sábado, 28 de junho de 2014

Dieta do jejum pode reduzir a sensação de saciedade

Por Rúvila Magalhães - ruvila.avelino@usp.br
Publicado em 18/junho/2014
Há um indicativo que uma sequência de jejum aumenta a sinalização de fome

Estudos realizados no Laboratório de Metabolismo Energético do Instituto de Química (IQ) da USP, membro do CEPID de Processos Redox em Biomedicina, mostram que animais expostos à dieta de jejum intermitente por três semanas apresentam peso final menor que o dos animais controle, que estavam recebendo comida normalmente. No entanto, o estímulo de fome nesses animais é persistente, até mesmo quando estão totalmente alimentados.

“Esses animais apresentam uma menor conversão energética, ou seja, aproveitam de maneira menos eficiente a energia contida nos alimentos”, destaca o biólogo Bruno Chaussê, que desenvolveu sua tese de doutorado no IQ. O estudo Intermittent Fasting Induces Hypothalamic Modifications Resulting in Low Feeding Efficiency, Low Body Mass and Overeating foi orientado pela professora Alicia Kowaltowski.

Segundo Chaussê, a motivação veio de um estudo anterior que também fez uso da dieta de jejum intermitente. Nele foi percebido que os animais submetidos a esta dieta ficam mais leves, mas também foi verificado que nos dias em que a ração fica disponível eles comem muito e quase compensam a falta de alimentação do dia anterior. Para tentar explicar esse fenômeno é que o presente estudo foi iniciado.

O estudo é direcionado apenas aos animais. “Nós não trabalhamos com aplicação direta para seres humanos e estamos, na verdade, em busca dos mecanismos que promovem os efeitos verificados após esses ciclos de jejum”, adverte o biólogo. “No entanto, a partir dos nossos estudos podemos perceber que nem toda forma de perda de peso, por meio de jejum, é, necessariamente saudável. Algumas das alterações verificadas nos ratos devem sim acontecer também com seres humanos”.
esquema-jejum

Para a realização do trabalho foram utilizados ratos machos divididos em dois grupos. Um grupo foi submetido à dieta do jejum intermitente e o outro recebia alimentação normalmente. O grupo com a dieta passava 24 horas sem nenhuma alimentação e 24 com ração à vontade.

Segundo o pesquisador, o peso dos animais controle aumenta constantemente, enquanto os animais submetidos à dieta têm flutuação de peso de 10% diariamente, ou seja, no dia em jejum perdem 10% e no dia com alimentação, ganham 10%, em média. Esses animais têm aumento de peso somente por alguns dias e, depois de certo, ponto o peso fica estabilizado.

Monitoramento

“O corpo dos animais converte menos massa ingerida em peso”, explica o pesquisador. A partir dessa constatação o estudo foi direcionado a avaliar possíveis motivos para isso. Foi feito monitoramento dos animais buscando alguma alteração significativa dos fatores fisiológicos.

Primeiramente foi descartada a perda de peso pela movimentação dos animais. Logo em seguida também foi descartada a alteração por diferenças no metabolismo mitocondrial. O estudo das mitocôndrias é muito importante na pesquisa porque essas organelas são responsáveis por manter a temperatura corporal e o peso.

Em conjunto com CEPID Obesidade e Comorbidades, coordenado pelo professor Licio Augusto Velloso, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o pesquisador passou a analisar o hipotálamo. Nesta região do cérebro é feito o controle do peso e equilíbrio energético. Os estímulos do hipotálamo promovem a sensação de fome e saciedade. O pesquisador passou a olhar para essa região, reparando nos níveis de expressão de moléculas envolvidas no controle dessas sensações.

Fome intensa

“Há um indicativo forte que essa sequência de jejuns intermitentes aumenta essa sinalização de fome. Há um passo importante de controle que é alterado por essa sequência consecutiva de jejum”, explica Bruno. O estímulo da fome é persistente, mesmo quando os animais estão alimentados, ou seja, a sensação de saciedade é diminuída.

Além disso, foi percebida uma diferença de modulação em outro neurotransmissor, o TRH, no período que eles estão em jejum e alimentados. O neurotransmissor está relacionado com taxas metabólicas e a liberação de hormônios tireoidianos, associados com a diferença conversão energética.

“A conversão energética é provavelmente consequência do aumento do gasto energético devido às altas taxas metabólicas no dia que esses animais estão alimentados, associadas ao aumento da queima de gordura do dia em que eles estão de jejum”, relata.

Próximos passos do estudo são compreender quais os mecanismos que estão sendo desencadeados pelos estímulos desses neurotransmissores para gerar esse aumento de fome e diminuição de conversão energética.

Foto: Julio César de Matos / USP Imagens
Ilustração cedida pelo pesquisador

Mais informações: email brunochausse@gmail.com

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Farinha de chia na panificação proporciona produto saudável

Por Da Redação - agenusp@usp.br
Publicado em 25/junho/2014 

Lucas Jacinto, da Assessoria de Comunicação da Esalq
imprensa.esalq@usp.br
Não há estudos anteriores sobre a inserção da farinha de semente de chia

Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, a pesquisa Caracterização nutricional e funcional da farinha de chia e sua aplicação no desenvolvimento de pães, realizada por Tânia Baroni Ferreira Dutra, identificou os parâmetros de nutrição da semente de chia. O estudo do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos desenvolveu pães utilizando farinha desta semente em detrimento à farinha branca de trigo, com várias concentrações de aplicação, sendo rica em proteína, fibras, ômega 3 e outros micronutrientes.

“O estudo foi idealizado para que pudéssemos aumentar o suporte científico à literatura disponível e aos órgãos regulatórios no que tangem a segurança alimentar, composição nutricional e utilização da semente de chia no desenvolvimento de novos produtos”, afirma. A ciência já provou: a farinha de semente de chia é rica em proteína, fibras, ômega 3 e outros micronutrientes. No entanto, Jocelem Mastrodi Salgado, professora do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) da Esalq, afirma que o problema está na farinha branca, a mais utilizada no mercado de alimentos. “A farinha branca é composta basicamente apenas de carboidrato, sem nenhum valor nutricional para o organismo”, explica. De acordo com Jocelem, os estudos do LAN apontam que, teoricamente, se uma pessoa consumir 3,5 unidades por dia do pão desenvolvido com 9% de farinha de semente de chia, o consumo de ácido graxo ômega 3 pode aumentar até 1% em sua dieta. “Isso é muito favorável para a saúde, uma vez estudos demonstraram que o aumento de 1% no consumo de ômega 3 pode reduzir até 40% o risco de desenvolvimento de doença arterial coronariana não fatal”.

Tânia afirma que não foi encontrado nenhum estudo anterior sobre o mercado de panificação voltado para a inserção da farinha de semente de chia. “A Associação Brasileira de Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP) divulgou recentemente o índice de crescimento das empresas de panificação e confeitaria em 2013, que foi de 8,7%, o menor dos últimos anos”. Segundo a ABIP, isso ocorreu pelo aumento nos custos dos insumos, impostos, embalagens e outros fatores envolvendo a produtividade do setor. “Este foi um dos motivos que nos levou a selecionar o setor de panificação como alvo da aplicação da farinha de semente de chia no desenvolvimento de novos produtos”, explica a cientista.

