all child deaths under 5. Along with state-of-the-art global estimates on the long-term burden of malnutrition, the series presents a new framework for prevention and treatment that considers underlying factors, such as food security, social conditions, resources, and governance. Professor Robert Black, Department of International Health at the Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, led the consortium of experts who produced this series -- a follow-up to the groundbreaking 2008 Lancet Nutrition Series, which revealed how pivotal the first 1,000 days -- from the start of pregnancy until the child's second birthday -- are to the well-being of both the individual and the society in which he or she lives.

"This series strengthens the evidence that a nation's economic advancement is tied to the first 1,000 days of every child's life," says Black. "Malnutrition can haunt children for the rest of their lives. Undernourished children are more susceptible to infectious diseases and achieve less education and have lower cognitive abilities. As a result, undernutrition can significantly impede a country's economic growth." While some progress has been made in recent years, Black and colleagues estimates that over 165 million children were affected by stunting and 50 million by wasting in 2011.

Maternal nutrition is essential for the health of the mother and the survival and development of her child. The study estimates that 800,000 neonatal deaths are caused by fetal growth restriction. Furthermore, newborns who suffer from this and survive are at a substantially increased risk of stunting during the first 24 months after birth.

Undernourished women are more likely to die in pregnancy, to give birth prematurely, and to have babies who are born premature or too small for their gestational age. Over a quarter of all babies born in low- and middle-income countries are small for their gestational age -- putting them at a significantly increased risk of dying. And more than one quarter of all newborn deaths are attributed to restricted growth in the womb due to maternal undernutrition.

An article accompanying the Series, led by Professor Joanne Katz, Department of International Health at the Bloomberg School, provides in-depth evidence on the mortality risk of infants small for their gestational age. Past studies have focused on low birth weight, but this can exclude many children who exceed the standard weight limit but were born prematurely or are small for their gestational age. "To prevent neonatal deaths, we should track whether the baby was born too small or too soon, not just the baby's birth weight. This will allow us to better implement the appropriate interventions to prevent these conditions and improve survival," says Katz.

"Countries will not be able to break out of poverty or sustain economic advances when so much of their population is unable to achieve the nutritional security that is needed for a healthy and productive life," explains Black. "We need to redouble our efforts and invest in what we know works. As the study led by Professor Zulfiqar Bhutta of Aga Khan University shows, scaling up 10 proven interventions -- including treatment of acute malnutrition, promotion of infant and child feeding, and zinc supplementation -- can already save 900,000 children a year."

Journal Reference:
Zulfiqar A Bhutta. Early nutrition and adult outcomes: pieces of the puzzle. The Lancet, 2013; DOI:10.1016/S0140-6736(13)60716-3

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A 20-Minute Bout of Yoga Stimulates Brain Function Immediately After

June 5, 2013 — Researchers report that a single, 20-minute session of Hatha yoga significantly improved participants' speed and accuracy on tests of working memory and inhibitory control, two measures of brain function associated with the ability to maintain focus and take in, retain and use new information. Participants performed significantly better immediately after the yoga practice than after moderate to vigorous aerobic exercise for the same amount of time.
University of Illinois graduate student Neha Gothe and her colleagues found that 20 minutes of yoga significantly improved participants’ reaction time and accuracy in tests of cognitive function. Gothe is now a professor of kinesiology at Wayne State University in Detroit. (Credit: Image courtesy of University of Illinois at Urbana-Champaign)

The 30 study subjects were young, female, undergraduate students. The new findings appear in the Journal of Physical Activity and Health.

"Yoga is an ancient Indian science and way of life that includes not only physical movements and postures but also regulated breathing and meditation," said Neha Gothe, who led the study while a graduate student at the University of Illinois at Urbana-Champaign. Gothe now is a professor of kinesiology, health and sport studies at Wayne State University in Detroit. "The practice involves an active attentional or mindfulness component but its potential benefits have not been thoroughly explored."

