sábado, 22 de fevereiro de 2014

Brasília: Exposição no Museu Nacional fala sobre saúde no Brasil


A Arte da Saúde em exposição interativa no Museu Nacional

Publicado em fevereiro 14, 2014

Adriana Varejão, Bispo do Rosário, Jac Leirner e Cildo Meireles são apenas alguns dos nomes de destaque da mostra. Pinturas, esculturas, instalações, vídeos, performances e anúncios de medicamentos contam a história da saúde no Brasil. Interatividade é a marca da exposição que será inaugurada no dia 19 de fevereiro

Bê-á-bá, Bê-é-bé, Bê-i-Bi…otônico Fontoura! Quem não se lembra deste jingle do tônico que foi eternizado pelo personagem Jeca Tatuzinho, criado por Monteiro Lobato no início do século passado, para divulgar o produto que prometia combater sintomas como a falta de ânimo e o cansaço? Considerado o autor mais prestigiado da literatura infantil brasileira, o escritor foi apenas um dos artistas que, ao longo de sua trajetória, utilizou a arte para dar voz à saúde.

Na arte contemporânea, Adriana Varejão, Arthur Bispo do Rosário, Cildo Meireles, Jac Leirner, José Eduardo, Paulo Bruscky, Vicente de Mello, Cao Guimarães, Fabio Magalhães, Hugo Fortes e Sissi Fonseca, Gustavo Magalhães, José Paulo, Louise D.D., Milton Marques, Nazareth Pacheco, Raquel Nava e Rodrigo Braga são exemplos de nomes consagrados no mundo das artes plásticas que têm o tema saúde como poética de alguns de seus trabalhos.

A arte faz por si só essa aproximação, misturando cada vez mais questões artísticas, estéticas e conceituais aos meandros do cotidiano, em todas as instâncias: o corpo, a mente, a ética, o processo de cura, enfim a saúde humana. E é esta a proposta de À sua Saúde, exposição que irá exibir, de forma lúdica e interativa, a história da saúde no Brasil, país que ocupa o sexto lugar no ranking mundial de consumo de medicamentos e que, segundo dados da Anvisa, chegará à quarta posição em 2016.

Dividida em dois núcleos – Histórico e Contemporâneo – À sua Saúde irá apresentar ao visitante um universo em que os temas saúde e arte estão conectados e que, sobrepostos, espelham a complexa rede na qual se emaranha o mundo atual. Com curadoria de Daiana Castilho Dias e Polyanna Morgana, a exposição foi concebida com o objetivo de mostrar ao público brasileiro a importância de um tema que não trata apenas de saúde pública, mas ensina muito sobre o próprio ser humano. O Núcleo Histórico está dividido em três eixos temáticos: Cura Xamânica, Cura Tradicional e a Cura pela Fé.

Quem nunca experimentou um chá para aliviar um sintoma?
Quem nunca agradeceu aos céus por uma cura alcançada?
Quem não se preocupa em manter boa disposição física e mental?
Quem não gosta de ter uma boa farmácia perto de casa?
Quem não se importa com a alimentação?

Algumas dessas experiências cotidianas serão vivenciadas de modo lúdico e interativo na exposição. A começar pelo passeio pela primeira botica do Brasil, montada em tamanho natural, a partir de desenho histórico de Debret. Um dos pontos altos dessa instalação, que faz parte do módulo Cura Tradicional, é a área “Cheiros do Pará”, indispensáveis na indústria da cosmética brasileira, e que poderão ser experimentados pelos visitantes. A evolução dos medicamentos no país também será exibida.

Para expressar a força da Cura Xamânica, a história dos fitoterápicos em outra grande instalação interativa: sacos de chás de vários tamanhos estarão pendurados no teto e acessíveis a quem desejar saber mais sobre cada erva e suas propriedades. Na Cura pela Fé, a sala dos milagres, dos ex-votos, que surpreendem o público misturando ficção e realidade.

Ambientes criados para relatar a Revolta da Vacina, um dos mais pitorescos eventos da história do país, protagonizada pelo sanitarista Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, em 1904, e a quarentena imposta aos viajantes que chegavam ao país pelos portos de Salvador e Rio de Janeiro, promovem uma volta ao tempo. A instalação de um porto cenográfico, com o som do mar, os objetos de época e o registro de artistas que acompanhavam os viajantes, entre os quais Debret, Rugendas e mais recentemente Marc Ferrez, além de quatro animações, colocam o público no meio dos acontecimentos.

Vendendo saúde

Do início do século passado até hoje, o consumo de medicamentos no Brasil não para de crescer: em 2006, o país ocupava a 10ª posição no ranking mundial; hoje é o sexto. E projeções indicam que em 2016 ocupará o quarto lugar. Para disputar a preferência dos consumidores, a publicidade é uma forte aliada. E os anúncios que fizeram história no país poderão ser conferidos na mostra, assim como a evolução dos rótulos de alguns medicamentos, que mostram as tendências do design de cada época.

A saúde na arte contemporânea

O entendimento de saúde em um sentido mais amplo do termo, que integra a relação entre natureza e ser humano, está presente na poética de muitos artistas plásticos. A importância da saúde na vida da sociedade á apontada pela arte contemporânea como forma de reação às injustiças sociais e também como alerta para que todos pensem de que maneira podem contribuir para cuidar de si e do outro. Bispo do Rosário é um bom exemplo: criou um universo lúdico de bordados, assemblages, estandartes e objetos num dos mais obscuros períodos da psiquiatria, driblando os mecanismos de poder dos manicômios
da época, que praticavam tratamentos à base de eletrochoques e até lobotomias.

À sua Saúde apresentará 22 trabalhos do artista, dois dos quais inéditos.

Adriana Varejão, por outro lado, se apropria de ícones da civilização europeia e denuncia a violência da colonização: neste caso, subverte o mobiliário barroco e cria cadeiras feitas de carne seca, na obra “Elegia Mineira”. Fabio Magalhães usa imagens do próprio corpo como matéria-prima de suas pinturas; Paulo Bruscky e Jac Leirner utilizam imagens médicas para desenvolver obras cujo conceito está ancorado numa outra forma de compreensão do corpo.

Os trabalhos de Rodrigo Braga, que recuperam uma medicina quase ritualística (um retorno ao olhar místico de cura pela natureza), se encontram com o humor seco de Raquel Nava, cujas fotografias constroem situações inusitadas entre elementos da natureza e objetos de limpeza. A obra RIO OIR, de Cildo Meireles, tem como foco as fronteiras aquáticas. Tanto no jogo de palavras proposto pelo palíndromo que compõe o nome da obra, quanto no objeto de arte em si, há uma relação direta de mapeamento das fronteiras dos rios brasileiros com um interesse puramente poético, de criação de uma paisagem sonora, que amplia a do conceito de paisagem já iniciada nos trabalhos de Rodrigo Braga e Raquel Nava.

O Núcleo Contemporâneo da exposição contém obras dos seguintes artistas: Adriana Varejão, Arthur Bispo do Rosário, Cao Guimarães, Cildo Meireles, Fabio Magalhães, Gustavo Magalhães, Hugo Fortes e Sissi Fonseca, Jac Leirner, José Eduardo, José Paulo, Louise D.D., Milton Marques, Nazareth Pacheco, Paulo Bruscky, Raquel Nava, Rodrigo Braga e Vicente de Mello.

À Sua Saúde
De 19 de fevereiro a 30 de março
Museu Nacional do Conjunto Cultural da República | Brasília | DF
Visitação de terça a domingo, das 9h às 18h30

Entrada Franca

Publicado em fevereiro 13, 2014

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Mudanças climáticas devem reduzir espécies de anfíbios da Mata Atlântica

Até 12% das 431 espécies desses animais do bioma poderão ser extintas nas próximas décadas, estimam pesquisadores (foto: Diogo B. Provete)

O número de espécies e o tamanho das populações de anfíbios existentes da Mata Atlântica devem diminuir sensivelmente em razão das mudanças climáticas previstas para ocorrer no bioma nas próximas décadas.

