Sobre a importância dos quintais, cada vez mais desaparecidos e, com isso, as nossas raízes também.
sábado, 15 de junho de 2013
Jacareí: Horta de plantas medicinais ajuda no tratamento de pacientes do Caps II
A instalação da horta na unidade faz parte de um programa terapêutico
Crédito: Cristina Reis/PMJ
Os pacientes atendidos pelo Caps II (Centros de Atenção Psicossocial), situado no bairro Santa Cruz dos Lázaros, foram contemplados com uma horta de plantas medicinais. A instalação da horta na unidade faz parte de um programa terapêutico realizado por meio de uma parceria entre as secretarias de Saúde e de Meio Ambiente.
De acordo com a supervisora do Caps II, Andréa Batista de Oliveira, a horta vai proporcionar o desenvolvimento de atividades que incentivam a solidariedade, a responsabilidade e ainda o trabalho em equipe. “Os pacientes do Caps II já participam de atividades realizadas no Viveiro Municipal, e a horta vai complementar o nosso trabalho”, disse. Atualmente são atendidos no centro 540 pacientes com transtornos mentais.
Data: 14.06.2013
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Goiânia: Saúde dobra investimento em projetos de produção de plantas medicinais e fitoterápicos
O Ministério da Saúde dobrou este ano o orçamento destinado para projetos de estruturação de Arranjos Produtivos Locais (APLs) sobre plantas medicinais e fitoterápicos. A pasta tem R$ 12 milhões para serem direcionados ao Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Ministério da Saúde (MS), que abriu seleção pública no último dia 27. Estados e municípios de todo o país podem se inscrever até 11 de julho. O valor de cada proposta pode chegar a R$ 1 milhão, destinado para compra de equipamentos, materiais permanentes e de consumo e, ainda, contratação de pessoal e serviços. No ano passado, R$ 6,7 milhões foram repassados para 12 propostas escolhidas.
Atualmente, 12 fitoterápicos pertencem a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) e são financiados pelo Componente Básico da Assistência Farmacêutica. Porém, estados e municípios têm autonomia para fornecer fitoterápicos que expandem esta lista. Os projetos inscritos podem abordar fitoterápicos que expandem a lista do ministério.
A iniciativa tem o propósito de ampliar as opções terapêuticas ao garantir à população o acesso a plantas medicinais e fitoterápicos, fortalecendo o complexo produtivo e o uso sustentável da biodiversidade. “Queremos ampliar o acesso a plantas medicinais e fitoterápicos dando total suporte aos estados e municípios, fortalecendo a cadeia produtiva através da estruturação dos APLs e valorizando o uso sustentável da biodiversidade brasileira”, destacou o Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Dr. Carlos Gadelha.
Para participar da seleção, as secretarias de saúde estaduais e municipais devem preencher a ficha de inscrição no site www.saude.gov.br/fitoterapicos.
Os usuários do SUS têm acesso aos fitoterápicos financiados com recursos da União, de Estados e Municípios desde 2007. O Governo Federal criou o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos em 2008 para garantir à população o acesso seguro e o uso racional a plantas medicinais e aos fitoterápicos.
Data: 14.06.2013
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Caatinga: um bioma entre a devastação e a conservação
Por Maria Marta Avancini e Glória Tega
10/06/2013
A diversidade da flora e da fauna da Caatinga coloca o bioma – considerado o único tipicamente brasileiro, dentre os nove que ocupam o território nacional – em uma posição privilegiada no cenário internacional: em 2003, foi classificada pela organização Conservation International como uma das 37 grandes regiões naturais do planeta que devem ser conservadas e protegidas, pois assim como outros biomas, colabora para a manutenção dos padrões regionais e globais do clima, da disponibilidade de água potável, de solos agriculturáveis e de parte relevante da biodiversidade do planeta. Apesar disso, o interesse pelo bioma, inclusive no campo da ciência, é recente, e o conhecimento produzido ainda é restrito. Esse cenário, somado à crescente devastação da Caatinga, remete ao debate urgente sobre sua conservação.
A Caatinga é o bioma que predomina na região do semiárido brasileiro, com uma população de cerca 22 milhões de pessoas – ou 11,8% da população nacional. Na Caatinga estão catalogadas 2.240 espécies de vegetais e animais, segundo informações publicadas no site da Associação Caatinga, que atua em prol da preservação do bioma. Dessas, 481 são endêmicas – ou seja, só existem na região. Elas se distribuem em uma área estimada em 959 mil km² (ou 9,9% do território nacional), ocupando nove estados brasileiros: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Bahia e norte de Minas Gerais.
O semiárido se caracteriza pela baixa incidência de chuvas (em relação a outros biomas) e pela irregularidade da precipitação. Em média, por ano, chove entre 300 mm e 500 mm, mas nas áreas de maior altitude tende a chover mais – a média pode chegar a 1.200 mm/ano. A temperatura é sempre elevada: 25ºC a 30°C, em média, e o clima severo faz com que os rios sejam temporários e que na vegetação predominem as plantas xerófitas (cactáceas e outras espécies espinhosas).
A baixa incidência de chuvas, a irregularidade do regime pluviométrico, as elevadas temperaturas e o solo predominantemente cristalino (pouco permeável) configuram um cenário de déficit hídrico, que alimentou o imaginário de que “não há nada”. No entanto, como pontua a organização Articulação Seminário Brasileiro (ASA), o semiárido brasileiro não se caracteriza pela falta de água; pelo contrário, é o semiárido mais chuvoso do planeta.
Ao contrário do que parece à primeira vista, há uma grande variedade de paisagens na região, com dez tipos de unidades: depressão sertaneja, chapadas altas, superfícies dissecadas, superfícies trabalhadas, Chapada Diamantina, dentre outras, evidenciando as especificidades do bioma em termos de estrutura física e dos aspectos bióticos, segundo a publicação Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação, do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Riqueza esquecida
A diversidade de espécies faz da Caatinga a região semiárida mais rica em fauna e flora do mundo. Essa riqueza, contudo, só começou a ser valorizada recentemente. “A diversidade da Caatinga sempre foi subestimada, por isso se tornou o bioma menos valorizado e conhecido do país”, analisa o geólogo Washington Franca-Rocha, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia.
Mais do que uma percepção, a afirmação do professor se sustenta em dados: Franca-Rocha coordenou o “Mapeamento da cobertura vegetal do bioma Caatinga”, que integra o Mapeamento de cobertura vegetal dos biomas brasileiros, lançado em 2007 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Utilizando imagens feitas por satélites e comparando dados atuais com os do fim da década de 1960, o estudo concluiu que até 2002 a cobertura vegetal natural correspondia a 62,69% da região.
Outro estudo mais recente, o Relatório do monitoramento do desmatamento do bioma Caatinga, divulgado pelo MMA e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2011, aponta para uma aceleração do processo de desmatamento ao longo da primeira década do século XXI: em 2002, 43% da vegetação original havia sido suprimida; em 2008, o desmatamento chegava a 45%. Em números absolutos, a Caatinga teve 16,5 mil km² de cobertura nativa suprimida no período analisado – ou uma perda média de 0,33% por ano. “Em nosso estudo constatamos algumas áreas com maior aceleração da desertificação”, conta o professor da UEFS. Essas áreas concentram-se nos estados de Pernambuco, Paraíba, Piauí, Bahia e norte de Minas Gerais.
