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Sobre a importância dos quintais, cada vez mais desaparecidos e, com isso, as nossas raízes também.
sábado, 7 de setembro de 2013
Metabolic Role of Carnitine in Fat Metabolism
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Quem está fazendo diferente
Conheça alguns exemplos de produtores rurais que saíram na frente para proteger e recuperar as nascentes do Xingu. Divulga as experiências do projeto na bacia do rio Xingu. Eles mostram experiências de grandes produtores, mas também pequenos agricultores e assentados fazendo agrofloresta. Da campanha Y Ikatu Xingu do Instituto Socioambiental. (PDF 4.7MB)
Link do revista:
Brasil receberá feira de sementes em 2014
A Rede de Sementes Livres da América está fazendo aniversário. Faz exatamente um ano que ativistas ligados às sementes crioulas se reuniram no vale sagrado dos Incas no Peru para articularem suas experiências em nível continental. O evento teve também a presença da indiana Vandana Shiva reconhecida internacionalmente por sua luta contra o monopólio das transnacionais de sementes como a Monsanto e a Bayer.
O segundo encontro da rede aconteceu no Chile em abril deste ano e o próximo será no Brasil, em Minas Gerais, em maio de 2014. A principal ideia da rede é reunir experiências exitosas na conservação, multiplicação, intercâmbio e até mesmo venda das sementes tradicionais, aquelas cultivadas e melhoradas em processos socioculturais milenares pelos campesinos ao redor do mundo. As sementes crioulas são variedades não transgênicas, adaptadas às condições locais, com alto grau de variabilidade e grande importância sociocultural para as famílias que a cultivam e estão sendo ameaçadas por leis de propriedade intelectual ou cruzamento com sementes transgênicas, que ao contrário não geram descendentes férteis, além de inúmeros outros problemas ambientais e econômicos.
Uma das porta vozes da Rede de Sementes Livres no Brasil, Tadzia Maya, que faz parte da Articulação Nacional de Agroecologia e coordena um pequeno banco de sementes em Aldeia Velha, interior do Rio de Janeiro, explica que o objetivo agora é somar mais parceiros e instituições na divulgação da causa, explicitando os riscos dos cultivos transgênicos, além de buscar a constante difusão das sementes crioulas em feiras, eventos, programas governamentais e projetos autônomos:
Estamos convidando mais pessoas para a rede, precisamos retomar nossa liberdade de plantar e trocar sementes saudáveis que gerem também alimentos saudáveis, sem venenos – disse.
Mais informações no site http://www.redsemillaslibres.org/
Fonte: Canal Ibase
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Aguardente de frutos da Amazônia quer conquistar mercados
JC e-mail 4803, de 02 de Setembro de 2013.
Microempresa prepara o terreno para produção da aguardente de frutos da Amazônia em grande escala
Prestes a completar sete anos de existência, a microempresa Sohervas da Amazônia vem preparando o terreno para começar a produzir em grande escala um produto que promete atrair a atenção tanto do mercado nacional quanto internacional: aguardente de frutos da região, como cupuaçu e açaí. Impulsionado pela ótima aceitação do projeto até o momento, o microempresário e pesquisador José Augusto da Silva Cabal promete uma apresentação especial do produto 100% made in Amazonas durante a próxima Feira Internacional da Amazônia, no final do ano.
Foi também durante uma edição da Feira, em 2009, que José Cabral mostrou os primeiros resultados de um trabalho iniciado oficialmente em 13 de setembro de 2006 - com a criação da Sohervas - e que hoje é um sucesso junto ao público consumidor: os licores de frutas da Amazônia, os primeiros legalizados do Estado do Amazonas, com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Atualmente, a empresa possui 20 registros de licores, com destaque para a produção de cupuaçu e açaí. Estes últimos podem ser encontrados em pontos específicos, como a Cachaçaria do Dedé.
Mercado global
Sempre pensando no mercado global, o doutor em Farmacognosia José Cabral resolveu apostar na produção de aguardente. O projeto, cujo protótipo preliminar foi apresentado, em outubro do ano passado durante a 9º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), realizada em Manaus, já vem rendendo ótimos frutos ao microempresário.
Ainda em 2012, o projeto levou o primeiro lugar na categoria Econômica/Tecnológica do Prêmio Professor Samuel Benchimol. Já este ano, durante a 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em Recife (PE), o estande do Amazonas recebeu centenas de visitantes, dos quais muitos curiosos em experimentar o sabor da aguardente.
"O processo de destilação e fermentação é simples, mas você conseguir ajustá-los para obter uma aguardente de qualidade não é fácil. É preciso muito estudo e experimento. Esse é um produto novo, não existe similar no mercado", afirma o pesquisador aposentado do Inpa. Ele explica que o processo de produção é semelhante ao feito para obtenção da cachaça.
No processo de ampliação da produção, a Sohervas mira no mercado internacional, que, segundo José Cabral, valoriza cada vez mais os produtos oriundos da biodiversidade amazônica.
(Artur Cesar/ A Critica.com)
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A ciência da maconha
Muitas propriedades da Cannabis sativa ainda são mistério para a comunidade científica, que se divide em opiniões controversas
"Maconha enlouquece", afirmaram pais e avós de diferentes gerações. "Uma erva natural não pode te prejudicar", diz a música "Legalize Já", da banda Planet Hemp. No debate sobre a maconha, frases como essas, carregadas de ideologias e com pouco fundamento científico, são veiculadas e assimiladas com facilidade pelo senso comum. Não é para menos. Tanto de um lado como do outro, falar sobre drogas ainda é um tabu que dificulta o acesso a informações confiáveis.
Em meio às controvérsias, a maconha é a droga mais escolhida como teste para que muitos países comecem a mudar sua política de drogas. Em julho, a Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou um projeto de lei que legaliza e regulamenta o comércio e o uso dessa droga. Se aprovado pelo Senado, o país sul-americano será o primeiro do mundo onde o Estado controla toda a cadeia produtiva da Cannabis para uso recreativo. Como essa, medidas de flexibilização da política proibicionista já acontecem de diferentes formas na Holanda, Espanha e alguns estados norte-americanos.
Enquanto, desde 1994, o movimento Marcha da Maconha leva milhares de pessoas às ruas em diversos países do mundo pedindo a sua legalização, a Cannabis sativa (nome científico da planta) continua sendo objeto de inúmeras pesquisas na área da saúde. A partir da década de 90, pesquisadores começaram a intensificar a produção científica com o objetivo de elucidar e desmitificar as propriedades desta substância milenar. Entre 1985 e 1989, o número de estudos publicados sobre o tema foi de 515. Esta quantidade mais que quintuplicou entre os anos de 2000 e 2004, de acordo com o Almanaque das Drogas: um guia informal para o debate racional, de Tarso Araujo.
Em 1972, o levantamento "Maconha: um sinal de equívoco" concluiu que muitas informações veiculadas até então sobre os perigos da erva não passavam de mito. A Cannabis é considerada uma droga "leve" por causar menos danos ao usuário quando comparada à cocaína ou à heroína. Ao contrário dessas duas, não há casos conhecidos de overdose de maconha. Ela também é a mais popular e aceita socialmente dentre as drogas ilícitas mais consumidas no mundo.
Segundo João Ricardo Menezes, neurocientista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma escala racional e objetiva, que leva em conta os danos de cada droga abusada sob vários aspectos da vida humana, já existe e permite uma análise comparativa entre as diferentes substâncias. "Nesta escala, a maconha foi classificada como uma droga bem menos danosa que o álcool, tabaco e mais nove drogas", destacou João Ricardo.
Muitos especialistas, entretanto, contestam as classificações que atribuem "pesos" diferenciados às drogas. Para Ronaldo Laranjeira, professor titular de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o que caracteriza a droga como leve ou pesada é a concentração, e não a substância em si. "Na própria Holanda, o skunk, que é a maconha com teor de THC superior a 15%, é considerada uma droga pesada e é proibida nos coffee shops", considerou Laranjeira, fazendo menção ao tetraidrocanabinol (THC), o mais importante princípio ativo da erva.