As estimativas são de um estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Biogeografia da Conservação da Universidade Federal de Goiás (UFG), publicado na edição de fevereiro da revista Biodiversity and Conservation.

Alguns dos resultados da pesquisa foram apresentados durante o “Workshop Dimensions US-BIOTA São Paulo – A multidisciplinary framework for biodiversity prediction in the Brazilian Atlantic forest hotspot”, realizado na segunda-feira (10/02), na FAPESP, no âmbito do projeto de pesquisa “Dimensions US-BIOTA São Paulo: integrando disciplinas para a predição da biodiversidade da Floresta Atlântica no Brasil”.

O projeto reúne cientistas do Brasil, dos Estados Unidos e da Austrália e é realizado no âmbito de um acordo de cooperação científica entre o Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA-FAPESP) e o programa Dimensions of Biodiversity, da agência federal norte-americana de fomento à pesquisa National Science Foundation (NSF).

“As projeções que realizamos indicam que, em razão das mudanças nas condições climáticas que devem ocorrer na Mata Atlântica nas próximas décadas, a maioria das unidades de conservação do bioma perderá e poucas ganharão espécies de anfíbios”, disse Rafael Loyola, coordenador do Laboratório de Biogeografia da Conservação da UFG e um dos autores do estudo.

“Aparentemente, esse padrão também deverá prevalecer para outros organismos, como mamíferos, aves, mariposas e plantas”, apontou o pesquisador durante a palestra proferida no evento.

De acordo com Loyola, há 431 espécies de anfíbios na Mata Atlântica – bioma que detém 18% de todas as espécies desses animais na América do Sul. Por meio de seis diferentes modelos de distribuição, pelos quais se associa a presença de uma determinada espécie a um conjunto de variáveis ambientais, tais como a média anual de temperatura e de precipitação, os pesquisadores estimaram como essas 431 espécies de anfíbios estão distribuídas hoje pelas unidades de conservação na Mata Atlântica.

Com base em quatro simulações climáticas distintas para a América do Sul até 2050, utilizadas no 4º Relatório de Avaliação (AR4) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os pesquisadores estimaram em quais áreas de proteção da Mata Atlântica essas espécies de anfíbios estarão localizadas, levando em conta o tamanho, a forma e a posição geográfica das reservas florestais e as habilidades de dispersão dos animais em raios de 50, 100 e 200 quilômetros ao longo de 30 anos.

As projeções indicaram que os locais climaticamente adequados para a sobrevivência de anfíbios na Mata Atlântica deverão diminuir até 2050. Por essa razão, até 12% das espécies de anfíbios, localizados principalmente nas porções norte e sudoeste do bioma, deverão entrar em extinção e 88% terão retração da população.

“Isso quer dizer que esses 12% de espécies de anfíbios sofrerão uma contração na população de tal ordem que desaparecerão do bioma”, disse Loyola. “Não são espécies que sairão da Mata Atlântica em direção ao Cerrado ou à Caatinga. Elas realmente podem desaparecer”, ressaltou.

Mudanças na estrutura filogenética

Em um outro estudo, publicado na edição de janeiro da revista Ecography, os pesquisadores avaliaram se as mudanças climáticas também podem alterar a relação evolutiva entre espécies de anfíbios que ocorrem em unidades de conservação da Mata Atlântica, a fim de verificar se esses animais responderiam a essas alterações como clados (grupos que partilham um ancestral comum exclusivo) ou como espécies isoladas.

Os resultados dos modelos indicaram que grupos mais antigos (basais) de espécies de anfíbios, como as cecílias ou cobras-cegas, do grupo Gymnophiona, e o sapo-aru, da famíliaPipidae, poderão ser afetados positivamente pelas mudanças climáticas e deverão ampliar suas distribuições geográficas pela Mata Atlântica.

Por outro lado, grupos mais recentes (derivados) de anfíbios, como as pererecas de vidro, da família Centrolenidae, e outras espécies de pererecas, deverão ser severamente impactados e sua distribuição geográfica pelo bioma poderá ser reduzida em até 90%.

“Em algumas áreas de proteção da Mata Atlântica a diversidade filogenética dos anfíbios poderá aumentar em razão da extinção de espécies muito recentes, o que fará com que espécies basais aumentem sua distribuição pelo bioma”, detalhou Loyola.

“Nesse caso, a diversidade filogenética aumentará por uma razão errada: a perda de espécies muito recentes”, apontou. Uma das espécies de anfíbio que deverá beneficiar-se das mudanças climáticas, de acordo com Loyola, é a rã-touro americana (Lithobates catesbeianus). Introduzida na América do Sul desde 1930, a espécie é considerada invasora no Brasil.

“Boa parte das unidades de conservação da Mata Atlântica vai tornar-se climaticamente mais adequada para essa espécie de anfíbio”, disse Loyola. “Precisamos estudar como será possível evitar ou controlar a invasão dessa espécie, para evitar desequilíbrios ecológicos no bioma”, avaliou.

Contribuição das projeções

Segundo Loyola, as projeções de mudanças na distribuição geográfica de espécies animais podem auxiliar no planejamento e na implementação de medidas de conservação do bioma.

Ao estimar para onde determinadas espécies de animais devem migrar por causa das mudanças climáticas, é possível traçar corredores de dispersão, compostos por áreas conectadas capazes de servir de refúgio para esses animais, exemplificou.

Além disso, as projeções também auxiliam na identificação de áreas no bioma onde podem ser estabelecidas novas unidades de conservação, de modo a diminuir os efeitos das mudanças climáticas sobre o número e a composição das espécies.

“Os modelos permitem gerar soluções de conservação que consideram quais são os locais mais adequados para serem protegidos na Mata Atlântica levando em conta que o clima vai mudar e que as espécies respondem de uma maneira previsível a essas mudanças climáticas”, afirmou.

No estudo publicado na Biodiversity and Conservation os pesquisadores identificaram que as poucas reservas da Mata Atlântica que ganharão espécies nas próximas décadas estão situadas em montanhas, com capacidade de manter um clima adequado para os anfíbios.

Com base nessa constatação, eles sugerem que as novas unidades de conservação sejam estabelecidas em regiões de grande altitude do bioma e sejam criados corredores de dispersão para esses locais. Com isso, esperam atenuar os efeitos das mudanças climáticas sobre os anfíbios, mais suscetíveis às alterações no clima por sua dependência de microambientes, regimes hidrológicos e capacidade limitada de dispersão.

“É possível contornar perfeitamente esse quadro alarmante, caso as soluções que os cientistas vêm oferecendo sejam discutidas e implementadas por tomadores de decisão e legisladores; isso é uma ótima notícia para a comunidade em geral”, afirmou Loyola.

O artigo Climate change threatens protected areas of the Atlantic Forest (doi: 10.1007/s10531-013-0605-2), de Loyola e outros, pode ser lido na Biodiversity and Conservation em link.springer.com/article/10.1007%2Fs10531-013-0605-2#.

O artigo Clade-specific consequences of climate change to amphibians in Atlantic Forest protected areas (DOI: 10.1111/j.1600-0587.2013.00396.x), também de Loyola e outros, pode ser lido na Ecography em onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-0587.2013.00396.x/abstract.