A mão do homem
No livro Mudanças climáticas e desertificação no semiárido brasileiro, Franca-Rocha explica que a região era ocupada por florestas durante o período pré-colombiano. Com a chegada dos portugueses, já no século XVI, a área começou a ser utilizada para a criação de gado, o que acarretou na mudança da vegetação, que assumiu características mais parecidas com a atual – arbustiva e ramificada. Assim, em um processo que remonta ao século XVI, já se observam os principais vetores da destruição da Caatinga: a pressão populacional, combinada com a exploração econômica dos recursos naturais.
De um lado, a Caatinga é a região semiárida mais povoada do planeta; são cerca 28 milhões de pessoas que dependem dos recursos naturais para viver. De outro lado, vem sofrendo as pressões da expansão da fronteira agrícola no país, passando a ter grandes áreas ocupadas para a plantação de soja, milho e algodão. É o que está ocorrendo no Piauí: de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado perdeu 48,7 mil quilômetros de Caatinga, o que corresponde a 30,9% do bioma. O dado consta dos Indicadores de desenvolvimento sustentável 2012, lançado durante a conferência Rio +20.
O avanço da fronteira agrícola significa desmatamento, fragilizando ainda mais o delicado equilíbrio climático da Caatinga. No caso do Piauí, afirma o IBGE, boa parte do desmatamento é feito para viabilizar a agricultura familiar, mas o agronegócio também começa a ganhar espaço na região, intensificando os impactos ambientais. Em 2009, por exemplo, foram identificados 3,9 mil focos de calor no Piauí contra 3,5 mil em 2004, de acordo com o IBGE.
A exploração de carvão é outro fator que contribui para acelerar o desmatamento. Novamente, o estado do Piauí é o cenário de devastação, exemplificando um processo que se repete em outras partes da Caatinga. Em 2006, foi implantado na região da Serra Vermelha o projeto Energia Verde, com aprovação do Ministério do Meio Ambiente, prevendo o desmatamento de 78 mil hectares de matas nativas para a produção de carvão vegetal. “Seria o maior projeto de exploração de carvão vegetal do Brasil, com autorização do governo federal para exportar o material, o que hoje é proibido pela legislação, que veda a exportação de carvão vegetal oriundo de matas nativas”, afirma o fotojornalista André Pessoa, especializado em reportagens ambientais e responsável por um extenso registro fotográfico da Caatinga.
O projeto acabou envolvido em uma série de irregularidades ambientais e trabalhistas, como o uso comprovado de trabalho escravo. Por isso, foi suspenso pela Justiça, mas não houve a interrupção da exploração de carvão. “O projeto foi paralisado no início, freando as consequências negativas como a intensificação da desertificação de uma área já bastante ameaçada. Mas, depois que a Justiça paralisou o projeto, os empresários terceirizaram a exploração de carvão nas pequenas propriedades no sul do estado, gerando uma destruição de mais de 100 mil hectares de Caatinga”, denuncia Pessoa, que registrou a destruição em fotos.
A expansão da fronteira agrícola e a exploração irregular de carvão vegetal não são ameaças restritas ao Piauí, estendendo-se também ao norte de Bahia, Pernambuco e Paraíba, alerta o professor Franca-Rocha, sendo observadas inclusive em áreas de baixíssima incidência de chuvas. “Esse tipo de exploração dos recursos intensifica o processo de desertificação, gerando perdas para a biodiversidade e agravando a pobreza da população”, reitera.
Os fornos para a produção insustentável de carvão no Piauí. Desmatamento e desertificação que colocam o bioma em risco. Fotos: André Pessoa
Convivendo com a seca
A reversão desse cenário remete às políticas de conservação da Caatinga, as quais deveriam se traduzir em ações tais como a conversão de algumas áreas do bioma em áreas de preservação. “Isso tem que ser feito pelos órgãos de proteção ambiental, caso contrário corremos o risco de perdas irreparáveis para o bioma e o ecossistema”, pontua o professor da UEFS.
Atualmente, a criação de unidades de conservação como os parques nacionais tem sido uma das principais linhas das políticas públicas voltadas para a preservação da Caatinga. Existem na região 24 unidades de conservação sob responsabilidade do Instituto Chico Mendes (ICMBio), ligado ao Ministério do Meio Ambiente, mas representam cerca de 1% da área total do bioma. Dessa forma, em relação a outros biomas brasileiros, as ações de conservação da Caatinga são menos intensas, pontua o geólogo Franca-Rocha, ampliando o risco de devastação. Some-se a isso as políticas de combate à seca no passado, que enfatizaram o “enfrentamento” em vez da “convivência” com as condições e características do clima e do bioma do semiárido.
Nesse cenário, organizações da sociedade civil ganham espaço no sentido de propor alternativas voltadas à conservação, por meio de projetos, campanhas e outros tipos de iniciativas. A Associação Caatinga, por exemplo, foi a responsável pela campanha que resultou na escolha do tatu-bola como mascote da Copa do Mundo de 2014 e mantém um projeto destinado à preservação do animal, listado entre as espécies ameaçadas de extinção. Esse tipo de iniciativa, somada a tantas outras, entretanto, permanecem isoladas.
Mesmo lugar, duas paisagens
Quando se fala da Caatinga, a memória traz a imagem ligada a galhos secos e retorcidos, estáticos, sobre uma terra laranja que o sol escaldante secou. O vento quente, que às vezes bate, não balança nenhuma folha verde, pois todas estão completamente secas, mortas talvez.
Mas a seca não dura o ano todo. Na época da chuva a paisagem muda completamente. A morte dá lugar à vida, ou melhor, àquela vida que estamos acostumados, já que, na verdade, a morte nunca esteve presente na vegetação da Caatinga.
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Tributação pode ser aliada no combate à obesidade
Daniel Navarro, da Assessoria de Imprensa da FEARP
imprensarp@usp.br
Pesquisa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP propõe tributar alimentos de acordo com seu teor de gordura saturada, utilizando a receita arrecadada para subsidiar o consumo de alimentos saudáveis. A medida pode auxiliar na redução dos alarmantes índices de obesidade no Brasil, diminuindo o consumo de ácidos graxos saturados em 29.8% para homens, entre 19 e 59 anos, e em 35.7% para mulheres, entre 19 e 59 anos. A proposta é uma das conclusões da dissertação de mestrado do economista Rodrigo Leifert, realizada na FEARP, sob orientação do professor Cláudio Ribeiro de Lucinda.
Pesquisador se baseou na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE
Para estimar a demanda por alimentos consumidos em casa no Brasil e a tendência de substituição de alimentos engordativos com a introdução do tributo, o pesquisador se baseou na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e classificou os alimentos em grupos, de acordo com o teor de gordura saturada. Grupos com maior teor de gordura saturada como óleos e gorduras (óleo de soja, gordura vegetal e azeite), carnes industrializadas (nuggets, hambúrguer, salsicha, linguiça e presunto), laticínios (leite, manteiga, margarina e queijos) e açúcares (açúcar refiando, açúcar cristal, chocolates, doces e sorvetes) seriam sobretaxados, enquanto cereais, frutas, legumes e vegetais e tubérculos receberiam subsídios para redução de preço.