Dependência - De acordo com o 2º Levantamento de Álcool e Drogas (Lenad) realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad), 37% dos usuários de maconha são dependentes. Segundo o Almanaque das Drogas, 10% das pessoas que experimentam a droga se tornam dependentes, mas a maioria dos usuários crônicos acaba interrompendo ou diminuindo o uso antes dos 30 anos.
João Ricardo explicou que os sintomas de abstinência da maconha, um dos aspectos da dependência, são basicamente psíquicos, como irritação, agitação, ansiedade, anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) e insônia, equiparando-se em parte ao tabaco. "Comparada às outras drogas, em relação à dependência potencial, a maconha é bem menos problemática. Uma minoria tem quadros mais graves e merece tratamento. Contudo, para a maior parte dos usuários, os sintomas de dependência não se apresentam como um problema e equivale ao quadro de usuários de café", reiterou.
Memória e aprendizado - Em um estudo neozelandês de 2012, adultos que se tornaram dependentes de maconha antes dos 18 anos apresentaram piores resultados em testes de memória e inteligência do que não usuários. Da mesma forma, um levantamento realizado na Unifesp em 2010 com 173 usuários crônicos mostraram déficits no armazenamento de informações e na evocação da memória, que persistiram após um tempo médio de 14 dias de abstinência.
Doenças psiquiátricas - "A principal mudança comportamental nos adolescentes que começam a usar maconha é a psicose. Estudos mostram que 10% ficam com algum sintoma do tipo, além de apatia e desinteresse", afirmou Ronaldo Laranjeira.
Segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), há provas científicas de que, se o usuário tem uma doença psíquica ainda sob controle, a maconha pode piorar o quadro, anulando o efeito de um medicamento ou sendo o estopim para a manifestação da doença.
O resultado de uma pesquisa feita na Clínica Universitária Psiquiátrica de Zurique, baseada em dados coletados por 30 anos, mostrou que o consumo da Cannabis pode favorecer o aparecimento dos sintomas da esquizofrenia em pacientes com pré-disposição genética para o problema. "Neste caso, o risco de dobra nos usuários precoces, vai de 1% para 2% de incidência entre as pessoas que a utilizam", alega João Ricardo.
Uso Medicinal - Canadá, Austrália, Espanha, Israel, Reino Unido e 19 estados norte-americanos são alguns locais onde é legalizado o uso da maconha para fins medicinais. Depois de inúmeras pesquisas científicas, os efeitos terapêuticos da erva foram comprovados para alguns quadros patológicos. É o caso de pacientes com Aids, câncer, esclerose múltipla e mal de Alzheimer.
A Cannabis sativa não é capaz de curar nenhuma dessas graves doenças, mas seus princípios aliviariam alguns incômodos decisivos para a qualidade de vida do enfermo. No caso da Aids, o efeito mais importante é o aumento do apetite, já que muitos pacientes costumam sofrer com a desnutrição. O THC também ajuda a superar crises de náusea e vômitos provocadas pela quimioterapia, tratamento de controle do câncer. Para tanto, em 1985, os Estados Unidos começaram a comercializar um medicamento em cápsulas à base de THC sintético: o Marinol.
O primeiro remédio fabricado a partir do extrato da própria planta, aprovado e disponível desde 2005, é o canadense Sativex. Encontrado na forma de spray bucal, é indicado para o tratamento de esclerose múltipla, reduzindo os espasmos musculares causados pela doença.
O psiquiatra Ronaldo Laranjeira questiona a relação custo-benefício no uso medicinal da droga. "Pode ser que algum componente, dos mais de 400 tóxicos presentes na fumaça, tenha um efeito terapêutico. Mas ainda não existem evidências", rebateu.
"Como todos os medicamentos, a maconha tem efeitos tóxicos. Não existe nenhum remédio que a bula diga 'não provoca nenhum tipo de problema'", considerou o psicofarmacologista Elisaldo Carlini, um dos maiores defensores da legalização da droga para fins medicinais no Brasil. "Quando estudamos a história da maconha, é fácil ver que na proibição de seu uso médico não há nada de científico, e sim de ideológico", declarou à revista Pesquisa Fapesp.
Apesar de todo o avanço, muitas propriedades da Cannabis sativa ainda são um mistério para a comunidade científica.
(Paloma Barreto, Jornal da Ciência)
JC e-mail 4805, de 04 de Setembro de 2013.
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A "Primavera Acadêmica": O Mercado de Artigos Científicos
Artigo de Lilian Cristina Monteiro França* para o Jornal da Ciência
Não existe pesquisa sem revisão de literatura e referencial teórico. Em um momento em que o fluxo de comunicação se acelera e a Internet disponibiliza uma vasta gama de artigos científicos, escritos sob as mais variadas perspectivas, orientações e matizes teóricos, uma nova barreira se apresenta.
Se, antes da rede das redes, o acesso à produção acadêmica envolvia o deslocamento até as grandes bibliotecas e a seus acervos de livros, revistas científicas, teses, dissertações e monografias, demandando recursos consideráveis para o transporte/alojamento, hoje, a cobrança por acesso a conteúdo (paywall systems) vai surgindo como nova preocupação, mais uma vez segmentando o acesso ao conhecimento.
Um pesquisador que deseje ler o artigo "n-3 fatty acids and lipoproteins: Comparison of results from human and animal studies", de William S. Harris, deve "comprar o artigo" por $39,95 (USD); aquele que quiser estudar as mudanças no jornalismo contemporâneo poderia, por exemplo, selecionar os artigos, "Dumbing down or shaping up: New technologies, new media, new journalism", "Journalism in a state of flux: Journalists as agents of technology innovation and emerging news practices", "New media and journalism practice in Africa: An agenda for research", "Coming to Terms with Convergence Journalism: Cross-Media as a Theoretical and Analytical Concept", "US Foreign Correspondents: Changes and Continuity at the Turn of the Century", e teria em seu "carrinho de compras" a quantia de $125 (USD), $25 (USD), pelo acesso a cada um dos cinco artigos.
Mas se o preço parece alto, existem alternativas, é possível alugar um artigo científico por 24h com valores que oscilam entre $1,99 (USD) e $12 (USD) ou optar pela compra de pacotes que dão direito à leitura de um determinado número de artigos por um preço mais baixo, por $9,99 (USD) ou $19,99 (USD) a depender da área.
Nesse shopping de artigos, a lei da oferta e da procura também funciona, artigos mais procurados têm valor mais elevado, assim como autores mais conceituados. Como determinam as estratégias de marketing, lançamentos são mais caros e artigos com mais de dois anos sofrem deflação, alguns chegam, mesmo, a entrar no espaço de liquidação, antes de serem liberados para os espaços de acesso gratuito. Grandes portais oferecem planos individuais e institucionais e descontos especiais para quem quiser voltar a ser assinante.
No site da DeepDyve-Search, Rent, Read é possível arrendar 40 artigos por $40 (USD) por mês, com a vantagem (sic) de poder manter os artigos alugados não utilizados nos meses seguintes ("Unused rentals get rolled over", afirma o site). O site promete também varrer a DeepWeb, zona não indexada da Internet, onde supostamente se encontram artigos e pesquisas raros além dos chamados materiais proibidos (como manuais terroristas, pornografia, tráfico de pessoas e drogas, entre outros) e que merece a constante vigilância dos serviços de informação. Em resumo, o DeepDyveprotege (sic) o usuário que não precisa se arriscar a mergulhar nas águas turvas da "web invisível".
Ironias à parte, o mercado de artigos científicos vem se tornando cada vez mais rentável. Duas das maiores editoras de artigos científicos elevaram os preços de suas assinaturas on-line em mais de 145% nos últimos seis anos.
A crise promovida pelos paywall systems não atinge apenas os pesquisadores individuais. Recentemente, a universidade de Harvard publicou uma nota informando que não pode mais arcar com o custo da assinatura de revistas e portais científicos (cerca de 3,5 milhões de dólares por ano) e recomendou que seus pesquisadores passassem a publicar seus artigos em plataformas de acesso livre. Robert Darnton, diretor da Harvard Library, em entrevista ao jornal The Guardian, disse que o custo da assinatura de uma revista científica, como o The Journal of Comparative Neurology equivale ao custo de produção de 300 monografias (ver http://www.theguardian.com/science/2012/apr/24/harvard-university-journal-publishers-prices).