Matéria de Elton Alisson, da Agência FAPESP, publicada pelo EcoDebate, 19/02/2014

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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Pequenos agricultores sofrem pressão para abandonar terra, diz pesquisadora


Os pequenos agricultores e as comunidades tradicionais brasileiras sofrem constante pressão para abandonar a terra. Isso ocorre porque ela é um bem valioso, disputado com o agronegócio e seus interesses, e ainda, em razão de dificuldades econômicas e falta de políticas públicas que assegurem a permanência no campo, como oferta de saúde e de educação. A avaliação é da pesquisadora Leonilde Medeiros, professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). De acordo com ela, o perfil do campesinato brasileiro é migrante. Diferentemente dos camponeses europeus, mais enraizados, no Brasil, o homem do campo’ precisa esforçar-se para permanecer na terra.

“O [camponês] brasileiro é muito migrante, é constantemente expulso. Aconteceu com posseiros, pequenos proprietários e setores que estão lutando para permanecer em suas terras tradicionais, como índios e quilombolas. [Esses grupos] estão sempre em uma relação muito precária com a terra. [É assim] desde o princípio da colonização. A história do Brasil é uma história de conflito agrário”, destaca Leonilde. Segundo ela, o avanço do agronegócio criou ainda mais tensões para os pequenos agricultores. “Hoje, no Brasil e na África, a terra é a grande frente do agronegócio. O Brasil é um dos poucos países do mundo que ainda tem algumas terras disponíveis. O perfil na América do Norte e Europa é mais estabilizado”, explica a pesquisadora.

Leonilde Medeiros é uma das palestrantes, que discutem a situação de pequenos agricultores e ocupantes de terras tradicionais no seminário Dinâmicas e Perspectivas do Campesinato no Brasil no Século 21, organizado pelo Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Os debates começaram ontem (18) e vão até sexta-feira (21). Segundo a professora, que participará amanhã (19) de mesa-redonda sobre contradições sociais no campo, embora o conflito agrário seja o principal fator de pressão para pequenos agricultores, as questões financeiras e a escassez de políticas públicas também devem ser levadas em conta.

“ Eu acho que um dos elementos chave [para resolver o problema] é a retomada de um programa amplo de reforma agrária. Sem nenhuma mudança legal, basta obedecer à Constituição, que diz que o campo deve ter função social. A segunda questão é garantir com políticas de crédito, educação e saúde, que os pequenos proprietários permaneçam. Eles [agricultores] têm crédito para produção, mas às vezes têm dificuldade para escoá-la. Também têm uma estrutura muito frágil”, diz.

Anderson Amaro Silva dos Santos, da direção nacional do MPA, confirma que a estrutura para garantir a sobrevivência e desenvolvimento dos assentamentos rurais existentes é precária. “Tem muitos assentamentos, em vários estados, bem estruturados e produzindo. Mas há famílias assentadas há dez anos sem nenhum tipo de estrutura. [Situações assim] passam de 50% [do total de assentamentos”. Anderson diz ainda que tem havido poucos assentamentos novos nos últimos anos.

O diretor do Núcleo de Estudos Agrários de Desenvolvimento Rural do ministério, Guilherme Abrahão, diz que, apesar das alegações de que ainda falta estrutura, a política agrária tem avançado em questões de seguridade social, educação, crédito e assistência técnica. “Em uma análise, o que nós podemos dizer é que não queremos fazer assentamento pelo assentamento. O acesso [à terra] é importantíssimo, mas só a terra não garante. O que mudamos nesse último período é a configuração para além do acesso à terra. Avançamos na forma de fazer reforma agrária no Brasil”, declarou.

Reportagem de Mariana Branco, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 19/02/2014

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Estudo conclui que suco de laranja ajuda a controlar o apetite

15/01/2014
O suco de laranja aumenta a quantidade de um hormônio que inibe os receptores do apetite. Foto: divulgação

Uma pesquisa da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara (SP) revelou que a laranja, fruta conhecida por ser bastante calórica, pode ser uma aliada para quem quer perder peso. Os pesquisadores constaram que ela libera uma substância que aumenta a saciedade e ajuda a inibir o apetite, ou seja, a pessoa toma o suco e come bem menos na refeição seguinte.

Os testes foram feitos com sucos frescos e industrializados. Quarenta voluntários tomaram a bebida durante um ano e depois tiveram o sangue analisado.

Os especialistas descobriram que o suco de laranja aumenta os níveis de leptina no organismo. Esse hormônio age numa região do cérebro chamada de hipotálamo e inibe os receptores do apetite.

Calorias

A bióloga Thaís César, professora do departamento de alimentação e nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas , estuda os efeitos do suco de laranja em diferentes grupos de indivíduos desde 2000. Segundo ela, apesar de cada copo de suco ter em média 120 calorias, ela concluiu que a ingestão de cerca de um litro da bebida diariamente não alterava o peso das pessoas.

A partir dessa constatação, surgiu a ideia de estudar a influência da fruta no apetite. Durante uma semana, os participantes consumiam o suco de laranja puro, feito na hora. Na semana seguinte, o suco pasteurizado, como é exportado para muitos países. Na terceira, um preparado especial, feito com água e açúcar, numa composição parecida com a dos refrigerantes.

Depois de tomar a bebida, os participantes tinham o sangue analisado, a fim de analisar quatro índices: glicose, insulina, leptina e adiponectina.

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Fruto da Amazônia rico em vitamina C é utilizado em dietas detox

28/01/2014
Camu-camu é rico em vitamina C e é um antioxidante de primeira ordem. Foto: Reprodução

De aparência diminuta, o camu-camu mede de 10 a 32 mm de diâmetro e nasce em áreas alagadiças da Amazônia. Mas, a iguaria que normalmente virava comida ou isca para peixe, desbancou a acerola e assumiu o posto de fruta brasileira com a maior concentração de vitamina C. Atualmente, ganhou status de superfood, sendo conhecida e até comercializada na forma de produtos industrializados no exterior, além de ser usada em dietas desintoxicantes.

Quem já descobriu os potenciais da frutinha amazônica é a personal chef mineira, Carol Stoffella. Formada em gastronomia, ela trabalha com atendimentos personalizados, no qual prepara pratos de dieta detox para suas clientes. Segundo ela, o camu-camu já é bastante conhecido nos Estados Unidos e Japão, lugares onde é consumido nas formas de cápsula, em pó ou sumo. “Como não é fácil de encontrar por aqui, costumo usar mais quando algum amigo traz de fora”, explica.

Bacuri, açaí e cupuaçu são outros tipos de frutas amazônicas que ela integra com frequência aos seus pratos – especialmente os que não vão ao fogo, para conservar os nutrientes. Ela ainda indica algumas combinações que podem ser feitas com o camu-camu em pó: sucos de vegetais com frutas e smoothies (sucos mais cremosos) com banana congelada. “Por conta do gosto forte, costumo combiná-lo com frutas mais doces, para agradar a todos os paladares”.

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Planta chinesa cura dor para a qual não há tratamento atualmente

03/02/2014
O extrato da planta tem-se mostrado eficaz há milhares de anos, sem correr o risco de perder parte do efeito. Foto: reprodução

Um composto derivado de um medicamento tradicional chinês – a raiz de uma planta – confirmou-se eficaz não apenas para aliviar a dor em geral, mas também contra um tipo de dor para a qual não existe tratamento atualmente.

O significativo efeito do medicamento natural abre caminho para o desenvolvimento de novos analgésicos para dores inflamatórias agudas dos nervos – um medicamento que não cause dependência e outros efeitos colaterais, como ocorre com os analgésicos opioides.

Os cientistas tentam identificar os chamados “princípios ativos” das plantas medicinais a fim de produzir medicamentos nos quais esses princípios estejam altamente concentrados, para usar em condições agudas.

Para os casos menos graves, o extrato da planta tem-se mostrado eficaz há milhares de anos, sem correr o risco de perder parte do efeito, que pode não ser causado unicamente pela molécula identificada como “ativa”.

