sábado, 28 de setembro de 2013

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Quinto relatório do IPCC mostra intensificação das mudanças climáticas

27/09/2013
Documento divulgado nesta sexta (27/09) afirma que a temperatura do planeta pode subir quase 5 °C durante este século, o que poderá elevar o nível dos oceanos em até 82 centímetros (foto do Oceano Ártico: Nasa)

Por Karina Toledo, de Londres

Agência FAPESP – Caso as emissões de gases do efeito estufa continuem crescendo às atuais taxas ao longo dos próximos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar até 4,8 graus Celsius neste século – o que poderá resultar em uma elevação de até 82 centímetros no nível do mar e causar danos importantes na maior parte das regiões costeiras do globo.

O alerta foi feito pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU), que divulgaram no dia 27 de setembro, em Estocolmo, na Suécia, a primeira parte de seu quinto relatório de avaliação (AR5). Com base na revisão de milhares de pesquisas realizadas nos últimos cinco anos, o documento apresenta as bases científicas da mudança climática global.

De acordo com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e um dos seis brasileiros que participaram da elaboração desse relatório, foram simulados quatro diferentes cenários de concentrações de gases de efeito estufa, possíveis de acontecer até o ano de 2100 – os chamados “Representative Concentration Pathways (RCPs)”.

“Para fazer a previsão do aumento da temperatura são necessários dois ingredientes básicos: um modelo climático e um cenário de emissões. No quarto relatório (divulgado em 2007) também foram simulados quatro cenários, mas se levou em conta apenas a quantidade de gases de efeito estufa emitida. Neste quinto relatório, nós usamos um sistema mais completo, que leva em conta os impactos dessas emissões, ou seja, o quanto haverá de alteração no balanço de radiação do sistema terrestre”, explicou Artaxo, que está em Londres para a FAPESP Week London, onde participou de um painel sobre mudança climática.

O balanço de radiação corresponde à razão entre a quantidade de energia solar que entra e que sai de nosso planeta, indicando o quanto ficou armazenada no sistema terrestre de acordo com as concentrações de gases de efeito estufa, partículas de aerossóis emitidas e outros agentes climáticos.

O cenário mais otimista prevê que o sistema terrestre armazenará 2,6 watts por metro quadrado (W/m2) adicionais. Nesse caso, o aumento da temperatura terrestre poderia variar entre 0,3 °C e 1,7 °C de 2010 até 2100 e o nível do mar poderia subir entre 26 e 55 centímetros ao longo deste século.

“Para que esse cenário acontecesse, seria preciso estabilizar as concentrações de gases do efeito estufa nos próximos 10 anos e atuar para sua remoção da atmosfera. Ainda assim, os modelos indicam um aumento adicional de quase 2 °C na temperatura – além do 0,9 °C que nosso planeta já aqueceu desde o ano 1750”, avaliou Artaxo.

O segundo cenário (RCP4.5) prevê um armazenamento de 4,5 W/m2. Nesse caso, o aumento da temperatura terrestre seria entre 1,1 °C e 2,6 °C e o nível do mar subiria entre 32 e 63 centímetros. No terceiro cenário, de 6,0 W/m2, o aumento da temperatura varia de 1,4 °C até 3,1 °C e o nível do mar subiria entre 33 e 63 centímetros.

Já o pior cenário, no qual as emissões continuam a crescer em ritmo acelerado, prevê um armazenamento adicional de 8,5 W/m2. Em tal situação, segundo o IPCC, a superfície da Terra poderia aquecer entre 2,6 °C e 4,8 °C ao longo deste século, fazendo com que o nível dos oceanos aumente entre 45 e 82 centímetros.

“O nível dos oceanos já subiu em média 20 centímetros entre 1900 e 2012. Se subir outros 60 centímetros, com as marés, o resultado será uma forte erosão nas áreas costeiras de todo o mundo. Rios como o Amazonas, por exemplo, sofrerão forte refluxo de água salgada, o que afeta todo o ecossistema local”, disse Artaxo.

Segundo o relatório AR5 do IPCC, em todos os cenários, é muito provável (90% de probabilidade) que a taxa de elevação dos oceanos durante o século 21 exceda a observada entre 1971 e 2010. A expansão térmica resultante do aumento da temperatura e o derretimento das geleiras seriam as principais causas.

O aquecimento dos oceanos, diz o relatório, continuará ocorrendo durante séculos, mesmo se as emissões de gases-estufa diminuírem ou permanecerem constantes. A região do Ártico é a que vai aquecer mais fortemente, de acordo com o IPCC.

Segundo Artaxo, o aquecimento das águas marinhas tem ainda outras consequências relevantes, que não eram propriamente consideradas nos modelos climáticos anteriores. Conforme o oceano esquenta, ele perde a capacidade de absorver dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Se a emissão atual for mantida, portanto, poderá haver uma aceleração nas concentrações desse gás na atmosfera.

“No relatório anterior, os capítulos dedicados ao papel dos oceanos nas mudanças climáticas careciam de dados experimentais. Mas nos últimos anos houve um enorme avanço na ciência do clima. Neste quinto relatório, por causa de medições feitas por satélites e de observações feitas com redes de boias – como as do Projeto Pirata que a FAPESP financia no Atlântico Sul –, a confiança sobre o impacto dos oceanos no clima melhorou muito”, afirmou Artaxo.

Acidificação dos oceanos

Em todos os cenários previstos no quinto relatório do IPCC, as concentrações de CO2 serão maiores em 2100 em comparação aos níveis atuais, como resultado do aumento cumulativo das emissões ocorrido durante os séculos 20 e 21. Parte do CO2 emitido pela atividade humana continuará a ser absorvida pelos oceanos e, portanto, é “virtualmente certo” (99% de probabilidade) que a acidificação dos mares vai aumentar. No melhor dos cenários – o RCP2,6 –, a queda no pH será entre 0,06 e 0,07. Na pior das hipóteses – o RCP8,5 –, entre 0,30 e 0,32.

“A água do mar é alcalina, com pH em torno de 8,12. Mas quando absorve CO2 ocorre a formação de compostos ácidos. Esses ácidos dissolvem a carcaça de parte dos microrganismos marinhos, que é feita geralmente de carbonato de cálcio. A maioria da biota marinha sofrerá alterações profundas, o que afeta também toda a cadeia alimentar”, afirmou Artaxo.

Ao analisar as mudanças já ocorridas até o momento, os cientistas do IPCC afirmam que as três últimas décadas foram as mais quentes em comparação com todas as anteriores desde 1850. A primeira década do século 21 foi a mais quente de todas. O período entre 1983 e 2012 foi “muito provavelmente” (90% de probabilidade) o mais quente dos últimos 800 anos. Há ainda cerca de 60% de probabilidade de que tenha sido o mais quente dos últimos 1.400 anos.

No entanto, o IPCC reconhece ter havido uma queda na taxa de aquecimento do planeta nos últimos 15 anos – passando de 0,12 °C por década (quando considerado o período entre 1951 e 2012) para 0,05°C (quando considerado apenas o período entre 1998 e 2012).

De acordo com Artaxo, o fenômeno se deve a dois fatores principais: a maior absorção de calor em águas profundas (mais de 700 metros) e a maior frequência de fenômenos La Niña, que alteram a taxa de transferência de calor da atmosfera aos oceanos. “O processo é bem claro e documentado em revistas científicas de prestígio. Ainda assim, o planeta continua aquecendo de forma significativa”, disse.

Há 90% de certeza de que o número de dias e noites frios diminuíram, enquanto os dias e noites quentes aumentaram na escala global. E cerca de 60% de certeza de que as ondas de calor também aumentaram. O relatório diz haver fortes evidências de degelo, principalmente na região do Ártico. Há 90% de certeza de que a taxa de redução da camada de gelo tenha sido entre 3,5% e 4,1% por década entre 1979 e 2012.

As concentrações de CO2 na atmosfera já aumentaram mais de 20% desde 1958, quando medições sistemáticas começaram a ser feitas, e cerca de 40% desde 1750. De acordo com o IPCC, o aumento é resultado da atividade humana, principalmente da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento, havendo uma pequena participação da indústria cimenteira.

Para os cientistas há uma “confiança muito alta” (nove chances em dez) de que as taxas médias de CO2, metano e óxido nitroso do último século sejam as mais altas dos últimos 22 mil anos. Já mudanças na irradiação solar e a atividade vulcânica contribuíram com uma pequena fração da alteração climática. É “extremamente provável” (95% de certeza) de que a influência humana sobre o clima causou mais da metade do aumento da temperatura observado entre 1951 e 2010.

“Os efeitos da mudança climática já estão sendo sentidos, não é algo para o futuro. O aumento de ondas de calor, da frequência de furacões, das inundações e tempestades severas, das variações bruscas entre dias quentes e frios provavelmente está relacionado ao fato de que o sistema climático está sendo alterado”, disse Artaxo.

Impacto persistente

Na avaliação do IPCC, muitos aspectos da mudança climática vão persistir durante muitos séculos mesmo se as emissões de gases-estufa cessarem. É “muito provável” (90% de certeza) que mais de 20% do CO2 emitido permanecerá na atmosfera por mais de mil anos após as emissões cessarem, afirma o relatório.

“O que estamos alterando não é o clima da próxima década ou até o fim deste século. Existem várias publicações com simulações que mostram concentrações altas de CO2 até o ano 3000, pois os processos de remoção do CO2 atmosférico são muito lentos”, contou Artaxo.

Para o professor da USP, os impactos são significativos e fortes, mas não são catastróficos. “É certo que muitas regiões costeiras vão sofrer forte erosão e milhões de pessoas terão de ser removidas de onde vivem hoje. Mas claro que não é o fim do mundo. A questão é: como vamos nos adaptar, quem vai controlar a governabilidade desse sistema global e de onde sairão recursos para que países em desenvolvimento possam construir barreiras de contenção contra as águas do mar, como as que já estão sendo ampliadas na Holanda. Quanto mais cedo isso for planejado, menores serão os impactos socioeconômicos”, avaliou.

Os impactos e as formas de adaptação à nova realidade climática serão o tema da segunda parte do quinto relatório do IPCC, previsto para ser divulgado em janeiro de 2014. O documento contou com a colaboração de sete cientistas brasileiros. Outros 13 brasileiros participaram da elaboração da terceira parte do AR5, que discute formas de mitigar a mudança climática e deve sair em março.

De maneira geral, cresceu o número de cientistas vindos de países em desenvolvimento, particularmente do Brasil, dentro do IPCC. “O Brasil é um dos países líderes em pesquisas sobre mudança climática atualmente. Além disso, o IPCC percebeu que, se o foco ficasse apenas nos países desenvolvidos, informações importantes sobre o que está acontecendo nos trópicos poderiam deixar de ser incluídas. E é onde fica a Amazônia, um ecossistema-chave para o planeta”, disse Artaxo.

No dia 9 de setembro, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) divulgou o sumário executivo de seu primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1). O documento, feito nos mesmos moldes do relatório do IPCC, indica que no Brasil o aumento de temperatura até 2100 será entre 1 °C e 6 °C, em comparação à registrada no fim do século 20. Como consequência, deverá diminuir significativamente a ocorrência de chuvas em grande parte das regiões central, Norte e Nordeste do país. Nas regiões Sul e Sudeste, por outro lado, haverá um aumento do número de precipitações.

“A humanidade nunca enfrentou um problema cuja relevância chegasse perto das mudanças climáticas, que vai afetar absolutamente todos os seres vivos do planeta. Não temos um sistema de governança global para implementar medidas de redução de emissões e verificação. Por isso, vai demorar ainda pelo menos algumas décadas para que o problema comece a ser resolvido”, opinou Artaxo.

Para o pesquisador, a medida mais urgente é a redução das emissões de gases de efeito estufa – compromisso que tem de ser assumido por todas as nações. “A consciência de que todos habitamos o mesmo barco é muito forte hoje, mas ainda não há mecanismos de governabilidade global para fazer esse barco andar na direção certa. Isso terá que ser construído pela nossa geração”, concluiu. 

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Folic Acid Deficiency Can Affect the Health of Great, Great Grandchildren

Sep. 26, 2013 — Folic acid deficiency can cause severe health problems in offspring, including spina bifida, heart defects and placental abnormalities. A study out today reveals that a mutation in a gene necessary for the metabolism of folic acid not only impacts the immediate offspring but can also have detrimental health effects on the next several generations. The new research, which also sheds light on the molecular mechanism of folic acid (also known as folate) during development, was published today in the journal Cell.

"Although our research focused on genetic mutations which disrupts the break down and metabolism of folic acid, we believe that folic acid deficiency in the diet would have a similar multi-generational impact on health," said Dr Erica Watson from the Centre for Trophoblast Research at the University of Cambridge, who led the study.

The detrimental effects of folic acid deficiency on development are quite well known. As a result, many countries, to include Canada and the US, have implemented folate fortification programmes which require folic acid to be added to cereal products. However, until now, very little was known about how folic acid deficiency caused the diverse range of health problems in offspring.

"Fortification programmes have reduced the risk of health effects but not eliminated them completely," said Dr Watson. "Based on our research, we now believe that it may take more than one generation to eliminate the health problems caused by folate deficiency."

The researchers, from the Universities of Cambridge and Calgary, used mice for the study as they metabolize folic acid very similarly to humans and because folic acid deficiency or mutations in the same genes required to break down folic acid in humans result in similar developmental abnormalities and diseases in mice. This enabled the researchers to explore how the molecular mechanism of folic acid deficiency impacted development, thereby causing health problems.

For the study, the scientists used mice in which a gene called Mtrr was specifically mutated. The gene is key to the normal progression of the folic acid cycle and, when mutated, it results in abnormal folic acid metabolism causing similar effects to dietary folic acid deficiency. The researchers found that when either the maternal grandmother or the maternal grandfather had this Mtrr mutation, their genetically normal grandchildren were at risk of a wide spectrum of developmental abnormalities. These developmental abnormalities were also seen in the fourth and fifth generations of mice.

Through another experiment which involved transferring the embryo from the third generation into a normal healthy female mouse, they discovered that these developmental abnormalities were not passed down genetically. Instead, the serious defects were the result of epigenetic changes which had been inherited.

Epigenetics is a system which turns genes on and off. It occurs when chemicals, such as methyl groups, bind to the DNA at specific locations to control which genes are expressed and when they are expressed. (Interestingly, the folic acid cycle is required to make sure that the cell has enough methyl groups for normal gene expression.) Epigenetic inheritance refers to the passing of these epigenetic marks from one generation to the next -- despite the epigenome, for the most part, being 'wiped clean' after each generation.

The researchers hypothesize that, for a yet unknown reason, some of these abnormal epigenetic marks caused by the Mtrr mutation may escape this normal erasure and are inherited by the next generation. If these abnormal epigenetic marks that regulate genes important for development are inherited, then these generations may develop abnormalities as a result of the wrong genes being turned on or off.

"It surprised us to find that the great, great grandchildren of a parent who has had a folic acid deficiency could have health problems as a result -- suggesting that the 'sins of your maternal grandparents' can have an effect on your development and your risk for disease," said Dr Watson.

"More importantly, our research shows that disease in general can be inherited through epigenetic means rather than genetic means, which has huge implications for human health. Environmental factors that influence epigenetic patterns -- e.g., diet, epigenetic disruptors in the environment such as chemicals, etc. -- may also have long term, multigenerational effects."

Journal Reference:
Nisha Padmanabhan, Dongxin Jia, Colleen Geary-Joo, Xuchu Wu, Anne C. Ferguson-Smith, Ernest Fung, Mark C. Bieda, Floyd F. Snyder, Roy A. Gravel, James C. Cross, Erica D. Watson. Mutation in Folate Metabolism Causes Epigenetic Instability and Transgenerational Effects on Development. Cell, 2013; 155 (1): 81 DOI:10.1016/j.cell.2013.09.002

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Medicinal tea

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The history of genetics

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Depressão na Pós-Graduação e Pós-Doutorado, artigo de Sergio Arthuro

JC e-mail 4618, de 06 de Novembro de 2012.


Sergio Arthuro é médico, doutor em Psicobiologia e divulgador científico. Artigo enviado ao JC Email pelo autor.

A imagem de nós cientistas no senso comum, como estereotipada por Einstein, é que somos meio loucos. De fato, como revelado recentemente pela revista Nature, parece que realmente não temos uma boa saúde mental, dada a alta ocorrência de depressão entre pós-graduandos e pós-doutorandos.

Os pós-graduandos são os estudantes de mestrado e de doutorado, enquanto os pós-doutorandos são os recém doutores em aperfeiçoamento, que ainda não conseguiram um emprego estável. Os pós-doutorandos são comuns há muito tempo nos laboratórios da Europa e dos Estados Unidos, já no Brasil este é um fenômeno recente.

Segundo o texto, boa parte dos estudantes de pós-graduação que desenvolvem depressão foram ótimos estudantes na graduação. Lauren, doutoranda em química na Universidade do Reino Unido, começou com dificuldade em focar nas atividades acadêmicas, evoluiu com medo de apresentar a própria pesquisa, e terminou sem nem mesmo conseguir sair da cama. Felizmente, Lauren buscou ajuda e agora está terminando o seu doutorado, tendo seu caso relatado no site de ajuda Students Against Depression, cujo objetivo é “desenvolver a consciência de que a depressão não é uma falha pessoal ou uma fraqueza, mas sim uma condição séria que requer tratamento”, segundo a psicóloga Denise Meyer, que ajudou no desenvolvimento do site.

Para os cientistas em início de carreira, a competição no meio acadêmico pode levar a isolamento, ansiedade e insônia, que podem gerar depressão. Esta pode ser acentuada se o estudante de pós-graduação tiver problemas extracurriculares e/ou com seu orientador. Já que a depressão altera significativamente a capacidade de fazer julgamento racional, o deprimido perde a capacidade de se reconhecer como tal. Aqui, na minha opinião, o orientador tem um papel fundamental, mas que na prática não tenho observado muito: não se preocupar apenas com os resultados dos experimentos, mas também com a pessoa do estudante.

De acordo com o texto, os principais sinais de depressão são: a) inabilidade de assistir as aulas e/ou fazer pesquisa, b) dificuldade de concentração, c) diminuição da motivação, d) aumento da irritabilidade, e) mudança no apetite, f) dificuldades de interação social, g) problemas no sono, como dificuldade para dormir, insônia ou sono não restaurativo (a pessoa dorme muito, mas acorda cansada e tem sono durante o dia).

Segundo o texto, a maioria das universidades não tem um serviço que possa ajudar os estudantes de pós-graduação. Não obstante, formas alternativas se mostraram relativamente eficazes. Por exemplo, mestrandos e doutorandos poderiam procurar ajuda em serviços oferecidos a alunos de graduação; já os pós-doutorandos poderiam tentar ajuda em serviços oferecidos a professores, sugerem os autores do texto. A maioria dos tratamentos requer apenas uma sessão em que são discutidas as dificuldades dos estudantes, além de sugestões de como manejar melhor a depressão. Uma das principais preocupações é com relação à confidencialidade, que deve ser quebrada apenas se o profissional sentir que o paciente tem chance iminente de ferir a si ou a outrem. Segundo Sharon Milgram, diretora do setor de treinamento e educação do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, “buscar ajuda é um sinal de força, e não de fraqueza”.

Devo admitir que o texto chamou minha atenção por me identificar com o tema, tanto na minha própria experiência, quanto na de vários colegas de pós-graduação que também enfrentaram problemas semelhantes. Acho que o sistema atual de pós-graduação tem falhas que podem aumentar os casos de depressão, como as descritas a seguir:

1- O próprio nome “Defesa” no caso do doutorado

Tem coisa mais agressiva que isso? Defesa pressupõe ataque, é isso mesmo que queremos? Algumas pessoas vão dizer que os ataques são às ideias e não às pessoas. Acho que isso acontece apenas no mundo ideal, porque na prática o limite entre as ideias e as pessoas que tiveram as ideias é muito tênue. Mas pior é nos países de língua espanhola, pois lá a banca é chamada de “tribunal”.

2- Avaliações pouco frequentes

Em vários casos, principalmente no começo do projeto, as avaliações são pouco frequentes, o que faz com que o desespero fique todo para o final. No meu caso, os últimos meses antes da “Defesa” foram os piores da minha vida, pois tive bastante insônia, vontade de desistir de tudo etc. Pior também foi ouvir das pessoas que poderiam me ajudar que aquilo era “normal” e que “fazia parte do processo”… Isso não aconteceu apenas comigo, mas com vários colegas de pós-graduação. Acho que para fazer ciência bem feita, como todo trabalho, tem que ser prazeroso, e acredito que avaliações mais frequentes podem evitar o estresse ao final do trabalho.

3 – Prazos pouco flexíveis

Cada vez mais me é claro que a ciência não é linear, e previsões geralmente são equivocadas. Dessa forma, acredito que não deveria haver nem mestrado nem doutorado com prazo fixo. O pós-graduando deveria ter bolsa por cinco anos para desenvolver sua pesquisa, e a cada ano elaboraria um relatório sobre suas atividades e resultados. Uma comissão deveria julgar esse relatório para ver se o estudante merece continuar. Como cada caso é um caso, em alguns casos, dois anos já seriam suficientes para ter um resultado que possa ser publicado num jornal científico de reputação. Isso daria ao cientista a possibilidade de bolsa por mais cinco anos, por exemplo, para ele continuar sua pesquisa. Em outros casos, cinco anos de trabalho não é suficiente, o que pode ser por causa da própria complexidade da pesquisa, ou outros motivos como atraso na importação de material etc. Nesse caso, acho que o estudante deveria ter pelo menos mais três anos de tolerância para poder concluir sua pesquisa, caso os relatórios anuais sejam aprovados, e o estudante comprove que não é por sua culpa que a pesquisa está demorando mais que o previsto.

Senti falta no texto uma discussão com relação ao fato de que para os futuros cientistas que ainda não tem um emprego definitivo, a ausência de estabilidade financeira é também um fator que contribui para o estado de humor dessa classe tão específica e especial de seres humanos.

Sugestão de Leitura:

Gewin, V. (2012) Under a cloud: Depression is rife among graduate students and postdocs. Universities are working to get them the help they need. Nature 490, 299-301

Link:

Nutricionista tem importante papel para a saúde pública

27 de setembro de 2013

Programa de rádio desta semana apresenta 2ª edição da série “Profissionais da Saúde”
Uma pesquisa realizada em 2012 pelo Ministério da Saúde revelou que, pela primeira vez, mais da metade da população brasileira, ou 51%, está acima do peso ideal. E se não bastasse esse índice preocupante, também foi constatado que a obesidade já atinge 17% da população, percentual superior aos 11% de 2006, ano em que os dados começaram a ser coletados.

Os números impressionam e deixam um alerta sobre a relevância dos nutricionistas para a saúde pública. “Cada vez mais este profissional tem um papel preponderante nas equipes de saúde, porque ele pode organizar os hábitos alimentares mais compatíveis com as necessidades de promoção da saúde dos indivíduos”, sugere o professor do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, José Divino Lopes.

Ele também comenta a influência do profissional na escolha do cardápio de pacientes hospitalizados. “O nutricionista da área clínica, que trabalha com a prescrição de dietas para esses pacientes, tem contato direto com um nutricionista que cuida da produção da alimentação no que se refere às boas práticas”. Esse trabalho em equipe abrange, segundo o professor, desde a aquisição até a manipulação e preparo dos alimentos.
Ilustração: Bruna França

Além dos casos em que o indivíduo recorre a uma dieta restritiva por motivo de doença, como a diabetes, há pessoas que procuram somente um modelo alimentar que proporcione benefícios para suas atividades físicas. “Hoje, os nutricionistas estão presentes tanto em academias e clubes esportivos de renome como em hospitais que têm um nível de profissionalização eficiente”, declara José Divino. Em ambas as situações, ele avalia, esses profissionais devem ser consultados porque, em geral, ocorrem muitos erros de procedimentos alimentares que fazem piorar o quadro clínico do indivíduo.

Tema da semana

Saiba mais sobre a importância atual de outras habilitações da área da saúde, como Fisioterapia e Farmácia, e as não menos importantes Terapia Ocupacional e Gestão de Serviços de Saúde, para o bem-estar da população. Confira a programação:

Fisioterapia – segunda-feira (30/09/13)

Nutrição – terça-feira (01/10/13)

Terapia Ocupacional – quarta-feira (02/10/13)

Farmácia – quinta-feira (03/10/13)

Gestão de Serviços de Saúde – sexta-feira (04/10/13)

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 fm. Ele ainda é veiculado em 32 emissoras de rádio em Minas Gerais. Também é possível conferir as edições pelo site do Saúde com Ciência.

Profissionais da Saúde II

De 30/09 a 04/10/2013

O Saúde com Ciência desta semana traz a 2ª edição da série “Profissionais da Saúde”. Descubra a importância atual de fisioterapeutas, nutricionistas e farmacêuticos para o bem estar da população. Outras profissões relevantes da área, mas desconhecidas para muita gente, como Terapia Ocupacional e Gestão de Serviços de Saúde, também são destaques. Não perca!

Programa 1

Fisioterapia
Segunda-feira (30/09/2013) 
Duração: 4min03
Entrevistada: Danielle Gomes Pereira – professora do Departamento de Fisioterapia da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG.

Programa 2

Nutrição
Terça-feira (01/10/2013)
Duração: 4min07
Entrevistado: José Divino Lopes Filho – professor do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG.

Programa 3

Terapia Ocupacional
Quarta-feira (02/10/2013)
Duração: 4min
Entrevistada: Márcia Bastos Rezende – professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG.

Programa 4

Farmácia
Quinta-feira (03/10/2013)
Duração: 3min56
Entrevistada: Cristiane Menezes de Pádua – professora da Faculdade de Farmácia da UFMG..

Programa 5

Gestão de Serviços de Saúde
Sexta-feira (04/10/2013)
Duração: 4min02
Entrevistada: Adriane Vieira – coordenadora do curso de Gestão de Serviços de Saúde da Escola de Enfermagem da UFMG.

Alimentação diferenciada para alunos diabéticos pode ser aprovada na Câmara

Tramita na Câmara dos Deputados uma proposição que garante alimentação diferenciada para alunos portadores de diabetes, hipertensão ou anemias.

De acordo com o Projeto de Lei (PL) 6.483/2006, as escolas públicas seriam obrigadas a fornecer alimentos adequados para a dieta dessas crianças e respeitar os hábitos alimentares de cada localidade.

Apesar de positivo, o PL não diz ao certo qual ente da federação vai arcar com as despesas desses alimentos especiais, que consequentemente custam mais do que a merenda escolar comum. O alerta é dado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM).

Em parecer construído pela entidade, há a ressalva: “não está claro o papel da União para a realização de levantamento nacional sobre diabetes, nem tampouco a definição de diferenciação de valor per capita para aquisição de gêneros alimentícios específicos para alunos portadores de diabetes”. Para evitar esse “vácuo” no projeto, a CNM indicou duas emendas aditivas, mas elas não foram acatadas.

Para a Confederação, antes de aprovarem a proposição, os parlamentares devem discutir três pontos. O primeiro é a necessidade de um levantamento, a nível nacional, do número de crianças e adolescentes portadoras de diabetes. Assim, será possível que se conceda apoio financeiro aos Estados e Municípios, em caráter suplementar, para os exames.

A segunda questão é que seja garantida a capacitação de nutricionistas e dos conselhos de alimentação escolar para assegurar o fornecimento de alimentação diferenciada, por meio da elaboração de um plano nutricional, e respeitados os hábitos alimentares de cada localidade.

E por último, que seja reparada a diferença no valor per capita no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnate), a fim de assegurar recursos compatíveis com os gêneros alimentícios específicos para os alunos portadores de diabetes, hipertensão ou anemias.

Tramitação

As Comissões de Educação e Cultura (CEC); Seguridade Social e Família (CSSF) e Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) foram designadas para avaliar o projeto. Ele foi aprovado pelas duas primeiras segue para a CCJC.

A tramitação é em apreciação conclusiva – sem necessidade de ser votado em plenário. O texto analisado é um substitutivo do Senado Federal.

Data: 23.09.2013

Link:

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

6 lições que podemos aprender do Leste da Medicina Chinesa


Como um médico formado em Harvard começou a apreciar a medicina tradicional chinesa

Publicado em 27 de janeiro de 2013 por Leana Wen, MD em The Doctor is listing.

Como uma criança que cresce na China, eu estava sempre ciente da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). MTC é o que chamamos de medicina oriental, em contraste com a medicina ocidental, sabemos de hospitais norte-americanos. Eu nunca entendi muito sobre MTC, só que de alguma forma envolve ervas e que muitas pessoas chinesas usaram. Quanto mais eu avançava na minha formação médica nos grandes centros acadêmicos dos EUA, o mais distanciado senti da MTC. Por que eu deveria aprender sobre algo que não existe evidência quando há tanta coisa para saber sobre o qual existe uma boa pesquisa?

No outono passado, eu fui para a China em uma viagem de pesquisa. Enquanto o meuestudo é principalmente em sistema médico ocidental, eu estava tão fascinado com o queaprendi de medicina oriental que eu passei muitas noites em observar praticantes da MTC. Há tanta coisa que eu não sabia. Como uma disciplina, MTC é muito complexa para entender em minha curta observação, mas há algumas "lições do Oriente" muito importantes que são aplicáveis ​​à nossa prática médica ocidental:

1. Ouça-realmente ouvir:

O primeiro praticante MTC me explicou que a prática MTC é "ouvir com todo o seu corpo." Preste atenção e use todos os sentidos que você tem, disse ele. Eu assisti a esse médico, ele diagnosticou uma mulher com câncer cervical de início recente e anemia grave no momento em que ela entrou em sua sala de exame, e em dois minutos, sem exames de sangue ou imagens, encaminhou-a para ser internada em um serviço médico (ocidental) . Eu vi os médicos especialistas fazem diagnósticos notáveis, mas isso era outra coisa!

"Como você pode saber o que ela teme e que precisava para ser internada", eu perguntei."Senti o cheiro do câncer do colo do útero", disse ele. "Eu olhei e vi a anemia.Ouvi-a falar e eu sabia que ela não podia cuidar de si mesma em casa "(eu segui seus registros no hospital, ele estava certo em todas as contas.).

2. Concentre-se no diagnóstico: 

Eu vi outro médico TCM pacientemente explicar a um jovem com dor abdominal de longa data a não resposta por analgésicos."Por que deveríamos tratá-lo de alguma coisa se não sabemos o que é?", disse. "Vamos descobrir o diagnóstico pela primeira vez." O que é uma lição importante para nós, sempre começa pelo diagnóstico.

3. Trate a pessoa inteira: 

"A grande diferença entre as duas práticas", disse uma médica MTC "é que a medicina ocidental trata as pessoas como órgãos. Medicina oriental trata as pessoas como um todo". Na verdade, eu a vi perguntar sobre a família, dieta e pressões da vida. Ela aconselhou sobre questões de planejamento familiar, segurança alimentar e gestão da dívida. Ela até ajudou os pacientes que precisavam de conselhos sobre cuidar dos seus pais idosos e escolher as escolas para os seus filhos. Este é verdadeiramente "toda pessoa" cuidado!

4. Saúde não é apenas sobre a doença, mas também sobre o bem-estar: 

Existe um termo em chinês que não tem o seu equivalente exato em inglês. A tradução mais próxima é, provavelmente, "tune-up para permanecer em equilíbrio", mas ele não faz jus ao termo porque se refere à manutenção e promoção de bem-estar. Muitos optam por ver um médico de MTC não porque estão doentes, mas porque querem estar bem. Eles acreditam que a MTC ajuda a manter em equilíbrio. É uma lição importante para médicos e pacientes para tratar de bem-estar e prevenção.

5. A medicina é uma prática ao longo da vida: 

Reverenciar a medicina ocidental, a mais nova, como a melhor, em contraste, os pacientes reverenciam antigos médicos da MTC por seu conhecimento e experiência.Praticar, os médicos não descansam sobre os louros.

"Esta é uma prática que levou milhares de anos para se desenvolver", me disseram. "É por isso que você deve manter a aprendizagem ao longo da sua vida, e mesmo assim, você só vai aprender apenas uma pequena fração." A medicina ocidental não deve ser diferente: não só há novos avanços médicos o tempo todo, os médicos precisam melhorar continuamente as suas competências na arte da medicina.

6. Evidência está nos olhos de quem vê:

Medicina baseada em evidências foi o meu mantra na formação médica ocidental, então eu estava muito cético das histórias que ouvi. Mas então eu conheci tantos pacientes que disseram que eles foram capazes de obter alívio em remédios orientais enquanto os tratamentos ocidentais falharam. Poderia haver um efeito placebo? Claro. É uma pesquisa importante? Claro. Mas a pesquisa é feita em populações e nosso tratamento é de indivíduos. Levei um tempo para aceitar que nem sempre pode ser capaz de explicar o porque, mas que o cuidado deve ser individual para o paciente e não uma população de pacientes.

"De certa forma, há mais evidências para o nosso tipo de medicamento do que para vocês", disse um professor MTC. "Temos quatro mil anos de experiência, que deve contar para alguma coisa!"

Há tanta coisa que eu não abrangia a cerca de MTC. Suas práticas variam regionalmente,e, sem dúvida, há mais e menos capazes praticantes (como há na medicina ocidental).Mais pesquisas sobre métodos MTC deverá ser importante. No entanto,independentemente de nós, médicos ocidentais quererem prescrever tratamentos de MTC, devemos reconhecer que há muito a aprender com a medicina oriental, incluindo o que significa ser um médico que realmente importa para os nossos pacientes. Após o meu regresso da China, eu, por exemplo, tenho uma apreciação recente da prática médica do leste, um entendimento renovado da assistência médica holística.

Para saber mais sobre a prática holística e a importância da parceria, por favor leia meu novo livro, Quando os médicos não escutam.

Tradução: Andréia Moreira

Extraído de: http://www.psychologytoday.com/blog/the-doctor-is-listening/201301/6-lessons-we-can-learn-eastern-chinese-medicine

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Pesquisa mostra que sistemas agroflorestais são 93 vezes mais rentáveis que bovinocultura

Sistemas agroflorestais de Mato Grosso são citados em dissertação de mestrado por pesquisador norte americano. Foto: Ascom/MDA

Uma pesquisa realizada por um pesquisador norte-americano revela que os sistemas Agroflorestais desenvolvidos em Mato Grosso podem gerar 20 vezes mais empregos e até 93 vezes mais renda que a bovinocultura, uma das principais atividades agropecuárias postas em prática no estado.

Tais dados foram relatados na dissertação de mestrado do pesquisador Robert Davenport, aprovada pelo Centro de Pós-Graduação em Agronomia Tropical, Pesquisa e Ensino (Catie) de Turrialba, na Costa Rica.

Com o tema ‘A eficácia de projetos de conservação e desenvolvimento sustentável para conter o desmatamento na Amazônia em Mato Grosso’, comparada com a ação de políticas públicas de comando e controle, a pesquisa analisou o impacto dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável nos assentamentos da reforma agrária implantados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), entre eles Iracema em Juína, Nova Cotriguaçu e Vale do Amanhecer – municípios localizados no Noroeste do estado, na região amazônica.

Para uma parte do grupo de agricultores que participou do estudo, os Sistemas Agroflorestais representam a principal alternativa de renda e de uso do solo nas propriedades deles. Davenport avaliou esses números para cada hectare cultivado, em propriedades com tamanho entre 50 a 100 hectares.

No caso do assentamento Vale do Amanhecer, a combinação de assistência técnica (Ater), organização social, certificação legal da produção sustentável, parcerias com diversos setores e agregação de valor aos produtos, entre outros fatores, garantiu uma cobertura florestal 39% maior que nas demais áreas de estudo.

Davenport avaliou os impactos dos projetos sobre viabilidade e legitimidade percebidas pelos agricultores a respeito das regras ambientais nos arranjos institucionais locais, que incorporaram a preocupação com a segurança e sustento das famílias; o apoio a infraestrutura de cooperativismo e associações; além da atenção a redução dos custos de transação da agricultura.

Variáveis

O mestrado envolveu a realidade de agricultores familiares em assentamentos da reforma agrária nos três municípios, avaliando variáveis institucionais, econômico-ecológicas e a produção da agricultura familiar como fator de definição da tendência de usos da terra pelos agricultores. O cumprimento da legislação ambiental, pontos de vista dos agricultores sobre o Código Florestal Brasileiro e as percepções das condições socioecológicas socais também foram abordados. A pesquisa de campo foi realizada entre janeiro e abril e a dissertação defendida na Costa Rica em julho deste ano.

Apoio 

Foram também avaliados os resultados alcançados pelo Projeto Poço de Carbono Juruena, desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (Aderjur) e patrocinado pela Petrobrás, se destacando na pesquisa pelo apoio à implantação dos Sistemas Agroflorestais.

Entre as ações de apoio estão assistência técnica, apoio a organização social da cooperativa e associações, realização de cursos, visitas, intercâmbios em outros municípios, uso da serraria portátil para aproveitamento de madeira morta, alcance do suporte financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e respectivos programas de crédito, pelo desenvolvimento de mercado e elaboração de contratos de aquisição com comunidades indígenas, além do apoio com mudas de espécies nativas, calcário e adubo.

Fonte: Olhar Direto

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Conheça os nutrientes mais deficientes na dieta dos brasileiros

26 de Setembro de 2013

Uma coisa é fato: bons hábitos alimentares influenciam de forma significativa o bom funcionamento do seu corpo.

Entretanto, é difícil saber se estamos realmente mantendo a dieta na linha, com a presença de todos os nutrientes importantes - e nesse deslize podem aparecer as carências, acompanhadas de sintomas graves.

Esse é o conceito de fome oculta, que acontece quando há uma carência nutricional não aparente de um ou mais nutrientes em nosso corpo.

Confira a lista dos nutrientes que são carentes entre a maioria dos brasileiros e veja se você se encaixa nesse perfil:

Vitamina D

De acordo com o The Brazilian Osteoporosis Study (BRAZOS) a vitamina D não é consumida adequadamente por mais de 99% dos brasileiros adultos sendo que a sua ingestão pode ser seis vezes menor que o recomendado (10 mcg até 70 anos e 15 mcg acima de 70 anos).

"A causa principal da falta do nutriente é a não exposição ao sol", afirma a nutricionista Cátia Medeiros, da Clínica Atual Nutrição, em São Paulo.

O sol, quando em contato com a nossa pele, torna o mineral disponível para uso em nosso organismo, explica a especialista.

Entre outras causas da deficiência estão obesidade, sedentarismo, uso de alguns medicamentos por tempo prolongado e o baixo consumo de fontes do nutriente - como óleo de fígado de bacalhau, atum, sardinhas, leite, iogurte, queijos e gema de ovo.

Além disso, a vitamina D também pode ser obtida por meio de suplementação, já que as suas fontes são no geral alimentos mais gordurosos e pouco consumidos.

Os sinais de que o corpo está precisando de mais doses de vitamina D, de acordo com a nutricionista, são diminuição da imunidade - podendo se apresentar como resfriados e infecções frequentes - fraqueza muscular, inquietude e irritabilidade em alguns casos, principalmente em crianças e idosos.

"Há também um sério impacto na massa óssea se a deficiência se prolongar, trazendo complicações como a osteoporose, principalmente em pessoas com obesidade ou idosos."

Quando ela se encontra normalizada, é mais fácil o controle de peso, fortalecimento de ossos e dentes, crescimento em crianças e até mesmo na hipertrofia e controle de acne.

Cálcio

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, aponta que 90% da população consomem cálcio abaixo da quantidade recomendada de 1.000 miligramas por dia, não superando o total de 400 miligramas por dia.

"O consumo de laticínios em geral vem diminuindo consideravelmente entre a população, pois muitas pessoas acreditam que o leite e os queijos não sejam alimentos saudáveis", afirma a nutricionista Cátia.

Entretanto, a contraindicação para consumo desses alimentos só deve ocorrer perante um diagnóstico de alergia ou intolerância, por exemplo.

"Isso porque o leite e seus derivados ainda são as principais fontes do mineral, já que ele é mais biodisponível e em quantidades maiores nessas fontes", diz a especialista.

A diminuição do consumo de cálcio pode gerar câimbras, baixo rendimento em atividade física (já que o cálcio participa da contração muscular), irritabilidade, descontrole da pressão arterial, osteoporose (quando a deficiência é crônica), aumento de peso e até mesmo depressão.

"Suas principais fontes são os lácteos como queijos, iogurtes e leite na forma desnatada, vegetais verde-escuro, tofu, sardinha, gergelim e amêndoas."

Caso você seja intolerante ou alérgico à lactose e não pode obter o cálcio dessas fontes, o ideal é fazer a suplementação. Na dúvida, converse com seu médico.

Ferro

Essa deficiência acontece não só pelo baixo consumo de suas fontes, mas também por comportamentos alimentares que prejudicam sua biodisponibilidade ao organismo.

"Por exemplo, o consumo diário do cafezinho após almoço ou jantar ou consumo excessivo de refrigerantes e alguns tipos de chás ou sobremesas à base de lácteos com frequência após as principais refeições", diz a nutricionista Cátia.

Isso acontece porque a cafeína e o cálcio interferem na absorção do ferro, impedindo que ele seja 100% aproveitado pelo organismo.

"Os sintomas de deficiência em ferro incluem anemia ferropriva, que desencadeia um estado de desânimo, lentidão de raciocínio, falta de foco e uma sonolência bem acentuada."

Em crianças, sua deficiência pode causar retardo do desenvolvimento cognitivo - como ele participa da síntese de neurotransmissores, seu consumo é fundamental para o desenvolvimento e integridade do sistema nervoso central.

Em alguns casos, essa deficiência pode resultar em câimbras nas pernas e estomatite, por exemplo.

A POF afirma que apenas 10% dos brasileiros tem o consumo abaixo do ideal de ferro - entretanto, as deficiências podem atingir uma porcentagem muito maior devido as combinações alimentares.

As principais fontes de ferro são as carnes de todos os tipos, com enorme concentração no fígado, seguidas de fontes vegetais como leguminosas, grão de bico, ervilhas, soja, lentilha, feijões (sendo as espécies preto e o azuki com maior concentração), além dos folhosos verde-escuros, suco de uva integral e açaí.

"Mas vale lembrar que ele é melhor absorvido quando acompanhado da vitamina C presente em frutas frescas."

Vitamina A

Aproximadamente 50% da população brasileira não ingere as quantidades adequadas de vitamina A.

Sua deficiência afeta as estruturas epiteliais de diferentes órgãos, principalmente os olhos.

As principais causas da deficiência de vitamina A são falta de amamentação ou desmame precoce, baixo consumo das fontes de vitamina A e baixa ingestão de alimentos que contém gordura, pois é essa que facilita a absorção do nutriente.

Entre os sintomas da carência estão cegueira noturna, perda de brilho ocular e baixa imunidade caracterizada por infecções frequentes.

"Boas fontes de vitamina de origem animal, como vísceras, gema de ovo e leite integral e seus derivados", explica a nutricionista Nicole Trevisan, de São Paulo.

Nos vegetais, a vitamina A é encontrada na forma de carotenoides, que quando ingeridos são transformados no nutriente pelo organismo.

"Frutas e legumes alaranjados e vegetais verde-escuros são ricos em carotenoides, como manga, mamão, canoura, espinafre, chicória, couve e salsa."

Vitamina E

Segundo a BRAZOS, 99% dos brasileiros não atingem as quantidades recomendadas de vitamina E.

O nutriente se destaca por proteger a gordura presente na membrana celular dos radicais livres, além de inibir a formação de placas nos vasos sanguíneos e favorecer a vasodilatação.

Baixos níveis de vitamina E têm sido associados a diversos tipos de doenças sanguíneas genéticas, incluindo a anemia falciforme, talassemia e deficiência G6PD (uma enzima envolvida no desdobramento dos açúcares).

Problemas no transporte das gorduras pelo organismo e má absorção de nutrientes também são as consequências da carência.

Adultos com mais de 19 anos precisam ingerir, no mínimo, 12 miligramas de vitamina E por dia.

Para atingir a recomendação, insira óleos vegetais e sementes como amêndoas, amendoim, nozes e castanhas no cardápio.

Vitamina C

A vitamina C está deficiente em 85,1% dos brasileiros. Obtido facilmente pela alimentação ou até por meio de suplementos vitamínicos, esse nutriente é essencial para o bom funcionamento do organismo.

Sua carência causa uma doença fatal, o escorbuto, cujos sintomas são inchaço, dores nas articulações, hemorragia nas gengivas e feridas que não cicatrizam.

Segundo a nutróloga Daniela Hueb, de São Paulo, hemorragia nasal frequente, anemia ferropriva, apatia, mudanças de humor, cicatrização lenta das feridas e aparecimento de pequenas varizes são alguns sintomas do problema.

"A vitamina C protege contra baixa imunidade, doenças cardiovasculares, doenças dos olhos e até envelhecimento da pele", explica.

Frutas cítricas como laranja e limão, verduras em geral, morango, tomate e acerola são algumas fontes de vitamina C. Recomenda-se uma ingestão diária de 90 miligramas para homens e 75 miligramas para mulheres, ambos acima de 19 anos.

Quem fuma deve consumir uma quantidade adicional de 35 miligramas por dia, devido ao aumento do estresse oxidativo

Vitamina K

De acordo com a BRAZOS, cerca de 81% dos brasileiros está com a ingestão de vitamina K abaixo do previsto.

Entre diversas atividades, a vitamina K participa na coagulação sanguínea e na formação de proteínas a partir das células ósseas, favorecendo a mineralização dos tecidos ósseos e o crescimento.

Assim como a vitamina E, quando em falta, a vitamina K está associada à má absorção de gordura, já que ela depende da gordura para ser transportada pelo organismo.

"Além disso, uma dificuldade de coagulação do sangue também pode acontecer, apresentando-se em forma de hemorragias em casos mais graves", afirma a nutricionista Daniela.

Óleos vegetais e folhas verde-escuras são boas fontes do nutriente. Para garantir que os benefícios do micronutriente apareçam, o consumo diário deve ser de 120 microgramas.

Magnésio

A falta de magnésio pode provocar diversas doenças, sendo que aproximadamente 80% da população ingerem quantidades abaixo do recomendado (350 mg/dl em homens e 265 mg/dl em mulheres).

Entre os principais sintomas de sua deficiência estão tremores, sensibilidade a ruídos, fadiga, insônia, TPM, cálculos renais, enxaqueca e cólicas menstruais.

A recomendação diária é de 400mg para homens adultos e 350mg para mulheres adultas, o que equivale a, aproximadamente, três conchas cheias de feijão preto ou 300g de espinafre, por exemplo.

Além desses dois alimentos, as principais fontes de magnésio são castanhas de caju, amêndoas, semente de abóbora, pistache, alcachofra e chocolate meio amargo.

Outros minerais

De acordo com a POF, na faixa etária de 19 a 59 anos, outras prevalências importantes de inadequação nutricional são selênio, zinco, cobre e iodo - o estudo também pontuou que o consumo desses minerais é 40% abaixo do satisfatório.

"Com uma dieta pobre em nutrientes gerais, o adulto terá baixa imunidade e estará mais exposto a infecções, além de um maior risco para doenças crônicas não transmissíveis, depressão, falta de libido e uma série de outros problemas", explica a nutricionista Nicole.

Doenças cardiovasculares, hipertensão, câncer, colesterol alto e atrofia cerebral são as principais doenças relacionadas com o baixo consumo de nutrientes na fase adulta.

"Existe hoje a chamada fome oculta, que acontece em decorrência da alimentação rica em produtos extremamente gordurosos e açucarados, que fazem com que as crianças e adultos tenham um excesso de gordura, sal e açúcar no organismo, mas uma carência de vitaminas e minerais por uma dieta inadequada", diz Nicole.

Para aqueles que não mantêm uma alimentação balanceada e sofrem dificuldade para mudar seus hábitos alimentares, a suplementação vitamínica pode ser uma aliada.

É importante também o acompanhamento com um profissional, como nutricionista ou nutrólogo, para que ele identifique possíveis deficiências e mostre qual a melhor forma de reverter esse quadro.

Fonte: Minha Vida 

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Desigualdades de acesso da população a alimentos saudáveis é tema de pesquisa na FSP USP

Propor e avaliar a confiabilidade de instrumentos de avaliação do microambiente alimentar urbano adaptado ao contexto do Município de São Paulo, assim como investigar se o acesso a alimentos varia de acordo com o nível socioeconômico da vizinhança, e também estudar a associação entre o ambiente alimentar local e o consumo de frutas, hortaliças e bebidas açucaradas dentre amostra da população adulta do município de São Paulo são os objetivos da Tese de Doutorado " Ambiente alimentar urbano em São Paulo, Brasil: avaliação, desigualdades e associação com consumo alimentar ", de autoria da Doutora em Nutrição em Saúde Pública Ana Clara Duran, apresentada no dia 30 de julho de 2013 na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, sob orientação da Profa. Dra. Patricia Constante Jaime.

A pesquisadora estudou estabelecimentos de comercialização de alimentos - restaurantes, lanchonetes, pequenos mercados de bairro, supermercados, feiras-livres e demais estabelecimentos que comercializassem alimentos em 13 distritos da capital paulista. O acesso a alimentos saudáveis foi medido a partir de indicadores que reuniram informação sobre disponibilidade, variedade, qualidade, preço e propaganda de alimentos: frutas e hortaliças, refrigerantes e outras bebidas açucaradas, salgadinhos e biscoitos recheados.

Associações entre o acesso a alimentos e o nível socioeconômico da região também foram avaliadas.

Em uma segunda etapa da pesquisa, a pesquisadora entrevistou 1842 adultos que residiam nos mesmos distritos de São Paulo acerca do consumo dos mesmo alimentos estudados (frutas e hortaliças, refrigerantes e outras bebidas açucaradas, salgadinhos e biscoitos recheados), comportamento de compra de alimentos e dados demográficos e socioeconômicos. 
Com tais informações foi capaz de analisar a associação entre aspectos do ambiente alimentar próximo à residência - disponibilidade, variedade, qualidade, preço e propaganda de alimentos - e consumo de frutas, hortaliças e bebidas açucaradas. Para isto análises estatísticas – modelos multiníveis - ajustadas para dados individuais.

Os resultados encontrados pela pesquisadora indicam que estabelecimentos de comercialização de alimentos localizados em bairros de maior nível socioeconômico apresentaram um maior número de opções saudáveis, quando comparados a estabelecimentos similares, mas localizados em áreas de menor nível socioeconômico. 

Após ajustes para medidas individuais de sexo, idade, educação e renda, preços altos de bebidas açucaradas em regiões mais pobres da cidade foram associados a uma menor chance de consumi-las; enquanto a associação foi inversa nos bairros mais ricos da cidade. Viver próximo a mercados e outros estabelecimentos com disponibilidade de frutas aumentou em cerca de 50% a 70% a chance dos moradores de consumirem frutas em 5 dias ou mais na semana.

Considerando tais resultados a pesquisadora concluiu haver diferenças no acesso a alimentos saudáveis em São Paulo, favorecendo as regiões da cidade de nível socioeconômico mais alto. Ademais, aspectos do ambiente alimentar foram associados ao consumo de frutas ebebidas açucaradas. Políticas públicas e intervenções com o objetivo de diminuir as desigualdades de acesso da população a alimentos saudáveis devem considerar o impacto de aspectos do ambiente alimentar – disponibilidade, preço, variedade e qualidade de alimentos saudáveis e não saudáveis.

Mais informações com o Dra. Ana Clara Duran, pelo e-mail: anaduran@usp.br .

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Senado aprova projeto que prevê parto humanizado pelo SUS

27/09/2013 da Agência Brasil
O projeto de lei que prevê parto humanizado nas unidades do SUS (Sistema Único de Saúde) foi aprovado na quarta-feira (25) pela CAS (Comissão de Assuntos Sociais), em caráter terminativo. Se os deputados federais aprovarem a medida que altera a Lei Orgânica da Saúde, todos os profissionais e estabelecimentos da área de saúde mantidos pelo governo terão que oferecer um tratamento diferenciado a gestantes e recém-nascidos. 

