Artigo sobre iogurte de uvaia

Resumo:

Uvaia (Eugenia pyriformis Cambess), frutífera da família Myrtaceae, é consumida in natura, na forma de geleias, sucos e compotas, ou adicionada a outros produtos como em iogurtes, os quais poderão ter sabor mais agradável e melhoria das suas qualidades funcionais. O trabalho objetivou determinar características físicas e químicas de iogurte com polpa de uvaia. O trabalho, realizado no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade de Taubaté, consistiu na avaliação de iogurtes, com 5 e 10% de polpa de uvaia, com leite em pó desnatado e cultura mãe com bactérias termofílicas. Frutos, colhidos na fazenda, foram processados e analisados no Laboratório de Análise de Alimentos do referido Departamento. As análises, em duplicatas, e respectivos métodos foram: pH (Adolfo Lutz, nº 4.7.2), teor de sólidos solúveis (medido no refratômetro), pectina (Rangana) e sólidos insolúveis (Adolfo Lutz, nº13.6.4). Os principais resultados foram: pH variou de 3,62 a 4,96; teores de sólidos solúveis totais, de 3,52 e 4,97, teores de sólidos insolúveis, de 13,46% a 17,68%, respectivamente, para iogurtes 5 e 10%, e para a polpa, valores de pectina variaram de 0,040 a 0,007%, teores de sólidos solúveis totais de 10,0, e 11,35 a 12,69% para sólidos insolúveis. Quanto à reometria, os iogurtes apresentaram comportamento típico de um fluido pseudoplástico, mas a viscosidade aparente do iogurte de uvaia decresceu com o passar do tempo, para uma freqüência de rotação constante. Os resultados mostraram boas qualidades para o iogurte de uvaia, indicando suas possibilidades promissoras, mas ressalta-se a necessidade de pesquisas sobre análise sensorial.

Título: Avaliação das características físicas e químicas da polpa e do iogurte de uvaia.
Autores: Felipe B. MÜHLBAUER; Gustavo M. CESAR; Priscila C. L. G. JUNQUEIRA; Andréa D. SOUZA; Marcos R. FURLAN
THESIS, São Paulo, ano IV, n.17. p. 60-77, 1º Semestre. 2012.

Link para o artigo completo:

Uma espécie frutífera "quatrocentona" em quintal de Belo Horizonte

Texto:


Marcos Roberto Furlan
Sayury Meireles

Na capital mineira ainda podemos encontrar amplos quintais, com espécies ornamentais, condimentares e até medicinais. Em poucos iremos encontrar frutíferas nativas, principalmente pelo espaço que exigem e devido à dificuldade de saber cultivá-las. Também tem o fato da maioria das pessoas não saber como utilizá-las. 

Mas em um quintal encontramos a frutífera uvaieira, a qual produz frutos chamados de uvaia ou uvalha. Seus frutos amarelos são um bocado ácidos, mas adocicados e vão bem em sucos, geleias e compotas, mas o consumo tem que ser rápido devido à sua alta perecibilidade. 

A uvaieira, assim como a pitangueira (Eugenia uniflora) e a goiabeira (Psidium guajava), pertence à família Myrtaceae e o seu nome científico é Eugenia pyriformis Cambess. É uma espécie nativa e a espécime da foto, encontrada no quintal, possui aproximadamente 3 metros de altura e o início da sua frutificação começa em setembro, prolongando até novembro. 
Uma frutífera que tem uma longa história 

As informações, assim como a figura abaixo, sobre os aspectos históricos da uvaia foram obtidos da excelente tese intitulada "Soma térmica como condicionadora quantitativa da tolerância à dessecação e da germinação, na produção de sementes de Eugenia pyriformis Cambess, do pesquisador Edmir Vicente Lamarca (http://www.biodiversidade.pgibt.ibot.sp.gov.br/Web/teses/2013/Pdf/Edmir_Vicente_Lamarca_DR.pdf), publicada nesse ano. 

De acordo com Lamarca (2103), a uvaieira, a qual denomina também de ubaieira, possui um considerável volume de registros, não apenas científicos, demonstrando a sua ampla utilização, como, por exemplo, a sua madeira como fonte de energia, as flores na apicultura e os frutos na alimentação. 

A história da uvaia (figura abaixo) começa já nas primeiras expedições marítimas realizadas à América durante a Idade Moderna (século XVI ao XVIII) que permitiram aos exploradores e viajantes europeus o contato com as plantas “incultas” utilizadas pelos ameríndios (LAMARCA, 2013). 

Cilantro, That Favorite Salsa Ingredient, Purifies Drinking Water

Sep. 12, 2013 — Hints that a favorite ingredient in Mexican, Southeast Asian and other spicy cuisine may be an inexpensive new way of purifying drinking water are on the menu today at the 246th National Meeting & Exposition of the American Chemical Society.

Reporting on research done by undergraduate students at a community college, Douglas Schauer, Ph.D., said that cilantro -- also known as coriander and Thai parsley -- shows promise as a much-needed new "biosorbent" for removing lead and other potentially toxic heavy metals from contaminated water.

"Cilantro may seem too pricey for use in decontaminating large amounts of water for drinking and cooking," Schauer said. "However, cilantro grows wild in vast amounts in countries that have problems with heavy-metal water pollution. It is readily available, inexpensive and shows promise in removing certain metals, such as lead, copper and mercury, that can be harmful to human health."

Conventional methods for removing heavy metals from water such as treatment with activated carbon (used in the filters in home water purification pitchers) or more advanced technology like ion-exchange resins are very effective. However, they can be too expensive for use in developing countries, especially in rural areas. The need for lower-cost, sustainable alternatives has fostered research on biosorbents. These natural materials, which range from microbes to plants, latch on to heavy metals in ways that include both absorption and adsorption.

"Our goal is to find biosorbents that people in developing countries could obtain for nothing," Schauer explained. "When the filter in a water purification pitcher needs to be changed, they could go outside, gather a handful of cilantro or some other plant, and presto, there's a new filter ready to purify the water."

Schauer, who is with Ivy Tech Community College here, enlisted his students in that quest, and they worked with scientists at the Universidad Politécnica de Francisco I. Madero in Hidalgo. Mexico does not have a system to filter out heavy metals, said Schauer, noting that cilantro grows wild there. Their small-scale experiments suggested that cilantro may be more effective than activated carbon in removing heavy metals such as lead.

Cilantro's secret may lie in the structure of the outer walls of the microscopic cells that make up the plant. They have an architecture ideal for sorption of heavy metals. Other plants, including cilantro's cousins, parsley and culantro, have similar features and could potentially work as biosorbents, he added. Schauer thinks that biosorbents like cilantro could be packed into tea-bag-like packets, reusable water filter cartridges or even tea infuser balls and used to remove heavy metals.

Schauer and his team cited a grant through the Lilly Foundation for instrumentation and a Perkins grant in support of the Chemical Technology and Biotechnology Programs, also used for instrumentation. Six students traveled to the University in Mexico to collect and investigate samples. Funding for this was provided largely by the Louis Stokes Alliances for Minority Participation.

Link:

Low Omega-3 Could Explain Why Some Children Struggle With Reading

Sep. 13, 2013 — An Oxford University study has shown that a representative sample of UK schoolchildren aged seven to nine years had low levels of key Omega-3 fatty acids in their blood. Furthermore, the study found that children's blood levels of the long-chain Omega-3 DHA (the form found in most abundance in the brain) 'significantly predicted' how well they were able to concentrate and learn.

Oxford University researchers explained the findings, recently published in the journal PLOS One, at a conference in London on 4 September.

The study was presented at the conference by co-authors Dr Alex Richardson and Professor Paul Montgomery from Oxford University's Centre for Evidence-Based Intervention in the Department of Social Policy and Intervention. It is one of the first to evaluate blood Omega-3 levels in UK schoolchildren. The long-chain Omega-3 fats (EPA and DHA) found in fish, seafood and some algae, are essential for the brain's structure and function as well as for maintaining a healthy heart and immune system. Parents also reported on their child's diet, revealing to the researchers that almost nine out of ten children in the sample ate fish less than twice a week, and nearly one in ten never ate fish at all. The government's guidelines for a healthy diet recommend at least two portions of fish a week. This is because like vitamins, omega-3 fats have to come from our diets -- and although humans can in theory make some EPA and DHA from shorter-chain omega-3 (found in some vegetable oils), research has shown this conversion is not reliable, particularly for DHA, say the researchers.