Para construir o cenário avaliado, Tânia conta que foi realizada a caracterização da composição nutricional e funcional da farinha de semente de chia, destacando os parâmetros de interesse — fibras, proteínas, cálcio, ômega 3 e potencial antioxidante. Nesse processo de identificação, Tânia ressalta que foram realizadas diversas análises. “Para obtenção de dados específicos, realizamos análise centesimal — que engloba determinação de umidade, proteína, fibras, gordura, carboidrato análise de microtoxinas, minerais, perfil de ácidos graxos visando quantificar principalmente o ômega 3, e testes para quantificar antioxidantes e aminoácidos”. Segundo a pesquisadora, ainda nesse processo foi possível saber exatamente a composição do alimento com o qual estava trabalhando. “No decorrer desta etapa, constatamos que a semente pode ser utilizada como coadjuvante na manutenção da saúde e bem estar por conta da qualidade das substâncias avaliadas”. Segundo Tânia, os números surpreendem. “A semente de chia é composta por 22% de proteína, 28% de fibras, 15% de ômega 3 e de 525mg/100mg de cálcio, entre outros”.

Formulações dos pães

Depois dessa etapa, a farinha da chia foi aplicada em três formulações diferentes na produção de pães. Segundo Tânia, foram produzidos pães com aplicação das taxas de 3%, 6% e 9% de farinha de chia. “Nestas formulações também foram realizadas análises microbiológicas, de digestibilidade, de sensorial e de aceitabilidade por provadores não treinados”. De acordo com a cientista, os testes sensoriais e de aceitabilidade foram feitos com base na comparação do pão tradicional em relação aos produzidos com diferentes concentrações de farinha de chia. “Os provadores participantes receberam amostras codificadas dos três pães e os compararam com o pão padrão. Os resultados mostraram que não houve diferença estatística significativa entre as amostras e o pão sem adição de farinha de semente de chia. Esse é um excelente resultado, pois significa que todas as amostras desenvolvidas foram igualmente bem aceitas pelos provadores no mesmo nível de aceitação do pão tradicionalmente consumido”, explica.

Ainda em relação aos testes com os provadores, Tânia aponta que, as melhores notas de analise sensorial foram direcionadas para a amostra com taxa de 6% de farinha de chia. “Essa formulação poderia ser considerada fonte de fibras pela legislação atual. Por isso, acreditamos que essa seria a melhor concentração para aplicação na indústria, uma vez que o produto desenvolvido com essa porcentagem apresentou aproximadamente 65% mais ômega 3, 78% mais fibras, 13% mais proteínas, 12% mais digestibilidade, 27,7 miligramas (mg)/100 mg mais cálcio, 20 mg/100 mg menos sódio, 15% menos carboidratos e 8% menos calorias do que o pão tradicional”, afirma.

Tânia afirma que os resultados revelados pelo estudo foram muito satisfatórios. “Observamos que o perfil de aminoácidos da farinha de chia pode ser comparado ao da soja, hoje tida como referência proteica vegetal, e encontra-se dentro dos valores recomendados pela Food and Agriculture Organization (FAO). Além disso, observamos que 25 gramas (g) dessa semente possui 23% da ingestão diária recomendada de fibras e 3,8 g de ômega 3”. Ainda segundo a pesquisadora, em relação aos pães desenvolvidos, o estudou revelou que os teores dos compostos de interesse aumentaram conforme maior concentração de farinha de chia adicionada às formulações. “Isso demonstra que os pães desenvolvidos, independentemente das concentrações adicionadas, apresentaram melhor perfil nutricional quando comparados ao pão produzido apenas com farinha de trigo”.

Outro fator revelado pelo estudo, no entanto, traz um contraponto aos resultados. O custo do produto com 6% de farinha de chia na formulação custaria cerca de 68% a mais do que o pão padrão. “Apesar dessa diferença, hoje notamos a existência de consumidores que buscam mais por produtos funcionais e que estão conscientes de que o custo das matérias primas saudáveis podem alterar o preço do produto final. Estes consumidores compreendem também os benefícios à saúde atrelados a esses produtos, o que faz valer o preço”, conclui. No entanto, Jocelem Mastrodi Salgado afirma que ainda há resistência quanto ao consumo de alimentos como pão, macarrão e bolos produzidos de forma alternativa aos tradicionais. “Os alimentos integrais aumentaram sua participação no mercado, mas ainda representam a minoria quando comparados aos fabricados exclusivamente com farinha branca. Isso ocorre por diversos fatores, entre eles o padrão sensorial discrepante, pois não são todos os consumidores que apreciam produtos integrais, tanto pela cor, consistência ou sabor”, explica.

Tânia também aponta que o consumidor deve ficar atento às quantidades de proteínas e fibras presentes nos produtos integrais, os quais não podem estar em quantidades muito pequenas dependendo do foco da alegação nutricional do produto. “Outro fator a ser analisado pelo consumidor é a ordem em que cada insumo aparece na lista de ingredientes. Ela deve ser sempre descrita na sequencia do que apresenta maior quantidade na formulação para o menor”, comenta. “Em todos os produtos é possível ter uma ideia da proporção de cada ingrediente na formulação, inclusive da farinha de chia nos pães já disponíveis no mercado. Se ela estiver citada como um dos últimos itens, provavelmente não está adicionada na formulação em quantidade suficiente e adequada para garantir seus benefícios”, conclui.

Foto: Gerhard Waller (Esalq)

Mais informações: (19) 3429-4109 / 3447-8613 | 3429-4485
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Alimentação saudável auxilia tratamento da osteoporose

Por Lara Deus - lara.deus@usp.br
Publicado em 24/junho/2014 
A pesquisa avaliou a alimentação das mulheres por meio de padrões alimentares

A alimentação de mulheres na menopausa com osteoporose influencia na gravidade da doença. Aquelas que mantêm um padrão de alimentação que inclui grandes quantidades de doces, chás e café tendem a ter a densidade óssea mais baixa. A conclusão é de uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, feita pela nutricionista Natasha França. O estudo também constatou que pessoas com o peso saudável que costumam comer frutas, verduras e legumes tendem a ter a ter osteoporose mais leve. Muito além do cálcio, os dados sugerem que, nesta doença, a alimentação pode ser coadjuvante do tratamento com medicamentos.

A pesquisa da FSP buscou entender se a alimentação de mulheres que já têm osteoporose pode exercer influência nos valores da densidade mineral óssea delas. Esta medida indica se o osso encontra-se em estado de “normalidade”, ou seja, com tamanho e dureza adequados. A doença é caracterizada pela desmineralização (perda de minerais, principalmente cálcio) dos ossos, tornando-os mais frágeis e porosos. Geralmente, quando um médico faz o diagnóstico dela, indica medicamentos e a ingestão de alimentos ricos em cálcio, como leite e derivados, pois o nutriente participa da formação e manutenção dos ossos.

Os resultados do estudo sugerem que, além desse tratamento convencional, mais mudanças na alimentação podem implicar melhora no quadro. Entre as mulheres participantes, quem comia grandes quantidades de doces, chás e cafés tinha também uma menor densidade mineral óssea tanto no fêmur quanto em todo o corpo. Essa medida era maior, no entanto, para aquelas com o IMC saudável cuja alimentação tinha grande participação das frutas, vegetais e tubérculos.

Prevalência em mulheres

O grupo de Natasha optou por estudar as mulheres principalmente devido à maior prevalência da doença entre elas. “A osteoporose é uma doença que acomete muito mais mulheres, principalmente porque ela está envolvida com o hormônio estrógeno”, explica a nutricionista. A produção deste hormônio tende a diminuir após a menopausa, estágio em que estavam todas as participantes da pesquisa, o que leva à maior “retirada” do cálcio do osso, aumentado assim, o risco de osteoporose.