“O estudo é uma primeira sugestão de política pública para o combate à obesidade. O tema é inovador, polêmico e exigirá outros estudos para a introdução de modelos tributários que incentivem mudanças na alimentação do brasileiro”, destaca Leifert. Segundo ele, a função da pesquisa é entender os efeitos da tributação sobre alimentos na substituição de consumo de opções engordativas por saudáveis.
A introdução de impostos específicos, com o objetivo de limitar o consumo de alimentos com efeitos nocivos ao peso, já vem sendo aplicada em outros países. A Dinamarca criou, em 2011, um imposto sobre alimentos ricos em gorduras saturadas. No mesmo ano, a França aprovou um tributo sobre bebidas com adição de açúcar. Propostas semelhantes estão sendo discutidas na Finlândia, Suécia e Reino Unido.
Obesidade
No Brasil, o relatório da POF/IBGE traça um quadro alarmente sobre a obesidade. Cerca de 50% dos homens e 48% das mulheres acima dos 20 anos apresenta sobrepeso. A obesidade infantil já é um problema mais grave que desnutrição: o déficit de altura, a principal medida de desnutrição, caiu de 29,3% em 1974/75 para 7,2% em 2008/2009, entre os meninos de 5 a 9 anos, já o sobrepeso subiu de 10,9% para 34,8% nesse mesmo período. A obesidade para este grupo saltou de 2,9%, nos anos 1970, para 16,6% em 2008/2009.
O estudo utilizou teoria microeconômica e econométrica para criar cinco cenários diferentes de tributação e/ou subsídios, sempre taxando os alimentos de acordo com seu teor de gorduras saturadas. Ou seja, o aumento do preço seria igual à porcentagem de gordura saturada presente no alimento. Por exemplo, as carnes industrializadas teriam acréscimo de 6,53% em seu preço (o mesmo índice de gordura saturada encontrada nesses alimentos).
No primeiro cenário, todos os alimentos foram tributados, já que todos contêm algum grau de gordura saturada e seriam passíveis de tributação. No segundo cenário, os grupos cereais, frutas, legumes e vegetais e tubérculos receberam isenção de imposto enquanto o restante foi tributado. A terceira e quarta simulações subsidiaram entre 5% e 10% os grupos cereais, frutas, legumes e vegetais e tubérculos, respectivamente, sendo o restante tributado. A quinta simulação — e também a que se mostrou mais eficiente — foi aquela na qual toda receita arrecadada com o tributo foi repassada forma equânime para os grupos cereais, frutas, legumes e vegetais e tubérculos . O que representou um subsídio total de 15,2%.
As simulações realizadas para o estudo mostraram que a combinação de impostos e subsídios ajuda de duas formas. A primeira e mais evidente é que, ao tornar o produto engordativo mais caro e o saudável mais barato, aumenta o incentivo para o consumidor desistir de comprar um alimento engordativo e buscar o alimento mais saudável que se encontra disponível por um preço mais baixo.
A segunda contribuição da combinação impostos/subsídios é evitar que os alimentos com alto teor de gorduras saturadas sejam substituídos por alimentos com alto teor de sódio. Algo como trocar uma barra de chocolate por um pacote de batata chips. “Quando apenas os alimentos engordativos são tributados e o subsídio não ocorre, a pessoa vai observar que os alimentos ricos em gordura saturada estão mais caros em relação a todos os outros e vai substituí-los por alimentos ricos em sódio, que estão relativamente mais baratos”, explica Leifert.
Mais informações: (16) 3602-0505
Data: 14.06.2013
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sexta-feira, 14 de junho de 2013
Cancer Doctor Explains How Cooking with Turmeric Leads to Amazing Health Benefits
by Elizabeth Renter
It’s one thing to read all the studies, to keep informed through breaking news and research about natural health, but it’s another to hear it from the people who put it into practice. When you can combine the practical applications of natural health with the scientific background, the evidence can be awfully convincing. This is where Johns Hopkins medical oncologist Dr. Saraswati Sukumar comes in, explaining how you can get the most out of the amazing spice turmeric.
The Power of Cooking with Turmeric
Dr. Sukumar is a cancer doctor, but she is also a frequent user of turmeric. She knows first-hand how curcumin (the active component in turmeric) can provide health benefits and how it can easily be incorporated into your daily life. She uses it daily in her kitchen and has built a good portion of her professional reputation on touting the benefits of this powerful root.
“The health benefits are many, many. For example, for those who suffer from rheumatoid arthritis, who have painful swelling in the knees, turmeric is a great way to suppress the inflammation,” says Dr. Sukumar. “A Woman’s Journey.”“We have close to 300 publications (that cite turmeric) for its anti-cancer effects. Many diseases, such as colon cancer and other types of cancer, are being traced to inflammation.”
She can point to the research that shows how curcumin can not only regulate inflammation which leads to certain types of cancer, but also the other types of cancer where curcumin “actually seeks out malignany cancer cells and alters the regulation of DNA in order to kill them,” as stated by Natural News.
As Dr. Sukumar said, the benefits of turmeric are many—from inflammation of the joints as is common in arthritis, to reduced cancer risk and the treatment of diabetes. But, not all sources of curcumin are equal. As Dr. Sukumar points out, your body can get the most benefits when you add it to your cooking.
“The problem with the pill is that it is very insoluble in water,” said Dr. Sukumar. “The better way to take it, I feel, is to use it in your cooking very extensively. If you have any sauté, just sprinkle it in. The moment you heat oil and add turmeric to it, it now becomes completely bio-available to you.”
Fortunately, turmeric is versatile. It has a mellow, smoky flavor despite its bright color. It tastes great in sautéed veggies of all kinds and if you are a meat-eater, you can use it in a rub. Dr. Sukumar says she uses as little as one-quarter to one-half teaspoon in her cooking, depending on the dish. But there is nothing wrong with using more in intensely flavored dishes like curry.
Sources:
Data: 27.04.2013
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Researchers Discover that the Tulasi Plant Can Be Used To Remove Fluoride from Drinking Water, Providing a Cheap Alternative for the World’s Poorest People
Written by Andrew Puhanic, Contributor
AN exciting and new water treatment breakthrough has been announced that will now make the removal of fluoride from the drinking water supplies of the world’s poorest people more affordable than ever.
Researchers from Rajasthan University in India have discovered that the Tulasi plant, also known as Holy Basil, can be used to significantly reduce the amount of fluoride in drinking water.
At present, the most reliable methods used to remove excessive fluoride from drinking water are either too expensive or not suitable for the environments where they are needed most.
The method discovered by researchers from Rajasthan University is safe, cheap and readily available, making it an ideal alternative for communities who can’t afford to use the more advance techniques of removing fluoride that are readily available in the west.
AN experiment was conducted in the Yellareddyguda village of Narketpally Mandal. The researches soaked 75mg’s of Tulasi leaves in 100ml of water that contained 7.4 parts per million of fluoride in the water.
After only soaking the Tulasi leaves for eight hours, it was discovered that the level of fluoride in the water was reduced from 7.4 parts per million, to only 1.1 parts per million.
At present, the world health organisation recommends that the safe level of fluoride in drinking water is between 0.5 to 1 parts per million.
THE dangers of drinking water that contains high levels of fluoride are well-known. Some of the known side effects of drinking water that contains fluoride are dental fluorosis,reduces intelligence in children and a damaged the nervous system.