Blood samples were taken from 493 schoolchildren, aged between seven and nine years, from 74 mainstream schools in Oxfordshire. All of the children were thought to have below-average reading skills, based on national assessments at the age of seven or their teachers' current judgements. Analyses of their blood samples showed that, on average, just under two per cent of the children's total blood fatty acids were Omega-3 DHA (Docosahexaenoic acid) and 0.5 per cent were Omega-3 EPA (Eicosapentaenoic acid), with a total of 2.45 per cent for these long-chain Omega-3 combined. This is below the minimum of 4 per cent recommended by leading scientists to maintain cardiovascular health in adults, with 8-12 per cent regarded as optimal for a healthy heart, the researchers reported.

Co-author Professor Paul Montgomery said: 'From a sample of nearly 500 schoolchildren, we found that levels of Omega-3 fatty acids in the blood significantly predicted a child's behaviour and ability to learn. Higher levels of Omega-3 in the blood, and DHA in particular, were associated with better reading and memory, as well as with fewer behaviour problems as rated by parents and teachers. These results are particularly noteworthy given that we had a restricted range of scores, especially with respect to blood DHA but also for reading ability, as around two-thirds of these children were still reading below their age-level when we assessed them. Although further research is needed, we think it is likely that these findings could be applied generally to schoolchildren throughout the UK.'

Co-author Dr Alex Richardson added: 'The longer term health implications of such low blood Omega-3 levels in children obviously can't be known. But this study suggests that many, if not most UK children, probably aren't getting enough of the long-chain Omega-3 we all need for a healthy brain, heart and immune system. That gives serious cause for concern because we found that lower blood DHA was linked with poorer behaviour and learning in these children. 'Most of the children we studied had blood levels of long-chain Omega-3 that in adults would indicate a high risk of heart disease. This was consistent with their parents' reports that most of them failed to meet current dietary guidelines for fish and seafood intake. Similarly, few took supplements or foods fortified with these Omega-3.'

The current findings build on earlier work by the same researchers, showing that dietary supplementation with Omega-3 DHA improved both reading progress and behaviour in children from the general school population who were behind on their reading. Their previous research has already shown benefits of supplementation with long-chain omega-3 (EPA+DHA) for children with ADHD, Dyspraxia, Dyslexia, and related conditions. The DHA Oxford Learning and Behaviour (DOLAB) Studies have now extended these findings to children from the general school population.

'Technical advances in recent years have enabled the measurement of individual Omega-3 and other fatty acids from fingerstick blood samples. 'These new techniques have been revolutionary -- because in the past, blood samples from a vein were needed for assessing fatty acids, and that has seriously restricted research into the blood Omega-3 status of healthy UK children until now,' said Dr Richardson.

The authors believe these findings may be relevant to the general UK population, as the spread of scores in this sample was within the normal population range for both reading and behaviour. However, they caution that these findings may not apply to more ethnically diverse populations as some genetic differences can affect how Omega-3 fatty acids are metabolised. Most of the children participating in this study were white British.

Journal Reference:
Alexandra J. Richardson, Jennifer R. Burton, Richard P. Sewell, Thees F. Spreckelsen, Paul Montgomery.Docosahexaenoic Acid for Reading, Cognition and Behavior in Children Aged 7–9 Years: A Randomized, Controlled Trial (The DOLAB Study). PLoS ONE, 2012; 7 (9): e43909 DOI: 10.1371/journal.pone.0043909

Link:

Diet During Pregnancy and Early Life May Affect Children's Behavior and Intelligence

Sep. 13, 2013 — The statement "you are what you eat" is significant for the development of optimum mental performance in children as evidence is accumulating to show that nutrition pre-birth and in early life "programmes" long term health, well being, brain development and mental performance and that certain nutrients are important to this process.

Researchers from the NUTRIMENTHE project have addressed this in a five-year study involving hundreds of European families with young children. Researchers looked at the effect of, B-vitamins, folic acid, breast milk versus formula milk, iron, iodine and omega-3 fatty acids, on the cognitive, emotional and behavioural development of children from before birth to age nine.

The study has found that folic acid, which is recommended in some European countries, to be taken by women during the first three months of pregnancy, can reduce the likelihood of behavioural problems during early childhood. Eating oily fish is also very beneficial, not only for the omega-3 fatty acids they which are 'building blocks' for brain cells, but also for the iodine content which has a positive effect on reading ability in children when measured at age nine.

A long-term study was needed as explained by Professor Cristina Campoy, who led the project "Short term studies seem unable to detect the real influence of nutrition in early life," explained Prof Cristina Campoy, "NUTRIMENTHE was designed to be a long-term study, as the brain takes a long time to mature, and early deficiencies may have far-reaching effects. So, early nutrition is most important."

Many other factors can affect mental performance in children including; the parent's educational level, socio-economic status of the parents, age of the parents and, as discovered by NUTRIMENTHE, the genetic background of the mother and child. This can influence how certain nutrients are processed and transferred during pregnancy and breastfeeding and in turn, affect mental performance.

In giving advice to parents, Cristina Campoy explained, "it is important to try to have good nutrition during pregnancy and in the early life of the child and to include breastfeeding if possible, as such 'good nutrition' can have a positive effect on mental performance later in childhood." She went on to explain, "however, in the case of genetics, future studies should include research on genetic variation in mothers and children so that the optimum advice can be given. This area is relatively new and will be challenging!"

The knowledge obtained by NUTRIMENTHE will contribute to the science base for dietary recommendations for pregnant women and children for improving mental performance.

The work and results of NUTRIMENTHE will be presented and discussed at the NUTRIMENTHE International Conference taking place at the Granada Conference and Exhibition Centre on the 13th and 14th of September.

Link:

Diets Low in Polyunsaturated Fatty Acids May Be a Problem for Youngsters

Sep. 13, 2013 — In the first study to closely examine the polyunsaturated fatty acid (PUFA) intake among U.S. children under the age of 5, Sarah Keim, PhD, principal investigator in the Center for Biobehavioral Health at The Research Institute at Nationwide Children's Hospital, has found what might be a troubling deficit in the diet of many youngsters. The study, published online today by Maternal and Child Nutrition, used data on nearly 2500 children age 12 to 60 months from the U.S. National Health and Nutrition Examination Survey.

PUFAs are essential to human health. A proper ratio of omega-6 to omega-3 PUFAs plays an important role in cell function, inflammation, eye development and neural functioning. However, the ideal dietary intake of PUFAs for young children is unclear. Knowing that infants often receive significant amounts of key PUFAs through breast milk and infant formula during the first year of life, Dr. Keim and her colleague, Amy Branum, PhD, MSPH, of the Centers for Disease Control and Prevention, decided to estimate the average intake of PUFAs in the diet for children between infancy and kindergarten.

"The ratio of omega-6 to omega-3 intake was high -- about 10. Some experts use this as an indicator of diet quality, with a high ratio being less healthy," says Dr. Keim. "In addition, intake of a key fatty acid known as DHA in children 12 to 60 months of age was low -- lower than what infants generally consume -- and it did not increase with age."

Dr. Keim's study was also the first to examine the primary dietary sources of PUFA intake among children under the age of 5 and to examine age, race and ethnicity in relation to fish intake in this age group. Fish are an excellent source of fatty acids, such as DHA and EPA, and were shown to be the richest sources of PUFAs in children's diets.

"Only about 54 percent of children ate fish at least once in the previous month. Non-Hispanic black children were more likely than non-Hispanic white children to have eaten fish," says Dr. Keim. "Because diet can be an important contributor to many diseases, it's important to understand how such disparities might contribute to disease risk."

The swift physical and neurological development during this period of childhood may mean that variations in PUFA intake could have important implications for growth, she adds.