A pesquisa foi feita com 156 mulheres com osteoporose, que já haviam passado pela menopausa, moradoras de São Paulo e atendidas no Ambulatório de Doenças Ósteo-Metabólicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Além de coletar dados como peso, altura e realizar o exame da densitometria óssea nas participantes, a pesquisa buscou entender como elas se alimentavam. Para isso, elas registraram tudo que comeram durante três dias não consecutivos, dois durante a semana e um no fim de semana.

Após esta etapa, todos os dados foram computados em um software de nutrição e, assim, Natasha pôde dividir todos esses alimentos em grupos, que foram agregados por uma análise estatística feita em parceria com o Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP. Do agrupamento entre grupos de alimentos relacionados, surgiram os cinco padrões alimentares considerados na pesquisa. Eles são o padrão “saudável”, caracterizado pelo consumo de vegetais, frutas e tubérculos, o padrão “carne vermelha e cereais refinados”, o padrão de “leite e derivados magros” (leite e iogurtes desnatados, queijos magros etc), o padrão de “doces, café e chás”, que incluía açúcar, mel, e doces em geral, e o padrão “ocidental”, caracterizado pelo elevado consumo de refrigerantes e fast food.

Daí, uma análise de regressão linear foi feita para entender a relação entre o consumo desses padrões com a densidade do osso de cada pessoa. A nutricionista explica que “muitas vezes, a alimentação acaba exercendo um efeito muito pequeno, que acaba não sendo detectado em questões estatísticas”. Mesmo assim, a pesquisa conseguiu encontrar associação entre dois padrões de alimentação e a densidade do osso entre as mulheres com osteoporose avaliadas.

O estudo fez parte da dissertação de mestrado Associação entre o padrão alimentar e a densidade mineral óssea de mulheres menopausadas com osteoporose, de autoria de Natasha sob orientação da professora Lígia Araújo Martini. Os dados no ambulatório foram coletados entre 2009 e 2012.

Imagens: Marcos Santos / USP Imagens

Mais informações: email natasha.agf@gmail.com

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Sensores medem metano e CO2 à distância e em tempo real

Por Antonio Carlos Quinto - acquinto@usp.br
Publicado em 27/junho/2014

Cientistas do Laboratório de Física Aplicada e Computacional (Lafac), da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, e do National Centre for Sensor Research (NCSR), Dublin City University (DCU), da Irlanda, estão testando a eficiência de sensores wireless (rede sem fio) para monitorar índices de CO2 e gás metano. O sistema utiliza a tecnologia GSM de aparelhos celulares e remete os dados obtidos, em tempo real, ao Lafac, no campus de Pirassununga, e ao NCRS, na Irlanda.
Reservatórios poluídos podem ser monitorados durante 24 horas ininterruptas

“Nossos equipamentos estão instalados em dois locais diferentes”, conta o professor Ernane Xavier, coordenador do Lafac. “Um está há cerca 80 quilômetros da FZEA, na cidade de Artur Nogueira, numa lagoa que concentra efluentes domésticos.” O outro sensor está instalado num reservatório que concentra resíduos de suínos, no campus de Pirassununga. Segundo Xavier, os dois sistemas fazem um monitoramento ininterrupto, 24 horas por dia, com informações a cada 30 minutos ou de hora em hora.

Xavier conta ainda que existem sensores também instalados na Irlanda para monitorar o gases emitidos por veículos e em aterros sanitários. “Aliás, estes dados obtidos por lá já foram apresentados em uma conferencia no Brasil. A idéia é validar o sistema nas condições Brasileiras e depois comparar com os resultados obtidos na Irlanda”, avisa.

“O objetivo é quantificar os índices CO2 e metano que são emitidos ao meio ambiente”, explica o docente, lembrando que o sistema pode ser utilizado para diversas outras aplicações. “Podemos adaptá-los para mensurar a emissão de outros gases nocivos ao meio ambiente e até mesmo no monitoramento da qualidade de águas”, garante Xavier.

Eletrônica embarcada

Os sensores estão instalados numa cúpula de aproximadamente 1 metro cúbico (m3), que flutua na superfície do lago. De acordo com Xavier, o sistema permite a instalação de outros tipos de sensores para detecção de outros gases. “Pode ser adaptado até mesmo para se aferir a qualidade da água”, garante o pesquisador.

Os dois sistemas estão implantados há cerca de dois anos e, até o momento, os índices mais significativos detectados foram de 60% de metano e 40% de CO2. “Estamos avaliando a hipótese de tentar o aproveitamento do metano, mas isso dependerá de outros estudos e novos projetos. No momento, os equipamentos nos fornecem dados que poderão permitir o controle da emissão dos poluentes em sua fonte de origem”, afirma o docente.

Xavier estima que o custo de implantação dos protótipos chegaram a aproximadamente R$ 6 mil cada um. Mas ele acredita que na elaboração do produto final pode haver uma redução de até cinco vezes. Além de Xavier que coordena o projeto pelo Lafac, na Irlanda a coordenação é do professor Fiachra Collins, do The Adaptive Sensors Group da Dublin City University (DCU).

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Mais informações: (19) 3565-4177, com o professor Ernane Xavier; email ernane@usp.br

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sexta-feira, 27 de junho de 2014

Mulheres: garimpeiras da natureza

Educação Popular

Por Rosângela Angelin*

A Associação Regional de Educação, Desenvolvimento e Pesquisa (AREDE) vem desenvolvendo, nos últimos anos, projetos com mulheres, em especial agricultoras, sendo trabalhados e debatidos temas envolvendo a geração de renda, bem como outros mais pontuais como o papel das mulheres na sociedade, mulheres no mercado de trabalho e a violência contra a mulher. 

Neste mês de março, quando a “mulher” encontra-se mais em voga, pretendemos abordar vários aspectos da vida destes seres humanos misteriosos.

Sendo assim, nesta edição do COOPERJORNAL, abordaremos o motivo pelo qual as mulheres, mais que os homens, têm um grande conhecimento sobre as ervas medicinais (chás) e passam isso de geração a geração, para suas filhas, netas e amigas.

É muito comum em nossa região, usarmos primeiramente o tratamento de chás para curar doenças e só depois recorrermos a cuidados médicos. A grande maioria das mulheres conhece vários tipos de chás para cada tipo doença e, com isto, conseguem resolver, em casa, a maioria dos problemas de saúde da família. Mas, esta arte de conhecer as ervas medicinais tem uma explicação histórica.

Depois que a humanidade deixou de ser nômade e começou a viver fixa em determinados locais, as mulheres permaneceram mais ligadas ao lar e aos filhos, enquanto os homens se ocupavam, prioritariamente, com as caçadas. Assim, as mulheres descobriram a agricultura e passaram a ter uma relação mais próxima com a natureza. Elas usavam a natureza para alimentar a família e também para curar e tratar as pessoas doentes da família e comunidade.

Na Idade Média, as mulheres eram as responsáveis pelos partos, atuando também como enfermeiras e assistentes de pessoas doentes. Conheciam e entendiam sobre o emprego de plantas medicinais para curar enfermidades e epidemias nas comunidades em que viviam e, conseqüentemente, eram portadoras de um elevado poder social. Essas mulheres representavam, muitas vezes, a única possibilidade de atendimento médico para pessoas pobres.

Elas foram, por um longo período, “médicas sem título”. Elas aprendiam o ofício umas com as outras e passavam esse conhecimento para suas filhas, vizinhas e amigas. Podemos dizer, portanto, que as mulheres foram as primeiras médicas do mundo. Com o surgimento dos médicos com título e por estas mulheres representarem um poder muito grande em suas comunidades, já que possuíam um enorme respeito social, elas foram perseguidas, condenadas e a maioria delas assassinadas. Mesmo assim, o conhecimento milenar das plantas medicinais foi mantido e passado de geração a geração por mulheres em todo o mundo.