This new water treatment option will now provide the world’s poorest people an opportunity to remove excessive fluoride from their drink water supplies.
However, more research is still needed to identify and validate the effectiveness of using Tulasi leaves as a means of removing fluoride from drinking water supplies.
CONSIDERING the cost prohibitive nature of other more reliable water treatment techniques, if the Tulasi plant is conclusively proven to be effective in removing fluoride from drinking water, then we may witness a revolution in water treatment that will greatly benefit the world’s poorest people.
Andrew Puhanic is the founder of the Globalist Report. The aim of the Globalist Report is to provide current, relevant and informative information about the Globalists and Globalist Agenda. You can contact Andrew directly by visiting the Globalist Report
Data: 08.05.2013
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The core principles of a macrobioitc diet
by Courtney Chapman, Contributor
As I continue along my path of becoming a health coach and a holistic health practitioner, I recently came across a diet that resonated with me. The macrobiotic diet is so much more than a diet; it’s a way of life. It teaches us to live harmoniously with nature, the universe, and our environment. It also teachers us the art of self-healing through food and intuition and to live a more balanced way of life. If you’re looking for a more holistic approach toward leading a healthier lifestyle, I definitely recommend checking out the macrobiotic diet!
The Core Principles
Ok, so the macrobiotic diet is primarily based on Traditional Chinese Medicine and the Yin/Yang principles. Founded by the Japanese philosopher, George Oshawa and implemented by Michio and Aveline Kushi, it’s most basic principle is the idea that we should strive for a balance in everything that we do. It also teaches to respect the natural physical, biological, emotional, mental, spiritual, and ecological order of our daily lives. But this is something that cannot be taught from a teacher, it’s a personal journey of self.
The Yin/Yang principle comes from the Chinese philosophy that describes the order of phenomena as complementary opposites. Yin is more feminine based with core qualities like cool, intuition, emotion, expansive, sensitivity, dark, moon/night, etc. Yang is more masculine based with core qualities like hot, light, logic, strong, contractive, sun/day, etc. Each individual has both Yin and Yang qualities but one is usually more pronounced than the other. Disease and sickness arise when we are out of balance with our environment and our Yin/Yang constitution. The macrobiotic diet is about discovering foods that help you achieve balance within yourself and your environment and to practice the art of self-healing.
Here are some other core principles of a Macrobiotic diet:
1. Eat only when you’re hungry
2. Majority of diet consists of eating whole grains and sea vegetables
3. Yin/Yang Concept of Food. Yin/Cooling Foods like raw fruits and vegetables. Yang/Heating Foods like cooked animal products, eggs, etc.
4. Eat food for fuel, not as entertainment
5. Avoid nightshade vegetables (veggies that grow during the night like tomatoes, potatoes, eggplant, etc.)
6. Eat organic and local foods. Foods should be consumed in the most natural state possible. Avoid processed foods.
7. Focuses on chewing food to aid in digestion and nutritional value
8. The foods that you eat become your blood, cells, organs, etc.
Healing with a Macrobiotic Diet
Part of the process of self-healing with foods in the macrobiotic diet, is examining your body’s imbalances. For example, anemia is considered a yang deficient ailment and uses yang foods as part of treatment. I guess that makes sense considering that anemic people are usually cold, less energetic, and are usually told to eat more heartier foods like animal products for the iron and blood-thickening qualities.
A macrobiotic diet also focuses on eating foods from your environment and that complement the seasons. For example, eating cooling fruits and vegetables during the summertime helps you to cool your body and become more balanced. Vice versa, eating more heating and heartier vegetables and animal products during the wintertime helps to heat your body.
These simple principles are a small portion of what the macrobiotic diet encompasses. Again, this is a lifestyle, not just a diet. I would definitely recommend spending some times doing your own independent research or speaking to a qualified physician about it. A good resource for you to begin your studies is the Kushi Institute website. They have all kinds of articles and resources concerning the macrobiotic diet.
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Courtney Chapman is the founder and contributor of Holistic Ebony. Holistic Ebony is a website dedicated toward spreading awareness about holistic health, meditation, cultural issues, and more.
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Bioenergy Potential Unearthed in Leaf-Cutter Ant Communities
June 14, 2013 — As spring warms up Wisconsin, humans aren't the only ones tending their gardens.
At the University of Wisconsin-Madison Department of Bacteriology, colonies of leaf-cutter ants cultivate thriving communities of fungi and bacteria using freshly cut plant material.
While these fungus gardens are a source of food and shelter for the ants, for researchers, they are potential models for better biofuel production.
"We are interested in the whole fungus garden community, because a lot of plant biomass goes in and is converted to energy for the ants," says Frank Aylward, a bacteriology graduate student and researcher with the Great Lakes Bioenergy Research Center.
Aylward is the lead author of a study identifying new fungal enzymes that could help break down cellulosic -- or non-food -- biomass for processing to fuel. His work appears on the cover of the June 15 issue of the journal Applied and Environmental Microbiology.
"All the enzymes that we found are similar to known enzymes, but they are completely new; no one had identified or characterized them until now, " Aylward says.
Building on Aylward's previous study of these gardens, the researchers relied on genome sequencing provided by the U.S. Department of Energy Joint Genome Institute (JGI) and support from Roche Applied Science's 10 Gigabase Grant Program to understand the unique roles of fungi and bacteria. In addition to sequencing the genome of Leucoagaricus gongylophorous, the fungus cultivated by leaf-cutting ants, the researchers looked at the genomes of entire, living garden communities.
"We really tried as thoroughly as possible to characterize the biomass degrading enzymes produced," Aylward says. "Identifying all these new enzymes really opens the door to technological applications, because we could potentially mix and match them with others that we already know about to achieve even better biomass degradation."
In a symbiotic relationship, L. gongylophorous provides food for the leaf-cutter ant Atta cephalotes by developing fruiting bodies rich in fats, amino acids and other nutrients. To fuel production of these fruiting bodies, the fungus needs sugar, which comes in the form of long cellulose molecules packed inside the leaf clippings the ants deliver. To get at the sugars, the fungus produces enzymes that break the cellulose apart into glucose subunits.
After sequencing the L. gongylophorous genome, the researchers noticed that the fungus seemed to be doing the lion's share of cellulose degradation with its specialized enzymes. However, they also realized that it was by no means working alone: in fact, the gardens are also home to a diversity of bacteria that may help boost the fungus's productivity.
"We think there could potentially be a division of labor between the fungus and bacteria," says Garret Suen, co-author of the study and a UW-Madison assistant professor of bacteriology and Wisconsin Energy Institute researcher.
The researchers have a few leads in their investigation of the mysterious role of bacteria in leaf-cutter ant communities, which they are pursuing in collaboration with JGI. In addition to providing nitrogen and key vitamins, the bacteria appear to help the fungus access energy-rich cellulose by breaking apart other plant polymers that encase it, such as hemicellulose.
Accessing and deconstructing cellulose is also the goal of GLBRC researchers, who want to ferment the stored sugars to ethanol and other advanced biofuels. Enzymes such as those of the leaf-cutting ants' fungus specialize in breaking down leaves, but understanding how they work in the context of the ant community could help researchers create similar methods for processing cellulosic biofuel feedstocks, such as corn stalks and grasses.