"This work could help inform dietary recommendations for children, and may be particularly important for the preterm population," Dr. Keim says. "We are currently carrying out a clinical trial to see if DHA supplementation when children are 1 year of age can help cognitive development in those born preterm."

At present, there is no official dietary recommendation in the U.S. for DHA and EPA intake or supplementation among children, although the Institute of Medicine has issued what they call a "reasonable intake" level of two 3-oz servings of fish per week for children. "According to our research, however, children are clearly not consuming this much fish," says Dr. Keim. In addition, the researchers found that overall intake of key fatty acids, such as DHA and EPA, among U.S. children is only a fraction of what is regularly consumed by young children in certain other countries, including Canada. Other studies suggest that similarly low intakes exist in kids age 5 and older. By incorporating key omega-3 PUFAs into a child's diet at a very early age, Dr. Keim says, it may be more likely to become part of a lifelong diet.

Dr. Keim hopes her work will contribute to a more detailed understanding of the diets of young children in the U.S. and will motivate health professionals to start considering the specific nutritional needs of children for healthy growth and development. "We'd like to continue our work examining dietary patterns in very young children, since they are often excluded from dietary studies," she says.

Ideally, Dr. Keim says she would like to see families expose their children to a variety of fresh foods as soon as they are old enough to eat solids. "Dietary habits can form very early, so starting with a balanced diet may have long-lasting effects for children's health." According to Dr. Keim, this balanced diet should include fish and other good sources of healthy fatty acids.

Journal Reference:
Sarah A. Keim, Amy M. Branum. Dietary intake of polyunsaturated fatty acids and fish among US children 12-60 months of age. Maternal & Child Nutrition, 2013; DOI:10.1111/mcn.12077

Link:

Can Drinking Orange Juice Aid in Cancer Prevention?

Sep. 13, 2013 — In a forthcoming review article from Nutrition and Cancer: An International Journal, a publication of Routledge, researchers review available evidence that links orange juice with cancer chemoprevention. The review article, "Orange Juice and Cancer Chemoprevention" discusses the putative mechanisms involved in the process, the potential toxicity of orange juice, and the available data in terms of evidence-based medicine.

Orange juice has many potential positive effects when it comes to cancer, particularly because it is high in antioxidants from flavonoids such as hesperitin and naringinin. Evidence from previous in vitro studies has indicated that orange juice can reduce the risk of leukemia in children, as well as aid in chemoprevention against mammary, hepatic, and colon cancers. Biological effects of orange juice in vitro are largely influenced by the juice's composition, which is dependent on physiological conditions of the oranges such as climate, soil, fruit maturation, and storage methods post-harvest.

The researchers acknowledge potential toxicity from orange juice if consumed in excess amounts -- especially for children, hypertensive, kidney-compromised, and diabetics. Excessive drinking of orange juice for individuals from these groups has the potential to create noxious effects, hyperkalemia, and has been associated with both food allergies and bacterial outbreaks in cases where the juice was unpasteurized. "Excessive intake of any food, even for the healthiest, can lead to oxidative status imbalance," wrote the researchers.

Further research is highly recommended to determine the biological connection between orange juice and cancer chemoprevention. Issues such as the type of cultivar and the amount consumed will also need clarification.

Overall, the review article summarizes several biological effects of orange juice that can contribute to chemoprevention, including antioxidant, antimutagenic and antigenotoxic, cytoprotective, hormonal, and cell signaling modulating effects. Orange juice has antimicrobial and antiviral action and modulates the absorption of xenobiotics. "OJ could contribute to chemoprevention at every stage of cancer initiation and progression," the researchers explained. "Among the most relevant biological effects of OJ is the juice's antigenotoxic and antimutagenic potential, which was shown in cells in culture and in rodents and humans."

Journal Reference:
Silvia Isabel Rech Franke, Temenouga Nikolova Guecheva, João Antonio Pêgas Henriques, Daniel Prá. Orange Juice and Cancer Chemoprevention. Nutrition and Cancer, 2013; : 130806112113004 DOI: 10.1080/01635581.2013.817594

Link:

Geleia de uvaia

Receita extraída de:

Descrição do processo

Seleção da matéria-prima

As uvaias devem ser selecionadas de acordo com o ponto de maturação ótimo, cuja cor da pele apresenta-se de amarelo a amarelo-alaranjado, sendo classificadas para retirada de frutas, as que não apresentam condições de consumo (podres, mofadas etc.).

Lavagem e higienização das frutas

As uvaias são lavadas com água corrente para a remoção de folhas e sujidades. Posteriormente são imersas em solução de hipoclorito de sódio a 10 ppm permanecendo por 10-15 minutos, quando são retiradas e lavadas em água potável para a retirada do excesso de solução de cloro. Deixar as frutas escorrer para a retirada do excesso de água.

Preparo da fruta 

Devem ser retiradas as sementes das uvaias manualmente, pois se estas se quebrarem podem transferir sabor desagradável à polpa. Após esta retirada, passar as frutas sem sementes na despolpadeira ou triturá-las em liquidificador. Pesar a polpa obtida.

Formulação da geleia

A elaboração da geleia não pode seguir o fluxo normal de formulação (KROLOW, 2005), pois esta fruta é muito pobre em pectina. Ao realizar o teste de álcool para avaliar o teor de pectina, este componente é praticamente inexistente, o que dificulta a elaboração de doces do tipo geleia. Para conseguir o melhor resultado, ou seja, uma geleia com gel firme e macio, cor e sabor próximos ao da fruta in natura, foi calculada a quantidade de pectina a ser adicionada com base no açúcar, acrescentado também uma quantidade de pectina sobre a fruta.

Para esta geleia foram usados:

1 parte de polpa de uvaia
1 parte de açúcar cristal

A quantidade de pectina a ser adicionada foi calculada da seguinte forma: a quantidade de açúcar em gramas dividida por 150 (grau SAG da pectina, ou seja, quantidade de pectina suficiente para geleificar 1 g de açúcar) mais 1% de pectina sobre a quantidade de polpa de uvaia 

Exemplo:

1000 g de uvaia x 1% = 10,0 g de pectina
1000 g de açúcar cristal/150ºSAG = 6,7 g de pectina

Preparo

Colocar a polpa de uvaia em tacho aberto, acrescentar 80% do açúcar e iniciar o aquecimento até aproximadamente 65-70ºC. Ao atingir esta temperatura, acrescentar a pectina que deverá estar previamente misturada com os 20% de açúcar restantes. Homogeneizar bem e continuar mexendo até atingir o ponto, o que deverá ocorrer quando alcançar a concentração em torno de 68-70ºBrix. Desligar a fonte de calor e proceder o envase.

Embalagem

Ao atingir a concentração desejada, a geleia deverá ser envasada em temperatura em torno de 85-90ºC em embalagens de vidro previamente lavadas e secas.

Imediatamente após o envase, tampa-se os potes com as tampas metálicas, procedendo-se imediato tratamento térmico ou inversão dos potes por 5-7 minutos para aquecimento do vedante interno das tampas e vedação dos potes, evitando entrada de ar e microrganismos.

Conclusão

Considerando os resultados obtidos nos testes físicoquímicos, pode-se concluir que a geleia de uvaia, executada nestas condições, apresenta excelente cor, sabor e aroma, podendo ser usado em pães, recheios de tortas, bombons, acompanhamento de pratos salgados, etc. com a introdução de um alimento diferenciado a partir de uma fruta da biodiversidade brasileira.

Darcy Ribeiro dá nome a alcaloide

Substância extraída da planta Rauvolfia grandiflora foi isolada por pesquisadores da UENF e batizada de ‘darcyribeirina’

Imortalizado no nome da UENF e, mais recentemente, em uma estátua colocada no foyer do Centro de Convenções, o mestre Darcy Ribeiro também será lembrado para sempre no reino vegetal. Seu nome foi escolhido para denominar um alcaloide da planta Rauvolfia grandiflora, da família Apocynaceae. Isolada em 2001, a substância foi batizada de “darcyribeirina” pelos pesquisadores do Laboratório de Ciências Químicas (LCQUI) do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) da UENF, responsáveis pelo estudo.