Trabalhando com cientistas chineses, Olivier Civelli e seus colegas da Universidade da Califórnia (EUA) isolaram um composto batizado de dehidrocoribulbina (DHCB) a partir das raízes da planta Corydalis yanhusuo (Yan Hu Suo).

Em testes realizados em cobaias, a DHCB diminuiu a dor inflamatória associada com danos aos tecidos e infiltração de células imunológicas, e também contra a dor neuropática induzida por lesão, que é causada por danos ao sistema nervoso.

Isso é importante porque não existem atualmente tratamentos adequados para a dor neuropática.

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Planta da cuia de chimarrão veio boiando da África, aponta estudo

12/02/2014
Exemplar de 'Lagenaria siceraria', a popular cabaça, no Jardim Botânico de Kyoto, no Japão. Foto: Reprodução/Flickr/Joel Abroad

Estudo publicado na revista Proceedings da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos conclui que a cabaça ou porongo (Lagenaria siceraria), planta usada para fazer a cuia de chimarrão, entre outros tipos de recipientes, provavelmente chegou à América flutuando pelo Oceano Atlântico, oriunda da África.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores, liderados por Beth Shapiro, da Universidade da Califórnia, analisaram o DNA de diversas amostras antigas e atuais da planta, de diferentes pontos do planeta. Eles notaram que, geneticamente, a cabaça americana é muito mais semelhante à africana que à asiática.

A teoria anterior a respeito da cabaça era de que ela surgiu na África e foi se espalhando primeiro pela Ásia, para então chegar ao continente americano pelo Estreito de Bering, na região ártica. No entanto, seria necessário que ela resistisse a um clima muito frio para que isso fosse possível, e a planta é adaptada a zonas tropicais.

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Amazonas: Projetos do PCE resgatam tratamento de doenças com ervas medicinais

Do site:

Postado em 05/02/2014
O PCE incentiva a participação de professores e estudantes de escolas públicas em projetos de pesquisa científica e tecnológica. Foto: reprodução

Tradicional na Amazônia, a utilização de remédios caseiros a partir de ervas medicinais é uma cultura enraizada nos hábitos familiares dos moradores da região. Quem nunca se sentiu melhor após tomar chá? Esse hábito foi objeto de estudo da pesquisa ‘Plantas e Ervas Medicinais no Ramal do Brasileirinho’.

O estudo, que recebeu incentivos do Governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), é vinculado ao Programa Ciência na Escola (PCE), iniciativa de incentivo à pesquisa na educação básica.

Segundo o coordenador do projeto, professor Raimundo Nonato, os alunos começaram a criar interesse pelo tema influenciados por seus pais e avós que sempre utilizaram ervas como remédios. “Nós trabalhamos o projeto em nossa escola juntamente com a comunidade. Os moradores daqui sempre utilizam ervas medicinais contra doenças em seu cotidiano. Realizamos pesquisas de campo, históricas, visitas aos sítios de moradores,plantações de mudas nos canteiros da escola, exposições e depoimentos do poder das plantas pelos próprios moradores e nos sentimos felizes em difundir estes conhecimentos para outras pessoas leigas”, afirmou.

Outra iniciativa que aborda a medicina tradicional é o projeto ‘Herbário de Plantas Medicinais – Educação Ambiental, Preservação e Valorização’, sob coordenação da professora Janice de Castro. Segundo a coordenadora, as ervas podem oferecer diversos benefícios para a sociedade.

“Estamos trabalhando pela quarta vez consecutiva com plantas medicinais e estamos cada vez mais fascinados com a infinidade de riquezas que as plantas têm para nos oferecer. Sempre nos deparamos com o desconhecido e sentimos necessidade de nos inovarmos junto com a ciência”, disse.

Segundo Castro, antes de ir para a prática, os alunos realizam pesquisas teóricas aprofundadas. “Conversamos com as famílias dos alunos, parteiras, pessoas que trabalham com ervas e assim os alunos absorvem conhecimentos importantes para a iniciação profissional, relacionados à biodiversidade, biopirataria, preservação ambiental e demais assuntos que possam incentivar suas carreiras”, disse.

Janice Castro afirma que os projetos de iniciação científica podem transformar a vida dos jovens, que podem tornar-se grandes profissionais no futuro. “Acredito que daqui sairão excelentes cientistas e pesquisadores”, afirma a coordenadora que trabalha no município de Itacoatiara.

O Programa Ciência na Escola é uma ação criada pela Fapeam objetivando a participação de professores e estudantes de escolas públicas no Amazonas em projetos de pesquisa científica e tecnológica.

Fonte: Fapeam

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Produção de muda de morango por estolho

Extraído e adaptado do site:

Os morangueiros podem ser cultivados a partir de sementes ou de estolhos.

O Morangueiro solta novos ramos e pequenas mudinhas denominadas de estolhos. É uma maneira bem comum de se reproduzir.

Etapas da produção da muda
Os Estolhos, surgindo as novas mudinhas
Seu cultivo deve ser em solo fértil e bem drenado, mas deve estar sempre bem úmido.

O clima deve ser ameno. Precisa de luminosidade, mais não muita. Sol direto, e deve ser protegido do vento e do frio intenso.

Se o morango for plantado direto no solo, é bom colocar plástico sobre o solo e deixar aberturas de 40 cm para colocar a muda para evitar o crescimento de plantas invasoras e ajudar a conservar a umidade do solo.

Você também pode plantar também em vasos ou jardineiras.
Quando estiver bem desenvolvida Você pode cortar o pendão e teremos um novo Morangueiro.
O morangueiro com frutos

Corpo limpo também por dentro

10 fevereiro de 2014, por Equipe No Pátio

Conheça os 9 alimentos que dão mais força a dieta detox e ajudam a manter o corpo limpo 

Alguns alimentos, consumidos sozinhos ou como complementos em outros pratos tem o poder de colocar as funções do organismo em ordem e ajudar na desintoxicação. Coloque-os em seu prato e tenha uma dieta mais balanceada e um corpo mais limpo.

Gengibre 

O gengibre tem poder de anti-inflamatório e ação termogênica. Acelera o metabolismo e a queima calórica. É ótima para ser consumida em sopas e sucos, pois tem sabor refrescante.

Legumes diuréticos 

Os legumes ricos em água são os mais presentes no cardápio detox, pois ajudam a hidratar o organismo e tem função diurética. A abóbora, pepino e berinjela devem fazer parte do seu cardápio.

Sementes 

Na moda atualmente, as sementes como chia, linhaça e semente de girassol ajudam a dar saciedade e estimulam o sistema digestivo. Podem ser consumidas na versão em grão ou em farinha para ser usadas em arroz, sucos, saladas e até fazer bolo.

Maçãs 

É uma fruta anti-inflamatória, rica em fibras, atua como um detergente no organismo e ainda garante saciedade. Os médicos e nutricionistas recomendam comer uma por dia.

Oleoginosas 
Castanhas, nozes e amêndoas são ricas em vitamina E e ômega 3, além de forte poder antioxidante. Caem bem com saladas até massas. Faça um mix das três para um lanche da tarde nutritivo e prático.

Sucos detox 

Os sucos detox combinam frutas, verduras e legumes funcionais e são muito nutritivos. Devem ser consumidos imediatamente após o preparo.

Fibras 

Ajudam a controlar o sistema digestivo e o colesterol. Aveia e quinoa tem altas doses de fibra. Para consumir mais fibras, troque as massas brancas pelas integrais.

Verde-escuro 

Os alimentos de cor verde-escuro, como brócolis, couve e agrião, tem altas doses de clorofila, minerais e vitamina E. Consuma-os em saladas. Você também pode fazer um suco verde com água de coco para tomar em jejum no café da manhã.

Chá 

Os chás são diuréticos e ajudam a eliminar as toxinas por meio da urina. O chá-verde tem o poder de acelerar o metabolismo e o chá de hibisco é ótimo para dar saciedade. E os dois são antioxidantes.