Atualmente, as ervas medicinais continuam sendo muito usadas pela sociedade e encontramos também muitos grupos de mulheres que trabalham no processamento de plantas medicinais, fazendo elixires ou extraindo extratos das plantas e produzindo tinturas. Essas mulheres, como vimos no decorrer da história, seguem sendo reprimidas por parte dos médicos, pelo setor farmacêutico tradicional (que fatura bilhões por ano e também é contrário aos fitoterápicos) e pelo Estado, por usarem as plantas medicinais e fazerem medicamentos. Mesmo assim, elas resistem e lutam pela legalização das chamadas “farmácias alternativas” ou “farmácias naturais”. Uma luta, sem dúvida, mais do que justa.
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* Doutora em Direito pela Universidade de Osnabrueck (Alemanha), Docente do Curso de Direito das Faculdades Integradas Machado de Assis (FEMA) e Colaboradora da AREDE.

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Pastagem adapta-se a mudanças climáticas

Com 2 ºC a mais na temperatura, a planta Stylosanthes capitata Vogel teve suas folhas e a biomassa aumentadas em um estudo realizado na USP de Ribeirão Preto (foto: C.A.Martinez)

27/06/2014

Por Elton Alisson

Agência FAPESP – O aumento de 2 °C na temperatura global até 2050, conforme um dos cenários previstos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), poderá beneficiar a fisiologia e os processos bioquímicos e biofísicos envolvidos no crescimento de plantas forrageiras como a Stylosanthes capitata Vogel, leguminosa utilizada para pastagem de gado em países tropicais como o Brasil.

A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto.

Resultado de um Projeto Temático, realizado no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), o estudo acaba de ser publicado na revistaEnvironmental and Experimental Botany.

“O aumento de 2 °C na temperatura do ambiente em que a Stylosanthes capitata Vogel foi cultivada experimentalmente favoreceu a fotossíntese, além do aumento das folhas e da biomassa da planta”, disse Carlos Alberto Martinez, coordenador do projeto e primeiro autor do estudo, durante palestra no Workshop on Impacts of Global Climate Change on Agriculture and Livestock, realizado no dia 27 de maio, na FAPESP.

De acordo com Martinez, a Stylosanthes capitata Vogel é uma importante leguminosa forrageira em regiões tropicais e subtropicais no mundo. A espécie de planta pode crescer em ambientes arenosos e é muito resistente à seca.

Com as mudanças climáticas globais, estimava-se que um aumento moderado de pouco mais de 2 °C na temperatura poderia ter efeitos prejudiciais sobre o desempenho fisiológico e o crescimento da planta quando cultivada em um ambiente tropical, como no Brasil.

A fim de testar essas hipóteses, os pesquisadores realizaram um experimento em que cultivaram plantas em campo aberto, em um ambiente com temperatura normal, e em uma área com temperatura controlada, por meio de um sistema chamado T-FACE.

O sistema conta com um equipamento que permite controlar a irradiação de calor sobre a copa das plantas, por meio de aquecedores de infravermelho, de modo a permitir que a temperatura do ambiente de cultivo esteja sempre 2 °C acima da temperatura normal.

Após cultivar as plantas com essas diferenças de temperatura durante 30 dias, os pesquisadores realizaram medições de conversão de energia fotossintética, além de análises bioquímicas e da biomassa acima do solo.

Os resultados das medições e análises indicaram que o aumento de cerca de 2 °C na temperatura foi capaz de melhorar a atividade fotossintética e a proteção antioxidante das plantas.

Além disso, resultou em um incremento de 32% no índice de área foliar e de 16% na produção de biomassa acima do solo em comparação com as plantas cultivadas sob temperatura normal, segundo Martinez.

“O aumento da temperatura durante o período experimental foi favorável para o desenvolvimento dos processos bioquímicos e biofísicos envolvidos no crescimento da planta”, afirmou.

Adaptação climática

Segundo Martinez, algumas das possíveis explicações para o aumento da atividade fotossintética, além do índice de área foliar e da produção de biomassa de exemplares de Stylosanthes capitataVogel submetidas ao aumento da temperatura foram a aclimatação térmica e fotossintética da planta.

A planta promoveu ajustes em sua fisiologia de modo a não só lidar com um aumento potencialmente estressante na temperatura durante sua fase de crescimento, mas também para realizar fotossíntese com maior eficiência e manter ou até mesmo aumentar seu crescimento sob essa nova condição climática.

“Os resultados do estudo indicaram que um aumento de até por volta de 2 °C na temperatura pode ser vantajoso para o crescimento de algumas espécies de plantas tropicais, como a Stylosanthes capitata Vogel”, afirmou Martinez.

“É necessário elucidar, no entanto, os efeitos do aquecimento na fase reprodutiva para detectar possíveis impactos do aumento da temperatura sobre a floração, fecundação, rendimento de sementes e outros processos do desenvolvimento dessas plantas”, disse.

Em outro experimento, os pesquisadores cultivaram a planta forrageira Panicum maximum em temperatura 2 °C acima da normal e com uma concentração de carbono de 600 partes por milhão (ppm) – equivalente a 50% a mais do que a existente hoje e que deve ser atingida até 2050, conforme um dos cenários projetados pelo IPCC.

Os pesquisadores constataram que houve uma menor partição de biomassa para as folhas em relação ao caule das plantas cultivadas sob essas condições.

“Essa mudança na relação folha-caule é ruim porque o gado se alimenta da folha e não do caule, que é muito duro e o animal não consegue digerir”, disse Martinez.

Braquiária

Resultados similares também foram obtidos por pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, campus de Piracicaba, em um experimento realizado com Brachiaria decumbens – mato comum em lavouras de café e principal planta forrageira no Brasil, conhecida popularmente como capim-mombaça.

Ao cultivar a planta em um ambiente com 200 ppm de carbono acima do nível atual também em um sistema FACE, instalado na Embrapa Meio Ambiente em Jaguariúna, no interior de São Paulo, os pesquisadores observaram um aumento na produção de caule e diminuição de biomassa nas folhas da planta.

“Isso pode ter uma série de implicações para o uso dessa planta como forrageira, utilizada em mais de 80 milhões de hectares de pasto no Brasil”, disse Raquel Ghini, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e uma das autoras do estudo, durante sua palestra no evento.

Segurança alimentar

Na avaliação de Martinez, é preciso investigar os possíveis impactos das mudanças climáticas globais sobre plantas utilizadas como pastagem, porque elas representam a principal fonte de alimento para o gado em países como o Brasil – um dos únicos no mundo que produz carne e leite por meio da pecuária extensiva, ou seja, por meio da criação de gado em pasto.

Se o rendimento de culturas tropicais e pastagens for afetado pelas mudanças climáticas, trará consequências econômicas importantes para o país e para a produção mundial de alimentos, avaliou.

“Os impactos das mudanças climáticas sobre as áreas de pastagem são muito sérios e já estão ocorrendo”, afirmou Martinez. “A solução para cultivar pasto em áreas suscetíveis à seca poderá ser a irrigação ou a utilização de espécies resistentes à deficiência hídrica e adaptadas às mudanças climáticas”, disse o pesquisador à Agência FAPESP.

O Projeto Temático coordenado por Martinez conta com a participação de pesquisadores da University of Illinois, da Columbia University e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), além do Consiglio Nazionale delle Ricerche, da Itália, da Universitat de Barcelona, na Espanha, e no Brasil das Universidades Federal de São Carlos (UFSCar), Estadual Paulista (Unesp) e Estadual do Norte Fluminense (UENF), além do Cena da USP, do Instituto de Botânica e da Embrapa.