O trabalho foi publicado em 2002 na revista científica internacional Tetrahedron Letters, sob o título “Darcyribeirine, a novel pentacyclic indole alkaloid from Rauvolfia grandiflora Mart”. A substância foi isolada durante as atividades de pesquisa da então mestranda em Produção Vegetal da UENF Náuvia Maria Cancelieri, com a orientação do professor Ivo José Curcino Vieira e coorientação do professor Raimundo Braz Filho.

Nativa da Mata Atlântica, a planta Rauvolfia grandiflora é abundante nas regiões Norte e Noroeste Fluminense e também no Espírito Santo. A coleta da espécie foi feita em uma fazenda no município de Bom Jesus do Itabapoana, com o objetivo de analisar a composição química das cascas de suas raízes. Segundo Curcino, trata-se de um tipo de planta invasora que pode ser uma das responsáveis pela mortalidade dos animais, já que os alcaloides são bastante tóxicos quando consumidos por bovinos.
Ivo Curcino

— Para o gado não comer, os fazendeiros costumam podar a planta por cima, mas as raízes possuem um tronco bem grande. Então a gente coletou as cascas desses troncos para fazer a análise de sua composição química — diz. 

No entanto, os alcaloides são substâncias que apresentam em seu esqueleto um ou mais átomos de nitrogênio. Portanto, a produção dessa substância na Rauvolfia é considerada importante, uma vez que ela possui grande variedade de atividade biológica, agindo no tratamento de diversos problemas, como arritmias cardíacas, tumores, febre, depressão, entre outros. 

A pesquisa resultou no isolamento de oito alcaloides: isoreserpilina, darcyribeirina, darcyribeirina B, 11-demetoxidarcyribeirina, 10-demetoxidarcyribeirina, N-óxido-isoreserpilina, N-óxido-7-hidroxiindolina-isoreserpilina e isoreserpina. Segundo o professor, dentre os oito alcaloides, seis são inéditos na espécie, inclusive a darcyribeirina, o que torna a pesquisa pioneira. Apesar de a planta já ter sido analisada no Recife, ainda não havia estudos com essa classe de substâncias.

— Até então ninguém tinha pesquisado os alcaloides dessa espécie, especialmente o novo alcaloide darcyribeirina, pois era uma substância natural desconhecida. Essa dissertação foi inédita, criando o cenário para outras atividades de pesquisa com a classe dos alcaloides, envolvendo o grupo de pesquisadores de produtos naturais da UENF — disse Curcino, lembrando que o trabalho estimulou outro estudo com uma substância diferente, publicado em outra revista. Graças às pesquisas, o grupo se tornou referência para trabalhar com essa classe substâncias. 

O professor observa que, após esta pesquisa com os alcaloides, surgiram parcerias entre a UENF e outras universidades, como a UFF e UFRJ. Estas parcerias resultaram em trabalhos de prevenção contra a enzima da inibição do mal de Alzheimer, atividades biológicas anticancerígenas e antileucêmicas. 
Raimundo Braz

Atividades medicinais deverão ser investigadas

De acordo com o professor Raimundo Braz Filho, o Brasil possui de 40 a 200 mil espécies vegetais — o que representa um terço das espécies de plantas existentes no planeta — e cerca de 10 mil delas são medicinais. Portanto, é possível realizar mais pesquisas com diversas substâncias para tratamento e preservação da saúde humana. Braz ressalta que o alcaloide darcyribeirina poderá ser investigado para avaliação de atividades medicinais. 

Para a autora da dissertação, Náuvia Maria Cancelieri, o estudo foi muito gratificante e as constatações despertaram mais empenho na pesquisa. 

— Estes fatos, aliados à grande importância farmacológica dos alcaloides isolados de espécies do gênero Rauvolfia, fizeram com que o estudo fitoquímico de Rauvolfia grandiflora fosse bastante excitante — conclui a pesquisadora.

Thaís Peixoto
Fúlvia D'Alessandri 

Data: 13.09.2013

Link:

A universidade e a formação cidadã. Um divórcio. Entrevista com Franklin Leopoldo e Silva

“A universidade enfrenta dificuldade porque se vive numa época em que tudo o que é ética e politicamente necessário é considerado irrelevante”, constata o filósofo.
Foto: http://migre.me/fWqJy

Confira a entrevista.

“A universidade praticamente já perdeu seu caráter de instituição política graças ao avanço da mentalidade mercantil e pragmática que dispensa a formação ético-política e privilegia a informação e o treinamento para o mercado”, pontua Franklin Leopoldo e Silva (foto abaixo) em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail.

Segundo ele, isso acontece porque a universidade deixou de “se relacionar” com a sociedade e passou a “se subordinar a ela”, renunciando “à sua lógica interna e à sua natureza específica, assimilando de fora parâmetros que venham a inseri-la no modelo hegemônico de sociedade, que, na época atual, é o mercado”.

E acrescenta: “Esta recusa de si mesma a desfigura e a torna uma unidade produtiva na funcionalidade do mercado, sem qualquer referência ética e política que definiria seu perfil institucional”.

Na avaliação do filósofo, a universidade deveria “formar o indivíduo para que ele corresponda essencialmente à humanidade que o distingue”. Entretanto, pondera, a instituição caminha no “sentido de divorciar o treinamento profissional da formação do cidadão, o que pode produzir competências específicas e ao mesmo tempo prejudicar a cidadania, ou simplificá-la, adaptando-a às relações exclusivamente mercadológicas”. Por conta desse cenário, “as ciências humanas sofrem, evidentemente, uma pressão no sentido de se conformar a tais parâmetros, o que significa o esvaziamento de sua significação. A ‘sustentabilidade’ das áreas de ciências humanas fica assim dependendo daquelas que realmente importam: científicas e tecnológicas, criando modelos e referências que, se implantados, deformam o perfil das ciências humanas”.

O tema desta entrevista será abordado pelo professor Franklin Leopoldo e Silva na palestra intitulada “Da universidade logicamente necessária à universidade ética e politicamente necessária”, no dia 05-09-2013, às 17h30, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.

Às 19h30, o professor ministrará a palestra intitulada “Heidegger e a questão da essência da técnica”, parte do II Seminário preparatório para o XIV Simpósio Internacional IHU: Revoluções tecnocientíficas, culturas, indivíduos e sociedades. A modelagem da vida, do conhecimento e dos processos produtivos na tecnociência contemporânea.

Franklin Leopoldo e Silva é graduado, mestre e doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo – USP, onde leciona atualmente.
Foto: http://migre.me/fWqNO

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O senhor afirmou recentemente que a universidade vem perdendo seu caráter de instituição social produtora da diferença, do autêntico progresso e do avanço político. Pode descrever as evidências e os efeitos desse processo?

Franklin Leopoldo e Silva - A universidade praticamente já perdeu seu caráter de instituição política graças ao avanço da mentalidade mercantil e pragmática que dispensa a formação ético-política e privilegia a informação e o treinamento para o mercado.

O mercado não é uma representação autêntica da sociedade, mas se relaciona com ela apenas pelo viés da organização econômica.

Como, no entanto, prevalece a ideia de que a vida gira em torno do mercado, a sociedade e o social se reduzem à funcionalidade, e a universidade se insere neste contexto, que evidentemente não favorece a diferença ou a singularidade, mas a massificação dos indivíduos que, embora isolados, ainda assim formam uma totalidade homogênea. Neste sentido a sociedade é formal, porque não há relações reais entre sujeitos sociais e políticos pautada pela ética, que se transformou numa técnica de comportamento calcada na eficiência.

Neste sentido, os indivíduos passaram de sujeitos a administradores da própria imagem, numa espécie de gerenciamento da vida. Tal situação favorece o conformismo e a perspectiva conservadora, não por opção política consciente, mas pela falta de opção política, efeito da ausência de uma vida política e de um espaço público. A universidade reproduz, na sua organização, este estado da sociedade.

IHU On-Line – Qual o papel da universidade na sociedade moderna? Como lidar com o dilema de formar profissionais com um viés tecnocientífico e ao mesmo tempo sustentar os cursos das áreas de ciências humanas?