Um organismo sem intoxicações alimentares funciona melhor e ajuda no processo de perda de gordura. Portanto, inclua os alimentos da lista na sua alimentação diária e perceba a diferença que uma dieta amiga do corpo pode fazer por você.

Fotos: Reprodução
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Em alagamentos, formigas se unem para formar ‘balsa’ e proteger rainha

21/02/2014
Estudo mostra que filhotes formam base da estrutura.

Estratégia salva integridade da colônia em casos de chuva.

Em situações de alagamento, as formigas procedem a uma ação orquestrada que protege a maior parte da colônia. Elas se juntam, enroscando patas com patas, ou patas com mandíbulas, formando uma pequena “balsa”.

As larvas e as pupas sempre ficam embaixo, formando a base da embarcação. As operárias se distribuem ao longo da estrutura. Já a rainha ocupa o centro, exatamente no ponto mais protegido. A lógica dessa estrutura coletiva foi desvendada por pesquisadores da Universidade de Lausanne e da Universidade de Neuchâtel, ambas na Suíça. A pesquisa foi publicada nesta quarta-feira (19) no periódico científico “PLoS ONE”.

À primeira vista, pode parecer que as larvas e pupas que formam a base da balsa são sacrificadas em benefício da comunidade. Porém, investigações mais aprofundadas mostraram que esses filhotes, na verdade, tem grandes chances de sobrevivência, pois conseguem boiar com mais facilidade do que os outros membros da colônia.

Os pesquisadores observaram que, na presença da água, as operárias começam a coletar larvas e pupas. Segurando-as com as mandíbulas, os filhotes servem de base para a estrutura. Outras operárias se empilham sobre o grupo e, quando o nível da água se eleva, as rainhas se movem para ocupar o centro da pilha. Quando a estrutura toda começa a flutuar, ela geralmente é formada por três a quatro camadas de operárias. O estudo foi feito em laboratório com a espécie Formica selysi.

A pesquisadora Jessica Purcell, da Universidade de Lausanne, explicou que se esperava que os indivíduos que formavam a base da balsa fossem os que mais sofressem mais com a estratégia. “Ficamos surpresos de ver que as formigas sistematicamente colocam os membros mais jovens da colônia nessas posições”, diz Jessica. “Mas experimentos adicionais revelaram que os filhotes são os membros que têm a maior capacidade de boiar da sociedade, e que a estratégia não diminui sua sobrevivência; portanto, a configuração beneficia o grupo a um custo mínimo”, diz. [G1]

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Para ambientalistas, fim da moratória da soja abre caminho para desmatamento

17/02/2014

Criada em 2006, moratória boicotava o comércio do grão produzido em regiões desmatadas na Amazônia. Pacto entre produtores, ONGs ambientais e governo deve terminar definitivamente no final de 2014.

Sua farinha é fonte de alimento para animais no mundo inteiro. Seu óleo abastece tanques na Europa e Estados Unidos. Seu rendimento reforça o orçamento estatal e financia programas sociais. O supergrão soja está diretamente relacionado à ascensão do Brasil como potência agrária mundial.

Mas, com o fim da moratória da soja previsto para o final deste ano, no futuro próximo, a soja pode se tornar sinônimo do avanço do desmatamento na Amazônia. Ambientalistas temem que a decisão contribua para acelerar o desflorestamento na região.

“O fim da moratória irá levar a novos desmatamentos, porque haverá menos controle. A soja é a grande financiadora da economia brasileira”, constatou Paulo Adário, do Greenpeace Brasil, em entrevista à DW.

A moratória da soja, implementada em 2006, foi o primeiro acordo firmado no país entre organizações ambientais, como Greenpeace e WWF, governo e a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), da qual fazem parte grandes empresas como Cargill, Bunge, Archer Daniels Midland (ADM), Louis Dreyfus Commodities e o Grupo Maggi.

A grande contribuição – e o pilar central – do pacto foi a proibição da comercialização de soja originária de áreas desmatadas na Amazônia. Desde que entrou em vigor até 2012, o desmatamento na região caiu de 14.286 km2 para um recorde histórico de 4.571 km2, segundo o governo brasileiro. Porém, em 2013, a destruição aumentou: ao todo, 5.843 km2 de floresta foram queimados.

Até mesmo Carlo Lovatelli, presidente da Abiove, parece lamentar o fim do acordo. “Foi a primeira vez que ambientalistas e indústrias se reuniram e criaram um projeto juntos. Isso foi uma boa coisa”, afirmou Lovatelli, também em entrevista à DW Brasil.

Segundo ele, a incitativa surgiu devido às exigências dos clientes europeus que desejavam ter a certeza de que a produção de soja no Brasil não estava contribuindo para o desmatamento.

Exportação para a China

Porém, oito anos depois do início do boicote, o Brasil exporta mais soja para a China do que para a Europa. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a exportação para esse país cresceu de 22 milhões de toneladas para 32 milhões de toneladas entre 2012 e 2013. Enquanto isso, as vendas para a Europa caíram de 5,4 milhões de toneladas para 5,1 milhões de toneladas.

“A moratória foi direcionada pelos interesses europeus. Para os chineses, a proteção da floresta amazônica não é um tema. Eles querem soja e não perguntam de onde vem”, afirma Adário.

Para o ambientalista, os produtores, que teriam pressionado a Abiove, são os responsáveis pelo fim da moratória e não a indústria. “A argumentação foi a seguinte: ‘a moratória vai muito além das exigências legais, por isso não é mais preciso segui-la’”, opina Adário.

Com a aprovação do Código Florestal pelo Congresso em 2012, os fazendeiros podem desmatar uma área correspondente a 20% do tamanho de sua propriedade. Os outros 80% devem permanecer intactos. Ambientalistas criticam a legislação, dizendo que se trata de uma legalização do desmatamento.

Mas Lovatelli, da Abiove, defende o novo código. “O grande mérito da moratória foi sua contribuição para que o Brasil tenha agora uma legislação moderna. Em 2006 [quando foi criada a moratória] ela ainda não existia”, disse, acrescentando que somente uma lei cria as bases para a segurança legal e o controle do desmatamento – e não uma moratória com tempo de validade limitado.

Amazônia ameaçada

A grande questão que permanece em aberto com o fim da moratória é se essa decisão irá contribuir para o desmatamento. Apenas 2,4 milhões dos 28 milhões de hectares que servem de área para as plantações de soja estão localizados na região amazônica. A plantação do grão está mais concentrada nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia. E o bioma mais afetado por essa cultura é o cerrado.

O ex-diretor da Fundação Heinrich Böll no Brasil, Thomas Fatheuer, disse à DW Brasil não ter ilusões. “Eu acredito que a Amazônia se tornará cada vez mais um campo de conflito no curto prazo”, opinou. Para Fatheuer, a busca por recursos minerais, a construção de estradas, portos e barragens preparam um novo impulso desenvolvimentista no Brasil. “Assim que se elaboram estratégias de desenvolvimento, as questões ambientais ficam em segundo plano”, diz.

Até o fechamento desta edição, o Ministério do Meio Ambiente não quis comentar os últimos acontecimentos e também não respondeu às perguntas sobre a moratória. No seu programa oficial, o governo se comprometeu reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia até 2020.