Um movimento chamado "primavera acadêmica", uma analogia à chamada "Primavera Árabe", capitaneado pelo matemático e pesquisador de Cambridge, Tim Gowers, prega um boicote à principal editora de publicações científicas, a Elsevier. O movimento conta com um site, o The Coast of Knowledge (http://thecostofknowledge.com/), em que os pesquisadores podem declarar o seu boicote e optar por publicar apenas em plataformas de acesso livre. O grupo também se recusa a atuar como parecerista para qualquer tipo de publicação que cobre por acesso, numa estratégia que pode desmontar os sistemas baseados na avaliação do tipo peer reviewed.
As três maiores editoras da área, Elsevier, Springer e Wiley, detêm mais de 20.000 publicações científicas e representam 42% de todos os artigos publicados no mundo e o lucro das três somam alguns bilhões de dólares.
Submeter artigos para a publicação em alguns periódicos também implica no pagamento de taxas. A pressão para que os pesquisadores tenham seus trabalhos publicados abriu um novo nicho de mercado; o preço para publicar artigos em algumas revistas chega a $5.000 (USD), como é o caso da revista Cell Report, que destaca: "To provide open access, expenses are offset by a publication fee of $5000 (USD) that allows Cell Reports to support itself in a fully sustainable way. This publication charge is the only fee that authors pay" (grifo meu). O valor da taxa é superior à maior parte dos salários mensais pagos a professores universitários no Brasil. A Cell Report não cobra pelo acesso aos artigos, inserindo-se no rol das publicações do tipo open acess.
Algumas publicações exigem pagamento mesmo para artigos que forem rejeitados, sob o argumento de que os pareceristas são remunerados para fazer a avaliação dos artigos. A remuneração varia, em média, entre $32 e $400 (USD), para cada artigo avaliado.
De todo modo, as contas não fecham. Os custos com impressão em offset não se justificam numa era em as publicações são majoritariamente baixadas pela web, os custos administrativos alegados e com os pareceristas também não justificam o fato de um artigo de vinte páginas custarem quase o dobro de um livro de cem páginas. Se a lógica fosse essa, as editoras já teriam fechado as suas portas.
O chamado "fator impacto" determina o "preço do prestígio", fazendo com que os pesquisadores invistam no pagamento para publicar, ameaçados pela pressão do "publicar ou perecer". Recentemente, quatro periódicos brasileiros foram punidos pela Thomson Reuters e suspensos do ranking por um ano, em virtude da aplicação de um algoritmo que fazia elevar o "fator de impacto" através do aumento do número de citações, fator este que é considerado nas avaliações de jornais científicos.
Em uma era marcada pela Web 2.0 e sua perspectiva de produção colaborativa, o mundo acadêmico parece sucumbir à lógica capitalista do lucro, monetizando a ciência e a produção do conhecimento.
*Lilian Cristina Monteiro França é professora/doutora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Sergipe (DCOS/UFS).
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Pesquisadores recomendam plantas alimentícias não convencionais
16/08/2013 Portal Brasil
Grupo de pesquisadores se reuniram para debater o uso de alimentos ricos em vitaminas, mas que nem sempre o consumidor lembra de comprar
Grupo de pesquisadores se reuniu no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) para debater os desafios a superar na produção e no consumo de hortaliças
O grupo recebeu o professor Valdely Ferreira Kinupp, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifam), que falou sobre o tema “Agrobiodiversidade: plantas alimentícias não convencionais”.
Divulgação
Segundo Kinupp, a sociedade vive em um imperialismo gastronômico em que, no mínimo, 52% dos alimentos são provenientes de origem euroasiática. “O homem acabou lutando pela especialização alimentar em vez da diversificação, ou seja, hoje a gente come muita coisa de poucas espécies”, destacou.
O pesquisador aponta três principais motivos pela ausência de hortaliças na mesa dos brasileiros: a falta de informação, o tabu e a falta de produção. O primeiro, disse, leva o consumidor a desconsiderar espécies desconhecidas, geralmente tratadas como “mato”, quando, muitas vezes, têm grande potencial nutricional; o segundo consiste numa resistência por preconceito; e o terceiro é consequência dos dois outros.
“Essas plantas geralmente são chamadas de ‘daninhas’, ‘nocivas’ e vários outros nomes preconceituosos e pejorativos, que refletem um ponto de vista. Você come quase a mesma coisa o ano inteiro. Vai à feira, seja orgânica ou convencional, mas não ousa experimentar uma coisa diferente”, exemplificou o professor.
Kinupp citou experimentos feitos por ele substituindo ingredientes tradicionais por hortaliças e frutos como vitória-amazônica, que usou fazendo pipoca, além das flores, que são comestíveis; o caruru, rico em ferro e vitamina A, que poderia ser utilizado na pizza ou na fabricação de pão; e a orelha-de-macaco, conhecida como espinafre regional, que pode enriquecer o arroz e o feijão.
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Juniper Essential Oil Characteristics Determined
Sep. 4, 2013 — Throughout the western United States, Canada, and Mexico, Rocky Mountain juniper (Juniperus scopulorum Sarg.) is known for its pleasant fragrance and valuable wood. The juniper's wood—highly valued for its durability, rich color, and pleasant aroma—is popular for use as interior paneling, furniture, and fence posts. For centuries, the leaves and berries of Rocky Mountain juniper, which contain strongly aromatic essential oil, have been used extensively by native people of North America to treat a number of medical conditions. A recent study evaluated several aspects of variations in essential oil composition and content of the popular tree.
Valtcho D. Zheljazkov and Ekaterina Jeliazkova from the University of Wyoming's Sheridan Research and Extension Center, along with Tess Astatkie of Canada's Dalhousie University, published their research results in the July 2013 issue ofHortScience. "We thought that the essential oil content and composition may be different in male and in female trees and also may be affected with seasonal changes throughout the year," Zheljazkov explained. The team evaluated one male and one female Rocky Mountain juniper tree over the course of 1 year. They found that the concentration of essential oil in fresh leaves varied from 0.335% to 0.799%. The team also determined that, at most of the sampling points, the oil content in the biomass of the male tree was greater than that in the biomass of the female tree.
"This study demonstrated that there are seasonal differences in essential oil content and composition within male or female trees. Also, at any given sampling point, the concentration of some oil constituents may be higher in the oil from the female trees, whereas the concentration of other oil constituents may be high in the oil of male trees," Zheljazkov said.
Journal Reference:
Valtcho D. Zheljazkov, Tess Astatkie, Ekaterina Jeliazkova.Year-round Variations in Essential Oil Content and Composition of Male and Female Juniper. HortScience, July 2013
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Ease of Access Improves Fruit and Vegetable Consumption
Sep. 3, 2013 — Low-income communities have particular problems getting adequate fruits and vegetables because of limited access to supermarkets and farmers markets. A new study from Wake Forest Baptist Medical Center shows that community-supported agriculture (CSA) programs may be a feasible approach for providing fresh fruits and vegetables to under-resourced communities.
Lead author Sara A. Quandt, Ph.D., a professor of epidemiology and prevention at Wake Forest Baptist, said that CSAs, which link consumers to a local farm's produce over a growing season, have been proposed as a solution for disparities in fruit and vegetable consumption, though evaluation of such efforts has been limited. The typical U.S. diet fails to meet daily recommendations for fruit and vegetable consumption.
This CSA program, Farm Fresh Healthy Living of Forsyth County, N.C., was developed, administered, and evaluated by a partnership of university researchers, Experiment in Self Reliance Inc., a community nonprofit agency, and Harmony Ridge Farms, a Forsyth County, N.C., farm using organic practices.
"Expanding access to healthful foods is an important step in reducing health disparities," said Quandt. "The objective of this study was to test the feasibility of a CSA program for low-income families in Forsyth County."
The study appears last month in the Centers for Disease Control and Prevention's journal Preventing Chronic Disease.
For a small randomized, controlled feasibility study, Quandt and fellow researchers recruited 50 low income women with children, then divided them into an intervention group and a control group of 25 each. The participants ranged in age from 24 to 60; most were African-American and unmarried.