Franklin Leopoldo e Silva - O papel da universidade seria formar o indivíduo para que ele corresponda essencialmente à humanidade que o distingue. Esta formação, de caráter integral, se desdobra nas várias possibilidades que a universidade contempla em seus cursos. A ciência e a tecnologia dizem respeito às informações que o indivíduo deve obter para o exercício adequado de uma profissão. Mas o profissional precisa ser formado como indivíduo e cidadão, pois ele exerce seu trabalho num contexto social onde é responsável por si e pelos outros.

Caminhamos no sentido de divorciar o treinamento profissional da formação do cidadão, o que pode produzir competências específicas e ao mesmo tempo prejudicar a cidadania, ou simplificá-la, adaptando-a às relações exclusivamente mercadológicas. Sendo este o caráter geral do perfil atual da universidade, as ciências humanas sofrem evidentemente uma pressão no sentido de se conformar a tais parâmetros, o que significa o esvaziamento de sua significação.

A “sustentabilidade” das áreas de ciências humanas fica assim dependendo daquelas que realmente importam: científicas e tecnológicas, criando modelos e referências que, se implantados, deformam o perfil das ciências humanas. Esta oposição é o grande sinal de que a universidade já não consegue mais desempenhar o papel que lhe estaria destinado.

IHU On-Line – Qual a diferença entre a universidade ética e politicamente necessária e a universidade logicamente necessária? Por que há dificuldades em ser uma universidade ética e politicamente necessária?

Franklin Leopoldo e Silva - Toda instituição possui uma lógica interna que diz respeito não apenas ao seu funcionamento, mas principalmente à sua razão de ser e à definição de sua natureza. Nisto consiste, por exemplo, a assim chamada autonomia da universidade. Quando a instituição deixa de se relacionar com a sociedade e passa a se subordinar a ela, renuncia, por isto mesmo, à sua lógica interna e à sua natureza específica, assimilando de fora parâmetros que venham a inseri-la no modelo hegemônico de sociedade, que, na época atual, é o mercado. A lógica da universidade passa a ser a do mercado, e isto aparece como necessário para sua inserção em termos de eficácia. Esta recusa de si mesma a desfigura e a torna uma unidade produtiva na funcionalidade do mercado, sem qualquer referência ética e política que definiria seu perfil institucional. O apelo da produtividade e do consumismo passa então a funcionar como critérios da universidade, como de resto já são os critérios da sociedade em geral.

Ética e política se fazem ausentes da formação, o que significa a ausência de formação. Mas como isto representa uma adaptação ao status quo, a deformação aparece como uma necessidade natural, e se torna cada vez mais difícil resistir a ela. A universidade enfrenta esta dificuldade porque se vive numa época em que tudo o que é ética e politicamente necessário é considerado irrelevante.

IHU On-Line – Como garantir a autonomia das universidades?

Franklin Leopoldo e Silva - A autonomia das universidades é formal, e isto já ocorre há bastante tempo. A comunidade universitária introjetou a dependência de instâncias externas, notadamente as agências federais e estaduais de fomento, mas também as indústrias que têm interesse em pesquisas, como as farmacêuticas, por exemplo, e esta interferência do setor produtivo é um modo de controlar a universidade e organizar as prioridades por via do aporte de verbas vinculadas. É impossível reverter esta situação porque se trata de procedimentos já integrados ao sistema. Não há como garantir uma autonomia real, pelo menos dentro da atual estrutura. Quanto a mudanças que eventualmente poderiam ser feitas na estrutura de poder de modo a distribuir melhor as responsabilidades de decisão, apesar de desejável, não é certo que isto viria a modificar substancialmente a situação.

IHU On-Line – Que espaço e relevância as universidades brasileiras têm dado para as áreas humanas nos últimos anos?

Franklin Leopoldo e Silva - Nas universidades tradicionais, as humanidades sobrevivem por inércia e, principalmente, pela adoção de paradigmas alheios (ciências exatas e naturais) que satisfazem as exigências das instâncias avaliadoras. As empresas que decididamente optaram pela venda da educação se beneficiam do prestígio do diploma universitário que induz as pessoas a se conformarem com simulacros de cursos que não oferecem qualquer formação e, muitas vezes, nem mesmo informação. Excetuam-se algumas instituições que, por vocação, insistem na importância das humanidades, e um certo número de pessoas que ainda creem nos valores humanos.

IHU On-Line – Quais são os interesses hegemônicos impostos às universidades? 

Franklin Leopoldo e Silva - O interesse principal é de ordem ideológica. Não convém aos poderes constituídos que os indivíduos recebam formação crítica que os levem a contestar os elementos fundamentais da situação vigente, correspondentes aos interesses da classe dominante e dos quais os governos cuidam com muito zelo. O que se desdobra a partir daí é a negligência com que a educação é tratada e que, no caso da educação superior, pode se travestir do oportunismo que tem como finalidade satisfazer ilusoriamente segmentos da população por via de uma pseudo-inclusão. O que se precisa é de indivíduos conformados, controlados e bem treinados, e não de cidadãos bem formados. Por isso a pessoa aprende, desde o ensino fundamental até a universidade, a cultivar contravalores: individualismo, narcisismo, egoísmo, a fim de se tornar um eficaz administrador de si e de seus bens, inclusive culturais.

IHU On-Line – Por causa da crise econômica de 2008, o governo estadunidense reduziu 13% do orçamento das verbas federais às artes e ciências humanas, enquanto a redução no orçamento das ciências exatas foi menor. Como vê esta política? Quais as consequências desse processo?

Franklin Leopoldo e Silva - Nada há de inesperado ou de surpreendente nesta medida, tendo em vista as prioridades que de fato orientam o governo norte-americano. Também é preciso dizer que o privilégio das ciências exatas, naturais e da tecnologia não se deve a qualquer interesse científico, mas à necessidade de manter e alimentar estudos e pesquisas direta ou indiretamente ligados às áreas militares e que sejam valorizados pela indústria bélica, cliente e fornecedor em grande escala e mola mestra do progresso técnico. As consequências deste processo são aquelas que já nos acostumamos a notar: um país que se dedica a impor pela força seus interesses não pode ver com bons olhos a formação humanística.

IHU On-Line – É possível comparar os recursos que o Estado brasileiro destina às áreas humanas e às áreas exatas? Como avalia o investimento financeiro do Estado nas universidades do país? 

Franklin Leopoldo e Silva - O investimento em educação, aí compreendidos ensino e pesquisa nas universidades, é pequeno em todas as áreas. Naturalmente, certas áreas consideradas de interesse estratégico são mais bem servidas no que se refere à pesquisa e, neste sentido, as humanas levam a costumeira desvantagem. Até porque nelas ainda não se criou o hábito de desvincular completamente ensino e pesquisa. Mas, do ponto de vista global, o investimento é bem abaixo do que seria necessário para suprir as necessidades e aprimorar as atividades universitárias de modo geral.

(Por Patricia Fachin)

(Ecodebate, 13/09/2013) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

Link:

Brasil tem 2 empresas na lista das 50 maiores emissoras de gases de efeito estufa do mundo

O Brasil tem duas empresas na lista das maiores poluidoras do mundo: a Petrobrás e a Vale, líder na produção de minério de ferro (foto), destaca o documento da Carbon Disclosure Project (CDP), organização independente especializada no reporte climático das empresas. Juntas, as 50 maiores poluidoras entre as 500 maiores companhias do mundo cotadas na bolsa emitiram 2,54 bilhões de toneladas métricas desde 2009, aumento de 1,75%

Cinquenta das 500 maiores companhias do mundo cotadas na bolsa são responsáveis por liberar na atmosfera quase 75% das emissões de gases de efeito estufa do planeta, mostra relatório divulgado nesta quinta-feira (12). Matéria no UOL.

O Brasil tem duas empresas na lista das maiores poluidoras: a Petrobrás, no setor de energia, e a Vale, no setor de materiais, destaca o documento da Carbon Disclosure Project (CDP), uma organização independente especializada no reporte climático das empresas.

Juntas, o grupo das 500 empresas liberaram 3,6 bilhões de toneladas métricas de CO2 nos últimos quatro anos, uma queda de 14% nas emissões desde o último relatório.