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15 alimentos para comer à vontade e sem culpa


Quando a gente sabe o que pode comer à vontade, na hora da dieta, pode ser um alívio danado para quem está na luta contra os quilinhos a mais. Na verdade, não existem alimentos com “zero caloria”, mas existe um grupo de alimentos com “calorias negativas”. São aqueles alimentos que possuem menos calorias do que ele gasta para ser digerido. Ou seja, pode se jogar sem culpa! Confira abaixo os itens você pode incluir no cardápio sem se preocupar:

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Espécies de fauna e flora serão reavaliadas no Brasil

6 fevereiro de 2014, por Equipe No Pátio

Objetivo é produzir uma nova lista de animais e vegetais ameaçados com padrão internacional
As espécies de fauna e flora do Brasil serão reavaliadas quanto ao estado de conservação. O objetivo é produzir uma nova lista de animais e vegetais ameaçados com padrão internacional. O resultado terá como função auxiliar na implantação de planos mais eficazes de proteção.

Com isso, o Ministério do Meio Ambiente publicou no Diário Oficial da União (DOU) portaria instituindo o Pró-Espécies, um programa qe nomeia o Instituto Chico Mendes (ICMBio) e o Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro como responsáveis pela nova classificação.

Atualmente, o país tem três listas distintas, duas para animais (vertebrados e invertebrados) e outra para plantas, que separam as espécies apenas em ameaçados ou não. De acordo com o ICMBio, o Brasil tinha 627 animais ameaçados até o ano passado. Já um levantamento feito pelo Jardim Botânico, das 4.617 espécies de vegetais avaliadas, 2.118 (45,9%) estavam ameaçadas.

A partir de agora, as categorias serão classificadas como em perigo (correm risco extremamente alto de extinção da natureza), vulnerável (quando há alerta de risco) e menos preocupante (quando não há algum perigo à espécie).

“O maior ganho disso é que teremos graus de ameaças. Isso vai melhorar nas ações de preservação, principalmente de espécies com grau de ameaça mais alto”, explica Carlos Scaramuzza, diretor do Departamento de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente.

A meta é concluir o diagnóstico até dezembro de 2014 e lançar as listas, no máximo, até 2015. Para Scaramuzza, essas medidas ajudarão o Brasil a cumprir com as mets nacionais de Biodiversidade, previstas na Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CBD), que foram divulgadas em 2013. Segundo elas, o país pretende, até 2020, reduzir em 50% em relação às taxas de 2009 a perda de ambientes nativos e, consequentemente, zerar a degradação e fragmentação dos biomas.

Foto: Reprodução

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Alimentos que podem agravar o refluxo

Alimentos gordurosos
Frituras
Alimentos oleosos: sementes, peles, frutas e vegetais oleosos
Alimentos ácidos: cítricos, tomates, pimentas
Carnes com muitas nervuras ou cartilagem
Leite de vaca
Café, chá preto, chá mate (a cafeína aumenta a produção dos ácidos gástricos)
Chocolate/cacau
Refrigerantes
Temperos
Menta, hortelã e afins
Sucos de frutas com alto teor de sorbitol (açúcar natural presente em algumas frutas como ameixas secas, pera e maçã)
E mais:

Refrigerantes, chocolate, achocolatado,iogurtes industrializados, gelatina artificial, frituras, salgadinhos fritos ou de pacote, catchup, maionese, mostarda, miojo, consumo em excesso de frutas ácidas ou seus sucos (laranja, uva, maçã, pera, morango, acerola, maracujá, abacaxi, carambola), hamburguer, salsicha, linguiça, salame, presunto gordo, churrascos, queijos amarelos e gordurosos, mussarela, creme de leite, mortadela, bacon, consumo em excesso de doces, balas, chicletes, biscoitos e biscoitos recheados, pipoca, pizza com recheios gordurosos, sucos industrializados…

Fontes:

Extraído do 

Espécies medicinais do gênero Cecropia

Você conhece esse gênero de plantas? Trata-se do gênero Cecropia sp da família Cecropiaceae, onde as espécies Cecropia adenopus Mart. ex. Miq., Cecropia hololeuca Miq., Cecropia palmata Willd., Cecropia leucocoma Miq., Cecropia peltata L., Cecropia obtusa Trécul popularmente conhecidas por umbaúba, embaúba, torém, caixeta, árvore-da-preguiça, sendo nativas da mata atlântica, cerrado e floresta amazônica e outros biomas do continente americano tropical e sub-tropical. Dentre as espécies citadas, assim como o gênero Passiflora sp – Passifloraceae, são muito difundidas na medicina popular. As folhas são constituídas principalmente por flavonoides  antocianidinas, taninos condensados, taninos hidrolisáveis, ácidos fenólicos. É comum nas folhas das espécies supracitadas desse gênero o efeito sedativo leve, hipotensor, hipoglicemiante, diurético e anti-inflamatório, analgésico, antitussígeno, expectorante, cardiotônico e cicatrizante, auxiliando no tratamento de alergias, afecções da pele e das vias respiratórias. As atividades terapêuticas e funcionais das folhas dessas espécies são semelhantes às do crataego com constituições fitoquímicas muito parecidas. Deve haver cautela ao associar com diuréticos, glicosídeos cardiotônicos, antiarrítmicos, antihipertensivos, hipoglicemiantes, o que pode ser explorado de maneira positiva em propostas sinérgicas. Cautela ao utilizar na gravidez e na lactância somente com acompanhamento de profissionais da saúde. Para hipertensão arterial e diabetes sugere-se preparar uma infusão com 1 colher de sobremesa da droga vegetal rasurada em 1 xícara d´água fervente (150 ml). Tampar bem. Deixar em infusão por 20 minutos. Coar e ingerir de 2-3 xícaras/dia de preferência após as refeições intermediárias (lanchinhos da manhã e da tarde) e logo após o jantar para evitar hipoglicemia e complexação com os sais minerais (ex.: ferro) das principais refeições.
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Vitamina B12: O segredo mais bem guardado para evitar o Alzheimer!

By; Ed. Dr. Júlio Caleiro - Nutricionista 


As pessoas que consomem alimentos ricos em vitamina B12 podem apresentar menor risco de desenvolver a doença de Alzheimer. Os pesquisadores analisaram amostra de sangue em mais de 270 pessoas que não mostraram evidência de demência. Analisaram níveis da vitamina B12 e de homocisteína um aminoácido que tem sido associada a um risco aumentado de doença de Alzheimer, e foram monitorados durante 7 anos. Cada aumento em uma unidade de vitamina B12, reduziu o risco de desenvolver Alzheimer em 2% De acordo com a CNN: "A relação entre a vitamina B12 e o risco de Alzheimer é " complexo " ... os níveis de B12, especialmente níveis do 'holotranscobalamina' provavelmente desempenham um papel contributivo."

Data: 21.02.014

Texto completo no link:

Frutose não é exatamente o açúcar das frutas

Texto extraído do site da Faculdade de Farmácia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Foi na escola que eu (des)aprendi isso. Imagino que você também. A professora colocou na lousa: “Sacarose é açúcar de cana. Lactose é açúcar do leite. E Frutose é o açúcar das… “. Parece lógico. Frutose… só pode ser açúcar de frutas.

Mas está errado. Aliás, duplamente errado.

Dois erros: as frutas possuem, sim, frutose, mas também outros açúcares, inclusive em quantidades bem superiores, inclusive glicose e sacarose.
E, além disso, a frutose que é vendida purificada, isolada, em pó, nas farmácias brasileiras, essa é feita é de milho mesmo.

Milho, milho

Imagine o milho. Ele vira fubá. O fubá tem amido. Mas tem também fibras e algo em torno de 10% de proteínas.

Então esse fubá é refinado, para chegarmos ao amido. Pronto. Esse produto todo mundo conhece. Ele está no mercado. E seu nome já não é exatamente amido de milho, sendo popularmente conhecido por Maizena.

O amido, quimicamente, é apenas uma longa cadeia de moléculas de glicose.

Então, esse mesmo fabricante pega esse amido refinado e, com ácido clorídrico, pressão e calor, quebra essa longa cadeia, formando um xarope contendo essas moléculas de glicose. 

Parece complicado. Pode parecer estranho. Mas não.