Intervention participants received a free box of fresh produce for 16 weeks from May through August 2012. They were also offered five educational sessions, including cooking classes, a farm tour and a grocery store tour with a dietitian that focused on healthful eating on a budget. The control participants did not receive education or the produce boxes.
The researchers observed a significant increase over the summer in the number of different fruits and vegetables in the households of the intervention group compared with the control group. The intervention group also reported greater increases in fruit and vegetable consumption.
"Although the increases in fruit and vegetable consumption in the intervention group did not reach statistical significance, they did show a trend in the right direction," said Quandt. "In a larger group, we would expect that the CSA program would make a noticeable impact on quality of the families' diets."
Intervention participants reported a willingness to pay at least a portion of the CSA cost in the future. In an overall evaluation of the Farm Fresh Healthy Living program, the participants reported positively on the variety of the produce provided, the better flavor of the local produce compared with grocery store produce, the chance to expose children to new foods, as well as the chance to eat foods that were too expensive to purchase at the grocery store. Some indicated problems with work schedules and transportation in picking up their produce box every week.
"This study shows that food from a CSA program has positive effects on recipient households," said Quandt. "CSA is a feasible approach and more study is needed. Altering some of the financial and operational aspects of traditional CSA programs will be necessary to improve the participation impact."
Journal Reference:
Sara A. Quandt, Janae Dupuis, Caitlin Fish, Ralph B. D’Agostino. Feasibility of Using a Community-Supported Agriculture Program to Improve Fruit and Vegetable Inventories and Consumption in an Underresourced Urban Community. Preventing Chronic Disease, 2013; 10 DOI: 10.5888/pcd10.130053
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Pet Predicts Outcomes for Patients With Cervical Spinal Cord Compression
Sep. 4, 2013 — For patients with degenerative cervical myelopathy, imaging with 18F-FDG positron emission tomography (PET) could act as a marker for a potentially reversible phase of the disease in which substantial clinical improvement can be achieved. According to research published in the September issue of The Journal of Nuclear Medicine, patients who exhibited hypermetabolism at the point of compression in their spine experienced improved outcomes after undergoing decompressive surgery.
Cervical spinal stenosis is a condition in which the spinal canal narrows in the neck. While many patients lack symptoms, once symptoms appear, it usually indicates the presence of myelopathy. This compression can lead to progressive neurologic deficits, such as numbness, weakness or tingling in a leg, foot, arm or hand.
In the study "Hypermetabolism in 18F-FDG PET Predicts Favorable Outcome Following Decompressive Surgery in Patients with Degenerative Cervical Myelopathy," researchers aimed to assess the regional changes of glucose metabolism of the cervical spinal cord using 18F-FDG PET. "To date, experiences with 18F-FDG PET in symptomatic patients with degenerative cervical spine stenosis and consecutive compressive myelopathy are very limited," said Norbert Galldiks, MD, one of the lead researchers of the study."In the present study, we present the results of preoperative magnetic resoncance imaging and 18F-FDG PET imaging and postoperative follow-up imaging 12 months after decompressive surgery. Imaging findings were correlated with the clinical outcome."
Researchers observed two significantly different patterns of 18F-FDG uptake among the 20 study participants prior to surgery -- approximately half of the patients had increased 18F-FDG uptake at the site of spinal cord compression and were classified as myelopathy type 1, while the other half had inconspicuous 18F-FDG uptake and were classified as myelopathy type 2. Post-operatively, those with myelopathy type 1 had a marked decrease in 18F-FDG uptake, while myelopathy type 2 patients had only a moderate decline in uptake.
The overall outcome in myelopathy type 1 patients was favorable, and the patients showed significant improvement on their functional status assessment. In contrast, there was no significant clinical change in patients with inconspicuous 18F-FDG uptake.
"A hypermetabolism of the cervical spinal cord at the level of cervical spine stenosis as indicated by a locally increased 18F-FDG uptake seems to be a marker for a potentially reversible phase of a compression-induced cervical myelopathy," explained Galldiks. "The lesion of the spinal cord seems to be predominantly functional. Presence of this metabolic pattern reflects the time frame when decompressive surgery can lead to substantial clinical improvement. In order to stratify eligible patients for decompressive surgery, our findings may help to implement 18F-FDG PET investigations of the cervical spine in clinical routine."
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Broccoli to Fight Skin Cancer?
Sep. 4, 2013 — With skin cancer emerging as one of the world's most prevalent forms of cancer, researchers are using every tool at their disposal to fight this disease. The tool of choice for Sally Dickinson, PhD? Broccoli.
A diet heavy in cruciferous vegetables, such as broccoli sprouts, has shown potential risk-reduction properties for colorectal, prostate and various other forms of cancer. Dr. Dickinson's research currently focuses on how sulforaphane -- a naturally occurring compound in broccoli with established chemopreventive properties -- could possibly be used to help patients reduce their risk for skin cancer.
What sets Dr. Dickinson's research apart? Instead of eating broccoli to unlock the risk-reduction nutrients, she's asking patients to apply small doses of sulforaphane to their skin. Think of it as a broccoli-based sunscreen additive.
"Even though there is heightened awareness about the need for limited sun exposure and use of sunscreens, we're still seeing far too many cases of skin cancer each year," Dr. Dickinson said. "We're searching for better methods to prevent skin cancer in formats that are affordable and manageable for public use. Sulforaphane may be an excellent candidate for use in the prevention of skin cancer caused by exposure to ultraviolet rays."
Dr. Dickinson, a research assistant professor in the Pharmacology Department at the University of Arizona and a UA Cancer Center member, began investigating broccoli's chemopreventive properties when she began her postdoctoral studies in 2005 in the laboratory of Tim Bowden, PhD -- one of the UACC's most influential research scientists. Prior to joining Dr. Bowden's laboratory, Dr. Dickinson earned her PhD through the Genetics Graduate Interdisciplinary Program at the UA, studying oxidative stress and heart disease.
Under Dr. Bowden's guidance, Dr. Dickinson pursued her postdoctoral training and built up an impressive list of credentials in her own right. As Dr. Bowden transitions into retirement, Dr. Dickinson will take over the majority of his lab's ongoing projects, including this in-depth look into sulforaphane.
"I learned so much from working with Dr. Bowden," Dr. Dickinson said. "He is a hypothesis-driven, old-school scientist who quietly extracts the best out of everyone around him. I'm truly honored that he's handing his lab's reins over to me."
So how would topical broccoli-based ointments differ from the products currently available in stores? Dr. Dickinson's research shows that sulforaphane is a highly adaptable, highly effective agent when it comes to inhibiting cancer-causing pathways (such as the AP-1 protein), while activating chemoprotective genes (such as the Nrf2 gene).
Her pilot study in collaboration with Johns Hopkins University will test a topical broccoli sprout solution on the skin a group of patients to see if the compound is effective in the context of solar simulated light. Previous studies have shown that the extract is quite safe for both topical and oral administration.
If the research proves to be successful, Dr. Dickinson believes this could lead to even more applications for sulforaphane.
"Sulforaphane is the kind of compound that has so many incredible theoretical applications if the dosage is measured properly," Dr. Dickinson said. "We already know that it is very effective in blocking sunburns, and we have seen cases where it can induce protective enzymes in the skin."
Someday, patients with compromised immune systems may be able to apply sulforaphane to their skin in order to reduce their risk of skin cancer. Sulforaphane is one of the many natural products and pharmaceutical agents being explored for use in topical prevention of UV-induced skin cancers through the Chemoprevention of Skin Cancer Program Project Grant, headed by Dr. Bowden and UACC Director David Alberts, MD.
Dr. Dickinson's research could potentially lead to a day when parents are instructing their children to not only eat their vegetables, but to wear them, as well.
Sally Dickinson, PhD, is using broccoli to fight skin cancer. (Credit: Image courtesy of NCI-Designated Cancer Centers)
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Brown Algae Reveal Antioxidant Production Secrets
Sep. 5, 2013 — Brown algae contain phlorotannins, aromatic (phenolic) compounds that are unique in the plant kingdom. As natural antioxidants, phlorotannins are of great interest for the treatment and prevention of cancer and inflammatory, cardiovascular and neurodegenerative diseases.