Por outro lado, as 50 maiores poluidoras desse grupo – que operam, principalmente, nos setores de energia, de petróleo, de cimento, de metalurgia, e de mineração – emitiram 2,54 bilhões de toneladas métricas desde 2009. Só esse aumento de 1,7%, sem contar as emissões indiretas, corresponde a poluição de mais de 8,5 milhões de caminhões nas ruas.

“Os maiores emissores, que geram o maior impacto em termos de emissões mundiais e, portanto, representam a maior possibilidade de mudança em grande escala, devem fazer mais para reduzir suas emissões”, considera o organismo, que elabora seus dados para investidores.

O CDP não fornece a classificação dos 50 principais emissores, mas publica os nomes e os países: 16 destas empresas são norte-americanas, seis são do Reino Unido e cinco vêm do Canadá, da França e da Alemanha.

Com dois representantes, estão Espanha, Japão e Suíça, além do Brasil, e aparecem com uma companhia na relação Austrália, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega, África do Sul e Coreia do Sul.

EcoDebate, 13/09/2013

Link:

Seca no semiárido deve se agravar nos próximos anos por causa das mudanças climáticas globais

Os problemas de seca prolongada registrados atualmente no semiárido brasileiro devem se agravar ainda mais nos próximos anos por causa das mudanças climáticas globais. Por isso, é preciso executar ações urgentes de adaptação e mitigação desses impactos e repensar os tipos de atividades econômicas que podem ser desenvolvidas na região.

A avaliação foi feita por pesquisadores que participaram das discussões sobre desenvolvimento regional e desastres naturais realizadas no dia 10 de setembro durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima).

Organizado pela FAPESP e promovido em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa e Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), o evento ocorre até a próxima sexta-feira (13/09), no Espaço Apas, em São Paulo.

De acordo com dados do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), só nos últimos dois anos foram registrados 1.466 alertas de municípios no semiárido que entraram em estado de emergência ou de calamidade pública em razão de seca e estiagem – os desastres naturais mais recorrentes no Brasil, segundo o órgão.

O Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) – cujo sumário executivo foi divulgado no dia de abertura da Conclima – estima que esses eventos extremos aumentem principalmente nos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga e que as mudanças devem se acentuar a partir da metade e até o fim do século 21. Dessa forma, o semiárido sofrerá ainda mais no futuro com o problema da escassez de água que enfrenta hoje, alertaram os pesquisadores.

“Se hoje já vemos que a situação é grave, os modelos de cenários futuros das mudanças climáticas no Brasil indicam que o problema será ainda pior. Por isso, todas as ações de adaptação e mitigação pensadas para ser desenvolvidas ao longo dos próximos anos, na verdade, têm de ser realizadas agora”, disse Marcos Airton de Sousa Freitas, especialista em recursos hídricos e técnico da Agência Nacional de Águas (ANA).

Segundo o pesquisador, o semiárido – que abrange Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Piauí e o norte de Minas Gerais – vive hoje o segundo ano do período de seca, iniciado em 2011, que pode se prolongar por um tempo indefinido.

Um estudo realizado pelo órgão, com base em dados de vazão de bacias hidrológicas da região, apontou que a duração média dos períodos de seca no semiárido é de 4,5 anos. Estados como o Ceará, no entanto, já enfrentaram secas com duração de quase nove anos, seguidos por longos períodos nos quais choveu abaixo da média estimada.

De acordo com Freitas, a capacidade média dos principais reservatórios da região – com volume acima de 10 milhões de metros cúbicos de água e capacidade de abastecer os principais municípios por até três anos – está atualmente na faixa de 40%. E a tendência até o fim deste ano é de esvaziarem cada vez mais.

“Caso não haja um aporte considerável de água nesses grandes reservatórios em 2013, poderemos ter uma transição do problema de seca que se observa hoje no semiárido, mais rural, para uma seca ‘urbana’ – que atingiria a população de cidades abastecidas por meio de adutoras desses sistemas de reservatórios”, alertou Freitas.

Ações de adaptação

Uma das ações de adaptação que começou a ser implementada no semiárido nos últimos anos e que, de acordo com os pesquisadores, contribuiu para diminuir sensivelmente a vulnerabilidade do acesso à água, principalmente da população rural difusa, foi o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC).

Lançado em 2003 pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) – rede formada por mais de mil organizações não governamentais (ONGs) que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida –, o programa visa implementar um sistema nas comunidades rurais da região por meio do qual a água das chuvas é capturada por calhas, instaladas nos telhados das casas, e armazenada em cisternas cobertas e semienterradas. As cisternas são construídas com placas de cimento pré-moldadas, feitas pela própria comunidade, e têm capacidade de armazenar até 16 mil litros de água.

O programa tem contribuído para o aproveitamento da água da chuva em locais onde chove até 600 milímetros por ano – comparável ao volume das chuvas na Europa – que evaporam e são perdidos rapidamente sem um mecanismo que os represe, avaliaram os pesquisadores.

“Mesmo com a seca extrema na região nos últimos dois anos, observamos que a água para o consumo da população rural difusa tem sido garantida pelo programa, que já implantou cerca de 500 mil cisternas e é uma ação política de adaptação a eventos climáticos extremos. Com programas sociais, como o Bolsa Família, o programa Um Milhão de Cisternas tem contribuído para atenuar os impactos negativos causados pelas secas prolongadas na região”, afirmou Saulo Rodrigues Filho, professor da Universidade de Brasília (UnB).

Como a água tende a ser um recurso natural cada vez mais raro no semiárido nos próximos anos, Rodrigues defendeu a necessidade de repensar os tipos de atividades econômicas mais indicadas para a região.

“Talvez a agricultura não seja a atividade mais sustentável para o semiárido e há evidências de que é preciso diversificar as atividades produtivas na região, não dependendo apenas da agricultura familiar, que já enfrenta problemas de perda de mão de obra, uma vez que o aumento dos níveis de educação leva os jovens da região a se deslocar do campo para a cidade”, disse Rodrigues.

“Por meio de políticas de geração de energia mais sustentáveis, como a solar e a eólica, e de fomento a atividades como o artesanato e o turismo, é possível contribuir para aumentar a resiliência dessas populações a secas e estiagens agudas”, afirmou.

Outras medidas necessárias, apontada por Freitas, são de realocação de água entre os setores econômicos que utilizam o recurso e seleção de culturas agrícolas mais resistentes à escassez de água enfrentada na região.

“Há culturas no semiárido, como capim para alimentação de gado, que dependem de irrigação por aspersão. Não faz sentido ter esse tipo de cultura que demanda muito água em uma região que sofrerá muito os impactos das mudanças climáticas”, afirmou Freitas.

Transposição do Rio São Francisco

O pesquisador também defendeu que o projeto de transposição do Rio São Francisco tornou-se muito mais necessário agora – tendo em vista que a escassez de água deverá ser um problema cada vez maior no semiárido nas próximas décadas – e é fundamental para complementar as ações desenvolvidas na região para atenuar o risco de desabastecimento de água.

Alvo de críticas e previsto para ser concluído em 2015, o projeto prevê que as águas do Rio São Francisco cheguem às bacias do Rio Jaguaribe, que abastece o Ceará, e do Rio Piranhas-Açu, que abastece o Rio Grande do Norte e a Paraíba.

De acordo com um estudo realizado pela ANA, com financiamento do Banco Mundial e participação de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, entre outras instituições, a disponibilidade hídrica dessas duas bacias deve diminuir sensivelmente nos próximos anos, contribuindo para agravar ainda mais a deficiência hídrica do semiárido.

“A transposição do Rio Francisco tornou-se muito mais necessária e deveria ser acelerada porque contribuiria para minimizar o problema do déficit de água no semiárido agora, que deve piorar com a previsão de diminuição da disponibilidade hídrica nas bacias do Rio Jaguaribe e do Rio Piranhas-Açu”, disse Freitas à Agência FAPESP.

O Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do PBMC, no entanto, indica que a vazão do Rio São Francisco deve diminuir em até 30% até o fim do século, o que colocaria o projeto de transposição sob ameaça.