Em verdade, estamos falando de uma coisinha muito familiar: esse xarope está no supermercado, dentro de uma garrafa, parecendo mel, e rotulado como Karo.

Desse xarope de glicose, a indústria, por novos processos químicos ou enzimáticos, chega enfim à frutose.

Ou seja, a frutose é feita, industrialmente, da glicose, que é feita do amido, que é tirado do fubá, que um dia foi milho.

Nada a ver com as cerejas e o mel que os fabricantes de frutose colocam coloridamente em seus rótulos.

Doçura & Calorias

Frutose, é verdade, é bem mais doce que o açúcar comum, a sacarose. Alguma coisa em torno de 33% mais doce. No entanto, fornece as mesmas calorias em cada grama. Ou seja, cada grama de frutose, ou de sacarose, tanto faz, fornece as mesmas 4 kcal.

Frutose engorda igualzinho à sacarose. O que a favorece, para quem se preocupa com o peso do corpo, é que, sendo uns 33% mais doce, basta colocar, no café, 25% menos do que se colocaria, normalmente, de sacarose.

Assim, adoçando com frutose (do milho), é possível ingerir 25% menos calorias. Pode ser aritmeticamente atraente.

Contudo, não vai garantir emagrecimento não, a menos que muitas outras dolorosas e amargas providências dietéticas sejam adotadas simultâneamente. Mas isso já é outro assunto. Voltemos à frutose…

Diabéticos

Diabéticos não devem ingerir açúcares de rápida absorção pelo intestino, que demande insulina imediata, como é o caso da sacarose. Os EEUU têm defendido, junto à Orga-nização Mundial da Saúde (OMS), que a frutose pode sim ser ingerida por diabéticos, sem riscos.

Não deve ser mera coincidência o fato dos EEUU serem donos da patente da fabricação industrial da frutose (que não é extraída de frutas, mas sim feita de milho).

A pretensão norte-americana é firmemente combatida pelos países europeus, princi-palmente pelos escandinavos que, vale ressaltar, são, por sua vez, os detentores das patentes de fabricação de xilitol, sorbitol e manitol. Ou seja, de substâncias também usadas como adoçantes em produtos para dietas de diabéticos.

Os EEUU rebatem, afirmando que esses adoçantes escandinavos são laxantes, o que é também verdade. E a polêmica, onde o interesse comercial parece moldar o argumento científico, continua.

O nome das coisas

A glicose é também conhecida como dextrose. Principalmente nos livros acadêmicos de Food Science. Ali, a frutose tende a perder esse nominho associado com frutas. Ali, a nomenclatura que emerge é levulose.

Como bem sabemos, as coisas, as substâncias, os eventos, e mesmo as pessoas, eles não têm nome.

O nome é uma coisa inventada pelo cérebro humano. O nome não é exatamente a coisa. O nome, muitas vezes, é menor que a coisa. E a coisa deixa de ser a coisa para ser o nome. Temos aqui mais um exemplo desse fenômeno.

A frutose é encontrada sim nas frutas e no mel. E a lactose é encontrada no leite.

Mas, nem todo açúcar de frutas é frutose.

E nenhuma frutose disponível no mercado parece extraída do mel ou sequer de frutas, mas apenas do milho, apesar das informações difusas nos rótulos laterais desses produtos.

* Nome original do texto : Frutose não é açúcar das frutas

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Caruru, o nosso Amaranto!

fevereiro 16, 2014
Com esse nome, ele não atrai muitos seguidores, mas o Amaranthus viridis L. (caruru ou bredo), nada mais é que um dos integrantes da vasta familia das Amaranthaceae.

Resgatado na última década devido sua importãncia no combate a fome e desnutrição, o gênero amaranto possui cerca de 17 espécies comestíveis.

Entre elas, a espécie brasileira, o caruru ou bredo, riquíssimo em ferro, fósforo, potássio, cálcio e vitamina C, e como todos da mesma espécie, proprietário de alto valor proteico e lipídico.
Não tão bonito quanto outras do mesmo gênero, como o o Amaranthus caudatus L. originário do Peru e Argentina, o caruru pode ser plantado em qualquer região do país, espalhando-se pelo chão com facilidade.

Devido a essa sua caracteristica marcante, e desconhecimento de seus valores, também econômicos, o caruru muitas vezes é considerado como erva daninha.

Ainda assim, não perde seus poderes para fortalecer o sistema imunitário, combater anemia, desnutrição, infecções, problemas hepáticos e das vias urinárias, constipação e até hanseníase (lepra).

Existem outras plantas com nomes compostos, começados por caruru como caruru bravo, caruru do brejo, mas o Amaranthus viridis é o genuino amaranto brasileiro.

Há alguns anos, a Embrapa trouxe ao Brasil o Amaranthus cruentus L. e outras 2 espécies para adaptação de plantio no cerrado brasileiro.

Na culinária, pode-se utilizar as folhas do amaranto, aqui conhecidas como caruru, em saladas.

As sementes podem ser germinadas ou utilizadas para fazer farinhas, leites vegetais e outras receitas.

Algumas espécies de amaranto podem agregar maiores níveis de nitratos, por isso, procure lavar as folhas inúmeras vezes e não consumir todos os dias.

Fontes:

BALBACH, A. A flora nacional na medicina doméstica – Ed. São Paulo: Edições “A edificação do lar”.


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Pará: Agricultura Orgânica avança, enfrentando lógica da monocultura

Data: 18.02.2014
Em São Félix do Xingu, projeto de Educação Ambiental mobiliza agricultores, supera condições e políticas adversas e torna-se exemplo de manejo sustentável da floresta

Por Ludmila do Prado, no Envolverde/IPS

As estradas de terra que permeiam a zona rural de São Félix do Xingu, no Pará, alternam trechos planos e sem buracos com outros coalhados de poças d’ água da largura de um pequeno riacho, cercados de lama por todos os lados e algumas “crateras”.

Em todo o percurso, é comum encontrar pontes feitas com toras de madeira com largura suficiente apenas para mal encaixar um carro pequeno. O motorista tem de escolher entre raspar o cárter (parte de baixo do motor) ou encaixar os pneus milimetricamente sobre as vigas, com um riacho logo abaixo, para passar.

De qualquer forma, sem estes caminhos seria impossível conhecer um pouco da vida de produtores rurais que vivem sem o que chamamos de “confortos da cidade”. São pessoas que têm a sabedoria de valorizar o que possuem ao invés de ficar se lamentando por coisas que não estão ao seu alcance.

A primeira casa a receber a assistente de projeto do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Katiuscia Guimarães, e a reportagem foi a de D. Vilma. De Vilma Maria Venâncio dos Santos ficamos sabendo que é casada e mãe de três filhos. O mais velho deles, Adriano, é aluno assíduo da Casa Familiar Rural, escola que forma filhos de trabalhadores rurais. O jovem também é bolsista do Programa Xingu de Saberes, implementado pelo IEB com o objetivo de incentivar a formação dos jovens para que permaneçam no campo.

É Adriano quem ensina a mãe a plantar cacau no sistema agroflorestal, eficiente modelo de cultivo que permite a preservação ambiental, evitando a derrubada de árvores e permitindo que a planta cresça em meio a outras culturas como milho, mandioca e banana, usadas para o sombreamento do cacau cabruca, variedade bastante conhecida na Bahia.

A chamada produção consorciada, adotada na região, é quase uma cobertura florestal. O berçário de mudas de cacau da família de D. Vilma e Adriano conta atualmente com 800 plantinhas. Todos os dias, é feito o percurso até o riacho para buscar a água da rega. Os recursos gerados com o plantio e colheita, parte para consumo próprio, traz o sustento de casa.

