Cientistas apontam soluções sustentáveis para desafios agrícolas

26 de setembro de 2014
Por Diego Freire

Agência FAPESP – Ante o aumento da demanda da população por alimentos, o conhecimento sobre o vasto e ainda pouco explorado universo dos microrganismos que habitam o solo e as plantas pode ajudar a incrementar a produção agrícola de forma sustentável. É o que afirma Fernando Dini Andreote, pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) e ganhador da edição deste ano do Prêmio Fundação Bunge na categoria Juventude.

Andreote esteve na FAPESP na terça-feira (23/09) para participar do Seminário Produtividade Agrícola Sustentável, realizado em parceria com a Fundação Bunge com o objetivo de envolver pesquisadores do setor em discussões sobre o tema. Para ele, o microbioma do solo e das plantas pode guardar importantes respostas para os desafios do setor agrícola.

“No solo e nas plantas há a maior fonte de biodiversidade genética e metabólica do planeta: cerca de 1 bilhão de células vivas para cada grama de solo; são 30 mil espécies diferentes. A capacidade metabólica desses organismos precisa ser investigada para entendermos cada vez mais sobre como utilizá-la em benefício da produção sustentável”, disse ele à Agência FAPESP.

Andreote esteve à frente da pesquisa Diversidade microbiana em solos com cultivo de cana-de-açúcar no estado de São Paulo: um enfoque biogeográfico, apoiada pela FAPESP, que identificou grupos de microrganismos e os correlacionou a fatores como o tipo de manejo da cultura, a natureza do solo e aspectos climáticos, como umidade e temperatura.

O trabalho constatou que há importantes diferenciações entre grupos de microrganismos em áreas distintas, ainda que com cultivos semelhantes. “São diferenciações importantes, mais expressivas em fungos do que em bactérias, e nosso trabalho é entender se esses grupos, ainda que diferentes, têm as mesmas funcionalidades”, disse.

A indução do crescimento de determinados microrganismos possibilitada pelo conhecimento sobre a microbiologia do solo pode facilitar a nutrição e o crescimento das plantas com recursos naturais da área, uma solução sustentável.

Andreote destacou no seminário que é preciso considerar também a ação integrada desses organismos. “[É necessário] buscar conhecer funções do conjunto deles, não só de forma isolada, enxergar o grupo microbiano como um tecido que interage com o hospedeiro e encontrar funções que, quando se olha para cada componente, não são identificadas.”

Nesse sentido, Andreote estuda também consórcios microbianos envolvidos na degradação do material presente nos resíduos biológicos agrícolas, especificamente restos da cultura de cana-de-açúcar e de milho.

Na pesquisa Microbial consortia for biowaste management: life cycle analysis of novel strategies of bioconversion (Microwaste), realizada por Andreote em parceria com pesquisadores da Netherlands Organisation for Scientific Research (NWO), a proposta é identificar os efeitos da incorporação dos resíduos agrícolas nos processos biogeoquímicos do solo.

“Buscamos entender como funciona a incorporação de resíduos de cana e milho no solo não pela ação de um organismo em específico, mas pela atividade conjunta da microbiota. A ideia é identificar grupos que têm atividades em conjunto e, por essa atuação complementar, aceleram o processo de incorporação”, explicou.

Biodiversidade

De acordo com Andreote, a diversidade de microrganismos envolvidos nos processos metabólicos das plantas está relacionada à biodiversidade do ambiente em que a vegetação está inserida, o que evidencia ainda mais a importância que se deve ter com a sua preservação.

“A planta seleciona os microrganismos que vão se associar a ela. Se a biodiversidade do ambiente é alta, a seleção é mais eficiente. Se essa diversidade é reduzida, aumentam as chances de colonização por organismos oportunistas, os patógenos, o que explica a maior ocorrência de doenças em raízes em áreas de monocultura, pois a biodiversidade é restrita”, disse.

Por isso, acredita o pesquisador, é preciso encontrar alternativas à tendência corrente de homogeneização dos sistemas. “Se você troca uma área de vegetação nativa pelo cultivo de cana-de-açúcar, está homogeneizando o ambiente, ainda que não seja essa a sua intenção, e o levando a uma restrição, por meio de seleção natural, da biodiversidade que coloniza aquele ambiente”, explicou, citando a rotação da cultura e o plantio direto como alternativas para manter a biodiversidade microbiana ativa no solo.

Para Hiroshi Noda, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) contemplado pelo Prêmio Fundação Bunge na categoria Vida e Obra, algumas lições podem vir dos procedimentos agroecológicos adotados pelos agricultores tradicionais no manejo das plantas.

“O desafio é aumentar os níveis de sustentabilidade agrícola face ao processo gradual de deterioração ambiental e desacelerar e estancar o processo de perda da agrobiodiversidade”, disse no seminário.

Em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o Inpa utiliza estratégias de melhoramento genético e conservação in situ – que preserva a variabilidade genética das plantas cultivadas nas propriedades agrícolas em que são manejadas – de espécies hortícolas como abóbora, cubiu, ariá, feijão-macuco e feijão-de-asa na região amazônica.

Todas as ações de pesquisas levam em conta as práticas tradicionais locais, como o rodízio de áreas em produção e em pousio – a interrupção da cultura para um período de descanso. Na capoeira, área destinada a esse descanso, são introduzidas espécies selvagens em associação com o arranjo espacial das plantas.

“Essas estratégias tradicionais têm garantido a autossuficiência alimentar, a sustentabilidade no processo produtivo e a manutenção dos valores culturais dessas populações humanas”, disse Noda.

O cientista destacou ainda características das formas de produção tradicionais que favorecem a conservação in situ. “Nas áreas comunitárias onde ocorre o processo de conservação ou onde as espécies conservadas são compartilhadas pelas comunidades, com manejo e colheita comunitárias, há elevado nível de variabilidade genética mantida nos cultivos.”

Os propágulos – sementes e mudas – compartilhados são incorporados e mantidos pelos agricultores. “Esse compartilhamento dos recursos da agrobiodiversidade, por meio de uma rede sociocultural, reforça os mecanismos de manutenção da variabilidade genética e garante a segurança alimentar nas comunidades”, explicou.

Diálogos

Para Noda, a interação entre pesquisadores e agricultores vem estabelecendo novos diálogos entre a ciência e o saber tradicional. “O conhecimento derivado dessa relação tem produzido importantes subsídios para o entendimento da dinâmica evolutiva na domesticação das espécies cultivadas.”

O presidente da Fundação Bunge, Jacques Marcovitch, que coordenou as apresentações do seminário, destacou a importância da ampliação do diálogo a toda a comunidade científica do setor.

“Essas discussões apresentam, de um lado, a necessidade de aumento da eficiência e da produção e, de outro, a urgência da conservação e da proteção do meio ambiente, uma problemática de interesse global e que demanda o engajamento de todos”, disse.

Para Marcovitch, a premiação de Andreote e Noda está conectada à realidade da produção agrícola nacional e dos seus desafios. “Não conseguiremos alcançar nossos objetivos de produção sustentável para uma população crescente sem uma política agrícola consistente, sem conhecimento e sensibilidade para os eventos climáticos extremos e sem medidas que assegurem uma produtividade capaz de ampliar o plantio e a colheita, sempre associada a iniciativas de mitigação e adaptação recomendadas pela ciência e pelos nossos laureados”, disse.

O presidente da FAPESP, Celso Lafer, que acompanhou as palestras, disse que o seminário evidencia a preocupação das entidades em fazer com que o Prêmio Fundação Bunge não se restrinja às homenagens.

“Nosso objetivo é também oferecer oportunidades de discussão substanciais sobre os temas, e os pesquisadores premiados contribuem de forma significativa para o envolvimento da comunidade científica na busca de soluções sustentáveis para nossa agricultura”, disse.

Mais informações sobre os laureados pela 59ª edição do Prêmio Fundação Bunge em www.fundacaobunge.org.br/projetos/premio-fundacao-bunge

Link:

Agroflorestas ajudam a preservar a água


Na contramão das agroflorestas desenvolvidas pela Cooperafloresta com apoio do Projeto Agroflorestar, patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental, ‘80% da água utilizada no planeta é consumida pelo agronegócio de grande escala, destinada à irrigação’ 

A diminuição contínua e acelerada das matas nativas de todos os biomas no Brasil está impactando de forma alarmante os recursos naturais – água, solo, ar, fauna e flora. É comprovado que este fato está diretamente vinculado à produção agrícola. Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura FAO/ONU apontam que em torno de ‘80% da água utilizada no planeta é consumida pelo agronegócio de grande escala, destinada à irrigação’. 

Então, é urgente apoiar e desenvolver uma agricultura que recupere e conserve os recursos naturais. Esta é a lógica e a prática dos sistemas agroflorestais (SAFs) realizados pela Cooperafloresta (Associação dos Agricultores Agroflorestais de Barra do Turvo/SP e Adrianópolis /PR), por meio do Projeto Agroflorestar, patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental.

“Para citar um fato exemplar, nas agroflorestas, a umidade relativa do ar é quase de 100%, mesmo em dias mais secos. Já em uma monocultura de soja, por exemplo, a umidade relativa do ar tende a ser muito menor”, aponta o pesquisador do Agroflorestar Walter Steenbock, que também é analista ambiental do ICMbio. 

Outro fato é o de que nos SAFs há a infiltração e a manutenção da água no solo, ao contrário da agricultura convencional. Isto ocorre porque as agroflorestas conciliam algumas iniciativas agrícolas adaptadas à região com o componente florestal, mantendo o solo coberto, protegido e úmido, formando microclima mais ameno e agradável, preservando o ambiente em equilíbrio, a exemplo do sistema natural. “Um dos objetivos do sistema agroflorestal é fazer com que ele funcione como uma unidade, a exemplo do sistema natural”, explica o pesquisador do Projeto Agroflorestar. 

O resultado do trabalho que vem sendo realizado pela Cooperafloresta, desde 1996, pode ser aferido diretamente na vida de suas 120 famílias agricultoras e quilombolas associadas, juntamente com mais 180 famílias assentadas que também integram o Projeto Agroflorestar. Todas são beneficiadas através do aumento de renda, diversidade de alimentos à mesa, recuperação e conservação dos recursos naturais, ampliação da biodiversidade, melhoria na saúde e maior autonomia. Estes são os frutos das agroflorestas, reconciliando a agricultura com a natureza. 

Sobre a Cooperafloresta – http://cooperafloresta.com 

A Cooperafloresta (Associação dos Agricultores Agroflorestais de Barra do Turvo/SP e Adrianópolis /PR) nasceu em 1996. Em 2003 foi formalizada e hoje atua diretamente com 120 famílias agricultoras e quilombolas de Adrianópolis (PR) e Barra do Turvo (SP). Também assessora 180 famílias agriculturas assentadas, distribuídas nos municípios de Morretes, Antonina, Paranaguá, Serra Negra e Lapa ( Paraná); Ribeirão Preto e Apiaí (São Paulo). Em todas as localidades promove o fortalecimento da agricultura familiar e camponesa assessorando os processos de organização, formação e capacitação das famílias agricultoras, planejamento dos sistemas agroflorestais, além do beneficiamento, agroindustrialização, certificação participativa e comercialização da produção. 

Em 2013, a prática agroflorestal desenvolvida pela Cooperafloresta classificou-se em segundo lugar no Prêmio Tecnologia Social promovido pela Fundação Banco do Brasil. A premiação teve 1.011 projetos inscritos em cinco categorias distintas, e apenas 15 projetos premiados. A tecnologia social em questão foi a ‘Agrofloresta baseada na estrutura, dinâmica e biodiversidade florestal’, da categoria “Comunidades Tradicionais, Agricultores Familiares e Assentados da Reforma Agrária”. 

Informações para a imprensa: 
JOSI BASSO
josibasso@uol.com.br 
(41) 9959-0506 / (41) 9223-7104 
SKYPE – josibasso1969

Emater demonstra uso de plantas medicinais para doenças em bovinos

24/09/2014 
Extensionistas fazem a capacitação dos produtores no Agrotecno Leite, que acontece na UPF até esta quinta-feira - Foto: Divulgação -Download HD (2,28 MB)

Resgatar o saber popular, utilizar as plantas medicinais na prevenção de doenças do rebanho leiteiro e reduzir custos são os assuntos de uma das estações da Emater/RS-Ascar na Agrotecno Leite. O evento prossegue até amanhã (25), no Centro de Eventos e Campos de Pesquisa da Universidade de Passo Fundo (UPF).

Os extensionistas estão mostrando como é possível fazer a prevenção de mastite, por exemplo, usando plantas como carqueja, alecrim, erva-de-bugre e tansagem. Soluções antissépticas usadas na limpeza dos tetos, antes e após a ordenha, cumprem as funções de desinfetante e de seladora dos tetos, evitando as doenças.

Uma das grandes vantagens, de acordo com os extensionistas, é o baixo custo. Para comprar galões de 5 litros de soluções pré e pós dipping (desinfecção do teto antes e depois da ordenha), os produtores gastam cerca de R$ 92,00. Para formularem a mesma quantidade na propriedade, usando as plantas, o custo cai para R$ 5,50.

Para a preparação do pré-dipping, está sendo recomendado o uso de uma mistura de água com tintura feita à base de carqueja, erva-de-bugre ou alecrim. Já para as soluções pós-dipping, o produto é feito com água, semente de linhaça e tintura. Os visitantes receberam as receitas por meio de um folder e ainda uma amostra de pomada anti-inflamatória feita à base de banha, tansagem e cera de abelha, que pode ser usada em úberes inflamados, para rachaduras dos tetos e no controle da mastite.

“Eu achei bem bom. Tenho uma vaca com problema de rachadura no úbere, agora vou usar isso que aprendi. Gostei muito, a gente tem essas plantas na propriedade e daí não precisa comprar”, disse a produtora Danila Faccin, do município de Chapada, que visitou a feira pela primeira vez.