Freitas, contudo, ponderou que 70% do volume de água do Rio São Francisco vem de bacias da região Sudeste, para as quais os modelos climáticos preveem aumento da vazão nas próximas décadas. Além disso, de acordo com ele, o volume total previsto para ser transposto para as bacias do Rio Jaguaribe e do Rio Piranhas-Açu corresponde a apenas 2% da vazão média da bacia do Rio São Francisco.

“É uma situação completamente diferente do caso do Sistema Cantareira, por exemplo, no qual praticamente 90% da água dos rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari são transpostas para abastecer a região metropolitana de São Paulo”, comparou.

“Pode-se argumentar sobre a questão de custos da transposição do Rio São Francisco. Mas, em termos de necessidade de uso da água, o projeto reforçará a operação dos sistemas de reservatórios existentes no semiárido”, afirmou.

De acordo com o pesquisador, a água é distribuída de forma desigual no território brasileiro. Enquanto 48% do total do volume de chuvas que cai na Amazônia é escoado pela Bacia Amazônica, segundo Freitas, no semiárido apenas em média 7% do volume de água precipitada na região durante três a quatro meses chegam às bacias do Rio Jaguaribe e do Rio Piranhas-Açu. Além disso, grande parte desse volume de água é perdido pela evaporação. “Por isso, temos necessidade de armazenar essa água restante para os meses nos quais não haverá disponibilidade”, explicou.

As apresentações feitas pelos pesquisadores na conferência, que termina no dia 13, estarão disponíveis em: www.fapesp.br/conclima

Matéria de Elton Alisson, Agência FAPESP, publicada pelo EcoDebate, 13/09/2013

Link:

Agência Nacional de Águas (ANA) oferece curso a distância sobre Lei das Águas

Inscrições, gratuitas, podem ser feitas até o próximo domingo, 15/09.

Por Rafaela Ribeiro, do MMA

Até o próximo domingo (15/09), estarão abertas as inscrições para as 500 vagas do curso a distância Lei das Águas, oferecido gratuitamente pela Agência Nacional de Águas (ANA), que acontecerá de 18 de setembro a 13 de outubro, com 20 horas de carga horária. A capacitação aborda a Política Nacional de Recursos Hídricos e os conceitos básicos relacionados à gestão das águas, assim como identifica formas de atuação responsável para o uso dos recursos hídricos.

Após as inscrições, os alunos selecionados receberão e-mail com os procedimentos necessários para efetivar a participação. Aqueles que tiverem aproveitamento de 60% nas avaliações receberão certificado. As atividades acontecerão no site ead.ana.gov.br.

Os participantes não contam com participação direta de professores ou tutoria. Portanto, a interação se dá entre aluno e computador e o aprendizado ocorre a partir do ritmo e da disponibilidade de tempo de cada um. O curso é composto por três módulos que tratam respectivamente dos seguintes assuntos: Política Nacional de Recursos Hídricos: fundamentos, objetivos e diretrizes; funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh); e instrumentos da política.

DOMÍNIO PÚBLICO

Em 1997 entrou em vigor a Lei nº 9.433, também conhecida com “Lei das Águas”, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Singreh. a lei prevê que a água é um bem de domínio público e um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. Nela também há o conceito de que a gestão dos recursos hídricos deve proporcionar os usos múltiplos da água, de forma descentralizada e participativa, contando com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

A Lei das Águas também prevê que, em situações de escassez, o uso prioritário do recurso é para o consumo humano e para saciar a sede de animais. Outro fundamento é o de que a bacia hidrográfica é a unidade de atuação do Singreh e de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos.

Inscrições: http://ead.ana.gov.br/

EcoDebate, 13/09/2013
Link:

Apesar de tudo, há jovens iniciando-se no vício do fumo, artigo de Paulo Afonso da Mata Machado

Foto: Marcos Santos.

[EcoDebate] Pesquisa do Ministério da Saúde concluiu que houve uma redução de 25% no número de fumantes maiores de 18 anos em Belo Horizonte num período de seis anos. Entretanto, não há muito a comemorar. 12% da população belo-horizontina acima de 18 anos são dependentes de nicotina. 15% dos homens e 10% das mulheres acima de 18 anos são fumantes, sendo o percentual de mulheres acima da média nacional.

Há várias razões para números tão elevados.

Primeiramente, BH tem um nível socioeconômico maior que o da maioria das cidades brasileiras. Conforme conclusão da Associação Médica de Minas Gerais, por sua Comissão de Controle do Tabagismo, Alcoolismo e Uso de Outras Drogas, a redução no consumo de tabaco no país se deve não apenas à divulgação obrigatória de algumas doenças provocadas pelo fumo nos próprios maços de cigarro, mas, principalmente, pelo aumento no preço do cigarro, afetado pela carga tributária. Ressalte-se que o peso da carga tributária sobre o cigarro é ainda muito pequeno se comparado com as despesas do SUS com fumantes e ex-fumantes.

Outra razão para números tão escandalosos se deve à permissão para a existência de fumódromos na capital mineira, algo definitivamente banido tanto em São Paulo como em diversas outras capitais. Há hipermercado em BH que situa seu fumódromo dentro do estacionamento, obrigando seus clientes a não somente respirar monóxido de carbono, mas, também, a respirar fumaça de cigarro.

Levantamento feito pela Organização das Nações Unidas coloca o fumo como o número 1 entre as causas de doenças evitáveis. O cigarro, o cachimbo, o charuto e, mais recentemente, o narguilé, são responsáveis por:

95% dos casos de enfisema pulmonar;

90% dos casos de câncer do pulmão;

85% dos casos de bronquite crônica;

30% de todos os casos de câncer;

25% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC);

25% dos casos de infarto agudo do miocárdio.

Há que se considerar ainda, outros fenômenos que não têm sido quantificados. É o caso da sensível redução na capacidade física de fumantes; da expressiva redução da sensibilidade tanto olfativa quanto gustativa dos fumantes, o que lhes reduz sobremaneira o prazer à mesa; à expressiva incidência de câncer de laringe, principalmente em fumantes do sexo feminino; à elevada porcentagem de impotência sexual nos fumantes do sexo masculino; e à sensível redução da libido em dependentes de nicotina de ambos os sexos.

Devido ao alto número de doenças comprovadamente causadas pelo fumo, nos Estados Unidos não são raros os processos exigindo indenização das companhias de cigarro pelos danos causados a ex-fumantes. Admite-se mesmo que, no futuro, ao comprar cigarros, o usuário tenha que declarar estar ciente dos malefícios causados pelo fumo, comprometendo-se a não repassar nenhum dos cigarros a outra pessoa.

No Brasil, no entanto, são poucos os processos movidos contra companhias de cigarro por causa de morte ou de lesão irrecuperável, seja por enfisema seja por câncer de pulmão. Um desses raros processos foi movido por uma senhora que fumou durante 30 anos, tendo adquirido, em consequência, uma doença também não catalogada na relação acima: tromboangeíte obliterante, mais conhecida como doença de Buerger. Essa senhora teve as duas pernas amputadas e, no processo, pedia ressarcimento das despesas médicas e indenização por danos morais.

O juiz singular deferiu o pedido. A companhia de cigarros recorreu e o tribunal acatou o recurso, tendo o relator dito que “o cigarro é um produto de periculosidade inerente e não um produto defeituoso, nos termos do que preceitua o Código de Defesa do Consumidor, pois o defeito a que alude o Diploma consubstancia-se em falha que se desvia da normalidade, capaz de gerar uma frustração no consumidor ao não experimentar a segurança que ordinariamente se espera do produto ou serviço”. Em outras palavras, o relator afirmou ser o cigarro um produto perigoso, mas, segundo ele, fuma quem quer. Com todo o respeito ao desembargador, é preciso lembrar que a nicotina é altamente viciante, o que torna o viciado um consumidor compulsório de cigarro.

Além disso, a demandante afirma ter iniciado a prática do fumo quando tinha dez anos, o que é perfeitamente possível pois, à época, o cigarro era vendido livremente a pessoas de qualquer idade, sendo comum os pais pedirem aos filhos menores para comprar cigarros para eles. Não tinha, portanto, idade para entender os malefícios que o cigarro lhe traria.