No caminho entre jovens cacaueiros, bananeiras e plantações de mandioca, D. Vilma aponta para uma área cheia de árvores atrás de sua casa e conta um caso digno de registro: “Outro dia, um vizinho veio aqui pedir para o Adriano ajudá-lo a derrubar aquelas árvores para fazer pasto. Meu filho respondeu que ali existem árvores grandes, como os ipês, que se forem derrubadas vão prejudicar o rio, e por isso se negava a ajudar. O vizinho disse pra ele: “Ah, agora você é defensor da natureza? Não vou mais te pedir ajuda.”
A participação nas atividades promovidas pelo IEB desperta uma consciência ambiental que vai evoluindo com o tempo. Pierre Clavier, coordenador técnico da Associação para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar do Alto Xingu (ADAFAX), uma das parceiras do IEB, afirma que é preciso compreender este efeito a longo prazo. “Neste trabalho, a questão da educação ambiental torna tudo muito mais lento. Vejo a mudança nesta geração. Hoje, estamos contando mais com os filhos dos agricultores. Nada muda em menos de 15 anos e temos de dar perspectivas para estes jovens, ao mesmo tempo em que esperamos que o grupo que chegou nos anos 1980 se aposente para que os novos assumam. Estes que plantam cacau aqui já estão mudando seu paradigma”.

Orgulhosa da atitude do filho, que se negou a participar de mais uma ação de desmatamento, D.Vilma recebeu ainda com mais gosto as visitas para o almoço, preparado no fogão de lenha. No cardápio, arroz e feijão misturados, pepino da horta orgânica colhido na hora e linguiça frita na banha de porco. Terminada a refeição, coroada com uma água fresquinha vinda de uma jarra de barro, a equipe se despediu e foi para a região do Maguari.

Orientação técnica abre novos caminhos para trabalhadores

Pouco tempo depois, já na casa do Seu Natal e da D. Marinalva, a receptividade ao grupo foi igualmente afetuosa. Em meio a uma história e outra e muitas risadas, D. Marinalva aponta a penca de bananas e diz para as visitas: “Comam!”. É costume os de fora serem tratados como se fossem da família.

Loyanne Feitosa, engenheira agrônoma contratada pelo IEB, coordenou o levantamento sobre sustentabilidade na agricultura familiar em São Félix, acompanhando 30 famílias da região. Em quatro meses de trabalho, Loyanne sempre se sentiu muito bem tratada pelos agricultores, que entendem muito bem o que é percorrer grandes distâncias. “Eles querem sempre oferecer o melhor que têm. Por serem muito menos individualistas, eles se doam muito mais para as pessoas”, testemunha ela.

O casal Natal Pereira e Marinalva Conceição Silva Pereira fala com entusiasmo sobre o trabalho do IEB, com visitas periódicas de técnicos e da engenheira agrônoma. Mais falante, D. Marinalva conta que, de uns dois anos para cá, chegaram pessoas inusitadas.

“Vieram uns gringos para cá, umas moças altas bonitas, uns moços bonitos e eu não entendia nada o que estavam falando. O Natal pediu para o moço traduzir para eles que, se querem que a gente não desmate, que nos dêem opção, senão matamos tudo”, disse, rindo muito, provavelmente referindo-se a uma das equipes de organizações internacionais presentes na região. “Quase matamos os moços de susto!” Logo em seguida, ela demonstrou preocupação: “Vejo o Natal se esforçando tanto com este cacau… O IEB está ajudando, está trazendo informação para gente, coisa que não tinha”.
Com a ajuda do IEB, a ADAFAX vem buscando inserir um grupo de agricultores e agricultoras no programa de alimentação escolar, dialogando com a prefeitura, além de construir canais de escoamento com garantias para agricultura familiar. Voltando à casa de D. Marinalva e Seu Natal, a tarde caía e todos precisavam pegar a balsa de travessia do Rio Fresco para retornar à cidade. Entrando no carro, os visitantes ouviram D. Marinalva gritar para a técnica do IEB: “Katiuscia, quando chegar gente boa assim, pelo amor de Deus, não esquece de nós! Traz aqui em casa!”.

Superação constante das dificuldades

No dia seguinte, foi a vez de conhecer a apicultora Lenice, uma das beneficiadas com o Fundo Xingu Sustentável, destinado a projetos de base agroecológica de até R$ 10 mil. O recurso vem do apoio do Fundo Vale ao projeto do IEB em parceria com Adafax em São Félix do Xingu. Como os demais, Lenice Divina Ramos Bezerra foi à luta para produzir mel há alguns anos, com muitos percalços nesta trajetória.

“Tenho uma história triste: vim para cá em 2004. Mexi com hortas, meus filhos iam vender os produtos na feira. A estrada não era nem de perto como é hoje, não passava ninguém. Quando dava, eles pegavam carona. Às vezes, ficavam sem comer lá na feira para terem dinheiro para voltar. Em 2006, minha casa pegou fogo. Foi aí que eu decidi mudar de ramo e criar abelhas. Fui procurar a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) e eles me orientaram a formar um grupo com 20 pessoas interessadas. Não consegui isso porque não havia outros interessados. Mesmo assim, continuei sozinha, eu e minha irmã, que sempre me apoiou”.

A apicultora estava pensando em largar tudo quando conheceu o Instituto Internacional de Educação do Brasil e recebeu apoio para conseguir acessar os recursos disponibilizados pelo Fundo Xingu Sustentável, em maio de 2013. “Eu estava desistindo deste sonho quando apareceu a Ruth (Ruth Corrêa, coordenadora de projetos do IEB) com esse fundo aí. Então pensei: Agora vai!”.

Lenice talvez não saiba calcular o impacto benéfico que sua decisão tem para o planeta. A queda brusca na população de polinizadores, sendo a abelha o mais importante deles, fez com que recentemente a União Europeia proibisse o uso de substâncias nocivas ao inseto por conta de tantas perdas na produção. A apicultora do sul do Pará planeja usar o recurso para ganhar escala com o mel orgânico.
A precariedade das estradas que dificulta o escoamento da produção nesta região; a baixa qualidade no ensino, que obriga um único professor a dar aulas “multisseriadas”, ou seja, crianças de idades e séries diferentes que precisam estudar juntas porque não há outra opção; falta de luz elétrica e saúde de qualidade, que está “na UTI”, como eles próprios dizem, são os maiores entraves da região, resultantes da escassez de políticas públicas que afeta todas estas famílias.

Ainda assim, são pessoas que demonstram satisfação com o lugar onde vivem. “Gosto de tudo aqui. Gosto do sossego… Abro a janela à noite e vejo as estrelas”, diz Seu Natal. “Não saio daqui mais é nunca. Meus meninos chegaram pequenos, puderam correr por tudo isso aqui. Ficávamos imitando a “fala” dos pássaros. Está vendo aquele ali?”, pergunta para a repórter. “Chamamos de “graião”: ele diz algumas frases. Uma delas é: “Vai plantar cacau!”, conta Lenice, rindo alegremente.

Sua colega de capacitação no IEB, Solange dos Santos França, também quer falar: “Antes do IEB já trabalhava na agricultura familiar. Amo trabalhar na roça e assumo este papel. Agora acho que tudo melhorou muito, principalmente com o aprendizado. Eles incentivaram as pessoas a se organizarem, a trabalharem em grupo. Daqui para frente vai ser tudo melhor. Eu aprendi a me divertir trabalhando”.

O acesso à informação e ao recurso dos fundos, a oferta de capacitação e o fortalecimento institucional da união destes produtores, benefícios que estão sendo disponibilizados pelo IEB com apoio de outras organizações que atuam em São Félix do Xingu, proporciona condições sólidas para o desenvolvimento de um trabalho sustentável para estes agricultores, que seguem dando grandes lições sobre o viver com simplicidade e a máxima e saudável interação com o meio ambiente. (Envolverde)

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