O artigo Moderate warming increases PSII performance, antioxidant scavenging systems and biomass production in Stylosanthes capitata Vogel (doi: 10.1016/j.envexpbot.2014.02.001), de Martinez e outros, pode ser lido por assinantes da revista Environmental and Experimental Botany em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S009884721400029X.

E o artigo Biomass production, elemental and fibre composition of Brachiaria produced under free air carbon dioxide enrichment conditions, de Ghini e outros, pode ser lido emwww.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/981745/1/2013RA011.pdf

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Como decifrar as informações dos rótulos de alimentos

No Brasil a rotulagem nutricional é obrigatória e é uma maneira de comunicar as características dos alimentos para os consumidores. Por isso, compreender as informações que estão no rótulo pode ajudar nas escolhas alimentares e, assim, a manter uma alimentação mais adequada. Porém, não são todos que conseguem ler e entender as informações descritas. Será pontuado abaixo o que deve conter em um rótulo e como interpretar tais informações.

ITENS OBRIGATÓRIOS:

INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS:

O que significam os itens da tabela de informações nutricionais:

VALOR ENERGÉTICO

É a energia produzida pelo nosso corpo proveniente dos carboidratos, proteínas e gorduras totais, Na rotulagem nutricional o valor energético é expresso em forma de quilocalorias (kcal) e quilojoules (kJ).

Prefira alimentos com ↓ valor calórico. Mas de 400kcal/100g é bastante elevado.

CARBOIDRATOS

São os nutrientes cuja principal função é fornecer a energia para as células do corpo. São encontrados em maior quantidade em massas, arroz, açúcar, mel, pães, farinhas, tubérculos (batata, mandioca, inhame, etc.) e doces em geral.

Alimentos ricos em carboidrato com mais de 6g/100g de fibras e proteína, são boa escolha.

PROTEÍNAS

São nutrientes necessários para construção e manutenção dos nossos órgãos, tecidos e células. Encontramos nas carnes, ovos, leite e derivados, e nas leguminosas (feijão, soja e ervilha).

GORDURAS TOTAIS

São nutrientes que também fornecem energia para o corpo e ajudam na absorção das vitaminas A, D, E e K. As gorduras totais referem-se à soma de todos os tipos de gorduras encontradas em um alimento, tanto de origem animal quanto de origem vegetal.
Procure alimentos com menos de 10g de gordura por 100g.

GORDURAS SATURADAS

Tipo de gordura presente em alimentos de origem animal. O consumo excessivo desse tipo de gordura pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, por isso o consumo deve ser moderado. São exemplos: carnes, toucinho, pele de frango, queijos, leite integral, manteiga e requeijão.

Prefira alimentos com pouca ou nenhuma gordura saturada.

GORDURA TRANS

Encontrada em grande quantidade em alimentos que utilizam gordura vegetal hidrogenada em suas preparações. O consumo desse tipo de gordura deve ser muito reduzido, considerando que o nosso corpo não precisa desse tipo de gordura, além de aumentar o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Não se deve consumir mais de 2 gramas/dia.

FIBRAS ALIMENTARES

Está presente em diversos tipo de alimentos de origem vegetal, como frutas, hortaliças, feijões e alimentos integrais. A ingestão de fibras auxilia no funcionamento do intestino.
Consumo de 30 gramas/dia.

SÓDIO

Está presente no sal de cozinha e em alimentos industrializados (embutidos, enlatados, salgadinhos, molhos prontos). Devem ser consumidos com moderação, pois em excesso podem causar o aumento da pressão arterial.
Máximo de 480mg/porção ou 2000mg/dia.

Os rótulos são feitos para transmitir informações, de forma clara, sobre os alimentos, dando ao consumidor a possibilidade de escolhas saudáveis que contribuam com a sua saúde.

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Informações do Autor
Dra. Catharina Paiva
Nutricionista do Grupo de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Mestranda em Ciências Endócrinas na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)


EcoDebate, 27/06/2014

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O desafio de preservar as ‘abelhas indígenas’

Foto: Ceplac

Ao ar livre, em pequenas caixas de madeira de reflorestamento com 39 centímetros de altura por 24 centímetros de largura, com rigor científico no manejo e o olhar no futuro, preservam-se joias da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Trata-se de um banco de germoplasma de abelhas sem ferrão nativas do Nordeste, com colônias vivas mantidas em colmeias padronizadas.

Criado há seis anos, na Embrapa Meio-Norte, em Teresina (PI), o banco se caracteriza por reunir colônias de abelhas tiúba, uruçu-amarela e jandaíra, também conhecidas como abelhas indígenas, por serem criadas antes mesmo da chegada dos portugueses ao Brasil. É o único com espécies da região e foi montado a partir de doações de apicultores. Em contrapartida, a equipe técnica oferece treinamentos aos produtores.

“Esse banco é uma arma estratégica da ciência para repovoar a fauna do Nordeste brasileiro, no eventual risco de extinção de espécies nativas locais”, destaca a pesquisadora Fábia Pereira. Se necessário, o repovoamento será feito a partir da distribuição de colmeias aos apicultores nas regiões afetadas. A primeira função é ajudar na preservação, mas o principal objetivo inclui conservação e documentação dos recursos genéticos para disponibilização ao público-alvo.

As pesquisas investem em arquitetura de ninho e análise do mel, na busca por informações biológicas sobre cada espécie e caracterização morfológica, molecular e geográfica das abelhas. Além disso, também têm como proposta obter informações sobre produção de mel de boa qualidade, multiplicação das colônias, manutenção das abelhas nativas e da flora a elas associadas, além da preservação ambiental e da geração de renda para pequenos produtores.

Unidades demonstrativas são mantidas nos municípios de Uruçuí e Guadalupe, no sudeste do Piauí, e em Araioses e São João dos Patos, no leste do Maranhão. Há, também, bancos de germoplasma no Pará e em Pernambuco. Amostras são enviadas para o Banco de Tecidos, instalado na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília (DF), para preservação do DNA. É meta da Embrapa instalar bancos de germoplasma de abelhas em todo o País.

A importância para a polinização

As abelhas sem ferrão, segundo a pesquisadora Fábia Pereira, são responsáveis pela polinização de 30 a 60 por cento das plantas de ecossistemas como a Caatinga, o Pantanal e manchas da Mata Atlântica. “Elas executam importante função na perpetuação da floresta e sua biodiversidade, como polinizadores e parte integrante da teia alimentar”, ressalta.

Mais de 400 espécies de abelhas sem ferrão são conhecidas no Brasil. Elas apresentam grande heterogeneidade na cor, tamanho, forma, hábitos de nidificação e população dos ninhos. Fábia Pereira explica que algumas abelhas se adaptam ao manejo, outras não: “Embora vantajosa, a criação racional dessas abelhas é dificultada pela escassez de informações biológicas e zootécnicas. Muitas nem sequer foram identificadas”.

O preço do litro de mel de abelhas nativas pode chegar a R$ 70,00. Essa alta cotação, aliada ao baixo investimento inicial e a facilidade em manter essas abelhas próximas às residências, tem estimulado pequenos agricultores a entrar na atividade.

Clima e flora são favoráveis à produção

A China é o maior produtor de mel do mundo. Os norte-americanos estão em segundo e a Argentina em terceiro lugar. O Brasil é o nono maior produtor de mel de abelha e o quinto maior exportador. Os Estados Unidos são os maiores compradores do mel brasileiro.