Além disso, o cigarro era, a essa época, associado ao glamour e ao sucesso e, por isso, era consumido em larga escala, sem que muitos fumantes tivessem consciência dos riscos que estavam correndo. Quem com mais de 45 anos não se lembra das propagandas de cigarro falando da “Terra de Marlboro”, associando o fumo ao sucesso, representado por cavalos de raça? A essa época, não somente a propaganda era livre e veiculada na mídia televisiva a qualquer horário, como se fumava em ambientes fechados, em restaurantes, em ônibus e, perigosamente, até mesmo no interior de aviões. Isso talvez explique – embora não justifique – o grande percentual de fumantes com mais de 45 anos de idade.

É espantoso, no entanto, que, não obstante o grande volume de informações hoje disponíveis, haja jovens recentemente saídos da adolescência que se iniciam no vício de fumar. Para esses não há, absolutamente, desculpa, pois estão devidamente informados dos enormes malefícios provocados pelo hábito de fumar.

* Paulo Afonso da Mata Machado – Analista do Banco Central do Brasil – Engenheiro Civil e Sanitarista pela UFMG – Mestre em Engenharia do Meio Ambiente pela Rice University.

EcoDebate, 13/09/2013
Link:

Plantio de culturas de subsistência no Semiárido nordestino: um caso a ser repensado, artigo de João Suassuna

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

[EcoDebate] O plantio de milho e feijão, na dependência de chuvas, no Nordeste Semiárido, é uma atividade que não faz parte das nossas propostas de convivência com o clima da região. O clima semiárido é muito irregular, no tocante à caída das precipitações, portanto, inadequado ao cultivo de tais culturas, quando plantadas em regime de sequeio (na dependência única e exclusiva das chuvas). Não assinaria embaixo uma proposta como essa, que viesse a pôr em risco o sustento e a vida do cidadão que reside no Polígono das Secas.

Em recente entrevista na mídia, Manelito Dantas Vilar, proprietário da fazenda Carnaúba, localizada no município de Taperoá (PB), no Semiárido paraibano, fez comentários sobre a loteria existente na caída das chuvas no Cariri do Estado, fazendo referência à semelhança existente com as precipitações de Paris, na França. Segundo ele, em Paris, as precipitações alcançam um volume médio anual de cerca de 600 mm, equivalente ao que é precipitado na região de Taperoá, em igual período. Apenas salientou uma diferença fundamental: as chuvas de Paris ocorrem em 183 dias, de forma bem distribuída no tempo e no espaço. Já as do Cariri paraibano ocorrem em cerca de 42 dias, no máximo, portanto concentradas irregularmente em curto período de tempo. Essa característica é imperiosa de ser observada, pois é, com ela, que advêm todas as impropriedades de se plantar, na região, as culturas de subsistência, que necessitam de umidade suficiente, e em momentos bem específicos do desenvolvimento da planta, para a satisfação de seu ciclo biológico de: germinar, se desenvolver, florir e frutificar. Faltando a umidade necessária, em um dos segmentos do ciclo, haverá certamente a quebra da safra das culturas, com as consequências nefastas à vida do produtor rural, tão bem conhecidas por todos nós nordestinos.

Uma planta de milho ou de feijão leva, em média, cerca de 90 dias para ser colhida. Na região semiárida, a semeadura dessas culturas costuma ocorrer no dia de São José (19 de março), para ser colhida no dia de São João (24 de junho). É a esperança do sertanejo de vir a ter milho verde no período junino, para a confecção das variadas iguarias de milho, tão apreciadas na região. É por essa razão que as chuvas ocorridas no dia de São José, enchem de esperanças o sertanejo, na crença de um ano com chuvas regulares e, portanto, de boas colheitas.

Como produzir grãos numa região com problemas climáticos tão sérios, se podemos produzir, e com competência, a proteína animal em termos de carne e leite e, a partir desses produtos, adquirir os grãos necessários à alimentação, produzidos em outras localidades do país, com condições mais propícias para assim fazê-lo? É uma questão de se adequar uma política agrícola, que efetivamente não temos, a uma realidade regional.

A Embrapa vem trabalhando a genética das plantas de milho e feijão, no sentido de torná-las precoces. Esse trabalho tem chegado a resultados interessantíssimos. Recentemente, a instituição desenvolveu nova variedade de feijão Caupi, com ciclo vegetativo inferior a 60 dias. Com esses resultados, a sua intenção é o de aumentar as chances nos plantios dos cultivares, quando realizados em regime de sequeiro, ou seja, a expensas das chuvas que, normalmente, ocorrem na região.

Respeitando as intenções da Embrapa nesse trabalho, mas a nossa opinião é a de que, mesmo com a utilização de cultivares precoces, os resultados nele obtidos não irão alcançar o sucesso desejado pelos pesquisadores, pelo simples fato de não haver ainda, na ciência, mecanismos de se fazer chover no momento adequado e nas quantidades volumétricas suficientes para a satisfação dos cultivos. Ora, no caso do Cariri paraibano, as chuvas são concentradas em 42 dias do ano. Nesse diminuto intervalo de tempo, torna-se impossível se prever a caída das chuvas, em volumes suficientes e no momento adequado, necessárias ao cumprimento do ciclo biológico dos vegetais, mesmo com as novas características de precocidade adquiridas. No caso do milho, por exemplo, em linguagem sertaneja, faltará sempre a chuva da “boneca” (fase vegetativa na qual a espiga está formada e os grãos estão em processo de desenvolvimento) e no do feijão o problema residirá na fase de desenvolvimento dos grãos.

Na visão de José do Patrocínio Tomaz Albuquerque, um dos maiores hidrogeólogos do Nordeste, os cultivos de subsistência no Semiárido são importantes, desde que haja aportes hídricos para realizá-los. Segundo ele, “ a alternativa correta na produção de alimentos, não é somente uma (sequeiro), mas a correção das irregularidades que o afetam pelo uso dos recursos hídricos acumulados, seja superficialmente, seja subterraneamente. Além, é claro do incremento do xerofitismo. Porém, sem radicalismos. As águas subterrâneas continuam desconhecidas e, por isso, subestimadas em sua importância na correção de tais irregularidades. Principalmente as contidas nos aquíferos aluviais (há, inclusive, aquíferos aluviais intermitentes, como os rios, cujas águas não são aproveitadas e se perdem, também, por evaporação). Só um programa de pesquisas com sondagens poderia revelar onde e como dispor de todas estas águas subterrâneas dos aquíferos aluviais. Isso e tantas outros estudos e ações governamentais é o que falta para encarar, com relativo sucesso, o problema de nosso Semiárido”.

Isso posto, defendemos um novo modelo de exploração agrícola para ser implantado no Semiárido. Esse modelo deve passar, necessariamente, pela exploração racional da capacidade de suporte da região, com a utilização dos elementos biológicossolo, água, plantas xerófilas, e animais adaptados, fugindo, sempre que possível, das culturas de grãos na dependência de chuvas (culturas de sequeiro). A instabilidade climática da região é muito severa, resultando, invariavelmente, em perdas frequentes de safras.

Finalizamos essa breve análise, com uma observação feita por Mônica Silveira, repórter da Globo Nordeste, quando da realização da Série sobre a Seca de 2013, editada no mês de maio, no Recife. Numa hora em que estavam recolhendo, na caatinga, as carcaças dos animais mortos pela seca, a repórter se referia aos laticínios produzidos na fazenda Carnaúba, evidenciando a possibilidade de, mesmo em período de seca severa, se “produzir queijos finos no Semiárido, temperados com plantas nativas da Caatinga, direto da região mais seca do Brasil. Segundo ela, delicadeza e sabor para alcançar paladares de quem nem imagina o que é a luta para enfrentar tanta adversidade”.

Sobre o assunto:

O agrônomo João Suassuna, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, expõe em Brasília novo modelo de exploração agrícola no Semiárido.


SEMI-ÁRIDO: proposta de convivência com a seca (2002)


As armadilhas do clima (2004)


Aprendendo a conviver com o Semi-árido (2007)


João Suassuna é Eng° Agrônomo e pesquisador Titular da Fundação Joaquim Nabuco
EcoDebate, 13/09/2013
Link: