sábado, 2 de novembro de 2013

A World of Tea

A World of Tea
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Pequi também é remédio

MARIA VITÓRIA Da equipe do Correio 

O agrônomo Ednaldo Carvalho, 62 anos, está preocupado. O estoque de cápsulas que ele toma diariamente desde agosto chegando ao fim. “O remédio controla os meus batimentos cardíacos e evita a ação dos radicais livres. Estou mais disposto”, anima-se o maratonista. Ele consome todos os dias uma cápsula de pequi.

Além de uma iguaria típica de Goiás e Minas Gerais, odiada por uns, amada por outros, o pequi é remédio, como constataram pesquisadores do Laboratório de Genética do Instituto de Ciências Biológicas da UnB. O estudo concluiu que o fruto pode ser indicado como eficiente redutor da ação dos radicais livres — moléculas que se formam no organismo humano e reagem de forma danosa às células sadia. “O óleo extraído da polpa é rico em ômega 9 e tem o mesmo efeito do azeite extravirgem: controla os índices de colesterol no sangue”, explica César Koppe Grisólia, responsável pela pesquisa. No próximo dia 28, a bióloga Ana Luiza Miranda Vilela vai defender uma tese de doutorado com base nos estudos.

A investigação tem aval clínico, com pesquisa em humanos, e o uso do pequi como medicamento foi patenteado pela UnB, que agora procura parceiros para cuidar da comercialização do produto. A parte final da avaliação, com voluntários, teve início em agosto, com a participação de maratonistas do Distrito Federal. Entre eles, estava Ednaldo, líder do grupo de corrida Quero-Quero. “Sou uma prova da eficácia terapêutica do pequi. Com 62 anos, participei, em dezembro, da Maratona de Honolulu, no Havaí”, conta. Os 125 atletas selecionados fizeram coleta de sangue e durante 15 dias consumiram a cápsula. Depois, nova coleta. “Os testes laboratoriais comprovaram a redução de radicais livres e das taxas de colesterol. Está provado: o pequi é rico em antioxidantes, como carotenoides, vitamina C e compostos fenólicos (flavonoides e taninos)”, atesta Grisólia.

Para o professor, o resultado da pesquisa chama a atenção para a necessidade de preservação do cerrado. “A madeira do pequizeiro é usada para fazer carvão e nossa pesquisa mostra que essa planta tem mais valor em pé do que dentro de um saco de carvão”, diz o biólogo. Para Grisólia, assim como o pequizeiro, deve haver muitas outras espécies que ainda não foram devidamente estudadas.

O maratonista e agrônomo Ednaldo já tem certeza do efeito terapêutico do pequi. E pretende continuar usufruindo deste benefício. “Quando as cápsulas acabarem, vou comprar óleo de pequi”, diz, esperançoso de que alguma farmácia de manipulação ou laboratório se interesse em investir nas cápsulas. 

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Flor de pequi

O cerrado e o seu potencial terapêutico - copaíba e outras

FUTURO PROMISSOR 

MARIA VITÓRIA Da equipe do Correio

Várias universidades brasileiras vêm confirmando o poder medicinal das ervas do cerrado. Pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo (USP), demonstrou a ação anti-inflamatória da dedaleira no tratamento da asma. Os cientistas pesquisaram o extrato bruto etanólico e o princípio ativo isolado da casca do caule da planta. O trabalho, publicado na revista científica European Journal of Pharmacology, tem sua origem na tese de doutorado do pesquisador Alexandre de Paula Rogério. 

Algumas espécies são indicadas para problemas de pele. É o caso da copaíba, manipulada na forma de sabonete, loções e cremes pela empresa brasiliense Farmacotécnica para o tratamento da acne. “Elaboramos o produto com base em resultados de literatura científica”, diz Leandra Sá de Lima, farmacêutica responsável pela linha de tratamento. Um outro estudo, desenvolvido por um grupo da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás, comprovou que a raiz da mama-cadela tem a substância Furocumarinas fotossensibilizantes. “O principal uso terapêutico é para tratar o vitiligo. Também avaliamos e podemos dizer que a planta tem baixo poder tóxico”, afirma José Realino de Paula, que liderou a investigação. 

O bioma do Planalto Central também poderá ser útil para doenças negligenciadas pelos grandes laboratórios farmacêuticos, como leishmaniose, malária, dengue e doen ça de Chagas. Um dos resultados das investigações em andamento na UnB é a recente descoberta da capacidade do extrato das folhas de jitó de matar o parasita causador da leishmaniose cutânea — a leishmania amazonense. O princípio ativo obtido a partir da planta é letal ao parasita, sem atacar as células dos tecidos humanos. 

Daqui também poderá sair, no futuro, a pílula do homem. Com financiamento do Ministério da Saúde, a farmacêutica Renata Mazaro e Costa, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás, estuda o poder anticoncepcional de três plantas do cerrado. Entre elas está o bacupari. “O princípio ativo demonstrou resultados interessantes para o controle da reprodução masculina. Observamos uma redução de 30% na produção espermática dos ratos expostos ao extrato dessa planta”, informa a pesquisadora. Segundo ela, os estudos estão em fase final, falta avaliar as alterações hormonais provocadas nos animais em laboratório. 

Enquanto cientistas fazem contato com os raizeiros e depois se trancam nos laboratórios em busca de novos medicamentos, farmacêuticos e pesquisadores ouvidos pelo Correio pedem cautela no uso dessas plantas. “Ainda há poucas pesquisas clínicas em humanos”, alerta a doutora Laila Salmen Espíndola. Porém, há esperanças. O Ministério da Saúde reativou o programa de pesquisas em plantas fitoterápicas e deve aumentar os estudos com vegetação do Planalto Central. Das 74 plantas reconhecidas como medicinais pela Anvisa, ainda não consta nenhuma do cerrado. A pomada à base de barbatimão aprovada pela Anvisa é um medicamento alopático. 

Laila Salmen Espíndola, da UnB, guarda mais de 2 mil extratos secos de arbustos e árvores medicinais do cerrado.

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O cerrado e o seu potencial terapêutico - barbatimão

A COMPROVAÇÃO DA CIÊNCIA 

MARIA VITÓRIA Da equipe do Correio

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu o primeiro registro para um medicamento elaborado a partir de uma planta do cerrado. É a pomada Fitoscar, um produto da Apsen Farmacêutica, de São Paulo, composto de Stryphnodendron adstringens, conhecido como barbatimão. O remédio, segundo o registro na Anvisa, tem efeitos cicatrizante, anti-inflamatório e antimicrobiano. A pesquisa clínica foi realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto. 

Enquanto o laboratório não define a data de lançamento do medicamento, o assistente de laboratório da Embrapa Cerrados, o goiano José Ferreira Paixão é categórico: “A infusão da casca do barbatimão é excelente para fazer compressas em machucados”, diz, enquanto corta uma lasca do caule da planta e mostra o líquido espesso que escorre do corte. “Ninguém, porém, deve beber o chá. Ele é tóxico e pode trazer danos ao fígado”, alerta. 

Paixão, 54 anos, aprendeu a reconhecer o poder medicinal das plantas do cerrado com os pais, em casa. Nascido em Pirenopólis, criado em Niquelândia, e vivendo em Brasília desde 1978, ele conhece bem os campos de árvores retorcidas. “Quando criança, tive malária e fui curado pelo meu pai com remédio de uma planta da mato. Dizem que a doença volta, mas nunca tive outra crise”, conta. Com o trabalho que realiza, aperfeiçoou os conhecimentos adquiridos com a família. “Só uso remédio do mato e várias pessoas me procuram em busca de conselho. Digo o que sei, mas sempre alerto que tudo em excesso faz mal. Não sou médico.” 

Uma das plantas conhecidas por Paixão é a pata-de-vaca. Essa sim já conta com estudos científicos comprovando a eficácia para controlar os níveis de glicose no sangue. Pesquisadores do Laboratório de Farmacologia Molecular da Universidade de Brasília (UnB) confirmaram o que o povo já sabia há dezenas de anos. O professor Francisco de Assis Rocha Neves, coordenador do laboratório, e o orientando Marlon Duarte da Costa verificaram em ensaios in vitro, realizados com células humanas, que o extrato da planta ativa o receptor PPAR-gama — um potente estimulador da ação da insulina, o hormônio responsável pela entrada de glicose na célula. 

A má notícia para os diabéticos é que, além de facilitar a ação da insulina, o extrato da pata-de-vaca ativa outros receptores, como o estrógeno, que pode aumentar o risco de câncer de útero e mama, e o da transcrição genética, que pode alterar o funcionamento da renovação celular. Apesar do experimento ter sido feito com o extrato, Neves acredita que os efeitos nas células seriam os mesmos que com a ingestão do chá. 

Os estudos científicos ainda estão em andamento, mas Crista Schops, 84 anos, usa cápsulas com extrato seco dessa planta há vários anos para evitar a diabetes. “Sou pré-diabética e meu médico receitou esse remédio. Mantenho a glicose sob controle desde então”, diz a bibliotecária m édica aposentada da Secretaria de Saúde. Defensora ardorosa das plantas medicinais, Crista fala também com entusiasmo da espinheira santa, um fitoterápico para tratar úlcera e gastrite. “Precisamos valorizar a nossa vegetação terapêutica”, diz. 

Monique Renne/CB/D.A Press
José Ferreira Paixão foi criado no cerrado: uso da sabedoria popular nos laboratórios da Embrapa

O cerrado e o seu potencial terapêutico

Cientistas comprovam em laboratórios o que raizeiros já sabiam: plantas do segundo maior bioma do país funcionam como remédio. De anti-inflamatório a estimulador da ação da insulina, de energizante a substituto dos florais de Bach, saiba o que essas espécies podem fazer por você 

MARIA VITÓRIA Da equipe do Correio
Monique Renne/CB/D.A Press
Pré-diabética, Crista Schops usa a pata-de-vaca para ajudar a equilibrar a taxa de glicose

O fruto amarelo do pequi tem um óleo rico em ômega 9, combate os radicais livres e controla o colesterol. A casca do barbatimão transforma-se em uma pomada anti-inflamatória. A pata-de-vaca é capaz de baixar o nível de glicose no sangue de quem é diabético. O bacupari pode se tornar um anticoncepcional masculino. 

Essas plantas e dezenas de outras são velhas conhecidas dos raizeiros que se aventuram nos campos de mato rasteiro e árvores retorcidas do cerrado em bus ca de espécies medicinais. Agora, eles têm a companhia de farmacêuticos, agrônomos, biólogos e botânicos, todos pesquisadores interessados em comprovar cientificamente o poder terapêutico de folhas, flores, frutos e cascas da plantação nativa de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins, parte do Pará, Piauí, Bahia e Distrito Federal, centro desse bioma que abriga mais de 10 mil espécies vegetais. De acordo com a Embrapa Cerrados, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a região é considerada um celeiro de produtos naturais para a fitoterapia — o uso terapêutico de plantas. Recente pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) comprovou com teste em humanos o poder terapêutico do pequi. 

“Hoje, nossas empresas farmacêuticas só manipulam princípios ativos importados. Futuramente, poderão também extrair essas substâncias de plantas do cerrado para doenças como malária”, acredita a farmacêutica Laila Salmen Espíndola, pesquisadora-chefe do Laboratório de Farmacognosia da UnB e responsável pela guarda de mais de 2 mil extratos secos de arbustos e árvores medicinais do cerrado. 

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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Por que você TEM que ter Hábitos de Vida MELHORES - Palestra breve mas completa

Quaisquer que sejam seus objetivos na vida, para ocorrer atrás deles e buscar o sucesso você precisa estar VIVO, com corpo e mente funcionando bem, concorda? Pois então "aprenda" que seu corpo e mente dependem dos seus HÁBITOS diários, SEU cuidado com sua própria saúde, para poderem existir e funcionar adequadamente.

Assim sendo, só para quem tem tempo para investir no cuidar direito da sua SAÚDE (Compartilhem! Pode ajudar muita gente): 

Palestra COMPLETA ministrada por mim (Dr. Ícaro Alves Alcântara -www.icaro.med.br) em 30 de Outubro de 2013 no Centro de Saúde 09 do Cruzeiro Novo em Brasília - DF

Aborda os 11 hábitos saudáveis de vida e dicas básicas e rápidas sobre como colocá-los em prática e sua importância, em menos de 40 minutos.

SLIDES: 

ÁUDIO:

Bom proveito e melhoras!
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Trabalho avalia qualidade em pesquisas de saúde

Por Fernando Pivetti - fernando.pivetti@usp.br  Publicado em 1/novembro/2013

Da Agência Universitária de Notícias

Realizar uma avaliação da qualidade metodológica de trabalhos e pesquisas na área de saúde. Essa foi a proposta de mestrado da veterinária Thais Spacov Camargo Pimentel, desenvolvida na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), com a execução de um trabalho inédito feito com antiinflamatórios utilizados em cães.
Avaliação envolve metodologias das pesquisas sobre medicamentos veterinários

No projeto, Thais buscou expor uma revisão sistemática para avaliação das metodologias empregadas nas pesquisas que verificavam a qualidade e eficácia de medicamentos veterinários. “O objetivo da revisão sistemática é realizar uma busca eficiente de artigos científicos na literatura e aplicar regras formais na avaliação crítica desses artigos”. Para a pesquisadora, ao avaliar esses textos quanto à sua qualidade metodológica, é possível retirar conclusões quanto à credibilidade de seus resultados.

Foram utilizados como base da revisão dois métodos de avaliação já aplicados na medicina humana, os quais foram adaptados e unidos. Trata-se das diretrizes sugeridas pelo conselho editorial do grupo de revisão Cochrane, organização que busca elaborar e divulgar revisões sistemáticas de ensaios clínicos, e aplicações utilizadas no Consolidated Standards of Reporting Trials (Consort), consenso estabelecido por um grupo de estudiosos e editores de revistas científicas que foi publicado em 2010, com objetivo de melhorar a forma de descrever os estudos para que os leitores sejam capazes de julgar a confiabilidade e a validade de seus resultados.

Os primeiros artigos avaliados por essa nova proposta estavam relacionados a medicamentos antiinflamatórios utilizados em cães no tratamento de artrose. “Após realizar uma pré-análise dos artigos, chegamos a oito deles que abordavam os testes de qualidade e eficácia de quatro medicamentos. São eles: Carprofen, Etodolaco, Firocoxib e Meloxicam”.

Os resultados da primeira bateria de avaliação já apontaram algumas falhas de execução em pesquisas científicas dos medicamentos. Thais ressalta algumas deficiências importantes para os estudos, tais como, falta de validação das avaliações utilizadas na fiscalização das metodologias empregadas, falta de dados relacionados ao tamanho das amostras utilizadas e utilização de métodos estatísticos inadequados para análise de resultados.

A pesquisadora chama a atenção para a carência de métodos observada nos artigos avaliados. “Durante o processo de seleção e de avaliação, me deparei com estudos de baixa qualidade. Conseguimos evidenciar que muitos projetos disponíveis possuem uma grande carência metodológica, servindo de alerta para todas as pesquisas elaboradas na área de saúde”.

Ampliação do projeto

Thais acredita que a avaliação desenvolvida tem grande potencial para expandir sua aplicação a diversas outras áreas da saúde. “Começamos verificando medicamentos veterinários, mas a proposta é que esse seja um método universal na área de saúde, uma vez que partimos de avaliações já utilizadas na medicina humana”.

Ela afirma ainda que o intuito do projeto é buscar uma excelência nas pesquisas atualmente desenvolvidas. “A ideia é que possamos sugerir métodos para melhorar o estudo dos pesquisadores, sejam eles de farmácia, psicologia, medicina, enfermagem, veterinária ou odontologia”.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Mais informações: email tscp.vet@gmail.com, com Thaís Spacov
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Software para ajudar na pulverização das plantações

O Sistema Gotas, criado pela Embrapa, é uma ótima ferramenta de auxílio ao agricultor na análise da distribuição de gotas no processo de pulverização. Entre outras vantagens, determina parâmetros adequados de deposição de agrotóxicos nos alvos desejados. 

O software é gratuito e contribui também para o combate à lagarta Helicoverpa armigera.

Para entender mais sobre o funcionamento do Sistema Gotas, leia a notícia na íntegra: http://bit.ly/1bGisBH

Para fazer o download do software e de seu manual de uso, visite a Rede AgroLivre: http://bit.ly/17zBTNz

Pesquisa confirma inimigos naturais contra a Helicoverpa armigera

Um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para acompanhamento da evolução da Helicoverpa armigera no campo mostra que inimigos naturais estão agindo no controle da nova praga. A constatação ocorreu após os pesquisadores iniciarem os trabalhos de pesquisa para conhecer melhor o comportamento da lagarta na cultura da soja e realizar coletas para mapear a ocorrência e aumentar a sua criação para fins científicos. 

Parte das lagartas coletadas, suspeitas de serem a Helicoverpa armigera, estavam infectadas por nematoides ou atacadas por parasitoides. “A presença desses inimigos naturais, tanto dos nematoides como dos parasitoides, é muito importante para o equilíbrio da lavoura, à medida que a safra vai se desenvolvendo, pois com um manejo adequado, a tendência é das populações de inimigos naturais crescerem”, explica a pesquisadora Clara Beatriz Hoffmann-Campo, da Embrapa Soja. “É por isso que estamos reforçando a orientação para que o produtor monitore suas lavouras, tenha critérios para a decisão de controle e não aplique inseticidas indiscriminadamente sejam eles biológicos ou químicos”, reforça a pesquisadora. 

O levantamento mostrou que em algumas regiões, como Mauá da Serra, no Norte do Paraná, cerca de 30% das lagartas coletadas estavam infectadas por nematoides, mas um nematoide do bem. “Em algum momento, que ainda não sabemos exatamente como funciona, a lagarta é infectada por esse nematoide, que não é o mesmo que ataca as raízes das plantas”, explica a pesquisadora. Na região de Roncandor, a proporção de lagartas infectadas pode ser ainda maior. “Isso nos alerta para a importância de um bom manejo na fase inicial da cultura da soja, para que esses inimigos naturais sejam preservados e mantidos vivos no campo”, completa. 

Os pesquisadores da Embrapa são cautelosos em relação ao desenvolvimento da safra e garantem que, sem a ação dos inimigos naturais, a situação pode ser muito pior no campo. “Nas áreas onde há um desequilíbrio, a ocorrência de pragas é muito maior, por isso a existência de inimigos naturais é importante e sua preservação é essencial, pois ajuda a manter as populações de pragas abaixo do nível de ação e retarda a ocorrência de resistência da praga a produtos químicos”, aponta a pesquisadora. 

Os parasitoides encontrados são principalmente moscas da família Tachinidae, que se desenvolvem no interior da lagarta e, ao completar seu desenvolvimento, matam o inseto promovendo um controle natural da praga. “Encontramos de 1 a 4 parasitoides por lagarta, o que indica potencial multiplicador deste inimigo natural no campo”, detalha. Esses parasitoides observados no laboratório já são bem conhecidos dos pesquisadores. Eles prestam o mesmo serviço ambiental atacando outras espécies de lagartas, como a Anticarsia e a Spodoptera

De acordo com Clara Beatriz, é muito importante ter uma mudança de paradigma em relação ao controle de pragas na agricultura. “É necessário rever as estratégias de controle e ter uma visão mais ampliada do sistema de produção. Temos assistido pragas migrarem de uma cultura para outra, índices crescentes de insetos com resistência a produtos químicos, pragas secundárias se tornando um problema crítico. Não há outro caminho a não ser uma mudança profunda de postura. O controle de pragas tem que ser feito a partir de recomendações do manejo de integrado de pragas, ou seja, a partir do monitoramento e da evolução de sua ocorrência e, nunca, de forma calendarizada”, alerta. 

Para auxiliar técnicos e produtores a relembrar as estratégias do MIP-Soja, a Embrapa Soja disponibilizou um folder em linguagem didática com as principais dicas, além de outras publicações. O conteúdo está disponível no endereço www.embrapa.br/helicoverpa-soja, no ícone publicações. 

Carina Rufino – jornalista (MTB3914-PR)
Embrapa Soja
E-mail: cnpso.imprensa@embrapa.br
Tel.: (43) 3371-6060
Foto: Fabiano Bastos
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Butterflies Show Origin of Species as an Evolutionary Process, Not a Single Event

Oct. 31, 2013 — The evolution of new species might not be as hard as it seems, even when diverging populations remain in contact and continue to produce offspring. That's the conclusion of studies, reported in the Cell Press journal Cell Reports on October 31st, that examine the full genome sequences of 32 Heliconius butterflies from the Central American rain forest, representing five different species.
The evolution of new species might not be as hard as it seems, even when diverging populations remain in contact and continue to produce offspring. That's the conclusion of studies, reported in the Cell Press journal Cell Reports on Oct. 31, that examine the full genome sequences of 32 Heliconius butterflies from the Central American rain forest, representing five different species. (Credit: Marcus Kronforst)

"The butterflies have performed a beautiful natural experiment for us that lets us address important questions about evolution," said Marcus Kronforst of the University of Chicago. "Even as biologists, we often think of the origin of new species as a moment in time when a new species splits from an old one, and this type of thinking is reflected in the evolutionary 'trees,' or phylogenies, that we draw. In reality, evolution is a long-term process that plays out in stages, and speciation is no different."

Kronforst and his colleagues found that the initial divergence between butterfly populations is restricted to a small fraction of the genome. In the case of the butterflies, the key genes are those involved in wing patterning. The butterfly species under study all have very different wing patterns, which are important in the butterflies' mating behavior and predator avoidance.

Comparison of those closely related, interbreeding species to a slightly more distant third species showed that hundreds of genomic changes had arisen rather quickly in evolutionary time sometime after those early differences took hold.

"We find that only a small fraction of the genome is markedly different between closely related species, but then much more of the genome -- more than you'd expect -- shows similar differences between more distantly related species," Kronforst explained. "That indicates that the genetic changes that are important for causing speciation are tightly clustered early in speciation, but not so later on in the process; the overall pattern of genome divergence starts slow and then skyrockets."

The researchers view the process as a kind of tug-of-war between natural selection and gene flow. The result in the case of the butterflies has been a rapid divergence of species, driven by a combination of new mutations and borrowed genes. The butterfly genomes also show that the same spots in the genome have been important in multiple speciation events.

"Beyond butterflies, it is possible that this type of speciation, in which natural selection for ecology causes the origin of new species, has been important in the evolution of other organisms," Kronforst said.

Journal Reference:
Marcus R. Kronforst, Matthew E.B. Hansen, Nicholas G. Crawford, Jason R. Gallant, Wei Zhang, Rob J. Kulathinal, Durrell D. Kapan, Sean P. Mullen. Hybridization reveals the evolving genomic architecture of speciation. Cell Reports, 2013 DOI: 10.1016/j.celrep.2013.09.042

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Prices, Family Interactions Influence Eating Behaviors

Oct. 30, 2013 — Expanding waistlines and rising obesity rates have led to numerous ideas for policies, such as taxes on junk food or vouchers for fruits and vegetables, aimed at getting people to eat a more healthful diet. To better understand what influences food choices, a group of Iowa State University researchers looked at how prices, parents and peers affect fruit and vegetable consumption among African-American youths.

In the study, published in the Southern Economic Journal, researchers found that parents, generally mothers, who ate more fruit influenced their children to do the same. And children had a similar impact on their parents. However, only parents seemed to affect their children's eating behaviors when it came to vegetables. In addition, the price of fruits and vegetables were found to affect consumption.

Researchers say understanding these family interactions in relation to price can help design more effective policy interventions. People are less likely to buy fresh produce if it is more expensive than other foods. Making fruits and vegetables more affordable and available can positively impact eating behaviors of parents and youth, researchers said.

"We know that price should have an effect on consumption," said Helen Jensen, a professor of economics. "Understanding the extent of price response is very important. In this case, knowing if these youths, their parents or peers respond to price provides information we could use to develop effective ways to increase consumption of fruits and vegetables."

Researchers also looked at the interaction between the youths and their best friends to see if there was an effect on consumption. While studies have shown that peers tend to significantly influence other behaviors, such as substance use and abuse, researchers did not find a similarly strong impact on healthful food choices.

"The underlying mechanism of the influence may be by example. Many youths in the sample still live with their parents and may be more exposed to the parent's food consumption than to food choices made by their best friend. Also, fruits and vegetables may be more readily available within the family context than when the youth and the best friend interact -- for example, when they are at a fast food restaurant," said Oleksandr Zhylyevskyy, an assistant professor of economics.

Reaching a critical target audience

Researchers analyzed data from more than 500 African-American families collected through the Family and Community Health Study, led by Carolyn Cutrona, a professor of psychology, and others. The data, collected every two to three years since 1997, assesses how individuals, families and communities affect mental health, education, careers and other outcomes over time.

Based on the FACHS data, 65 percent of parents and 61 percent of youths reported eating whole fruit or drinking a glass of 100 percent fruit juice at least once a day. That's compared to 76 percent of parents and 60 percent of youths who ate a daily serving of vegetables.

African-American youths are a critical audience to reach because African-Americans, as a group, are at higher risk for excess weight gain and eat fewer fruits and vegetables than other racial and ethnic groups in the United States, researchers said. For the time frame examined in this study, the youths were 19 years old on average, an age when they have more say over what they eat. The fact that their eating behaviors reflected their parents' stresses the importance of family meals.

"I think that families do form eating habits, and some of those habits are very good and healthy, and some of those eating habits are not," Cutrona said. "We know that a healthy diet has long-term effects on kids and we should make it easy for families to get fresh fruits and vegetables."

Impact of intervention

Family interactions can increase the effects of policy-related changes. To better understand this multiplier effect and the potential benefits of intervention programs, researchers analyzed several hypothetical scenarios that illustrate how changing the food choices of one group might affect the other. For example, a program targeting parents to increase how often they eat fruit would indirectly increase fruit consumption among youths.

There is a similar impact for vegetables. Because price is also a factor for parents, programs that offer subsidies or coupons for produce would be an effective policy tool to influence the healthful eating choices of parents and youths.

"Knowledge of how family and peer interactions and prices affect food consumption choices can help in designing effective policy interventions to facilitate healthy eating among vulnerable groups of young people," Jensen said.

Journal Reference:
Oleksandr Zhylyevskyy, Helen H. Jensen, Steven B. Garasky, Carolyn E. Cutrona, Frederick X. Gibbons. Effects of Family, Friends, and Relative Prices on Fruit and Vegetable Consumption by African Americans. Southern Economic Journal, 2013; 80 (1): 226 DOI: 10.4284/0038-4038-2011.277

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High Protein Diet, Meal Replacements Can Reduce Rebound Weight Gain

Oct. 31, 2013 — New research shows that there are several effective strategies available to people wanting to avoid regaining weight after a successful diet. Anti-obesity drugs, meal replacements and a high protein diet can help weight loss maintenance, according to a meta-analysis published in the scientific periodical The American Journal of Clinical Nutrition.

The study, which was carried out by researchers at Karolinska Institutet's Clinical Epidemiology Unit and the Obesity Centre at Karolinska University Hospital in Sweden, contributes knowledge about what is without doubt the greatest challenge to anyone attempting to lose weight: how to reduce rebound weight gain and maintain the lower body weight after the weight loss phase.

"The body has several defence mechanisms against weight loss, such as increased hunger, lower energy metabolism and relapse back to old habits," says research team member Dr Erik Hemmingsson. "If the problem of rebound weight gain didn't exist, obesity would be relatively easy to treat. There have been several possible methods to facilitate long-term weight control over the years, and now the database was large enough to make a systematic evaluation of existing studies."

In their meta-analysis, the team combined the results of 20 published scientific studies including a total of 3,017 participants, who were either obese or overweight at the start of the weight loss process. The various studies examined the effects of drugs, meal replacements, high protein diets, dietary supplements and exercise on rebound weight gain after an intensive weight loss, low-calorie diet (less the 1,000 calories a day).

Even though the study shows that rebound weight gain is more the rule than the exception, the researchers found that several strategies obviously helped to reduce the unwanted effect: anti-obesity drugs, powdered meal replacements, and a high protein diet. Low glycaemic index (GI) food was also effective, although the data in that case came from a single study, which the researchers say makes the conclusions less reliable.

"Anti-obesity drugs unfortunately carry a risk of adverse events, so the most effective drugs were completely withdrawn a few years ago," says Dr Hemmingsson. "Meal replacement products and high protein diets, on the other hand, are effective and available to everyone."

One interesting result was that exercise had no clear effect on weight loss maintenance. The reason, however, might be that one of the included trials studied relatively sick patients with serious arthrosis who had been prescribed special physiotherapy. In another study, in which the participants exercised in a more normal way, the effect was similar to eating a high protein diet. Dietary supplements were not associated with a reduced rebound effect.

Journal Reference:
K. Johansson, M. Neovius, E. Hemmingsson. Effects of anti-obesity drugs, diet, and exercise on weight-loss maintenance after a very-low-calorie diet or low-calorie diet: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. American Journal of Clinical Nutrition, 2013; DOI: 10.3945/ajcn.113.070052

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Pizza Perfect! A Nutritional Overhaul of 'Junk Food,' Ready-Meals Is Possible

Oct. 31, 2013 — Pizza is widely regarded as a fully-paid up member of the junk food gang -- maybe even the leader -- at least the versions found on supermarket shelves or delivered to your door by scooter.

Historically, a few humble ingredients: bread, tomatoes and a little cheese, combined to form a traditional, healthy meal, but many of today's pizzas have recruited two dangerous new members to their posse -- salt and saturated fat.

However, pizzas and many other nutritionally-dubious foods can be made nutritionally ideal: A crowning example of 'health by stealth' according to scientists, who say it is possible to reformulate such foods to achieve public health goals, without upsetting their taste so they remain commercially successful for producers.

Professor Mike Lean, a physician and nutritionist in the School of Medicine at the University of Glasgow, said: "Traditional pizza should be a low-fat meal containing at least one portion of vegetables, so mainly made from ingredients associated with better cardiovascular health.

"However, to enhance shelf-life, commercial pizza recipes today include much more fat and salt than desirable. Until now, nobody has stopped to notice that many essential vitamins and minerals are very low or even completely absent. From a nutrition and health perspective, they are hazardous junk.

"Pizzas are widely consumed and regarded as meals in themselves, and yet their impact on human nutrition does not seem to have been studied."

The team of scientists, which also included Dr Emilie Combet, Amandine Jarlot and Kofi Aidoo of Glasgow Caledonian University, set out to ascertain the nutritional content and quality of contemporary pizzas and to demonstrate that pizza can be reformulated to make it the basis of a fully nutritionally-balanced meal.

Working with Donnie Maclean of food producer EatBalanced.com, a range of new pizza recipes was then developed, each containing 30% of all the nutrients required in a day: in other words, an ideal meal.

A total of 25 Margarita pizzas were analyzed. They varied widely in calorie content, ranging from 200 to 562kcal. Few approached the 600kcal energy requirement that would make it a proper meal, so people may tend to eat something extra.

Perhaps surprisingly only six of 25 pizzas tested contained too much total fat (>35% total energy), with eight having too much saturated fat while only two boasting a desirable level (<11% total energy). Most of the fat in the pizzas came from the cheese.

The amount of sodium in most of the 25 pizzas was substantially over the recommended limit, with nine containing more than 1g per 600kcal serving.

Several pizzas had sodium levels well within the recommended limit but were not advertised as low-salt or low-sodium, indicating that recipes can be modified and remain commercially successful.

To constitute a healthy nutritionally-balanced meal, at least 45% of the energy intake should come from carbohydrates. Only five failed to meet this requirement, due to combined high fat and protein contents.

Vitamin and mineral content information was mostly absent from the packaging, with only five providing this information in detail, and three having basic information. None met the recommended value for iron, vitamin C and vitamin A. One met just the iron requirement and two the vitamin C requirement. Vitamin A requirement was met in four pizzas, and only one met calcium requirements.

Prof Lean said: "Some were really bad. While none of the pizzas tested satisfied all the nutritional requirements, many of the requirements were met in some pizzas, which told us it should be possible to modify the recipes to make them more nutritionally-balanced without impacting on flavor -- health by stealth, if you like."

Using the knowledge and facilities of EatBalanced -- and with funding from a University-Scottish Government 'First Step Award' secured by Mr Maclean -- the team modified a modern pizza recipe: reducing salt, adding whole-wheat flour, adding a small amount of Scottish seaweed to provide flavor, vitamin B12 and fibre, iron, vitamin A, vitamin B12 and iodine, adding red peppers provided extra vitamin C.

The proportions of bread base to Mozzarella cheese was adjusted to correct the carbohydrate/fat/protein ratios and minimize saturated fat content. After cooking, it was finally analysed in the laboratory.

The team put the end result to a taste test with members of the public and both children and adults gave it the thumbs-up for taste and attractiveness.

The world's first nutritionally-balanced pizzas were subsequently marketed by food company EatBalanced.com, and three flavors are available from various UK supermarkets.

Prof Lean said: "There really is no reason why pizzas and other ready meals should not be nutritionally-balanced. We have shown it can be done with no detriment for taste.

"Promoting 'healthy eating' and nutritional education have had little impact on eating habits or health so far, and taking so-called 'nutritional supplements' makes things worse.

"We can't all make entirely home-made meals, so it's about time that manufacturers took steps to make their products better suited to human biology, and we have shown then how to do it. Rather than sneaking in additives like salt, they could be boasting about healthier ingredients that will benefit consumers."

The study 'Development of a nutritionally-balanced pizza, as a functional meal designed to meet published dietary guidelines', is published in the journal Public Health Nutrition.

Journal Reference:
Emilie Combet, Amandine Jarlot, Kofi E Aidoo, Michael EJ Lean. Development of a nutritionally balanced pizza as a functional meal designed to meet published dietary guidelines. Public Health Nutrition, 2013; : 1 DOI:10.1017/S1368980013002814

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10 dicas para incentivar os pequenos leitores

Leia também: Biblioteca Básica (para criar este infográfico, 18 educadores selecionaram 204 obras essenciais para serem lidas do Ensino Fundamental ao Médio).
Os benefícios da leitura são amplamente conhecidos.Quem lê adquire cultura, passa a escrever melhor, tem mais senso crítico, amplia o vocabulário e tem melhor desempenho escolar, dentre muitas outras vantagens. Por isso, é importante ler e ter contato com obras literárias desde os primeiros anos de vida. Mas como fazer com que crianças em fase de alfabetização se interessem pelos livros? É verdade que, em meio a brinquedos cada vez mais lúdicos e cheios de recursos tecnológicos, essa não é uma tarefa fácil. Mas pequenas ações podem fazer a diferença. “O comportamento da família influencia diretamente os hábitos da criança. Se os pais leem muito, a tendência natural é que a criança também adquira o gosto pelos livros”, afirma Rosane Lunardelli, doutora em Estudos da Linguagem e professora Universidade Estadual de Londrina (UEL).

A família tem o papel de mostrar para a criança que a leitura é uma atividade prazerosa, e não apenas uma obrigação, algo que deve ser feito porque foi pedido na escola, por exemplo. Para seduzir pela leitura, há diversas atividades que os pais e outros familiares podem colocar em prática com a criança e, assim, fazer do ato de ler um momento divertido. No período da alfabetização, especialistas sugerem que se misture a leitura com brincadeira, fazendo, por exemplo, representações da história lida, incentivando a criança a criar os próprios livros e pedindo que a criança ilustre uma história. “Para encantar as crianças pequenas, é essencial brincar com o livro”, recomenda Maria Afonsina Matos, coordenadora do Centro de Estudos da Leitura da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Maria Afonsina também dá uma dica: nunca reclame dos preços dos livros diante do seu filho. “O livro precisa ser valorizado”, diz ela. Leia a seguir 10 dicas para transformar o seu filho em fase de alfabetização em um pequeno grande leitor:

1. Respeite o ritmo do seu filho.

Não se preocupe se o livro escolhido pelo seu filho parecer infantil demais. Cada criança tem um ritmo diferente. O importante é que o livro esteja sempre presente. A criança costuma dar sinais quando se sente preparada para passar para um próximo nível de leitura. “É preciso estudar o outro, entender o que ele gosta e respeitar as preferências”, afirma Maria Afonsina Matos, coordenadora do Centro de Estudos da Leitura da Uesb.

2. Siga o gosto do seu filho.

Talvez o que o seu filho gosta de ler não seja exatamente o que você gostaria que ele lesse. Mas, para adquirir o hábito a leitura, é preciso sentir prazer. Então, se o seu filho prefere ler livros de super-heróis aos clássicos contos de fada, por exemplo, não se preocupe (e nem pense em proibi-lo!). “É importante entender a criança e lhe proporcionar leituras que atendam aos seus desejos”, diz Rosane Lunardelli, da UEL.

3. Traga a leitura para o cotidiano.

“Os pais precisam dar possibilidades para que as crianças se sintam envolvidas pela leitura”, recomenda Lucinea Rezende, da UEL. Por isso, no seu tempo livre, procure fazer atividades com o seu filho que você possa relacionar com um livro. Uma ida ao zoológico, por exemplo, torna-se muito mais interessante depois que a criança leu um livro sobre o reino animal. E vice-versa: uma leitura sobre animais é mais bacana depois que a criança teve a oportunidade de ver de perto os bichinhos. E, assim como essa, há muitas outras maneiras de juntar passeios de fim de semana com a leitura: livro de experiências + visita a museu de ciências, livro de história + passeio em local histórico, visita a museu de arte + livro infantil sobre arte… As possibilidades são inúmeras!

4. Incentive a leitura antes de dormir.

Incentive o seu filho a ler todas as noites. E, se ele ainda não for alfabetizado, conte histórias para ele antes de dormir. Por isso, é importante que ele tenha uma fonte de iluminação direta ao lado da cama, como um abajur. Uma ideia bacana é dar um presente para a criança nos fins de semana: permita que ela fique acordada até um pouco mais tarde para ler na antes de dormir. A professora Maria Afonsina Matos, da Uesb, relata que costumava contar histórias para os seus filhos todas as noites. “Hoje eles são adultos que leem muito”, conta.

5. Improvise representações dos livros.

“Concluída a leitura de um livro, os pais podem organizar peças de teatro baseadas na obra”, sugere Lucinea Rezende, da UEL. Uma boa ideia é convidar outras crianças para participar da atividade. Os adultos podem ajudá-las a elaborar uma espécie de roteiro e pensar nas vestimentas e nos cenários a serem criados. Depois dos ensaios, a peça pode ser apresentada para um grupo de pais ou para toda a família. Também é interessante gravar com o celular ou uma filmadora a encenação da peça, para que depois a criança possa ver o próprio desempenho.

6. “Publique” o livro do seu filho.

Proponha para o seu filho que ele faça o próprio livro. “As crianças gostam de criar histórias, viver personagens, imaginar paisagens”, diz Maria Afonsina Matos, da Uesb. Primeiro, peça que ele tire fotos (e imprima-as) ou recorte figuras de revistas antigas. Depois, a partir das imagens, peça que ele escreva uma história. Ajude-o a criar uma capa para o livro e, por fim, coloque-o na estante, junto com outros livros. Que criança não adoraria ter um livro de sua autoria na biblioteca de casa?

7. Organize um clube do livro.

Convide amigos e colegas de escola do seu filho para uma espécie de festa da leitura. No início, cada criança lê o trecho de um livro que pode até ser escolhido por eles (mas com orientação dos adultos). Depois de lida a obra, organize um debate sobre a história. Tudo isso pode ser feito durante uma tarde de sábado ou domingo, com direito a guloseimas que as crianças adoram, como cachorro-quente e chocolate quente (no fim de semana, pode!). “Na infância, a leitura tem de estar ligada a uma atividade divertida”, afirma Rosane Lunardelli, da UEL.

8. Ajude-o a ler melhor.

Muitas crianças ficam frustradas por ler muito devagar em voz alta. Se é o caso do seu filho, você pode ajudá-lo fazendo exercícios, como cronometrar o tempo que ele leva para ler um texto ou o trecho de um livro em voz alta. A atividade pode ser repetida várias vezes em dias diferentes e, assim, a criança vai poder comprovar o próprio desenvolvimento. Para aprimorar a atividade, peça que ele faça vozes diferentes para cara personagem da história. “A sonoridade fascina as crianças”, explica Lucinea Rezende, da UEL.

9. Não pare de ler para ele.

Após a alfabetização, é importante incentivar que a criança leia sozinha, mas isso não significa que você deva parar de ler para ela. Quando um adulto lê em voz alta um livro um pouco mais difícil, a criança é capaz de compreendê-lo, o que provavelmente não aconteceria se ela estivesse lendo sozinha. Abuse das vozes diferentes, dos sons, das entonações. Assim, a história fica muito mais emocionante. Parlendas e músicas, por exemplo, são ideais para serem lidas em voz alta. “Histórias lidas em voz alta e com emoção deixam as crianças mais leves, mais soltas”, afirma Maria Afonsina Matos, da Uesb.

10. Frequente livrarias e bibliotecas.

“Para adquirir o gosto pela leitura, a criança precisa se familiarizar com o ambiente de leitura”, diz Rosane Lunardelli, da UEL. E, enquanto o acervo literário de casa é limitado, nas livrarias e nas bibliotecas a criança pode ter contato com uma infinidade de obras diferentes. Transforme as idas a livrarias, bibliotecas e feiras do livro em um programa de fim de semana. Hoje, nas grandes cidades, muitas livrarias e bibliotecas públicas oferecem atividades específicas para as crianças. E esse programa ainda é de graça. Algumas livrarias, inclusive, têm espaços para leitura (sem que os livros precisem ser comprados!).

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O conhecimento prévio na leitura

A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-se dizer com segurança que sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão.

São vários os níveis de conhecimento que entram em jogo durante a leitura. O conhecimento linguístico é aquele conhecimento implícito, não verbalizado, nem verbalizável na grande maioria das vezes, que faz com que falemos português como falantes nativos. Este conhecimento abrange desde o conhecimento sobre como pronunciar português, passando pelo conhecimento do vocabulário e regras da língua, chegando até o conhecimento sobre o uso da língua. O conhecimento linguístico, então, é um componente do chamado conhecimento prévio, sem o qual a compreensão não é possível.

Também o conjunto de noções e conceitos sobre o texto, que chamaremos de conhecimento textual, faz parte do conhecimento prévio e desempenha um papel importante na compreensão de textos. A pouca familiaridade com um determinado assunto pode causar incompreensão. Nesse caso, a incompreensão se deve a falhas no chamado conhecimento do mundo ou “conhecimento enciclopédico”, o que pode ser adquirido tanto formal como informalmente. O conhecimento de mundo abrange desde o domínio que um físico tem sobre sua especialidade até o conhecimento geral de fatos como “o gato é um mamífero”, “Angola fica na África”, etc.

O conhecimento linguístico, o conhecimento textual e o conhecimento de mundo devem ser ativados durante a leitura para poder chegar ao momento da compreensão; esse momento que passa despercebido, em que as partes discretas se juntam para fazer um significado. O mero passar de olhos pela linha não é leitura, pois leitura implica uma atividade de procura pelo leitor, no seu passado de lembranças e conhecimentos, daqueles que são relevantes à compreensão de um texto que fornece pistas e sugere caminhos.

KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas, SP: Pontes, 1999.

Data: 22.10.2013

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Planta atua no controle da placa bacteriana em cães

Por Lara Deus - lara.deus@usp.br  Publicado em 31/outubro/2013
A planta, em solução a 10%, se mostrou eficaz no tratamento dentário

A Kalanchoe gastonis-bonnieri (KGB), vegetal popularmente conhecido como “planta-da-vida”, “orelha-de-porco”, “saião” ou “folha-grossa”, pode ser usada para combater a doença periodontal em cães. Isto porque, segundo pesquisa de doutorado da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, a planta foi eficaz na redução do biofilme bacteriano e do cálculo dentário.

O estudo, de autoria da médica veterinária Samira Lessa Abdalla, comprovou a ação do KGB in vivo, ou seja, fazendo o tratamento odontológico nos próprios cachorros. A alta incidência da doença periodontal em cães – de 85% – foi o que motivou Samira a pesquisar o tema. Esta enfermidade é causada pelo acúmulo de placa bacteriana nos dentes e gengiva, mecanismo que aconteceu em menor intensidade quando os cães eram tratados com KGB.

O cálculo dentário, por sua vez, se forma quando há a mineralização da placa bacteriana, se acumulando entre os dentes e a gengiva. Plantas medicinais são usadas comumente para tratamento odontológico, mas raras são as vezes em que há estudo científico sobre seus efeitos.

Tratamento

Nos testes, os animais foram divididos em três grupos, um deles recebendo tratamento com 10 mililitros (ml) diários de KGB a concentração de 10%, um grupo controle positivo com solução de clorexidina a 0,12%, e outro grupo controle negativo com solução fisiológica, durante 28 dias.

A clorexidina é um antiséptico e tem ação antibacteriana, já a solução fisiológica é um líquido apenas constituído de água e cloreto de sódio. Quando comparado a ambos os controles, a KGB promoveu a redução do cálculo dentário em maior proporção. A placa bacteriana também foi evitada na presença de KGB, mas apenas apresentou diferença significativa em relação ao grupo controle negativo.
O cálculo dentário ocorre quando há a mineralização do biofilme bacteriano

No estudo, a veterinária ainda realizou exames de sangue com os cães para avaliar os efeitos colaterais decorrentes deste tratamento. Eles se mostraram dentro da normalidade, mas ela enfatiza que “são necessários estudos complementares a longo prazo para a comprovação da ausência de efeitos colaterais”. Além disto, para entender o modo como a KGB interfere no processo de mineralização da placa bacteriana, deve haver outros estudos que se aprofundem no tema, explica ela.

Antes de Samira, uma pesquisa concluída em 2006 por Márcio Menezes, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), avaliou a ação antibacteriana da KGB in vitro, ou seja, fora de organismos vivos. Já em seu mestrado, também pela UFRRJ, ela pesquisou sobre a quantificação computadorizada da formação de placa bacteriana e cálculo dentário de cães.

Tudo isto contribuiu para que, em 2012, ela concluísse seu doutorado Eficácia in vivo do sumo de Kalanchoe gastonis-bonnieri no controle do biofilme bacteriano e cálculo dentário de cães, pela FMVZ. O trabalho foi orientado por Marco Antonio Gioso, do Laboratório de Odontologia Comparada da FMVZ.

O estudo da veterinária pode contribuir com descobertas sobre o uso de KGB tópico para tratamento da doença periodontal também em outras espécies animais, inclusive humanos. Esta planta faz parte de um grupo de recursos naturais que, segundo ela, são “ainda pouco conhecidos e utilizados”, apesar de estarem amplamente disponíveis na natureza.

Imagem 1: Wikimedia Commons
Imagem 2: Marcos Santos / USP Imagens

Mais informações: email abdallasamira@hotmail.com, com Samira Lessa Abdalla

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Resenha do artigo: “Alimentação e Cultura: Em Torno do Natural” de Javier Lifschitz

Resenha de: Camilla Bassanello Chagas
Acadêmica de Nutrição – Universidade de Taubaté

LIFSCHITZ Javier. PHYSIS: Revista Saúde Coletiva – Rio de Janeiro – RJ, 7(2): 69-83, 1997. 

O Artigo trata dos discursos e associações em torno do “natural” como passeios, partos, exercícios e muitos outros ditos que fez com que a sociedade do fim do século passado (assim como as do inicio do XXI, mas que ele não poderia prever em 1997) valorizasse muito mais esse novo padrão de vida. A alimentação é a maior delas, fazendo dos inúmeros produtos de origem industrial, artesanal ou in natura, parte dessa mudança de consumo, tendo no Brasil, um alcance social restrito à população de média e alta renda, devendo ser aprofundado os estudos de alguns padrões alimentares (alimentação natural, fast food, diet, etc.) nos setores mais populares. 

Nesse artigo Lifschitz, se propõe a indagar sobre a implosão do natural e sua multiplicidade de definições e seus sentidos, assim ele começa com o “saber sobre o natural”, que trata do que teria caracterizado algo como natural e considera a alimentação uma das responsáveis por essa reaparição, sendo através dela constituído, novos referentes culturais. 

Desses saberes, ele cita quatro sobre o que é um alimento natural: as tribos alimentares, os profissionais da saúde (médicos, nutricionistas etc.), a indústria alimentar e a mídia. 

O autor começa definindo o que são as tribos alimentares, constituído de vegetarianos, macrobióticos naturalistas e etc., onde considera o natural àqueles alimentos que remetem a própria natureza; nascem da terra e são manipulados manualmente. As tribos não reconhecem como natural o alimento “naturais industriais”, processos fabris com interseção de máquinas, que contenham agrotóxicos etc.. 

Para os profissionais da saúde, Lifschitz define como sendo todo o alimento funcional ao corpo humano e que tenha um conjunto de nutrientes essenciais para alcançar a saúde tendo ela como meta. 

A indústria reconhece como produto natural àquele que não é acrescentado de “aditivos químicos”. Porém, na produção em massa de algum alimento, pode vir a sofrer a interferência de processo químico como os aromatizantes, muito comuns nos “produtos naturais” da indústria utilizados para realçar seu odor e sabor. 

Os mais conhecidos são o aromatizante natural, que é um concentrado de óleos, infusões e extratos vegetais a partir de matérias primas naturais, o aromatizante natural, substâncias químicas como citril, mentol, baunilha e etc., extraídos a partir de produtos naturais e o aromatizante idêntico ao natural, produto quimicamente sintetizado que apresenta estrutura idêntica ao natural. 

Enfim, o autor classifica o natural pela publicidade como sendo um jogo de estratégias para convencer o consumidor de que o produto comercializado pela indústria seja simbolicamente e equivalente ao natural, só que mais prático e mais durável. 

Ao seguir com o texto, Lifschitz aborda "O natural no Imaginário Social", citando seu próprio trabalho anterior onde observa que a necessidade de uma sociedade de criar novos padrões de consumo, faz com que pessoas consumam produtos naturais demonstrando ideia de preocupação com a saúde física e moral, criando vertentes como a orientalização, onde engloba culturas milenares que tem como tradição a preparação artesanal e utilização de produtos frescos, assim como práticas exotéricas e místicas que há alguns anos era considerada como excêntrica e hoje como natural e energético, onde o interior do homem pode ser afetado pelo que se incorpora do exterior; a medicalização que se preocupa com a falta de nutrientes e os excessos de algumas sustâncias ingeridas e seus desequilíbrios, foco da comunidade médica de algumas décadas para cá; a ecologização, que trata do benefício do alimento natural em relação aos industrializados na conservação e preservação do meio ambiente e a feminização, onde o autor faz uma citação da obra de Sahlins (1979), onde ele associa a imagem da carne com o masculino, indicando “força” e “virilidade”, ligadas a ambientes como os açougues e churrascos, enquanto a representação do natural fica com a mulher, destacando símbolos de “leveza” e “estética”. Associação essa um pouco machista, mas levando em consideração a data, temos que concordar que naquela época a saída da mulher dos afazeres domésticos para o mercado de trabalho era um pouco menor em relação há 30 anos depois, nos dias atuais. 

Finalizando o artigo, o autor confere ao natural uma representação cultural cheia de imagens e símbolos e contradições – O Natural como Sistema Paradoxal – contradições presentes na medicalização, orientalização, ecologização e feminização, do místico ao científico, querendo destacar que os elementos descritos no artigo interagem e intensificam as fronteiras culturais, pois as práticas alimentares são amplos assuntos para avanços e pesquisas, devido a sua constante contribuição para as transformações culturais.

Desenvolvimento sustentável. Disciplina obrigatória nos cursos de jornalismo. Entrevista com André Trigueiro

"A intenção do MEC é oxigenar as escolas de jornalismo de forma geral. O mundo mudou e as dinâmicas de ensino precisam acompanhar as mudanças do mundo”, avalia o jornalista.
Foto: http://bit.ly/19GPBLb

Com a intenção de “oxigenar os cursos de Jornalismo”, o MEC está revendo as diretrizes curriculares dos cursos de graduação brasileiros. Em breve, com a reformulação dos currículos, as universidades deverão incluir a disciplina de Desenvolvimento Sustentável na grade curricular. A alteração, na avaliação do jornalista André Trigueiro, “é muito importante, porque estamos falando de uma atualização voltada para novas culturas que estão sendo determinantes na compreensão dos desafios civilizatórios deste terceiro milênio. O jornalista, portanto, deverá estar antenado com os dilemas do desenvolvimento sustentável, tema que agora fará parte da sua formação”.

Em entrevista concedida à IHU On-Line por telefone, Trigueiro, especialista na área ambiental, frisa a importância desta disciplina nos cursos de Jornalismo para “mostrar o senso de urgência em favor de uma nova forma de se relacionar com o planeta que nos acolhe”. E enfatiza: “O jornalista pode ajudar no diagnóstico dos processos que aceleram a destruição, a devastação do meio ambiente e, inclusive, sinalizar novas perspectivas”.

De acordo com ele, o tema vinha sendo tratado como uma “disciplina periférica nos cursos de jornalismo”, formando “sucessivos analfabetos ambientais”. A obrigatoriedade da disciplina atentará os estudantes para “discussões importantes a serem feitas pelos meios de comunicação, como a disponibilidade de água doce e terra fértil no mundo, a poluição do ar, o uso indiscriminado de agrotóxico, a transgenia irresponsável, a destruição sistemática da biodiversidade sob prejuízos enormes para os seres humanos, porque não estamos desconectados da natureza”.

André Trigueiro é jornalista, pós-graduado em Gestão Ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e professor do curso de Jornalismo Ambiental da PontifíciaUniversidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio. Na Globo News, apresenta o programa“Cidades e soluções”, tratando da questão do meio ambiente. É autor de Meio ambiente no século 21 (Rio de Janeiro: Sextante, 2003), Mundo sustentável (São Paulo: Globo, 2005) eEspiritismo e ecologia (2ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010).

Confira a entrevista.
Foto: http://bit.ly/1ga8v58

IHU On-Line – Como ocorreu o processo de elaboração das diretrizes do MEC em relação à disciplina de jornalismo ambiental? Em que consistem tais diretrizes em relação ao ensino de jornalismo ambiental nos cursos de Jornalismo?

André Trigueiro – Em 2009 foi produzido um relatório assinado por uma comissão de especialistas em ensino de Jornalismo que, com o aval do Ministro da Educação, à época Fernando Haddad, pretendia renovar e atualizar os conteúdos dirigidos aos estudantes de Jornalismo de todo o Brasil. Então, houve um amplo movimento, que compreendeu audiências públicas em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Recife e propostas por consultas públicas via internet no Portal do Ministério da Educação – MEC. Isso resultou em um documento que assinala quais serão, portanto, as novas diretrizes curriculares para o curso de Jornalismo no Brasil.

Essa novidade é muito importante, porque estamos falando de uma atualização voltada para novas culturas que estão sendo determinantes na compreensão dos desafios civilizatórios deste terceiro milênio. O jornalista, portanto, deverá estar antenado com os dilemas do desenvolvimento sustentável, tema que agora fará parte da sua formação. Trata-se de uma questão que diz respeito à dinâmica cultural, aos novos valores pertinentes a serem discutidos e debatidos, como toda a reengenharia determinada pelas novas tecnologias na área da comunicação, que democratizaram os meios, permitindo mais acesso à informação. Nesse universo, o papel do jornalista é realçado, porque passamos a ter uma função estratégica de decodificar, nessa avalanche de informações, o que realmente é importante e por quê.

A intenção do MEC é oxigenar as escolas de jornalismo de forma geral. O mundo mudou e as dinâmicas de ensino precisam acompanhar as mudanças do mundo. Nesse sentido, a resolução do MEC quer reorganizar esses conteúdos, elencá-los de maneira nova, reconhecendo quais conteúdos devem ser incluídos e com qual ordem de importância.

IHU On-Line – Por que se defende essa alteração no currículo? Por que as questões ambientais são necessárias na formação dos jornalistas?

André Trigueiro – Venho defendendo em diferentes frentes a qualificação do jornalista na área da sustentabilidade. É importante que o curso de jornalismo tenha uma disciplina de jornalismo ambiental que procure mostrar esse senso de urgência em favor de uma nova forma de se relacionar com o planeta que nos acolhe, e percebermos as interações que estabelecemos com esse meio. O jornalista pode ajudar no diagnóstico dos processos que aceleram a destruição, a devastação do meio ambiente e, inclusive, sinalizar novas perspectivas.

IHU On-Line – Que competências na área ambiental o jornalista deverá possuir? Que conteúdo deverá ser ensinado na disciplina de Desenvolvimento Sustentável?

André Trigueiro – É importante para o estudante de jornalismo compreender a história do ambientalismo como um fenômeno que mobiliza setores da sociedade profundamente incomodados com o modelo de desenvolvimento que vem determinando — depois da revolução industrial — o esgotamento dos recursos naturais não renováveis essenciais à vida. Portanto, essa crise tem a nossa digital e o nosso DNA, porque é resultante da nossa cultura. Trata-se de uma crise ética por conta dos nossos hábitos, das nossas escolhas, do padrão de consumo.

Se o jornalista é um contador de história que tem a função social de reconhecer fatos importantes de interesse público, ele também pode ajudar a sociedade a realizar escolhas mais certas, sensatas, inteligentes, que aumentem a qualidade de vida, reduzam a pobreza e a miséria. Além disso, a questão ambiental não é uma questão qualquer. Ela vinha sendo tratada, nas escolas de jornalismo, como uma disciplina periférica, e estávamos formando sucessivos analfabetos ambientais. Entretanto, há discussões importantes a serem feitas pelos meios de comunicação, como a disponibilidade de água doce e terra fértil no mundo, a poluição do ar, o uso indiscriminado de agrotóxico, a transgenia irresponsável, a destruição sistemática da biodiversidade sob prejuízos enormes para os seres humanos, porque não estamos desconectados da natureza. Essa guinada que a humanidade precisa dar na busca de um modelo de desenvolvimento inteligente, que não agrave a depredação dos recursos fundamentais, e a busca de uma ética civilizatória onde possamos adotar novos valores em contraposição ao consumismo, são funções do jornalismo moderno. Precisamos ter a competência de entender porque o desenvolvimento que interessa é sustentável.

IHU On-Line – Como deve ser a formação dos estudantes? Professores de que área do conhecimento devem ministrar essas disciplinas?

André Trigueiro – Os parâmetros curriculares do MEC já adotaram a sustentabilidade como um conteúdo transversal e comum a todas as disciplinas. Aí tem duas correntes de educadores. Uma delas se queixa que se todo mundo tem que falar de sustentabilidade, então, ninguém se sente particularmente desafiado a fazê-lo. Outra corrente acha que se deveria formalizar uma disciplina que seja dominada nessa direção.

Na disciplina de Jornalismo da PUC-Rio trabalhamos conceitos — porque as palavras têm data e certidão de nascimento —, para que os alunos compreendam o que é meio ambiente, ecologia, sustentabilidade, comunidade sustentável, desenvolvimento sustentável, os quais têm uma história, e a partir da qual é possível compreender como esse processo vem sendo construído culturalmente. Aí avançamos na compreensão sistêmica, ou seja, de compreender o universo como um conjunto de sistema ao qual estamos irremediavelmente integrados ao sistema Terra.

Utilizamos textos de Edgar Morin, Leonardo Boff, Fritjof Capra, que emprestam sentido a um conceito de universo onde não somos entes separados. Somos absurdamente vinculados com o meio que nos cerca. Ultrapassada essa parte teórica, trabalhamos os eixos temáticos da atualidade. Procuro abrir espaço para discutir temas como mudança climática, recursos hídricos, resíduos sólidos, biodiversidade, planejamento urbano sustentável, ou seja, como se discute meio ambiente nas cidades. Quer dizer, promover o debate da qualidade de vida na sociedade, e como se aplica a cartilha da sustentabilidade na gestão pública e privada, na legislação, no processo de licenciamento, na lei de uso do solo, ou seja, como se pensa a ocupação territorial da cidade de maneira inteligente no sentido de reduzir o impacto sobre o meio ambiente, promovendo o uso dos recursos naturais. Essa é uma temática nova, portanto o jornalista não precisa ser especialista no tema. O importante é que o jornalista esteja mais à vontade para não replicar o erro grave de muitos profissionais de imprensa, que não conseguiram elencar os temas da sustentabilidade na parte nobre da cobertura do dia a dia.

As manifestações de junho em São Paulo começaram por causa de um debate sobre o custo das passagens de ônibus, e esse movimento ganhou força a partir de um descontentamento e uma demanda reprimida de enorme insatisfação com o transporte público. Por isso, o aumento do preço da passagem funcionou como um rastilho de pólvora num ambiente inflamável. Esse é um assunto ambiental por excelência, porque os números emprestam sentido à tese de que as pessoas estão gastando mais tempo para ir e voltar para o trabalho e andam em um ambiente hostil, que causa reflexos na vida emocional, e isso contamina a produtividade, as relações interpessoais. Se a cidade não consegue promover mobilidade, ela colapsa.

Quando tem uma pauta sobre o lixo, os jornalistas não precisam apenas mostrar o lixão; podem também tratar a questão dos resíduos sólidos de forma criativa e competente, ou seja, não enxergar mais o lixo apenas como um problema. Claro que é melhor não ter lixo, mas se inevitavelmente geramos resíduos, o grande desafio do mundo civilizado é transformar problema em solução. Portanto, como reduzir o impacto do resíduo? É possível reciclar, reutilizar, transformar em energia, em adubo, gerar emprego e renda, produzir riqueza, como fazer um comércio. Então, estamos falando do que quando se fala em lixo?

IHU On-Line – Como avalia a cobertura jornalística na área ambiental em relação a temas polêmicos, como resíduos sólidos, poluição, mobilidade urbana, preservação ambiental, transgenia, agrotóxico?

André Trigueiro – Certamente, hoje, estamos cobrindo estes temas com mais competência, porque há mais jornalistas ocupando espaços em diferentes mídias e abrindo oportunidade para estas pautas. Quando me formei, em 1988, não existia nem computador, nem celular para uso corriqueiro de jornalista. Hoje em dia, com a internet, é possível acessar vídeos, bibliotecas virtuais, banco de dados, em intervalo de poucos segundos. Nós estamos plugados em redes fartas de informação.

É importante dizer que estamos passando por uma gigantesca revolução na área da comunicação. Há uma operação em curso, e ela está demolindo as estruturas que até hoje nortearam as grandes empresas de comunicação, ou seja, estamos num momento de transição importante para algo novo. Difícil dizer exatamente o que será, mas é algo que possivelmente vá misturar televisão com internet e com equipamentos portáteis e interativos, onde quem acessa as mídias poderá determinar os rumos da programação.

Por que é vantagem falar de cobertura dos assuntos ambientais nesse novo mundo? Porque não há controle sobre as redes, sobre a produção digital. Isto é ótimo no sentido em que se terá a proliferação de conteúdos que serão ótimos ou medíocres, e, nesse cenário, aumenta a responsabilidade do profissional jornalista. Porque a nossa função social é identificar assuntos e histórias relevantes, que precisam ser contextualizadas à luz dos acontecimentos.

A partir da invasão do Instituto Royal, em São Paulo, foi possível desdobrar o fato em diversas discussões, seja à luz da ciência, ou seja, do ponto de vista de que é inevitável fazer testes com bichos, e de quais seriam as alternativas, tratar o tema a partir da legislação brasileira, etc. Trata-se, portanto, de um exercício jornalístico de tratar um tema factual e desdobrá-lo em novas pautas, proporcionando um debate riquíssimo, o qual nós, jornalistas, ajudamos a esclarecer.

(Ecodebate, 31/10/2013) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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