The researchers are discovering, however, that both the beauty and the challenge of the leaf-cutter ant garden lie in its complexity. A peek into UW-Madison's resident colony in the Microbial Sciences Building reveals a metropolis of brown insects bustling around the pale, pitted surface of the fungus garden, many with leaf sections held aloft. The strong resemblance to a small city drives home the point that energy production in such a meticulously coordinated system would be difficult to replicate in a lab or a bio-refinery.
"In an industrial setting, you need a system that's reproducible, sustainable, controlled -- and that produces a consistent level of ethanol," Suen says.
A potential alternative to re-creating these natural processes is to extract, replicate and purify biomass-degrading enzymes synthetically. New enzymes could be added to known combinations and tested for their ability to break down biofuel feedstocks. However, this process can be time-consuming and costly.
To put their findings in perspective, the researchers plan to study other insects in addition to ants, including certain species of termites and beetles, which also act as gardeners in fungal communities. They hope that a better understanding of these complex systems will help them share their biomass-degrading secrets with bioenergy researchers.
"It's difficult to think that we can actually find a process that improves on nature," says Aylward, "so it probably makes sense to learn from it."
Journal Reference:
F. O. Aylward, K. E. Burnum-Johnson, S. G. Tringe, C. Teiling, D. M. Tremmel, J. A. Moeller, J. J. Scott, K. W. Barry, P. D. Piehowski, C. D. Nicora, S. A. Malfatti, M. E. Monroe, S. O. Purvine, L. A. Goodwin, R. D. Smith, G. M. Weinstock, N. M. Gerardo, G. Suen, M. S. Lipton, C. R. Currie. Leucoagaricus gongylophorus Produces Diverse Enzymes for the Degradation of Recalcitrant Plant Polymers in Leaf-Cutter Ant Fungus Gardens. Applied and Environmental Microbiology, 2013; 79 (12): 3770 DOI:10.1128/AEM.03833-12
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Agricultura familiar é a mais afetada pelas mudanças do clima, aponta Embrapa
Os agricultores familiares são os produtores agrícolas mais intensamente afetados pelas mudanças do clima, como a alteração do ciclo das chuvas e o aumento das temperaturas causado pelo efeito estufa, informou o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Eduardo Assad, um dos palestrantes do seminário Caminhos para uma Agricultura Familiar sob Bases Ecológicas: Produzindo com Baixa Emissão de Carbono, na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O evento vai discutir as formas de produção agrícola familiar de forma sustentável nos diversos biomas brasileiros.
Sobre os efeitos do clima na produção agrícola, o pesquisador da Embrapa, Eduardo Assad, explicou que a chuva é um dos fatores mais importantes. No caso do Brasil, a quantidade total de chuvas não tem tido alterações, mas a intensidade das precipitações, sim. Isso resulta no aumento da erosão, na perda de fertilizantes e em inundações de áreas produtivas – como em áreas ribeirinhas, ocupadas, principalmente, por pequenos produtores.
Assad também explicou que, em relação ao aumento das temperaturas, deverá haver uma mudança na geografia das produções agrícolas no Brasil, com o deslocamento de algumas plantações para o sul, onde o clima é mais ameno. No caso dos agricultores familiares, esse deslocamento ocorre em menor escala, pois a maioria das famílias está fixada em local determinado. Para elas, portanto, o prejuízo é mais intenso – também por ser, em muitos casos, a única fonte de subsistência.
Os exemplos de prejuízos são as produções de laranja e do café. Picos de temperatura, tanto para o quente quanto para o frio, alteram a floração da lavoura – o que faz com que as frutas e os grãos percam qualidade.
De acordo com o pesquisador da Embrapa, em 2010, só o estado de São Paulo perdeu 250 mil hectares de café por causa das alterações de temperaturas. Atualmente, muitas plantações no estado foram substituídas por seringueiras, o que fez com que São Paulo tenha ultrapassado o Acre, como o maior produtor de borracha no país.
Para tentar minimizar os impactos do clima sobre a produção agrícola familiar, Assad citou o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que propõe ações que minimizem as emissões de gases causadores do efeito estufa. Essas medidas têm o objetivo de evitar e, sobretudo, não intensificar os problemas já existentes, decorrentes das mudanças climáticas. O programa tem vigência de 2010 a 2020 e oferece linhas de crédito.
Para o pesquisador, o programa parte da adoção de sistemas agrícolas (aplicação de técnicas e tecnologias), que podem ser conduzidos tanto por agricultores empresariais quanto por familiares – variando a escala das iniciativas. Segundo ele, no caso da agricultura familiar, é importante a participação de atores estratégicos, no sentido de conscientizar as famílias para a adoção desses sistemas. Entre esses atores estão cooperativas (só de grão, carnes e leite são mais de 900 no Brasil), produtores de sementes (mais de 700 entrepostos), postos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Aters) e universidades com cursos de ciências agrárias (atualmente, há mais de 400, considerando zootecnia e medicina veterinária).
Reportagem de Carolina Sarres, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 14/06/2013
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Experimento simula efeito do aumento de CO2 na atmosfera
Alunos do Cena/USP colhem braquiária enriquecida com CO2. Equipamento aumenta a liberação de CO2 sobre plantas durante a pesquisa
A cena não lembra a de um filme futurista, até porque o experimento está instalado em uma plantação de café, que dá um ar mais bucólico ao ambiente. Porém, o aspecto campal é quebrado por redondéis (áreas demarcadas em formato redondo), onde a entrada do carbono é mais intensa, gerando um clima estimado para alcançarmos somente em 2040, caso as expectativas sobre o efeito estufa se concretizem.
O enriquecimento de gás carbônico no ar livre acontece em uma escala de 200 partes por milhão (ppm) a mais do que a concentração atual existente na atmosfera do planeta. Para tanto, sensores são acionados automaticamente de acordo com a direção e intensidade do vento e liberam mais CO2 sobre as plantas. “Atualmente, trabalhamos com um nível de 550 ppm, já que o índice de concentração de CO2 na atmosfera é de cerca de 370 a 390 ppm”, afirma Adibe Luiz Abdalla, professor do Cena e orientador do trabalho.
Experimento
O experimento está localizado em Jaguariúna, interior de São Paulo, em área da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A área possui 12 redondéis, com 10 metros de diâmetro, nos quais seis são equipados com injeções de CO2 em seu interior, criando a atmosfera de CO2 elevado. A outra metade possui atmosfera ambiente.
O estudo objetiva determinar os efeitos de crescimento da gramínea ‘braquiária’, a mais comum entre as pastagens no Brasil, em duas atmosferas contrastantes, o ambiente natural e o enriquecida. “Em um ano de acompanhamento, pudemos observar o aumento de 20% das plantas que estavam no ambiente enriquecido, mostrando que a elevação de CO2 aumenta a fotossíntese e a produção de biomassa”, explica Abdalla.
Apesar desse significativo aumento, a braquiária produzida nestas condições é menos digestível para o animal. Outro dado negativo desse trabalho indica que somente a produção de cana-de-açúcar e de pastagens é que devem se beneficiar com o clima mais quente, demais culturas como algodão, arroz, feijão, soja, milho e trigo tendem a produzir menos. A pesquisa pertence ao projeto Free Air Carbon Dioxide Enrichment (Face). Os resultados parciais do primeiro ano de coleta serão publicados em um evento sobre gases do efeito estufa, que ocorrerá entre os dias 23 e 26 de junho, na Irlanda.
Imagem cedida pelo pesquisador
Matéria do Cena / Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 14/06/2013
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Parque Nacional da Chapada dos Guimarães convive com pressões e desafios
Em mais de 32,6 mil hectares formados por gigantescas esculturas de pedra, próximo a Cuiabá (MT), se localiza um dos destinos de ecoturismo mais procurados no mundo. Apesar de toda a beleza formada por sítios arqueológicos, onde já foram encontrados ossos de dinossauros, e por quedas d´água como o Véu de Noiva, com 86 metros de altura, o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães convive, nos limites exteriores, com as pressões produzidas pela atividade agrícola, por rodovias e pela constante ameaça de queimadas.
No interior da unidade, os agentes ambientais enfrentam outro desafio. O parque, criado em 1989, ainda disputa a posse de mais de 82% de seu território. De acordo com o plano de manejo, apenas 5,6 mil hectares estão regularizados (17,37%), 6 mil hectares (18,47%) em fase de regularização e quase 21 mil hectares (64,16%) são reivindicados por particulares.
“Áreas importantes para a visitação no parque, como as cachoeiras Véu de Noiva e Cachoeirinha, enfrentam problemas com a ocupação de restaurantes”, exemplificou a analista ambiental Carolina Pötter de Castro, chefe substituta do parque nacional (Parna), responsável pelas visitações na unidade. Segundo ela, os processos tramitam há anos na Justiça. “Ganhamos em todas as instâncias, mas os ocupantes sempre recorrem. A questão vai acabar sendo decidida só no STF [Supremo Tribunal Federal], o que vai levar mais tempo ainda”, lamentou.
A questão, para os administradores da Chapada dos Guimarães, é que a consolidação efetiva da unidade depende da regularização fundiária da área. “Com a regularização, poderemos atuar melhor na fiscalização, visitação, concessão, pesquisa, recuperação e no manejo em geral no parque”, avaliou Carolina Pötter.
Com a aprovação do plano de manejo, em 2008, a regularização do território poderia impulsionar as ações já em implantação pelos analistas, como intensificar as visitas à área e criar novos atrativos para o público. No bioma Cerrado, o Parque da Chapada dos Guimarães é um dos 12 que têm plano de manejo elaborado. Mais duas unidades da mesma categoria não contam com o documento, os parques das Nascentes do Rio Parnaíba e o da Chapada das Mesas.
O Parque das Nascentes do Rio Parnaíba é a maior unidade de conservação que existe hoje no Cerrado, com quase 730 mil hectares que passam pelas divisas dos estados do Maranhão (46,2%), Piauí (35,8%), Tocantins (14,6%) e da Bahia (3,4%), abrangendo nove municípios na região.
“A unidade tem manancial hídrico muito grande e de fundamental importância para a sua preservação, além de atrativos turísticos, como cachoeiras, veredas, contemplação da natureza”, descreveu Cristiana Castro Lima Aguiar, analista ambiental que atua na unidade.
Apesar da riqueza da biodiversidade encontrada no parque, mais de dez anos depois da sua criação a unidade ainda não foi demarcada. O processo está em fase final e só quando estiver concluído serão colocados os marcos e as placas de sinalização.
“Além da demarcação, estão sendo feitos o cadastro de populações, o levantamento socioeconômico e as atividades de educação ambiental”, disse a analista.
Essas informações devem contribuir para a regularização fundiária da unidade, que ainda não foi iniciada por pendências de documentos dos proprietários de terras que já deram entrada com pedido de indenização. “A regularização é um processo mais demorado, devido à burocracia de comprovação documental e disponibilização de recursos para esse fim, mas é uma ação continuada”, explicou Cristiana Aguiar, evitando especular sobre prazos para a conclusão do processo.
O Parque Nacional do Pantanal Matogrossense é a única unidade de conservaçãoo dessa categoria no bioma Pantanal. Criado em 1981, o parque ocupa área de 135,6 mil hectares, abrangendo os municípios de Cáceres (MS) e Poconé (MT). O plano de manejo de 2003 aponta a existência de diversas espécies ameaçadas no território, como o cervo-do-pantanal, gato-maracajá, tamanduá-bandeira, tatu-canastra e a onça-pintada.
A Agência Brasil tentou conversar com o chefe do parque, José Augusto Ferraz de Lima, que estava em uma unidade onde não é possível fazer contato por telefone.
Edição: Marcos Chagas
Reportagem de Carolina Gonçalves, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 14/06/2013
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Pesquisas mostram que floresta amazônica está ‘engordando’
Paulo Artaxo. Foto: Nivaldo Silva / Repórter do Futuro, no Flickr
[Por Eduardo Rodrigues, para o EcoDebate] As torres científicas de medição do LBA – Experimento de Grande Escala da Biosfera- Atmosfera da Amazônia têm revelado que a floresta amazônica está absorvendo uma quantidade maior de CO2, se comparado aos antigos índices de retenção. Atualmente, a floresta retêm 0.9 toneladas de carbono por hectare por ano, o que leva o pesquisador em mudanças climáticas Paulo Artaxo, que também é representante da Comunidade Científica no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e professor do Instituto de Física da USP, a afirmar que a “floresta está engordando”.
Segundo Artaxo, a questão agora é entender porque isso vem ocorrendo. “Quando o índice de absorção é positivo, significa que a floresta está crescendo. Se for negativo, está diminuindo. Existem hipóteses para explicar isso. A primeira delas pode ser o aumento da concentração de carbono na atmosfera, também chamado de fertilização por CO2, que nos últimos anos aumentou de 280 pra 490 ppm (partes por milhão). Tendo mais CO2 na atmosfera, em teoria, as plantas fariam mais fotossíntese, absorveriam mais”, explica Artaxo.
Levando em consideração o objetivo de remover níveis excedentes de CO2 da atmosfera, a Amazônia tem feito um serviço ambiental relevante para o ecossistema. Mas o fato é que a floresta não poderá crescer de maneira indefinida, pois isso poderia aumentar a mortalidade das plantas e, consequentemente, a emissão de metano e CO2 – gases nocivos que contribuem para o aquecimento global. Para ter certeza disso, segundo o pesquisador, é preciso realizar experimentos de longa duração.
Artaxo afirma também que a seca, que tanto atingiu a região em 2005 e 2010, produz efeitos severos na absorção de carbono pela floresta. “As secas daqueles anos foram as maiores na Amazônia no último século. Na de 2005, foi observada uma gigantesca queda na absorção de CO2 pela floresta. As plantas sentem a falta de água e fecham os estômatos (responsável pela realização das trocas gasosas), impedindo a água de evaporar. Com isso, elas não podem absorver carbono. Os dados da seca de 2010 ainda não foram publicados”, completa Artaxo.
O LBA é o maior experimento ambiental em execução no planeta. Está em atividade há mais de 20 anos e conta com cerca de 1100 pesquisadores – do Brasil e exterior. Atualmente opera 12 torres científicas, cujo objetivo é medir o fluxo de gases presentes no ar, copas, folhas, tronco, solo e raízes, além das condições meteorológicas da Amazônia.