"Yoga is becoming an increasingly popular form of exercise in the U.S. and it is imperative to systematically examine its health benefits, especially the mental health benefits that this unique mind-body form of activity may offer," said Illinois kinesiology and community health professor Edward McAuley, who directs the Exercise Psychology Laboratory where the study was conducted.

The yoga intervention involved a 20-minute progression of seated, standing and supine yoga postures that included isometric contraction and relaxation of different muscle groups and regulated breathing. The session concluded with a meditative posture and deep breathing.

Participants also completed an aerobic exercise session where they walked or jogged on a treadmill for 20 minutes. Each subject worked out at a suitable speed and incline of the treadmill, with the goal of maintaining 60 to 70 percent of her maximum heart rate throughout the exercise session.

"This range was chosen to replicate previous findings that have shown improved cognitive performance in response to this intensity," the researchers reported.

Gothe and her colleagues were surprised to see that participants showed more improvement in their reaction times and accuracy on cognitive tasks after yoga practice than after the aerobic exercise session, which showed no significant improvements on the working memory and inhibitory control scores.

"It appears that following yoga practice, the participants were better able to focus their mental resources, process information quickly, more accurately and also learn, hold and update pieces of information more effectively than after performing an aerobic exercise bout," Gothe said. "The breathing and meditative exercises aim at calming the mind and body and keeping distracting thoughts away while you focus on your body, posture or breath. Maybe these processes translate beyond yoga practice when you try to perform mental tasks or day-to-day activities."

Many factors could explain the results, Gothe said. "Enhanced self-awareness that comes with meditational exercises is just one of the possible mechanisms. Besides, meditation and breathing exercises are known to reduce anxiety and stress, which in turn can improve scores on some cognitive tests," she said.

"We only examined the effects of a 20-minute bout of yoga and aerobic exercise in this study among female undergraduates," McAuley said. "However, this study is extremely timely and the results will enable yoga researchers to power and design their interventions in the future. We see similar promising findings among older adults as well. Yoga research is in its nascent stages and with its increasing popularity across the globe, researchers need to adopt rigorous systematic approaches to examine not only its cognitive but also physical health benefits across the lifespan."

The research team included U. of I. kinesiology and community health professor Charles Hillman and Michigan State University kinesiology professor Matthew Pontifex (a U. of I. alumnus).

Journal Reference:
Gothe N, Pontefex MB, Hillman C, McAuley E. The Acute Effects of Yoga on Executive Function. Journal of Physical Activity & Health, 2013

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Uma receita de curry em pó (da Sonia Hirsch)

Ingredientes

2 colheres (sopa) de sementes de coentro
1 de sementes de cominho
1 de sementes de cardamomo
1 de cúrcuma (açafrão-da-terra) em pó
2 colheres (chá) de páprica doce ou picante
1 de canela em pó
1 de cravo

Modo de fazer

Moer ou bem fino em máquina ou pilão, misturar e guardar em vidro tampado.

Observações da Sonia

Ah, você tem uma receita de curry diferente? Tudo bem, não há regra: na Índia, cada família faz a mistura de um jeito, que também varia conforme o prato a ser preparado. O cominho e as sementes de coentro geralmente estão presentes. E não deve faltar cúrcuma, aquele pó amarelo-alaranjado que dá cor a qualquer coisa, do queijo cheddar à roupa dos monges, e é bom para a pele, protege o fígado, atua contra o câncer, realça o sabor da comida, ajuda a digestão das proteínas, promove a absorção e regula o metabolismo, além de ser antiinflamatório, antioxidante, calmante e protetor do sistema cardiovascular. Chega? Não: faltou dizer que é saboroso e perfumado.

Todos esses temperos evitam gases, que se formam quando o processo de digestão da comida não consegue dar conta de tudo o que se comeu. O que sobra vira muco, fermenta e forma bolhas de gás por todo o tubo digestivo, provocando ansiedade, falta de concentração, nervosismo, mal-estar, dores e até soluços, entre outras coisas. Caiu a ficha? Temperar é preciso. Comer, nem sempre.