A região Nordeste possui ambiente propício para ampliar a produção de mel. A flora nativa e diversificada é um grande trunfo. Paulo José da Silva, de 33 anos, gerente da Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes (PI), destaca a variação de floradas de norte a sul do estado, durante todo o ano, como ponto de equilíbrio na atividade: “Com esse ambiente, o apicultor tem condições de migrar colmeias com menor custo”, avalia Paulo José da Silva, gerente da Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes, no Piauí.

A Casa Apis é uma das maiores centrais de cooperativas de apicultores do Nordeste, com sede em Picos, no Piauí. O diretor-geral, Antônio Leopoldino Dantas Filho, avalia que há uma flora abundante em toda a região. “Precisamos qualificar o produtor para vencer a pobreza no semiárido”. No estado, a sustentabilidade é fator importante. A pesquisadora Maria Teresa Rêgo diz que as floradas das espécies nativas “são livres de agrotóxicos, propiciando um mel puro, livre de resíduos de produtos químicos, o que favorece a produção de mel orgânico”.

O esforço para manter o Nordeste na linha de frente dos grandes produtores de mel do Brasil tem como âncora uma importante iniciativa para toda a cadeia produtiva: o laboratório de controle de qualidade de produtos apícolas, da Embrapa, em Teresina. Nele, são feitas as análises de mel para obter informações quanto à maturidade, pureza e degradação. Elas indicam, por exemplo, teor de umidade, porcentual de açúcares redutores e teor de hidroximetilfurfural, que é um composto que se forma pelo aquecimento ou envelhecimento do mel. O laboratório também faz análises de própolis e pólen apícola. Todo o mel exportado do Piauí pelas centrais de cooperativas passa por análise no laboratório da Embrapa Meio-Norte.

Seca e agrotóxico, agentes exterminadores

A seca e os agrotóxicos são fortes agentes exterminadores das abelhas. A estiagem, que no Nordeste brasileiro é cíclica, extermina as abelhas de forma gradual. Primeiro, reduz ao extremo a oferta de alimentos. Em seguida, estressa os animais. Por último, mata e reduz em números assustadores os enxames.

A consequência da seca sobre as floras nativa e cultivada é desastrosa. “Elas perdem espécies importantes, já que as abelhas são responsáveis pela polinização – reprodução das plantas. Com isso, faltam frutos e sementes, fundamentais à alimentação humana e animal”, explica a pesquisadora Maria Teresa Rêgo.

Outro aspecto a ser considerado é que as mudanças climáticas têm impulsionado a proliferação de pragas, como a Helicoverpa armigera, que ataca culturas importantes, como soja, milho e feijão. Para enfrentar o ataque de pragas, muitos produtores rurais usam agrotóxicos indiscriminadamente e, com essa prática surgem efeitos que exterminam as abelhas. O letal mata os insetos imediatamente. O subletal tem efeito mais lento. Contaminada, a abelha volta à colmeia com o veneno e então repassa para as outras. O final é previsível: toda a colmeia é envenenada e, consequentemente, as abelhas morrem.

Muitas vezes, eles não matam as colônias diretamente, mas provocam efeitos no comportamento, prejudicando desenvolvimento, produção e o serviço de polinização das colônias. Um dos efeitos relacionados ao uso de agrotóxicos muito pesquisado atualmente é o Distúrbio do Colapso das Colônias (DCC). Segundo os pesquisadores, ele é caracterizado pela ausência de abelhas vivas ou mortas na colônia. Em estágio inicial, há presença de uma pequena quantidade de operárias, crias novas e a rainha.
A pesquisadora Maria Teresa Rêgo diz que as causas do distúrbio ainda estão sendo investigadas. Até agora os cientistas acreditam em uma reação em cadeia, afetando o sistema imunológico das abelhas, causado por vírus, ácaros, estresse, desnutrição e pesticidas.

O produtor tem que estar atento para identificar se as colônias estão sendo atingidas pela aplicação de substâncias tóxicas. Segundo a cientista, é importante observar: quantidade de abelhas mortas próximo às colônias, redução da quantidade de operárias adultas, redução e mortalidade das crias em época propícia para o desenvolvimento das colônias e a redução da atividade de coleta de alimento e má-formação de larvas e de operárias adultas.

Para evitar o impacto dos agrotóxicos, Maria Teresa Rêgo recomenda o manejo integrado de pragas, com destaque para o controle biológico. No caso da seca, a pesquisa investiga manejos adequados. Os estudos avançam para recomendações simples e eficientes como disponibilização de alimentos de fácil acesso, a exemplo de sucos de frutas da estação e farinha da folha de mandioca. Para amenizar o calor, os pesquisadores estudam colmeias em locais sombreados naturalmente – debaixo de árvores – ou sob coberturas artificiais, construídas pelo apicultor. E, para fugir dos inimigos naturais, como formigas e cupins, a recomendação é instalar as colmeias em cavaletes, além de manter a área do apiário sempre limpa.

Por Fernando Sinimbu (654 MTb/PI) 
Embrapa Meio-Norte 
EcoDebate, 27/06/2014

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quinta-feira, 26 de junho de 2014

Horta orgânica garante segurança alimentar de família no Alto Sertão Paraibano

Em meio à vegetação típica da Caatinga, Marlene Lopes dos Santos, 43 anos, e Genival Lopes dos Santos, 44, cultivam alface, cebolinha, coentro e pimenta de cheiro no quintal da casa, no assentamento Floresta, no município paraibano de Sousa.

A família iniciou há pouco mais de dois meses uma horta orgânica e já planeja ampliar as variedades produzidas. Localizado no Alto Sertão paraibano, a cerca de 430 quilômetros de João Pessoa, o assentamento foi criado em 2013 a partir da desapropriação do imóvel de mesmo nome, com área aproximada de 593 hectares, onde foram assentadas 13 famílias de trabalhadores rurais.

Genival conta que aproveitou a experiência adquirida quando trabalhava em uma horta comercial de grande escala e usou equipamentos para irrigação que foram dispensados pelo seu antigo patrão para iniciar a horta familiar.

Atualmente, a produção de hortaliças, além de garantir a segurança alimentar da família de Genival e Marlene, contribui com o orçamento familiar. Marlene conta que viveu 23 anos na mesma localidade, mas era obrigada a repassar metade do que produzia para o dono da terra. Agora, se sente motivada, pois tudo que produz é para a família. O casal tem duas filhas, que também ajudam no cuidado com a horta.

Genival explica que boa parte da produção é vendida em um supermercado do vizinho município de Aparecida; outra parte é vendida de porta em porta nas comunidades da vizinhança. “Com essa renda extra, estamos melhorando a nossa qualidade de vida”, afirma o agricultor.

O engenheiro agrônomo Anderson Barbosa, o técnico agrícola Romério Cartaxo e o engenheiro florestal Hidelgardo Alecrim, da Central das Associações dos Assentamentos do Alto Sertão Paraibano (Caaasp) – entidade contratada pelo Incra/PB para prestar Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates) a 31 assentamentos do Alto Sertão do estado –, acompanham a horta de Genival e Marlene.

Para a equipe, os benefícios socioambientais da agricultura orgânica são grandes tanto para o agricultor quanto para os consumidores finais. Os profissionais orientaram os agricultores a utilizar a cobertura morta sobre o solo como forma de reter a umidade e melhorar a ciclagem dos nutrientes (a contínua transferência de nutrientes do solo para as plantas, e destas para o solo).

Segundo o engenheiro agrônomo Anderson Barbosa, produzir em sistemas orgânicos não se resume a eliminar os agrotóxicos nas culturas ou substituir os fertilizantes minerais por biofertilizantes. "É necessário conhecer toda a complexidade do agroecossistema para, assim, manejar os recursos naturais presentes em sua totalidade, tanto o solo, como a água, as demais plantas, os grandes e os pequenos animais, inclusive os microrganismos", disse.

(Fonte: Incra/PB) Postada em 20/06/2014

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Jacareí: Rio Comprido tem estudo de plantas medicinais nesta quarta-feira

Conscientizar e informar a população sobre a importância das plantas e suas propriedades nutricionais e medicinais são os objetivos dos encontros realizados pelo Núcleo de Educação Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente. Na quarta-feira (25), a ginko biloba e erva de bicho foram temas do estudo, no Projeto Fênix (rua Minas Gerais, 135), no bairro Rio Comprido.

Uma vez por mês, o estudo é realizado para discutir o valor medicinal de cada espécie. Os participantes têm a oportunidade de troca de experiências – tanto os conceitos científicos como o conhecimento popular, além de avaliar a ação que a planta exerce no organismo, sua interação medicamentosa, a utilização no dia-a-dia, o cultivo e introdução à alimentação saudável. Os encontros tem a participação do grupo PAS (Plantas Medicinais, Meio Ambiente e Saúde).

Podem participar profissionais da saúde, usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), agentes e lideranças comunitárias, agentes de pastorais, comunidades organizadas, educadores e interessados em geral. Não é necessário fazer inscrição prévia.

Informação – O próximo encontro será no dia 30 de julho e terá a alcachofra e a berinjela como temas de estudo. Mais informações pelo telefone 3953-6822.
(Rudmila Rodrigues)

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Nomes populares suscitam dúvidas e geram confusão

Sergio Sigrist, 06/03/2014

Nomes populares de plantas costumam gerar confusão. Deparei-me recentemente com um caso típico ao escrever sobre a "noz- moscada", a conhecida especiaria de sabor picante, originária da Indonésia, usada em várias receitas de pães, doces, carnes e muito apreciada na culinária internacional. A primeira fonte que consultei diz sobre a interação medicamentosa desta espécie.

Na medida em que consegui reunir mais material e me aprofundar na identificação das suas propriedades medicinais, constatei que a planta é mais conhecida por "ucuuba", cujo nome científico é Virola surinamensis, nativa da Região Amazônica, e que a noz-moscada (a especiaria) é a Myristica fragans. Ambas Virola surinamensis e Myristica fragans pertencem a mesma família Myristicaceae.

Em nosso país, alguns acham que a especiaria nasce espontaneamente. Mas esta confusão ocorre porque há outras plantas que também recebem o nome de "noz-moscada", principalmente porque o aroma é um pouco semelhante. Além da já citada Virola surinamensis temos a Cryptocarya moschata ("noz-moscada-do-Brasil" ou "canela moscada") e a Alpinia zerumbet (a famosa "colônia", planta da Farmacopeia Brasileira).

Mas de onde vem esses nomes? Qual a origem? Pode-se encontrar explicação conhecendo-se os diversos sistemas etnofarmacológicos no Brasil, que são bem heterogêneos. 

Nomes trazidos por colonizadores europeus se concentram no Sul do Brasil. Como exemplo, temos a "erva-cidreira" (Melissa officinalis) e "erva-doce" (Foeniculum vulgare). 

A influência da cultura africana é muito forte no Nordeste, especialmente no Estado da Bahia, onde os nomes das plantas são frequentemente associados a rituais religiosos, como "arruda" (Ruta graveolens) e "jambolão" (Syzigium jambolanum). Na Região do Semiárido, a influência indígena e africana são associadas a aspectos de más condições socioeconômicas, clima e vegetação típicas dessa região. Nomes bem conhecidos e originários dessa região são a "aroeira-do-sertão" (Myracrodruon urundeuva), "catinga-de-mulata" (Tanacetum vulgare) e "bamburral" (Hyptis suaveolens).

As denominações de origem indígena são relativas a muitas plantas nativas usadas por essas comunidades em todo o território nacional. Pode- se destacar a "caapeba" (Piper umbellatum), "abajeru" (Chrisobalanus icaco) e "urucum" (Bixa orellana).

Recebemos a influência de imigrantes chineses e japoneses e na época das grandes navegações, os portugueses colonizadores disseminaram várias espécies de uso culinário principalmente no Estado de São Paulo. Como exemplo temos o conhecido "gengibre" (Zizinber officinale), a "lichia" (Litchi chinensis), a "raiz-forte" (Wassabia japonica), a "canela" (Cinnamomum cassia) e o "cravo" (Eugenia caryophyllata).

Na Região Amazônica, devido a diversidade da flora nativa, o conhecimento de indígenas absorvido pelos caboclos, somado ao isolamento cultural da região, temos uma linguagem própria que influenciou fortemente o nome de diversas plantas medicinais, por exemplo "guaraná" (Paulinia cupana), "copaíba" (Copaifera officinalis) e "fava-de-tonca" (Dipteryx odorata).

Por fim, como resultado de pesquisas científicas realizadas principalmente em países europeus, passamos a adotar uma gama de nomes na forma em que apareceram. Alguns exemplos são "ginkgo-biloba" (Ginkgo biloba), "hipérico" (Hipericum perforatum) e "equinácea" (Echinacea purpurea).

Assim, não confundir as plantas é um desafio. É comum uma planta ter diversos nomes populares e ainda, diversas plantas possuírem o mesmo nome popular e aqui mora a confusão. Plantas diferentes possuem diferentes concentrações de princípios ativos nas suas partes, consequentemente o valor terapêutico atribuído também é diferente. A "hortelã-pimenta" é um nome dado a duas espécies distintas da família Lamiaceae (Ocimum gratissimum e Mentha sp.), que possuem diferentes composições em seus óleos essenciais. Por sua vez Ocimum gratissimum, em diferentes regiões, recebe nomes populares como "alfavaca", "alfavacão" ou "erva-cravo".

É muito importante ter uma identificação segura, com a espécie botânica definida e o nome binomial latino correto e atualizado: primeiro o gênero e depois a espécie grafados geralmente em itálico. Ao contrário do nome vulgar, cujo âmbito de validade é regional, o nome binomial (científico) é reconhecido como único em todo o mundo. Desta forma fica mais fácil o entendimento entre especialistas de diferentes países.

Referências

SALVI, R.M.; HEUSER E. D. Interações medicamentos x fitoterápicos: em busca de uma prescrição racional. EDIPUCRS, Porto Alegre, 2008.
RODRIGUES, V. E. G.; CARVALHO, D. A. Plantas Medicinais nas Florestais Semideciduais. Editora UFLA, Lavras, 2010.
CORRÊA JR., C. et al. Cultivo de plantas medicinais, condimentares e aromáticas. Editora FUNEP, Jaboticabal, 1994.


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Fungos alteram sabor do café (e isso pode ser bom)

Do site:

Por Simone Caixeta de Andrade
05/06/2014

Queijo roquefort, shitake, champignon e fermento biológico para pães. Todos esses alimentos têm em comum um elemento: fungos. E a essa lista pode ser adicionado o café. É o que demonstra um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros, que detectaram algumas espécies de fungos em sementes de café do sudeste do Brasil. Esses fungos podem interferir nas características sensoriais do café, revela a pesquisa que foi publicada na Food Research International). Dados da pesquisa apontam que, em 45% das amostras avaliadas, 70% estavam contaminadas por fungos. A contaminação foi responsável por alterar o sabor do café, tanto de forma positiva quanto negativa.

A qualidade do café é influenciada pela variedade botânica das sementes, manejo agrícola, colheita, secagem dos grãos, armazenamento e, por fim, preparo da bebida. O estudo comparou o nível de contaminação das sementes nos diversos estágios de produção do café e comparou os resultados com as características sensoriais da bebida. Sementes estavam em vários estágios de maturação: diretamente do cafezal, do solo ou do pátio. 