Researchers at the Végétaux marins et biomolécules (CNRS/UPMC) laboratory at the Station biologique de Roscoff, in collaboration with two colleagues at the Laboratoire des sciences de l'Environnement MARin (Laboratory of Marine Environment Sciences) in Brest (CNRS/UBO/IFREMER/IRD) have recently elucidated the key step in the production of these compounds in Ectocarpus siliculosus, a small brown alga model species. The study also revealed the specific mechanism of an enzyme that synthesizes phenolic compounds with commercial applications. These findings have been patented and should make it easier to produce the phlorotannins presently used as natural extracts in the pharmaceutical and cosmetic industries. The results have also been published online on the site of the journal The Plant Cell.
Until now, extracting phlorotannins from brown algae for use in industry was a complex process, and the biosynthesis pathways of these compounds were unknown. By studying the first genome sequenced from a brown alga, the team in Roscoff identified several genes homologous to those involved in phenolic compound biosynthesis in terrestrial plants (1). Among these genes, the researchers found that at least one was directly involved in the synthesis of phlorotannins in brown algae. They then inserted these genes into a bacterium, which thus produced a large quantity of the enzymes that could synthesize the desired phenolic compounds. One of these enzymes, a type III polyketide synthase (PKS III), was studied in detail and revealed how it produces phenolic compounds. PKS III is able, for example, to synthesize phloroglucinol (notably used in antispasmodic drugs and in explosives) and other phenolic compounds with commercial applications.
Besides this mechanism, results revealed that the compounds had other biological functions in the acclimation and adaptation of brown algae to salinity stress. Knowledge of these biosynthesis pathways would allow researchers to uncover the signaling mechanisms that regulate this metabolism. It would also be useful for understanding the biological and ecological functions of these compounds in other brown algae that are already used commercially.
This work was initiated with the support of the scientific interest group (GIS) Europole Mer. It culminated in the creation of IDEALG, a project launched in September 2011 as part of France's Investments for the Future program and led by the Station Biologique de Roscoff. IDEALG is a 10-year research scheme involving more than one hundred scientists. It aims to find biotechnology applications for genomic and post-genomic research, as well as exploit marine macroalgal bioresources. A CNRS patent has been filed and in-depth work on structural biology and controlled mutagenesis is being pursued as part of IDEALG. It should lead to new paths for protein engineering, which will make it possible to produce molecules of interest directly and more easily. This will be achieved using bacteria, thus avoiding the production of plant organic matter (biomass), whose purification is hampered by the difficult extracting process of natural phlorotannins.
(1) Phenolic compounds: aromatic chemical compounds from plants. Phenolic compounds represent a class of substances long known in French as matières tannoïques (tanoic substances). The tannins are one of the four main families of phenolic compounds.
Ectocarpus siliculosus growing on the marine plant Zostera. (Credit: © Akira Peters, Station Biologique Roscoff.)
Journal Reference:
Laurence Meslet-Cladière, Ludovic Delage, Cédric Leroux, Sophie Goulitquer, Catherine Leblanc, Emeline Creis, Erwan Ar Gall, Valérie Stiger-Pouvreau, Mirjam Czjzek, Philippe Potin. Analysis of a Type III Polyketide Synthase Function and Structure in the Brown Alga Ectocarpus siliculosus Reveals a Previously Unknown Biochemical Pathway in Phlorotannin Monomer Biosynthesis. Plant Cell, 27/08/2013 DOI: 10.1105/tpc.113.111336
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sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Aromaterapia, por Paula Franco
A aromaterapia é uma prática terapêutica que se utiliza das propriedades dos óleos essenciais 100% puros. Fragrâncias maravilhosas e naturais.
Os óleos essenciais são utilizados para a prevenção e tratamento de todos os desequilíbrios que possam estar afetando o corpo físico, emocional e energético, visando resgatar o bem estar geral do Ser humano e do meio em que vive.
Apesar da palavra óleo lembrar uma substância pesada, graxa, os óleos essenciais não são gordurosos e são muito leves. São extratos altamente concentrados, 100% puros, voláteis.
O óleo essencial está presente em um grande número de plantas. São provenientes dos caules, das raízes, das folhas, das frutas, das flores, das sementes ou de outro elemento da planta. Possuem propriedades terapêuticas e farmacológicas, e o aroma característico de onde foi extraído.
Diferente dos aromas sintéticos, não naturais, que agem apenas em nossa memória olfativa, sem ação terapêutica, os naturais carregam vitaminas, hormônios, antibióticos naturais, dentre outros componentes importantes, os quais garantem suas propriedades terapêuticas.
alquimiaporpaulafranco@gmail.com
Um papel mais relevante para a Medicina Tradicional, na Região Africana
Brazzaville, Congo — O papel da medicina tradicional nos cuidados de saúde adquiriu um forte impulso desde a publicação da Estratégia Atualizada da Medicina Tradicional, de forma a garantir que os países da Região usam a medicina tradicional como uma opção viável para a melhoria da saúde das populações.
Dirigindo-se aos Ministros da Saúde da Região Africana da OMS, na sua reunião anual, que está a decorrer em Brazzaville, República do Congo, o Diretor Regional da OMS África, Dr. Luís Sambo afirmou: “O objectivo desta estratégia atualizada é contribuir para a obtenção de melhores resultados na saúde, optimizando e consolidando o papel da medicina tradicional nos sistemas de saúde dos países da Região.”
A estratégia centra-se em algumas ações fundamentais a serem implementadas pelos países. Estas incluem: acelerar a implementação de políticas nacionais de medicina tradicional, garantindo a sua segurança, acessibilidade e disponibilidade, bem como a proteção dos direitos de propriedade intelectual, com vista a preservar o conhecimento e os recursos da medicina tradicional.
Outras ações propostas incluem reforçar a capacidade de recursos humanos para o desenvolvimento da medicina tradicional, promover e reforçar o cultivo em larga escala e a conservação de plantas medicinais bem estudadas para a produção de produtos de medicina tradicional e reforçar a colaboração entre as diferentes partes intervenientes, multissetoriais.
Entre as metas determinadas para os países, estão: o investimento na investigação em medicina tradicional; inclusão de produtos de medicina tradicional nas listas de medicamentos essenciais e cultivo em larga escala de plantas medicinais e a produção local, visando as doenças transmissíveis e não transmissíveis prioritárias.
A primeira estratégia regional de medicamentos tradicionais foi adotada pelos países no ano 2000 e foi implementada entre 2001 e 2012. A sua implementação ajudou a consciencializar e a elaborar um perfil da medicina tradicional. As estatísticas disponíveis no Escritório Regional Africano da OMS demonstram que até 2012, 40 países tinham desenvolvido políticas de medicina tradicional, quando comparados com oito países, no ano 2000; 24 países tinham criado programas de medicina tradicional, em comparação com os 10 países no ano 2000.
Ao longo da última década, a implementação da estratégia inicial permitiu igualmente que 39 países criassem gabinetes nacionais de medicina tradicional, em comparação com os 15 existentes no ano 2000. De forma semelhante, 25 países criaram comissões nacionais de peritos, para o desenvolvimento da medicina tradicional e muitos empreenderam medidas para criar e reforçar as capacidades das suas instituições.
Espera-se que os Ministros da Saúde adotem a Estratégia Atualizada de Medicina Tradicional, que irá contribuir de forma substancial para um papel mais relevante da Medicina Tradicional na Região Africana.
Fonte: WHO
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Regulação da propaganda de bebidas e alimentos: relação conflituosa entre economia e saúde
Professora-pesquisadora da EPSJV analisa matéria sobre campanha de conscientização pública contra o excesso de açúcar em refrigerantes no México, país onde a diabetes e a obesidade são problemas sérios de saúde pública.
Guerra contra refrigerantes ameaça Coca-Cola no México
Por: Amy Guthrie
(The Wall Street Journal, 29 de agosto de 2013)
A batalha contra os refrigerantes açucarados, salientada na tentativa fracassada do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, de proibir refrigerantes grandes, se espalhou agora para o México, há muito um dos principais mercados da Coca-Cola Co.