“Ainda que o termo “parto humanizado” comporte interpretações variadas, caberá às normas infralegais editadas pelos gestores do SUS detalhar os princípios e as diretrizes, bem como as normas técnicas que deverão orientar a assistência ao parto, de forma a que sejam atendidas as condições que garantam um parto de qualidade e com características humanizadas”, explicou a relatora da matéria, senadora Ana Rita (PT-ES). 

O autor do projeto, senador Gim Argello (PTB-DF), destacou que a aprovação da matéria vai garantir que as recomendações já feitas pelo Ministério da Saúde saiam do papel e virem uma prática. Segundo o parlamentar, o projeto estabelece a garantia da privacidade e autonomia da paciente que participará de qualquer decisão médica. 

O colegiado também aprovou a proposta que institui a Política de Atenção Integral à Saúde do Homem no SUS. O texto prevê que as medidas terão quer ser implementadas e mantidas permanentemente pelo sistema, com procedimentos de prevenção, detecção precoce, diagnóstico e tratamento de doenças que afetam exclusiva ou predominantemente a população masculina.

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Le Monde denuncia ameaças contra a tribo Ianomâmi no Brasil

Os Ianomâmis são índios que habitam o Brasil e a Venezuela. Wikipédia

As ameaças para a sobrevivência da comunidade Ianomâmi denunciadas pelas Ongs de defesa dos povos indígenas ganharam uma extensa reportagem no vespertino francês Le Monde desta quinta-feira. O enviado especial do jornal à região leste de Roraima constatou as dificuldades da população Ianomâmi em preservar seu território diante do apetite cada vez mais voraz dos garimpeiros e dos lobbies agrícolas interessados nas riquezas de suas reservas.

A visita dos índios Ianomâmi a uma unidade móvel de saúde com médicos voluntários é o ponto de partida para uma leitura crítica que o Le Monde faz sobre a dura realidade vivida pela tribo. Mais de cem deles vêm em busca de tratamento diariamente para todo tipo de doença e uns chegam a viajar até quatro dias a pé para serem atendidos, escreve o jornal.

As salas de operação ambulantes, instaladas nas colinas da cidade de Surucuru pela segunda vez em onze anos, se tornam um laboratório privilegiado para observar os males que atingem os 16 mil Ianomâmis e suas terras onde vivem como na pré historia, escreve o jornal relatando o modo primitivo da tribo.

Em entrevistas ao Le Monde, militantes de Ongs afirmam que a situação dos índios não apenas é preocupante como piorou muito nos últimos anos. Yanomamis ouvidos pelo jornal relataram um cotidiano de sofrimento com a ofensiva dos garimpeiros que estão poluindo os rios, desequilibrando o meio ambiente e provocando conflitos em total impunidade.

Com o aumento do preço do ouro, os garimpeiros voltaram a se interessar pelo território indígena, rico também em outros minerais.

Le Monde lembra que até o começo do século 20 os Ianomâmis pensavam estar protegidos em sua reserva, mas o contato com os brancos e estrangeiros trouxe uma mudança profunda da comunidade que passou a conviver com doenças e até com a presença de religiosos nas periferias do território. O jornal lembrou até a ameaça representada com o projeto da rodovia transamazônica na década de 70.

Uma conjunção de pressão internacional com ações locais e mudanças de governo em Brasília resultou numa interrupção da atividade dos garimpos e em 1992 as autoridades demarcaram a Terra Indígena Ianomâmi com um extensão de mais de 96 mil quilômetros quadrados, uma área maior que Portugal e onde vivem 300 grupos.

Depois de uma experiência de transferência de gestão à Ongs, o governo durante a presidência de Lula, retomou o comando das ações e embora mais verbas tenham aparecido, muitos problemas como corrupção contaminaram o sistema, entre eles o de atendimento de saúde.

Em entrevista ao Le Monde, o porta-voz do grupo diz que os índios se tornaram menos nômades com a invasão dos garimpeiros e defendeu que o ouro, os diamantes e até o urânio permaneçam no solo.

O jornal informa que além do número de garimpeiros em alta, atualmente cerca de 1.300, os Ianomâmis também enfrentam as ambições e pressões cada vez mais fortes dos empresários do agribusiness por suas terras. Le Monde lembra inclusive uma reunião no mês de setembro entre os ministros e deputados da bancada ruralista que lutam para promover mudanças no texto de demarcação de terras indígenas.

Uma advogada que defende a causa Ianomâmi diz ao jornal ter o sentimento de que o atual governo olha para a Amazônia como no tempo da ditadura, ou seja, através do prisma de recursos naturais, do desenvolvimento e crescimento econômico. Daí a conclusão do Le Mondeno título de sua reportagem: “Ianomâmi, estado de urgência”.

Matéria da RFI, publicada pelo EcoDebate, 27/09/2013

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Graças a esforços de conservação, bisões, castores e ursos voltam à Europa, destaca relatório

Várias espécies animais que estiveram perto da extinção pela mão do homem se recuperaram de forma espetacular nos últimos 50 anos, graças a esforços de conservação, revelou um relatório [Wildlife Comeback in Europe] publicado esta quinta-feira. Matéria da AFP, no UOL Notícias, com informações complementares do EcoDebate.

Este documento foi elaborado pela Zoological Society de Londres, a organização BirdLife International e o Conselho do Censo de Pássaros da Europa, com contribuições de cientistas europeus.

O relatório aponta a uma multiplicação por 30 no número de bisões europeus, castores euro-asiáticos, patos de cabeça branca e algumas populações de gansos de pés rosados.

Outras 17 das 18 espécies de mamíferos estudadas aumentaram: no caso dos ursos pardos, o dobro, no caso dos lobos cinzentos, o quádruplo.

O lince ibérico foi o único dos mamíferos estudados que teve uma redução. O resto, ao contrário, aumentou no total 30% desde meados do século XX.

As 19 espécies de aves estudadas também mostraram recuperação.

“A vida selvagem se recupera se o permitirmos, mostra este informe”, disse Frans Schepers, diretor-executivo da organização conservacionista Rewilding Europe, que encomendou a análise.

“Com proteção legal e contínua, impulso ativo às populações selvagens e à reintrodução de espécies perdidas (…), muitas mais espécies serão recuperadas”, acrescentou.

A Europa tem no total 219 espécies de mamíferos terrestres e 530 tipos de aves.

O bisão europeu alcançou os 3.000 exemplares após estar praticamente extinto como espécie selvagem no começo do século passado.

Dizimados por caçadores e pela perda de seu habitat, os bisões se recuperaram graças a um amplo programa de reprodução com os últimos sobreviventes em cativeiro, cuja prole foi partilhada em zonas agrestes do centro e do leste da Europa.

A águia de cauda branca também mudou seu destino, explicou o documento: se nos anos 1970 existiam 2.500 casais, em 2010 eram 9.600.

Muitas das espécies europeias caíram a números mínimos nos anos 1950 e 1960 após uma longa história de caça indiscriminada e ilegal, envenenamentos e perda de seus habitats pela agricultura, a pecuária, a contaminação e o desmatamento.

As cifras conhecidas esta quinta-feira avisam que a biodiversidade no conjunto mantém sua tendência para baixa.

“Há que tomar com cautela o ressurgimento da vida selvagem”, diz o documento. “Embora voltem algumas espécies, muitas estão abaixo de níveis de abundância e não alcançaram o nível necessário para garantir a viabilidade de populações a longo prazo”.

Segundo o informe, assim, a população de peixes, mamíferos e pássaros caiu no mundo 30% desde 1970.

No mesmo período, o número de seres humanos dobrou até alcançar 7 bilhões no mundo em 2011.


EcoDebate, 27/09/2013

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