Cada torre tem o tamanho que varia entre 55 e 85 metros de altura (geralmente a copa das árvores tem entre 25 e 30 metros). Segundo o professor, existem planos para a construção de uma nova torre de medição, com 300 metros de altura.
* Eduardo Rodrigues, 20, é estudante do 5º semestre de jornalismo da Faculdade do Povo de São Paulo (FAPSP) e aluno do “7º curso Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”, do Projeto Repórter do Futuro.
EcoDebate, 14/06/2013
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quinta-feira, 13 de junho de 2013
Estudo mostra resistência crescente de pragas a plantios transgênicos repelentes de insetos
Mais espécies de pragas estão se tornando resistentes aos tipos mais populares de cultivos transgênicos repelentes de insetos, exceto em regiões onde os fazendeiros seguem os conselhos dos especialistas. Reportagem da AFP, no Yahoo Notícias, com informações adicionais do EcoDebate.
Um estudo [Insect resistance to Bt crops: lessons from the first billion acres] publicado na edição de segunda-feira na revista Nature Biotechnology aborda um aspecto importante dos chamados milho e algodão Bt – plantas que carregam um gene cuja finalidade é exalarem uma bactéria denominada ‘Bacillus thuringiensis’, tóxica para os insetos.
Cientistas franceses e americanos analisaram as descobertas de 77 estudos realizados em oito países de cinco continentes, a partir de dados de monitoramentos de campo.
Das 13 principais espécies de pragas examinadas, cinco eram resistentes em 2011, em comparação com apenas uma em 2005, afirmaram. O marco de referência foi uma resistência em mais de 50% dos insetos em uma área determinada.
Das cinco espécies, três eram pragas de algodão e duas, de milho.
Três dos cinco casos de resistência foram registrados nos Estados Unidos, que respondem por menos da metade dos cultivos de Bt, enquanto os outros foram encontrados em África do Sul e Índia.
Os autores disseram ter descoberto um caso de resistência precoce, em menos de 50% dos insetos, em outra praga de algodão americana.
E houve “sinais de alerta” precoces (1% de resistência ou menos) em outras quatro pragas de algodão e milho em China, Estados Unidos e Filipinas.
Os cientistas encontraram grandes diferenças na velocidade com que se desenvolveu a resistência Bt.
Em um caso, levou dois anos para os primeiros sinais aparecerem. Em outros, os cultivos Bt permaneceram tão eficientes em 2011 como eram 15 anos atrás.
O que fez a diferença foi que os fazendeiros separaram “refúgios” suficientes de cultivos não Bt, afirmaram os autores do estudo.
A ideia por trás deste refúgio vem da biologia evolutiva. Os genes que conferem resistência são recessivos, o que significa que os insetos podem sobreviver em plantas Bt só se tiverem duas cópias de um gene resistente, uma de cada progenitor.
Plantar refúgios perto de cultivos Bt reduz as chances de dois insetos resistentes copularem e passarem o duplo gene para seus descendentes.
“Modelos de computador mostraram que os refúgios devem ser bons para retardar a resistência”, afirmou o co-autor do estudo Yves Carriere, entomologista da Universidade do Arisona, em Tucson, em um comunicado.
A evidência prática disto é demonstrada no caso de uma praga do algodoeiro denominada lagarta rosada (Pectinophora gossypiella), explicou seu colega, Bruce Tabashnik.
Os cultivos Bt no sudoeste dos Estados Unidos, onde os fazendeiros trabalham junto com cientistas para projetar uma estratégia de refúgio, não têm problema de resistência.
Na Índia, no entanto, as lagartas rosadas se tornaram resistentes no prazo de seis anos, simplesmente porque os fazendeiros não seguem as diretrizes ou obtêm aconselhamento.
Os cientistas alertam que a resistência a cultivos Bt é mera questão de tempo, pois todas as pragas acabam, eventualmente, se adaptando à ameaça que enfrentam. Mas os refúgios foram feitos para retardá-la.
Só em 2011, 66 milhões de hectares de terra foram cultivadas com plantios Bt.
Naquele ano, o milho Bt respondeu por 67% do milho plantado nos Estados Unidos e o algodão Bt entre 79% e 95% do algodão cultivado em Estados Unidos, Austrália, China e Índia.
Os plantios transgênicos encontram oposição na Europa e em outras partes do mundo, onde ambientalistas afirmam que são uma ameaça potencial à saúde humana e ao meio ambiente.
Insect resistance to Bt crops: lessons from the first billion acres – pp510 – 521
Bruce E Tabashnik, Thierry Brévault & Yves Carrière
doi:10.1038/nbt.2597
EcoDebate, 13/06/2013
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Exposição precoce ao Bisfenol-A (BPA) pode afetar o esmalte dos dentes
Uma exposição precoce ao bisfenol A (BPA) pode afetar o esmalte dos dentes, revela um estudo do Instituto Francês de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM) realizado com animais.
Os incisivos de ratos tratados com baixas doses diárias (5 microgramas/kg/dia) de BPA podem sofrer alterações, destacam os pesquisadores do INSERM em trabalhos publicados [Enamel Defects Reflect Perinatal Exposure to Bisphenol A] no American Journal of Pathology. Matéria da AFP, no UOL Notícias, com informações adicionais do Portal EcoDebate.
O efeito é observado em um período inferior a 30 dias de vida dos ratos e as alterações apresentam numerosas características comuns com a patologia do esmalte dos dentes descrita como “MIH” ou “hipomineralização molar-incisivo”, que afeta em torno de 18% das crianças com entre 6 e 8 anos.
As crianças afetadas por esta patologia têm dentes hipersensíveis à dor e são mais propensas às cáries.
O período de formação dos dentes (primeiros anos de vida) corresponde ao período no qual o indivíduo é mais sensível ao bisfenol A, destaca o INSERM.
A análise das proteínas da matriz dos dentes de ratos revelou um aumento da quantidade de enamelina, uma proteína chave do esmalte em formação, e o acúmulo de albumina, que se traduz na hipomineralização.
O estudo concluiu ainda que há dois genes – enamelina e calicreína 4, que são afetados pelo BPA.
“Na medida em que o BPA tenha o mesmo mecanismo de ação tanto em ratos como em humanos, poderia ser o agente causador do MIH”, disse Sylvie Babajko, diretora de pesquisa do INSERM e coautora do estudo.
Desta forma, os dentes poderão ser utilizados como marcadores precoces da exposição às alterações endócrinas ligadas ao BPA e ajudar no diagnóstico de patologias pesadas que surgem anos depois, destaca Babajko.
O bisfenol A (BPA) é um composto químico encontrado na composição de plásticos e resinas utilizados na fabricação de recipientes para alimentos como garrafas e mamadeiras. Também está presente em películas de proteção no interior de garrafas e em latas de conservas.
Estudos recentes com cobaias revelaram que este composto industrial tem efeitos nefastos na reprodução, no desenvolvimento e no metabolismo de animais, lembra o INSERM.
Como medida de precaução, a Europa proibiu a fabricação e comercialização de mamadeiras com bisfenol A desde janeiro de 2011 e a mesma decisão será aplicada a recipientes de alimentos a partir de julho de 2015 na França.