Durante essa temporada de verão no hemisfério norte, uma campanha de conscientização pública espalhou anúncios por ônibus e outdoors pela Cidade do México, mostrando uma pilha com 12 colheres cheias de açúcar ao lado de uma garrafa de 600 mililitros de refrigerante. Os anúncios perguntam: “Você comeria 12 colheres de açúcar? Por que você bebe refrigerante?”. (Leia a matéria na íntegra )
ANÁLISE
Por Ana Beatriz de Noronha, professora-pesquisadora da EPSJV/Fiocruz
Essa matéria trata de uma grande variedade de temas de interesse da saúde, abordando questões nutricionais e de insegurança alimentar, a relação entre obesidade e diabetes, e até mesmo alguns aspectos interessantes que reforçam a necessidade de se regular a propaganda de alimentos e bebidas, ambos os produtos sujeitos à vigilância sanitária. O texto, no entanto, não fala apenas sobre saúde, ele mostra, em várias passagens, que a relação entre economia e saúde é quase sempre conflituosa e que, geralmente, a grande perdedora nessa batalha é a saúde. O título da matéria – ‘Guerra contra refrigerantes ameaça Coca-Cola no México’ – é bastante alarmante e um pouco exagerado, uma vez que ainda estamos muito longe de, em nome da saúde e do respeito à vida, conseguir abalar o poder que a indústria de alimentos e bebidas detém.
Para entender o problema
O relatório ‘O estado dos alimentos e da agricultura – 2013: sistemas alimentares para melhoria da nutrição’, lançado recentemente pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), afirma que 32,8% dos mexicanos estão obesos e que o país ultrapassou os Estados Unidos na prevalência de obesidade. Mas isso não é tudo: o mesmo documento diz que 70% da população mexicana apresenta sobrepeso. E, se em 1988, a obesidade atingia menos de 10% dos mexicanos, hoje o quadro se transformou num enorme problema de saúde pública.
As causas para esse crescimento acelerado dos casos de obesidade são inúmeras e é realmente impossível, como afirma, na matéria, o diretor da associação de engarrafadores de refrigerantes do México, Emilio Herrera, “apontar um único produto como causa desse problema”. O relatório da FAO, no entanto, afirma que não há dúvidas de que o resultado alcançado pelo país se deve à adoção, pela população sedentária, de uma dieta baseada em bebidas açucaradas, alimentos industrializados e fast food, em detrimento do consumo diário de grãos e vegetais frescos. O relatório também ressalta o fato de o México ter que lutar contra a obesidade ao mesmo tempo em que ainda necessita combater a fome e a desnutrição, causada muitas vezes pela ingestão de uma dieta pobre em micronutrientes, especialmente entre a população mais pobre e os jovens.
Segundo a FAO, as causas imediatas da má nutrição – desnutrição, carências de nutrientes, sobrepeso e obesidade – são complexas e multidimensionais. Elas envolvem, entre outras coisas, a indisponibilidade de uma quantidade suficiente de alimentos inócuos, variados e nutritivos, ou a falta de acesso a eles; a falta de acesso à agua potável, ao saneamento e à atenção sanitária; ou ainda a alimentação inapropriada de crianças e adultos. Por outro lado, as causas fundamentais da má nutrição são ainda mais complexas, como aponta o relatório, estando relacionadas a questões econômicas, sociais, políticas, culturais e físicas mais amplas.
O enfrentamento eficaz das questões ligadas à má nutrição depende, portanto, de medidas integradas e intervenções que envolvem a agricultura e o sistema alimentar em geral, a saúde pública e a educação. Além disso, é necessário apoio político de alto nível que permita coordenar a atuação dos diferentes setores.
O que a matéria em questão classifica como uma “guerra contra os refrigerantes” são apenas algumas medidas propostas pelo governo e pela sociedade mexicana no âmbito da chamada “Estratégia Nacional para a Prevenção e o Combate à Obesidade e ao Diabetes”, cujo objetivo é permitir que o país reverta uma situação que resulta em custos econômicos e sociais inaceitáveis.
É interessante observar que a possibilidade de se impor um imposto sobre os refrigerantes açucarados, vinculando o uso dos recursos obtidos ao aumento do acesso da população, especialmente dos mais pobres, à água potável parece ser bastante coerente, já que isso é condição fundamental para a construção de um contexto de segurança alimentar no país. O problema, como reclamam as associações de consumidores do México, é que as indústrias também foram chamadas para participar desse processo regulatório e que “não se pode esperar que uma regulação acordada com a indústria seja efetiva”. “A Estratégia Nacional contra a Obesidade deve estar livre de conflito de interesses”, justificam os ativistas (leia mais em: Por interferencia de empresas peligra estrategia antiobesidad ).
Regulação da propaganda: um eterno tabu
Para serem considerados saudáveis, os alimentos devem, entre outras coisas, ser naturais e ter alto valor nutritivo, ou seja, devem fornecer ao nosso organismo, ao menos alguns dos nutrientes necessários à manutenção da nossa saúde: proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais. Pela rotulagem nutricional da Coca-Cola, no entanto, fica claro que a bebida só fornece aos seus consumidores os carboidratos vindos do açúcar, não tendo, portanto, nenhum valor nutritivo. Uma latinha da bebida (350ml) fornece ao nosso corpo quase 150 calorias “vazias”, muitas substâncias artificiais e mais nada, o que faz cair no ridículo a afirmação da porta voz da empresa no México, de que a companhia só fabrica produtos saudáveis.
A campanha publicitária, ou como preferem os especialistas no assunto “estratégia de marketing”, que no Brasil levou o nome de ‘Energia Positiva’ e que no México foi lançada com o slogan “149 calorías de felicidad”, busca associar o consumo de refrigerante a uma vida ativa e saudável, o que parece ser uma grande contradição. Isso ainda se torna pior quando a empresa alega assumir um compromisso com a informação nutricional transparente e com o marketing responsável para crianças. No México, a campanha da Coca-Cola foi duramente criticada (veja em ‘Crónica de una campaña engañosa’) e esteve prestes a ser tirada do ar, quando a empresa teria deliberadamente encerrado sua veiculação, a fim de evitar o efeito negativo de uma possível proibição.
Isso aconteceu com a Coca-Cola no México, mas o fato é que, cada vez mais, no mundo todo, as empresas de bebidas e alimentos considerados não saudáveis buscam associar sua imagem às questões de saúde, ecologia e sustentabilidade, sem que quase nada possa ser feito pelas autoridades sanitárias. Qualquer tentativa de se regular a propaganda do setor esbarra no uso equivocado da defesa da “liberdade de expressão” e do “direito à informação”, como mostra a fala do presidente da subsidiária da Coca-Cola no México, Francisco Crespo: “Somos transparentes com os consumidores e oferecemos informações claras e completas sobre as nossas bebidas, então eles podem tomar decisões conscientes”.
Os fabricantes de refrigerantes alegam ter a seu favor a inexistência de provas científicas que comprovem a relação direta entre o consumo dessas bebidas e a obesidade e o diabetes (veja ‘O uso de refrigerantes e a saúde humana‘). O caso é que também não há estudo que comprove algum benefício da ingestão dessas bebidas por adultos ou crianças e muitos chegam a mostrar indícios de prováveis malefícios. Sendo assim, cabe perguntar se não seria adequado basear futuras discussões sobre esse tema no chamado Princípio da Precaução, segundo o qual a ausência da certeza científica formal sobre a existência de risco de um dano sério ou irreversível à vida requer a implementação de medidas que possam prever este dano. Proposto formalmente na Conferência RIO 92, o Princípio da Precaução tem uma clara e decisiva utilização na Bioética pode ser entendido como uma garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados.
Análise socializada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) e publicada pelo EcoDebate, 06/09/2013
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Tecnologia viabiliza a produção de biogás a partir de dejetos de frangos de corte
Tecnologia premiada possui ampla gama de possibilidades para utilização
Airon Magno Aires, orientado pelo professor Jorge de Lucas Junior, do Departamento de Engenharia Rural da Unesp de Jaboticabal, recebeu, em agosto, na abertura do 23° Congresso Brasileiro de Avicultura o Prêmio UBABEF (União Brasileira de Avicultura) de Pesquisa Avícola Aplicável.