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Monteiro Lobato e a Homeopatia, em 1917

De Vânia B.O. para Deixa Sair (http://www.soniahirsch.com)

Carta de Monteiro Lobato a seu amigo Rangel

Fazenda 3/3/1917

Rangel: A homeopatia!... Eu pensava como você; ou peor ainda, não me dava ao trabalho de pensar coisa nenhuma a respeito. Não acreditava nem descria - não pensava no assunto e pronto. Mas um dia sobreveio o "estalo" e fiquei tonto. O meu Edgarzinho apareceu com uma doença no nariz. Isso na fazenda. Ele tinha dois anos. Corro a Taubaté. Consulto os médicos locais: "O melhor é ver um especialista em São Paulo". Vamos para São Paulo. "Quem é o baita para narizes?" J. J. da Nova. Vou ao Nova. Examina, cheira, fuça e vem com um grego: "Rinite atrófica. Só pode sarar lá pelos 18, 20 anos - mas vá fazendo umas insuflações com isto" – e deu-me uma droga e um insuflador. 

Voltamos para Taubaté, muito desapontados. Dezoito anos! Mas minha casa lá era defronte à duma prima. Vou vê-la. Tenho de esperar na sala de visitas um quarto de hora. Em cima da mesa redonda está um livro de capa verde. Abro-o. "Bruckner, O Médico Homeopata". Instintivamente procuro a seção Nariz. Leio conjuntos de sintomas. Um deles coincide com os sintomas da rinite de Edgar. Prescrição:"Mercurius". Entra a prima. Conto o caso do menino e aquele encontro ali. "Vale alguma coisa isto de homeopatia?" pergunto céptico. E ela: "Experimente. Não Custa". 

Quando saí, passei pela farmácia. "Tem Mercurius?" Tinha. Comprei Cinco Tostões. "Almeida Cardoso - Rio". Levo pra casa. Falo a Purezinha. Sem fé nenhuma, dou automaticamente os carocinhos ao Edgar, mais do que mandavam as instruções. Cinco em vez de três. Depois, mais cinco. De noite, mais cinco. No dia seguinte, o milagre: todos os sintomas da rinite haviam desaparecido!... Mas sobrevirá uma novidade: purgação nos ouvidos. Cheio de confiança, corro à casa da prima, atrás do livro de capa verde. Procuro "Ouvidos" e leio esta maravilha: "As vezes sobrevem purgação no ouvido por abuso de Mercurius, e nesse caso o remédio é Sulphur". 

Vou voando a farmácia. Compro Sulphur. Mais 500 reis. Dou Sulphur ao Edgar e pronto - sarou do ouvido! Sarou da rinite, sarou de tudo! Preço da cura: 1000 reis. Pela alopatia, em troca da não-cura: varias consultas medicas, viagem a S. Paulo, drogas insuflantes e aparelho insuflador - e a desesperança. 

Que fazer depois disso, Rangel, senão mandar vir um livro de capa verde e uma botica com todas as homeopatias do Almeida Cardoso? Cem mil reis custou-me, e desde então curo tudo. Curo tudo em casa e no pessoal da fazenda. Fiquei com fama de mágico. Vem gente dos sítios vizinhos. "Ouvi dizer que o senho é um bom doutor que cura" - e curo mesmo. Chega a vir gente até do município vizinho atras dos "carocinhos mágicos"... 

Lobato 

Texto integral retirado de: A BARCA DE GLEYRE; LOBATO, MONTEIRO, II TOMO – QUARENTA ANOS DE CORRESPONDÊNCIA ENTRE MONTEIRO LOBATO E GODOFREDO RANGEL; ED BRASILIENSE, 1946, 1a EDIÇÃO.
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