Enamel Defects Reflect Perinatal Exposure to Bisphenol A Original Research Article
The American Journal of Pathology, , Available online 10 June 2013,
Katia Jedeon, Muriel De la Dure-Molla, Steven J. Brookes, Sophia Loiodice, Clémence Marciano, Jennifer Kirkham, Marie-Chantal Canivenc-Lavier, Sofiane Boudalia, Raymond Bergès, Hidemitsu Harada, Ariane Berdal, Sylvie Babajko
EcoDebate, 13/06/2013
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A Ecologia Profunda e os novos direitos. Entrevista com Fábio Corrêa Souza de Oliveira
“A humanidade é uma espécie entre outras. Reconhecer os direitos animais afeta alegados “direitos humanos”, isto é, importa em outro estilo de vida, afirma o professor de Direito da UFRJ.
A tecnologia é crucial enquanto instrumental para fazer frente precisamente à piora das condições planetárias, “conquanto perceba que não é remédio para todos os males, ou seja, que não é possível confiar exclusivamente na tecnologia como forma de reverter a decadência expressiva das condições de vida (e boa vida) que o planeta oferece”. A constatação é do professor Fábio Corrêa Souza de Oliveira, da UFRJ, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.
“Novas tecnologias, ecologia profunda e novos direitos” é o tema da palestra proferida pelo professor Fábio nesta segunda-feira, dia 10 de junho, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU, das 19h30 às 22h. A atividade integra a programação do I Seminário que antecede e prepara para o XIV Simpósio Internacional IHU – Revoluções Tecnocientíficas, Culturas, Indivíduos e Sociedades. A modelagem da vida, do conhecimento e dos processos produtivos na tecnociência contemporânea, que ocorrerá de 21 a 24 de outubro de 2014 na Unisinos.
Fábio Corrêa Souza de Oliveira é professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFRJ, é mestre em Direito e doutor em Direito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. É membro do Centro de Direito dos Animais e Ecologia Profunda (uma iniciativa que reúne docentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ e da Universidade Federal Fluminense – UFF, além do Instituto de Filosofia de Ciências Sociais da UFRJ). Mais informações no sítio www.animaisecologia.com.br.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – O que podemos entender por “ecologia profunda” e como ela se relaciona com os direitos dos animais?
Fábio Corrêa Souza de Oliveira – Ecologia Profunda é a denominação criada no início da década de 1970 por Arne Naess, professor emérito de Filosofia da Universidade de Oslo, para configurar a compreensão que procura romper com a concepção antropocêntrica da natureza, dos seres não integrantes da espécie humana, contrapondo, assim, à Ecologia Rasa, esta voltada eminentemente para os interesses humanos, entendendo os demais seres, a natureza, com valor meramente instrumental em função das demandas da humanidade.
A Ecologia Profunda apregoa que a natureza, os animais, possuem valor intrínseco em si, independentemente da relação com os humanos. Como é costumeiramente apresentada ou percebida, assume uma ética ecocêntrica. Nesse viés, há (ou pode haver) uma tensão com oDireito dos Animais, que sustenta uma ética individualista, centrada, portanto, no animal enquanto indivíduo e não apenas como integrante de um ecossistema, de um sistema biótico.
IHU On-Line – Como as novas tecnologias interferem na ecologia profunda e contribuem para a geração de novos direitos?
Fábio Corrêa Souza de Oliveira – A Ecologia Profunda entende que a tecnologia é importante como ferramenta hábil à melhoria das condições de vida, embora seja fato que é também responsável exatamente pelo contrário, pela degradação da vida tanto de seres humanos quanto de não humanos, pela deterioração de ecossistemas. Não obstante, a tecnologia é crucial enquanto instrumental para fazer frente precisamente à piora das condições planetárias, conquanto perceba que não é remédio para todos os males, ou seja, que não é possível confiar exclusivamente na tecnologia como forma de reverter a decadência expressiva das condições de vida (e boa vida) que o planeta oferece.
IHU On-Line – Como o senhor avalia que a legislação e a cultura brasileira têm reagido diante deste debate?
Fábio Corrêa Souza de Oliveira – A cultura brasileira, acadêmica e mesmo fora da academia, vem sendo bem receptiva. A matéria vem ganhando espaço progressivo na mídia e nas universidades. Livros e trabalhos acadêmicos são escritos, dissertações de mestrado, teses de doutorado, monografias de graduação, eventos são realizados. Evidentemente que, como a cultura predominante e historicamente arraigada é refratária tanto à pauta da Ecologia Profunda quanto à plataforma do Direito dos Animais, há uma barreira, uma tensão. De toda sorte, parece que vivemos exatamente um momento de virada de paradigma, que pode se concretizar ou não, sendo certo que leva tempo. A legislação brasileira, como escrita e interpretada, apenas em uma previsão ou outra, pode dar guarita à Ecologia Profunda ou aoDireito dos Animais. Sistematicamente é mesmo contrária ao que um e outro professam, embora haja progressivamente uma aproximação.
IHU On-Line – Qual a contribuição da Ecologia Profunda para o debate atual acerca do uso dos recursos naturais do planeta?
Fábio Corrêa Souza de Oliveira – Em síntese, a Ecologia Profunda promove duas mudanças na visão comum. A primeira é que aquilo que normalmente se chama de recursos naturais (e a palavra “recursos” é bem significativa porque traduz a ideia de disponibilidade, de aproveitamento, de instrumentalização), como animais, plantas, ecossistemas, a Ecologia Profunda vai compreender como tendo valor inerente.
Não são “recursos”, algo que está à disposição dos seres humanos para qualquer uso segundo exclusivamente seus próprios interesses. Talvez mais claro em relação aos animais, o que se vai dizer é que os animais não são “recursos”, são seres que merecem respeito por si, não são coisas, objetos, são, segundo o Direito dos Animais, sujeitos de direitos (pacientes morais, no mínimo). E isso inverte mesmo o edifício por meio do qual o Direito foi sendo construído ao longo do tempo.
Reduzir os peixes a “estoques pesqueiros”, as aves ou os elefantes a “recursos naturais” é esfumaçar o indivíduo no todo, conferindo a eles um papel meramente instrumental em proveito do “equilíbrio” ecossistêmico. Aqui está a tensão entre Ecologia Profunda e Direito dos Animais.
A natureza é limitada, os seres que nela vivem são finitos e devem ser vistos como indivíduos que são. Não existem para satisfazer desejos humanos. O mundo não existe para a humanidade. A humanidade é uma espécie entre outras. Reconhecer os direitos animais afeta alegados “direitos humanos”, isto é, importa em outro estilo de vida.
IHU On-Line – Gostaria de acrescentar mais algum comentário sobre o tema?
Fábio Corrêa Souza de Oliveira – A Ecologia Profunda é um movimento ético, filosófico com considerável abertura: por exemplo, vê a dieta vegetariana não exatamente como um imperativo moral, mas como uma decisão individual. Embora critique a perda/degradação da vida natural dos animais, por exemplo, pela indústria alimentícia (carne, leite, ovos), de lazer (circos, aquários, touradas, rodeios, zoológicos) e de vestuário (peles, couro). Já o Direito dos Animais simplesmente possui o vegetarianismo como princípio de base, imperativo ético, rompendo com uma postura que pode ser intitulada de “bem-estarismo”.
Nota: A fonte da imagem que ilustra a entrevista é http://migre.me/eWyhg
(Ecodebate, 13/06/2013) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]
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