O trabalho premiado foi ‘Estudo de Viabilidade Econômica para Sustentabilidade Energética e Ambiental de Plantas de Biogás: Desenvolvimento Tecnológico’ e a entrega foi realizada pela secretária de Agricultura do Estado de São Paulo, Monika Bergamaschi.
O trabalho, que integra a pesquisa de doutorado de Aires, consiste no desenvolvimento de um equipamento em escala industrial para a produção de biogás a partir de dejetos de frangos de corte (cama de frango), um protótipo de compostagem ‘in-vessel’ de carcaça de aves.
Também foi realizado um estudo de viabilidade econômica, para instalação de uma unidade modelo, que está em fase final de aprovação financeira para iniciar ainda nesse semestre.
Para Aires, atualmente existe uma preocupação muito grande com a escassez de energia elétrica, visto os desafios relacionados ao crescimento econômico e grandes eventos (Copa do Mundo 2014, Jogos Olímpicos e Paraolímpicos 2016) que serão sediados nos próximos anos e vão exigir grandes picos de energia.
“Nos últimos 15 anos o consumo de energia não renovável (óleo diesel e lenha) aumentou com a tecnificação e automação da produção avícola. Além disso, acompanhamos uma grande oscilação no valor da energia elétrica e do óleo diesel, resultado de políticas internas”, comenta o especialista.
Aires explica que alternativas para geração de energia limpa estão sendo geradas no meio científico para o desenvolvimento de pilotos de equipamentos que auxiliem a geração de energia (biogás) a partir de dejetos de frangos de corte (cama de frango).
Os equipamentos em escala industrial podem demonstrar resultados próximos aos que serão encontrados no campo, auxiliando o técnico no dimensionamento do biodigestor para o tratamento dos resíduos e geração de biogás, biofertilizante e adubo orgânico.
O grande diferencial da compostagem ‘in-vessel’ é a fabricação de um protótipo 100% nacional, de um reator de compostagem ‘in-vessel’ que pode ser escalonado e utilizado para o tratamento de resíduos de qualquer gênero orgânico, em três diferentes formatos (cilíndrico, container e células fixas), sem precedentes de concorrência no Brasil. Esse tipo de reator vem sendo utilizado em alguns países como Alemanha, Itália, EUA e Canadá.
O especialista esclarece que esta tecnologia possui uma gama de possibilidades para utilização, como estações de tratamento e aproveitamento energético de resíduos, dentre eles agroindústrias (incubatórios de aves, frigoríficos, abatedouros), agropecuários (resíduos de pescado, carcaça de aves e suínos), frações orgânicas de resíduos sólidos urbanos, resíduos de restaurantes, lodos de indústrias alimentícias. O produto gerado no processo é utilizado como adubo orgânico, para nutrição e estruturação física do solo, beneficiando a produção vegetal.
Quanto à produção de biogás a partir de cama de frango, o diferencial do projeto é a utilização de um pré-processo para viabilizar a utilização de resíduos sólidos em biodigestores tipo tubular horizontal “plug flow” e resolver alguns problemas ocasionados pela falta de equalização da carga diária.
“Os resultados da tese influenciam positivamente na viabilidade econômica de produções avícolas, por meio da sustentabilidade energética e ambiental da produção. Todos os equipamentos e processos utilizados não possuem precedentes, tornando-se assim inovadores para o meio científico e para o mercado nacional”, conclui Aires.
Informe da Unesp, socializado pelo Jornal da Ciência / SBPC, JC e-mail 4806 e publicado pelo EcoDebate, 06/09/2013
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Santa Quiteria, Baixo Parnaíba maranhense, proíbe plantios de eucalipto e soja
[Por Mayron Régis, em Territórios Livres do Baixo Parnaíba] Ao longo de toda a história, o povo maranhense poucas vezes figurou como personagem principal de qualquer narrativa.
A aprovação de um projeto de lei pela câmara de vereadores de Santa Quitéria, Baixo Parnaiba maranhense, que proíbe os plantios de eucalipto e de soja no município propicia uma reflexão sobre como um projeto de lei impacta diretamente as vidas de milhares de pessoas não só no município de Santa Quitéria. Ela incide também sobre as vidas de pessoas de municípios próximos a Santa Quitéria.
Os eventos que levaram à aprovação do projeto de lei, no mês de agosto de 2013, carregam as marcas dos conflitos entre as comunidades tradicionais do município de Santa Quitéria, empresas como a Suzano Papel e Celulose, plantadores de soja e grileiros.
O último desses conflitos aconteceu em maio quando empregados de uma empreiteira, especializada em desmatar o Cerrado e queimar a madeira nativa em baterias de fornos, movimentavam-se pela Chapada do polo Coceira e foram barrados pelos moradores de Baixão da Coceira, Coceira, Lagoa das Caraíbas e de São José. Não era a primeira vez que essas comunidades barravam empresas que pretendiam desmatar as suas áreas de extrativismo.
Nesse novo embate, as comunidades resolveram que seria a última. Em julho, 30 comunidades de Santa Quitéria se dirigiram a câmara de vereadores e cobraram de forma veemente a elaboração e a aprovação de uma lei que inibiria a entrada de projetos de monoculturas em todo o município. Com a aprovação, Santa Quitéria se junta aos municípios de Barreirinhas, Mata Roma, São Benedito do Rio preto, Magalhães de Almeida, Morros, Belágua e Cachoeira Grande que legislaram pela proibição de plantios de monocultura em seus territórios.
* Mayron Régis, Colaborador do EcoDebate, é Jornalista e Assessor do Fórum Carajás e atua no Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Fórum Carajás, SMDH, CCN e FDBPM).
** Matéria enviada pelo Autor e originalmente publicado no blogue Territórios Livres do Baixo Parnaíba.
EcoDebate, 06/09/2013
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É uma falácia pensar em desenvolvimento sustentável, quando governos só buscam “crescimento anual” tendo como principal indicador o Produto Interno Bruto enquanto a sociedade continua ávida por consumo
[EcoDebate] A sociedade vive a verdadeira hipocrisia do “desenvolvimento sustentável”. São manifestações diárias em todos os lugares. Conferências pra cá, conferências pra lá. A última vitrine foi a Rio + 20, conferência que reuniu lideres das potências econômicas do mundo no Brasil. Divulgava-se que a discussão da reunião oficial deveria respaldar-se no tripé econômico, social e ambiental, tripé esse contestado pelos ambientalistas, que segundo seus argumentos, serviria como pano de fundo dos países desenvolvidos para desviar a atenção da discussão do problema que realmente interessa: as mudanças climáticas.
Nos momentos que antecedem uma conferência desse porte, o que vem como tema mais angustiante é a avaliação do passivo ambiental, isto é, do quanto se prometeu executar durante a realização da Eco 92, a primeira destas conferências, e do quanto se deixou de realizar até o presente. E o balanço é sempre significativamente negativo. Quase nada do que os governos assumiram ha 20 anos como compromisso em suas agendas saiu do papel. E olha que essas agendas quando referendadas, já saem contestada pela sociedade civil e as ONGs que realizam sempre uma conferência paralela não oficial, mesmo não tendo efeito deliberativo.
Na verdade espera-se muito dessas lideranças em relação às atitudes que devem ser tomadas, frente às medidas políticas e econômicas para mitigar os problemas que afetam o meio ambiente. Espera-se muito de lideranças que – com exceções – chegaram ao poder financiadas exatamente por grandes grupos econômicos, cujos interesses são muito mais o lucro imediato que as causas ambientais. Então as atitudes se materializam muito mais em um jogo de marketing para justificar um pseudo interesse, que realmente na condição política de colocar em prática as medidas necessárias.
Não creio que mudanças ocorram enquanto a sociedade civil delegar apenas aos governantes a responsabilidade da aplicação das medidas necessárias. É contraditório exigir dos governos atitudes politicamente corretas, quando a sociedade caminha na contramão do desenvolvimento sustentável, alimentando um mercado como consumidores compulsivos. Como discutir sustentabilidade se governos – regra geral – buscam crescimento econômico anual e a sociedade é ávida por consumo.