Segundo a Associação da Indústria Brasileira de Café (Abic) na “avaliação sensorial busca-se verificar a qualidade global do café na xícara, com notas para atributos como aroma, sabor, corpo, além de moagem, torra, etc”. Características sensoriais positivas ou negativas podem ser encontradas como uma consequência dos metabólitos produzidos durante o desenvolvimento de espécies fúngicas. O estudo encontrou contaminação por fungos Penicillium brevicompactum em todas as etapas de produção do café, o que levou os pesquisadores a concluírem que esse fungo é encontrado naturalmente nas sementes nesta região. Esse fungo também foi responsável por características sensoriais positivas do café, com atributos como aroma caramelo, floral, suave e doce. Percepção sensorial negativa e atributos como mofado, sujo e fermentado foi correlacionada à alta contaminação por fungos Aspergillus section Nigri e Aspergillus westerdijikiae, encontrados no café bóia (grão seco ou mal formado) e varrição (grãos recolhidos do solo).

Fungos como Aspergillus section Nigri e outros também são responsáveis por produzir uma toxina, ocratoxina. Essa toxina é responsável por disfunção renal e é apontada como carcinogênica. A União Europeia estabelece que o volume máximo de consumo é de 120 nanogramas por quilo de peso do indivíduo. 

Uma resolução de 2011 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária estabelece os níveis de micotoxinas presentes nos alimentos devem ser tão baixos “quanto razoavelmente possível, devendo ser aplicadas as melhores práticas e tecnologias na produção, manipulação, armazenamento, processamento e embalagem, de forma a evitar que um alimento contaminado seja comercializado ou consumido“. Para o café, a resolução estabelece que a ocratoxina A (OTA) em café torrado (moído ou em grão) e solúvel não deve ultrapassar 10µg/kg.

Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, participando de 33,6% do mercado internacional. De acordo com o informativo, o consumo no mercado interno foi de 21 milhões de sacas de café. A produção nacional, de acordo com o levantamento da safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi de 49,2 milhões de sacas de café beneficiado, em uma área de 2 milhões de hectares. 

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Antinutrientes: inhibidores enzimáticos

Do site:

Entre los antinutrientes, un grupo muy importante son losinhibidores enzimáticos. Nuestra digestión ocurre gracias a la acción de enzimas, que descomponen los nutrientes en la digestión para que los podamos absorber. Pero hay ciertas sustancias en algunos alimentos que impiden la correcta acción de esas enzimas:

Inhibidores de las enzimas protéicas
Impiden la proteólisis digestiva (o sea, la descomposición de las proteínas en aminoácidos). Las proteínas deben llegar descompuestas enaminoácidos a nuestro intestino. Si no lo están, estos fragmentos pueden pasar por un intestino demasiado permeable y causar problemas a nuestro sistema inmune o a nuestro riñón. Incluso pueden originar problemas de crecimiento, debido a la baja absorción de proteínas y también porque estos inhibidores hipertrofian el páncreas y estimulan su (esto se puede reconocer por el aumento del nitrógeno fecal).

Normalmente, al cocinar el calor desnaturaliza estos factores y con ello casi todo su efecto inhibidor, aunque suele quedar un valor residual inhibidor del 5-20%. El significado tóxicológico de este efecto residual se desconoce en la actualidad.

Estos inhibidores son:

  • Antitripsinas o inhibidores de proteasas: son sustancias que impiden el uso o metabolismo enzimático de las proteínas. Se encuentran en productos tanto de origen vegetal –leguminosas, patata, batata, cacahuete- como animal –leche, calostro, huevo (ovomucoide y ovoinhibidor)-. El más conocido y destacado es el inhibidor de tripsina, que se encuentra en la soja, judías…
  • Inhibidores de la tripsina y quimotripsina bovina: en la soja se han hallado inhibidores del tipo factor Bowman-Birk y factor de Kunitz. También se han aislado inhibidores similares en judías, cacahuetes, guisantes, lentejas, aunque la actividad de cada uno es diferente.

Anticarbohidrasas

Estas sustancias impiden el uso completo de los hidratos de carbono, porque afectan a las enzimas que hidrolizan (descomponen) los hidratos de carbono.

Estos inhibidores son:

  • Antiamilasas: evitan que asimilemos el almidón. Se encuentran en leguminosas, trigo integral.
  • Antiinvertasas: en patatas y maíz.

Recomendaciones prácticas ante los inhibidores enzimáticos

No tomar las legumbres crudas: no usar molidas o en forma de harina, sin cocinar.

Las legumbres deben cocinarse o germinarse: una vez germinadas se recomienda calentar en un salteado ligero (los brotes de soja, de garbanzos) para eliminar los inhibidores que hayan podido quedar.

Evitar el consumo de plátanos y mango verde, que contienen antiamilasas.

¡Ojo con los comprimidos de vainas de judías para el tratamiento de la obesidad y la diabetes! 

También contienen antiamilasas.


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Antinutrientes: sustancias antitiroideas

Do site:
Glándula del tiroides

Tioglucósidos

Algunos vegetales comestibles poseen unos compuestos tóxicos llamados tioglucósidos (tiocianato, isotiocianato, tioxazolidina y antocianos) que actúan como sustancias bociógenas -impiden la formación de hormonas tiroideas-. El colinabo, nabo, col, mostaza, coliflor, coles de bruselas, escarola, lombarda, berza, brócoli, zanahoria y espinacas se encuentran en este grupo.

Aunque el calor destruye estos principios activos inhibidores (al inactivar la enzima mirosinasa), las bacterias intestinales también los metabolizan, por lo cual no se debe abusar de su consumo.

Glucósidos cianógenos

Son sustancias que segregan algunas plantas como mecanismo de defensa frente a depredadores. Estos glucósidos liberan ácido cianhídrico al ser dañadas o comidas. Se encuentran por ejemplo, en la raíz de la mandioca, en las almendras amargas, en las semillas del melocotón y el albaricoque, pera, fresa y poseen también acción bociógena.

Polifenoles

Existen miles de polifenoles y son más conocidos por su beneficioso efecto antioxidante, pero algunos, como los polifenoles contenidos en la cascarilla del cacahuete, en la nuez de acajú y en la capuchina y los alquilsulfuros que se encuentran en el ajo y la cebolla, poseen este mismo efecto inhibidor sobre la glándula tiroides.

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1001 discos para ouvir online

Dica do
Melhor que saber quais são os “1001 discos pra ouvir antes de morrer”, é poder ouvir todos eles, online. O livro de Robert Dimery é “sonorizado” pela rádio romena 3 Net que disponibiliza, em seu portal, todos os álbuns indicados pelo best seller.

Do rock ao pop, são apresentados os melhores discos dos últimos 50 anos com curadoria de 90 jornalistas e críticos de música reconhecidos internacionalmente. A vantagem é que agora você pode ter acesso a melhor parte dessas informações: o som.

Para ouvir, basta clicar no CD desejado para que ele possa ser “rodado” num player no canto superior direito do site. O fato de estarem organizados por ordem cronológica, de 1955 até 2005, permite apreciar, no contexto, desde Frank Sinatra em “In The Wee Small Hours” até The White Stripes em “Behind Me Satan”.

Enquanto esperamos, ansiosamente, pelos 1001 discos para “baixar” antes de morrer, permanecemos conectados para não perder nenhuma nota sequer. Para ouvir, pirar e aprender sobre os álbuns que fizeram a diferença no mundo da música, acesse este link.

Escute e comente!


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