O homem “moderno” já nasce com um passivo ambiental de fazer inveja a uma criança do século XIX. Antes mesmo de nascer o consumo já se concretiza com a preparação de um enxoval – necessário mais para satisfazer a vaidade dos pais, que as necessidades do bebê – que inclui berço dos mais simples aos mais sofisticados, protetor de berço feito de tecidos e plásticos, cortinados, roupinhas, algumas não usadas e outras usadas uma única vez, sapatinhos, mamadeiras, banheiras, carrinhos de passeio, brinquedos, chiqueirinho, andajá, enfim uma parafernália de tecidos e plásticos que ao final de alguns meses não tem mais serventia. Um verdadeiro “batismo” para o consumismo.
A criança cresce e o consumo cresce junto. São roupas, sapatos, brinquedos, tudo da grife da moda. Tanto consumo que para satisfação dos pais a parafernália de brinquedos e roupas não cabe nas dependências em que as crianças dormem. Tão logo as crianças dominem a linguagem escrita começa o consumo de eletrônicos. São celulares seguido de celulares, notebooks, netbooks, tabletes, videogames, TV LCD, outros. Mais o consumo de cosméticos, pois as crianças de hoje são diferentes, necessitam maquiar suas belezas ingênuas, pela imitação da garota propaganda da televisão.
Na escola a criança manifesta seu “poder econômico” pelo celular ou netbook que exibe, pela mochila de seu “herói” preferido, pela maquiagem, pela lancheira e pelo lanche que consome, pelo modelo e ano do carro do papai que o leva para a escola. Os livros que antes eram reutilizáveis, hoje só servem para um ano. A mochila que a criança carrega é estufada por tantos livros e material que chega a prejudicar sua coluna vertebral. Há exigência de uniformes para as aulas normais e uniformes para aulas de atividade físicas. A lista de materiais “didáticos” é interminável e não se sabe em que atividades as crianças consomem tanto material.
Hoje, se a família dispõe de recursos, quando o adolescente ingressa no curso superior recebe de presente dos pais o primeiro carro, que passa a ser atualizado anualmente, sempre por um modelo mais possante. Nesta fase desponta outro mercado de consumo. De roupas e tênis de grife, pois o jovem “moderno” não pode de ser diferente de sua tribo quando for as baladas da noite. Para o lazer vem a prancha de surfe, a motonáutica, o parapendi e muitos outros esportes da moda.
As famílias de hoje renovam suas casas em finais de anos alternados. No passado geladeiras, fogões eram feitos para durar até dezenas de anos. Hoje os eletrodomésticos da “linha branca” são quase descartáveis. No ramo da informática a reposição é ainda mais drástica. A obsolescência da tecnologia ocorre a cada três meses com o lançamento de um novo modelo e o descarte em média ocorre em um ano. As famílias de melhor poder aquisitivo para manter o carro atualizado trocam-no pelo modelo do ano. O estímulo ao consumo torna-se oficial com a redução de impostos, pois o argumento é de que a economia deve estar sempre em crescimento. Referências foram feitas as famílias que dispõem de poder aquisitivo. Paradoxalmente no outro extremo a realidade é cruel. Muitas famílias sem teto, sem alimentos, sem escolas, sem hospitais e milhões de crianças vítimas da mortalidade infantil.
Nas cidades o crescimento desordenado inviabiliza o planejamento da logística de transporte. O deslocamento longitudinal (centro e periferia), predominante na maioria das grandes cidades provoca um verdadeiro caos no trânsito. Ônibus se deslocam lotados até o centro e retornam vazios nos horários de início de trabalho e escola. No término do expediente a situação se inverte. Enquanto isso engarrafamentos quilométricos são provocados por veículos particulares, transportando apenas o condutor, deslocando-se a média de 2 km por hora. Não há ciclovias para estimular o transporte mais sustentável. É um desperdício colossal de energia e tempo. No final do ano os indicadores que marcam o “crescimento da economia” é o recorde de venda de automóveis em detrimento do aumento da logística de transportes coletivos.
Os estados para continuarem crescendo fazem investimento em infraestrutura e moradia a fim de gerar emprego e renda. Enquanto verdadeiras cidades fantasmas ocupam o litoral brasileiro, com residências de praias ocupadas eventualmente uma a duas vezes por ano. O governo federal tem necessidade de investir em logística para produção de mais energia a fim de manter o “crescimento”, em hidrelétricas, termoelétrica, centrais eólicas e outros, pois não há atividade econômica sem energia disponível. Muitas dessas obras são realizadas sem levar em conta os verdadeiros impactos ambientais que provocam.
Fala-se com ênfase em reciclagem. A moda pegou com tanta magnitude que a China transformou-se no maior centro de reciclagem do mundo. Neste país o lixo de quase todo o mundo é transformado em novos produtos, promovendo o sonho de consumo de novos poluidores em diferentes mercados do planeta, com toneladas de produtos pirateados e contrabandeados. Desconsidera-se que na reciclagem, alguns processos consomem mais energia que na produção de primeiro ciclo. Configura-se aqui o ciclo do pecado e da penitência, em que as grandes corporações fazem suas jogadas de marketing para enganar a opinião pública com suas “políticas de sustentabilidade”.
No mundo todo se desestabiliza a pequena produção de alimentos, aquela que nas feiras livres comercializa seus produtos diretamente com os consumidores e é responsável pelo abastecimento de mais de 70% do mercado. Em todas as regiões do mundo a expansão do “agronegócio” expulsa agricultores familiares rumo à periferia das cidades, provocando êxodo permanente que impossibilita as prefeituras de concluírem seus planejamentos anuais sempre deficitários. Crescentes problemas de saneamento, energia elétrica, saúde pública e moradia são os grandes desafios dos governos municipais em todo o país.
O “agronegócio” ocupando o espaço geográfico necessita de mais tratores, implementos, fertilizantes, corretivos, combustíveis, insumos altamente dependentes de energia na sua produção. A logística de distribuição de alimentos com este modelo é de desperdício de energia. O queijo parmesão produzido no Pará é triturado em São Paulo, recebe uma marca e código de barra e retorna aos supermercados de Belém. A madeira serrada no interior do Pará vai a Santa Catarina, transforma-se em móveis e volta para a exposição e comercialização em lojas de Belém. São milhares de quilômetros de vai-e-vem das matérias primas desde sua exploração até o consumo final. Sem falar das commodities que aqui são produzidas e exportadas, transformadas nos países desenvolvidos e retornam como produtos acabados aos mercados nacionais. A globalização é na verdade um grande mercado de desperdício de energia ao redor do planeta. A poluição e a destruição do meio ambiente equivalem em termos globais a uma verdadeira hecatombe nuclear. São minas abandonadas com rejeitos tóxicos contaminando o solo e a água, poluição dos mares e rios, lixões a céu aberto, desmatamento de florestas e uma nova forma de poluição ainda não quantificada que é a das profundezas da Terra, com atividades que vão desde explosões para mineração e prospecção de petróleo até testes nucleares.
Finalmente não é possível responsabilizar somente governos por essa mudança altamente necessária. Tudo passa por um comportamento de mercado e mercado somos todos nós. Somente com a conscientização e sensibilização da sociedade como (não) consumidora é que essa realidade pode mudar. A indústria tem que reverter seus conceitos e planejar bens cada vez mais duráveis, acondicionados em embalagens biodegradáveis. Destinar a reciclagem apenas aos minerais e outros materiais cujo balanço energético se justifique. Buscar as tecnologias para produção de veículos e eletrodomésticos cada vez mais poupadoras de energia. O transporte coletivo tem que ser prioritário quanto a investimentos e na ocupação das vias urbanas em relação ao transporte particular. A produção de alimentos tem que ser incentivada cada vez mais próxima do consumo e pela inclusão de mais atores para gerar emprego e renda. Neste contexto deve estar o grande mercado para as ONGs, difundir a educação ambiental em todo o mundo. É uma falácia pensar em desenvolvimento sustentável, quando governos buscam “crescimento anual” tendo como principal indicador o Produto Interno Bruto enquanto a sociedade continua ávida por consumo.
Raimundo Nonato Brabo Alves é Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental
EcoDebate, 06/09/2013
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