"Eu achei muito bom para prevenir as doenças, porque o custo de produtos químicos é muito alto e essa é uma forma de barateá-lo. Temos 27 vacas e temos tido muitos problemas. Ontem mesmo tivemos que sacrificar uma das melhores vacas com problema de mastite e agora, com esse panfleto, vou fazer os produtos em casa para usar. Em oito dias, perdemos duas vacas. Vou botar em prática, porque gosto de coisas naturais. Já valeu a pena ter vindo”, disse a agricultora do município de Rondinha, Dilce Fátima Comerlatto.

Texto: Vanessa Almeida de Moraes
Edição: Redação Secom 

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Vitamin E, selenium supplements unlikely to affect age-related cataracts in men

Date: September 18, 2014

Source: The JAMA Network Journals

Summary:
Taking daily supplements of selenium or vitamin E appears to have no significant effect on the development of age-related cataracts in men. Some research, including animal studies, has suggested that dietary nutrients can have an effect on the onset and progression of cataracts. Vitamin E and selenium are of particular interest.

Taking daily supplements of selenium and/or vitamin E appears to have no significant effect on the development of age-related cataracts in men, writes Author William G. Christen, Sc.D., of Brigham & Women's Hospital and Harvard Medical School, Boston, and colleagues.

Some research, including animal studies, has suggested that dietary nutrients can have an effect on the onset and progression of cataracts. Vitamin E and selenium are of particular interest.

The authors report the findings for cataracts from the Selenium and Vitamin E Cancer Prevention Trial (SELECT) Eye Endpoints (SEE) Study. The SEE study was an ancillary study of SELECT, a randomized placebo-controlled trial of selenium, vitamin E and a combination of the two in prostate cancer prevention among 35,533 men (50 years and older for black men and 55 years and older for all other men). Men were asked to report cataract diagnosis or removal since entering the SELECT trial. A total of 11,267 SELECT participants took part in the SEE study.

During an average of 5.6 years of treatment and follow-up, there were 389 cases of cataracts. There were 185 cases of cataracts in the selenium group and 204 in the group that didn't take selenium. There were 197 cases of cataracts in the vitamin E group and 192 in the group without vitamin E. Results were similar for cataract removal.

"These randomized trial data from a large cohort of apparently healthy men indicate that long-term daily supplemental use of vitamin E has no material impact on cataract incidence. The data also exclude any large beneficial effect on cataract for long-term supplemental use of selenium, with or without vitamin E, although a smaller but potentially important beneficial effect could not be ruled out."

Story Source:

The above story is based on materials provided by The JAMA Network Journals.Note: Materials may be edited for content and length.

Journal Reference:
William G. Christen, Sc.D. et al. Age-Related Cataract in Men in the Selenium and Vitamin E Cancer Prevention Trial Eye Endpoints Study: A Randomized Clinical Trial. JAMA Ophthalmol, September 2014 DOI:10.1001/.jamaopthalmol.2014.3478

Cite This Page:

The JAMA Network Journals. "Vitamin E, selenium supplements unlikely to affect age-related cataracts in men." ScienceDaily. ScienceDaily, 18 September 2014. <www.sciencedaily.com/releases/2014/09/140918162309.htm>.

The effects of soy and whey protein supplementation on acute hormonal reponses to resistance exercise in men

Date: September 19, 2014

Source: Taylor & Francis

Summary:
With protein supplement use by athletes on the rise, a group of researchers expanded upon prior research examining the effects of soy and whey protein supplementation on testosterone, sex hormone binding globulin (SHBG), and cortisol responses to an acute bout of resistance exercise.


With protein supplement use by athletes on the rise, a group of researchers expanded upon prior research examining the effects of soy and whey protein supplementation on testosterone, sex hormone binding globulin (SHBG), and cortisol responses to an acute bout of resistance exercise. Their study, "The Effects of Soy and Whey Protein Supplementation on Acute Hormonal Reponses to Resistance Exercise in Men" is the 2014 Ragus Award Winner as Best Article from the Journal of the American College of Nutrition, the official publication of the American College of Nutrition.


For many resistance-trained men concerns exist regarding the production of estrogen with the consumption of soy protein when training for muscle strength and size. Thus, the purpose of this investigation was to examine the effects of soy and whey protein supplementation on sex hormones following an acute bout of heavy resistance exercise in resistance-trained men.

10 resistance-trained men in their early 20s were divided into 3 supplementation treatment groups: (1) whey protein isolate, (2) soy protein isolate, or (3) a maltrodextrin placebo control. No other supplements were allowed. Vegetarians, vegans, or subjects who consumed high-protein diets were excluded from the study. For 14 days, participants would ingest 20g of their assigned supplement at the same time each morning. The participants would then perform 6 sets of heavy resistance squats at 10 reps each using 80 percent of their maximum lifting weight.

"Our main findings demonstrate that 14 days of supplementation with soy protein does appear to partially blunt serum testosterone. In addition, whey influences the response of cortisol following an acute bout of resistance exercise by blunting its increase during recovery. Protein supplementation alters the physiological responses to a commonly used exercise modality with some differences due to the type of protein utilized," wrote the researchers.

Story Source:

The above story is based on materials provided by Taylor & Francis. Note: Materials may be edited for content and length.

Journal Reference:
William J. Kraemer, Glenn Solomon-Hill, Brittanie M. Volk, Brian R. Kupchak, David P. Looney, Courtenay Dunn-Lewis, Brett A. Comstock, Tunde K. Szivak, David R. Hooper, Shawn D. Flanagan, Carl M. Maresh, Jeff S. Volek. The Effects of Soy and Whey Protein Supplementation on Acute Hormonal Responses to Resistance Exercise in Men. Journal of the American College of Nutrition, 2013; 32 (1): 66 DOI: 10.1080/07315724.2013.770648

Cite This Page:

Taylor & Francis. "The effects of soy and whey protein supplementation on acute hormonal reponses to resistance exercise in men." ScienceDaily. ScienceDaily, 19 September 2014. <www.sciencedaily.com/releases/2014/09/140919110524.htm>.

Curcumin, special peptides boost cancer-blocking PIAS3 to neutralize cancer-activating STAT3 in mesothelioma

Date: September 18, 2014

Source: Case Western Reserve University

Summary:
A common Asian spice and cancer-hampering molecules show promise in slowing mesothelioma, cancer of the lung lining linked to asbestos. Scientists demonstrate curcumin and cancer-inhibiting peptides increase a protein inhibitor that slows mesothelioma.
Curcuma powder. Application of curcumin, a derivative of the spice turmeric, and cancer-inhibiting peptides increase levels of a protein inhibitor known to combat the progression of mesothelioma.
Credit: © Andrey Starostin / Fotolia

A common Asian spice and cancer-hampering molecules show promise in slowing the progression of mesothelioma, a cancer of the lung's lining often linked to asbestos. Scientists from Case Western Reserve University and the Georg-Speyer-Haus in Frankfurt, Germany, demonstrate that application of curcumin, a derivative of the spice turmeric, and cancer-inhibiting peptides increase levels of a protein inhibitor known to combat the progression of this cancer. Their findings appeared in the Aug. 14 online edition Clinical Cancer Research; the print version of the article will appear Oct. 1.

Malignant mesothelioma has received widespread notoriety because it occurs frequently in the lung linings of people exposed to asbestos. However, asbestos does not always cause this particular cancer that kills 43,000 people worldwide each year. Many mesothelioma patients were never exposed to asbestos.

"Mesothelioma is a disease that continues to have a significant burden worldwide, and the treatment option is really suboptimal. We must find better ways to treat it," said senior author Afshin Dowlati, MD, Professor of Medicine -- Hematology/Oncology, Case Western Reserve University School of Medicine, and member of the Case Comprehensive Cancer Center. "We now understand the mechanisms that drive cell proliferation and growth in malignant mesothelioma."

The culprit in sparking many cancers, particularly mesothelioma, is the intracellular protein and transcription factor STAT3 (signal transducer and activator of transcription 3). A signal transducer and activator is a pathway for instructing the growth and survival of cells, and a transcription factor is a protein that controls genetic information directing cells how to perform. STAT3 is notorious for sending signals to trigger the onset of human cancers and to fuel their continued growth. The great neutralizer of STAT3 is PIAS3 (protein inhibitor of activated STAT3). PIAS3 possesses the strength to inhibit and block STAT3's ability to cause cancer.

In this study, investigators assessed PIAS3 expression in tissue samples of mesothelioma solid tumors and the protein inhibitor's subsequent effects on STAT3 activity. Tissue samples came from three different locations in the country, and information logged for each specimen detailed how long the patient lived and the types of mesothelioma they had. Investigators then linked the levels of PIAS3 with STAT3 activity in each sample. Additionally, investigators examined the effects of curcumin and peptides extracted from PIAS3 segments on malignant mesothelioma cells in vitro.

"In those mesothelioma patients where PIAS3 is low, indeed STAT3 is activated," said Dowlati, Director of the Center for Cancer Drug Development at University Hospitals Seidman Cancer Center. "Mesothelioma patients who have low PIAS3 and high STAT3 have a greater chance of dying early. On the flip side, those patients with a high PIAS3 levels have a 44 percent decreased chance of dying in one year, which is substantial."

Investigators also found that curcumin and PIAS3 peptides raised PIAS3 levels, which brought down STAT3 activity and caused mesothelioma cells to die. Their study served as proof of principle about the effectiveness of these two compounds in treating malignant mesothelioma, a first step in moving a treatment toward clinical trials. Additionally, their findings demonstrated that PIAS3 could serve as a predictive marker for managing mesothelioma because the disease's tumors do not always progress in a consistent, predictable manner, even when tumor stages, grades and clinical presentations appear similar.

"Our findings suggest that PIAS3 expression positively affects survival in mesothelioma patients and that PIAS3 activation could become a therapeutic strategy," Dowlati said. "Our interest for the future is that we want to find better, more simple ways to increase intracellular levels of PIAS3 for malignant mesothelioma through the use of synthetic PIAS3 peptide or curcumin analogs. We must develop a curcumin analog that is absorbable by the human body. Currently, curcumin ingested as the spice turmeric has practically no absorption within the gut."

Their investigation also contributes to the overall body of scientific knowledge for all cancer.

"Our findings beg the question of what role PIAS3 could play in limiting STAT3 activation in other cancers as well," Dowlati said. "There is an opportunity to extend this discovery because a number of cancers are STAT3-activated."

Story Source:

The above story is based on materials provided by Case Western Reserve University. The original article was written by Jeannette Spalding. Note: Materials may be edited for content and length.

Journal Reference:
S. Dabir, A. Kluge, A. Kresak, M. Yang, P. Fu, B. Groner, G. Wildey, A. Dowlati.Low PIAS3 Expression in Malignant Mesothelioma Is Associated with Increased STAT3 Activation and Poor Patient Survival. Clinical Cancer Research, 2014; DOI: 10.1158/1078-0432.CCR-14-1233

Cite This Page:

Case Western Reserve University. "Curcumin, special peptides boost cancer-blocking PIAS3 to neutralize cancer-activating STAT3 in mesothelioma." ScienceDaily. ScienceDaily, 18 September 2014. <www.sciencedaily.com/releases/2014/09/140918150836.htm>.

Compound from hops aids cognitive function in young animals

Date: September 22, 2014

Source: Oregon State University

Summary:
Xanthohumol, a type of flavonoid found in hops and beer, has been shown in a new study to improve cognitive function in young mice, but not in older animals. The findings are another step toward understanding, and ultimately reducing the degradation of memory that happens with age in many mammalian species, including humans.
Hops. Xanthohumol, a type of flavonoid found in hops and beer, has been shown in a new study to improve cognitive function in young mice, but not in older animals.
Credit: Image courtesy of Oregon State University

Xanthohumol, a type of flavonoid found in hops and beer, has been shown in a new study to improve cognitive function in young mice, but not in older animals.

The research was just published in Behavioral Brain Research by scientists from the Linus Pauling Institute and College of Veterinary Medicine at Oregon State University. It's another step toward understanding, and ultimately reducing the degradation of memory that happens with age in many mammalian species, including humans.

Flavonoids are compounds found in plants that often give them their color. The study of them -- whether in blueberries, dark chocolate or red wine -- has increased in recent years due to their apparent nutritional benefits, on issues ranging from cancer to inflammation or cardiovascular disease. Several have also been shown to be important in cognition.

Xanthohumol has been of particular interest because of possible value in treating metabolic syndrome, a condition associated with obesity, high blood pressure and other concerns, including age-related deficits in memory. The compound has been used successfully to lower body weight and blood sugar in a rat model of obesity.

The new research studied use of xanthohumol in high dosages, far beyond what could be obtained just by diet. At least in young animals, it appeared to enhance their ability to adapt to changes in the environment. This cognitive flexibility was tested with a special type of maze designed for that purpose.

"Our goal was to determine whether xanthohumol could affect a process we call palmitoylation, which is a normal biological process but in older animals may become harmful," said Daniel Zamzow, a former OSU doctoral student and now a lecturer at the University of Wisconsin/Rock County.

"Xanthohumol can speed the metabolism, reduce fatty acids in the liver and, at least with young mice, appeared to improve their cognitive flexibility, or higher level thinking," Zamzow said. "Unfortunately it did not reduce palmitoylation in older mice, or improve their learning or cognitive performance, at least in the amounts of the compound we gave them."

Kathy Magnusson, a professor in the OSU Department of Biomedical Sciences, principal investigator with the Linus Pauling Institute and corresponding author on this study, said that xanthohumol continues to be of significant interest for its biological properties, as are many other flavonoids.

"This flavonoid and others may have a function in the optimal ability to form memories," Magnusson said. "Part of what this study seems to be suggesting is that it's important to begin early in life to gain the full benefits of healthy nutrition."

It's also important to note, Magnusson said, that the levels of xanthohumol used in this study were only possible with supplements. As a fairly rare micronutrient, the only normal dietary source of it would be through the hops used in making beer, and "a human would have to drink 2000 liters of beer a day to reach the xanthohumol levels we used in this research."

In this and other research, Magnusson's research has primarily focused on two subunits of the NMDA receptor, called GluN1 and GluN2B. Their decline with age appears to be related to the decreased ability to form and quickly recall memories.

In humans, many adults start to experience deficits in memory around the age of 50, and some aspects of cognition begin to decline around age 40, the researchers noted in their report.

This research was supported by the National Institutes of Health.

Story Source:

The above story is based on materials provided by Oregon State University. Note: Materials may be edited for content and length.

Journal Reference:
Daniel R. Zamzow, Valerie Elias, LeeCole L. Legette, Jaewoo Choi, J. Fred Stevens, Kathy R. Magnusson. Xanthohumol improved cognitive flexibility in young mice. Behavioural Brain Research, 2014; 275: 1 DOI:10.1016/j.bbr.2014.08.045

Cite This Page:

Oregon State University. "Compound from hops aids cognitive function in young animals." ScienceDaily. ScienceDaily, 22 September 2014. <www.sciencedaily.com/releases/2014/09/140922130753.htm>.

Fruit and vegetable consumption could be as good for your mental as your physical health

Date: September 23, 2014

Source: University of Warwick

Summary:
New research focused on mental wellbeing found that high and low mental wellbeing were consistently associated with an individual's fruit and vegetable consumption. 33.5% of respondents with high mental wellbeing ate five or more portions of fruit and vegetables a day, compared with only 6.8% who ate less than one portion.
Fruit and vegetable consumption could be as good for your mental as your physical health, new research suggests.
Credit: © EpicStockMedia / Fotolia

Fruit and vegetable consumption could be as good for your mental as your physical health, new research suggests.

The research, conducted by the University of Warwick's Medical School using data from the Health Survey for England, and published by BMJ Open focused on mental wellbeing and found that high and low mental wellbeing were consistently associated with an individual's fruit and vegetable consumption.

33.5% of respondents with high mental wellbeing ate five or more portions of fruit and vegetables a day, compared with only 6.8% who ate less than one portion. Commenting on the findings Dr Saverio Stranges, the research paper's lead author, said: "The data suggest that higher an individual's fruit and vegetable intake the lower the chance of their having low mental wellbeing."

31.4% of those with high mental wellbeing ate three-four portions and 28.4% ate one-two.

Other health-related behaviours were found to be associated with mental wellbeing, but along with smoking only fruit and vegetable consumption was consistently associated in both men and women. Alcohol intake and obesity were not associated with high mental wellbeing.

Commenting on the findings Dr Saverio Stranges, the research paper's lead author, said: "Along with smoking, fruit and vegetable consumption was the health-related behaviour most consistently associated with both low and high mental wellbeing. These novel findings suggest that fruit and vegetable intake may play a potential role as a driver, not just of physical, but also of mental wellbeing in the general population."

Low mental wellbeing is strongly linked to mental illness and mental health problems, but high mental wellbeing is more than the absence of symptoms or illness; it is a state in which people feel good and function well. Optimism, happiness, self-esteem, resilience and good relationships with others are all part of this state. Mental wellbeing is important not just to protect people from mental illness but because it protects people against common and serious physical diseases.

Discussing the implications of the research, co-author Professor Sarah Stewart-Brown says that: "Mental illness is hugely costly to both the individual and society, and mental wellbeing underpins many physical diseases, unhealthy lifestyles and social inequalities in health. It has become very important that we begin to research the factors that enable people to maintain a sense of wellbeing.

"Our findings add to the mounting evidence that fruit and vegetable intake could be one such factor and mean that people are likely to be able to enhance their mental wellbeing at the same time as preventing heart disease and cancer."

Mental wellbeing was assessed using the Warwick-Edinburgh Mental Wellbeing Scale (WEMWBS), in which the top 15% of participants categorised as having High mental wellbeing, the bottom 15% Low and the middle 16-84% as Middle.

The research involved 14,000 participants in England aged 16 or over, with 56% of those being female and 44% male, as part of the Health Survey for England -- which saw detailed information collected on mental and physical health, health related behaviours, demographics and socio-economic characteristics.

Story Source:

The above story is based on materials provided by University of Warwick. Note: Materials may be edited for content and length.

Journal Reference:
S. Stranges, P. C. Samaraweera, F. Taggart, N.-B. Kandala, S. Stewart-Brown.Major health-related behaviours and mental well-being in the general population: the Health Survey for England. BMJ Open, 2014; 4 (9): e005878 DOI: 10.1136/bmjopen-2014-005878

Cite This Page:

University of Warwick. "Fruit and vegetable consumption could be as good for your mental as your physical health." ScienceDaily. ScienceDaily, 23 September 2014. <www.sciencedaily.com/releases/2014/09/140923085945.htm>.

Revista aponta alternativas para a justiça ambiental na Amazônia

Com o objetivo de socializar ações que envolvem o apoio a projetos socioambientais desenvolvidos na Amazônia brasileira, o Fundo Dema lançou a revista ‘Somos a Floresta: Cenários e Narrativas de Justiça Ambiental na Amazônia’, que reúne experiências coletivas de projetos agroecológicos planejados e executados pelos próprios camponeses. A publicação foi lançada no dia 16.09, durante a abertura de seminário que debateu a importância de fundos comunitários e solidários para o desenvolvimento da Amazônia, ocorrido em Belém (PA).

A revista comemora os dez anos do Fundo Dema e retrata, ao longo desse tempo, o universo de mais de dez mil famílias beneficiadas na região Oeste do Pará. Apresenta, ainda, um panorama das regiões onde são desenvolvidos os projetos protagonizados por indígenas, quilombolas, mulheres e agricultores familiares; os tipos e o quantitativo de projetos apoiados.

“Pensamos numa revista que chegasse em vários públicos, nas comunidades agroextrativistas, nas aldeias, nas escolas do campo, da cidade, da floresta, pesquisadores estudantes, e que visibilizasse a importância da agricultura familiar, de nossos camponeses e camponesas, das comunidades quilombolas e dos povos indígenas, esses segmentos que vêm diversificando e nos mostrando que é possível conviver com a floresta de forma sustentável, com os sistemas agroflorestais, com a agroecologia e segurança alimentar, com projetos de valorização da cultura, dos produtos nativos da Amazônia e dos saberes locais”, informa Vânia Carvalho, Socióloga e educadora do Fundo.

A revista também está disponível virtualmente no endereço: http://www.fundodema.org.br/revista/revista-somos-a-floresta-cenArios-e-narrativas-de-justiAa-ambiental-na-amazAnia/12. Basta acessar para compreender um pouco mais sobre o trabalho desempenhado pelo Fundo Dema.

O Fundo Dema

O Fundo Dema é um fundo Fiduciário criado em 2003, que Financia projetos coletivos de populações do campo, com o objetivo de manter a preservação do Bioma Amazônia. Sua história inicia naquele ano, quando cerca de seis mil toras de mogno foram apreendidas pelo IBAMA, por terem sido extraídas ilegalmente da região Oeste do Pará. As toras foram vendidas e o valor arrecadado convertido em um fundo fiduciário, distribuído a diversas entidades, entre elas o Fundo Dema. Os rendimentos disso são investidos por meio de publicação de Editais e Chamadas Públicas para apoiar projetos socioambientais.

EcoDebate, 25/09/2014

Fiocruz testa Aedes aegypti infectado com a bactéria Wolbachia para reduzir a transmissão da dengue

A Fiocruz deu início a uma importante etapa do projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil. Já realizada com sucesso na Austrália, Vietnã e Indonésia, a fase de estudos de campo conta com a liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. O projeto conta com o apoio do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz Minas) e do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz). O primeiro local a participar é o bairro de Tubiacanga, localizado na Ilha do Governador, na cidade do Rio de Janeiro, e estudado pela equipe do projeto desde 2012. Esta é a primeira vez em que um país nas Américas recebe o estudo.
A iniciativa sem fins lucrativos integra o esforço internacional que estuda uma abordagem inovadora para reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito de forma natural e autossustentável (foto: Peter Ilicciev)

O anúncio foi realizado nesta quarta-feira (24/9) no campus da Fiocruz, em Manguinhos. Estiveram presentes o presidente da Fundação, Paulo Gadelha; o pesquisador e líder do projeto no Brasil, Luciano Moreira e o diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde, Antonio Carlos Campos de Carvalho. Moradores de Tubiacanga e parceiros científicos do projeto marcaram presença no encontro.

A iniciativa sem fins lucrativos integra o esforço internacional do Programa Eliminate Dengue: Our Challenge (Eliminar a Dengue: Nosso Desafio), que estuda uma abordagem inovadora para reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito Aedes aegypti de forma natural e autossustentável. O projeto propõe o uso de uma bactéria naturalmente encontrada no meio ambiente, chamada Wolbachia. Quando presente no Aedes, ela é capaz de impedir a transmissão da dengue pelo mosquito.

Pesquisador da Fiocruz e líder do projeto no Brasil, Luciano Moreira está otimista com os próximos passos do projeto. “Estamos diante de uma estratégia científica inovadora e segura, que poderá contribuir para o controle da dengue e para a melhoria da saúde da população”, avalia. Ele foi responsável, com pesquisadores da Universidade de Monash, na Austrália, pela descoberta científica da capacidade da Wolbachia de reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito.

“Após dois anos de estudos preparatórios, é empolgante ver o projeto avançando para esta fase no Brasil, onde contamos com a liderança científica da Fiocruz”, completou Scott O’Neill, coordenador internacional do Programa.

Liberação dos mosquitos

Em Tubiacanga, cerca de dez mil mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia serão liberados semanalmente pelos pesquisadores. O número de mosquitos é similar aos protocolos adotados com sucesso na Austrália, onde este tipo de estudo já foi concluído em mais de quatro localidades. As liberações acontecerão por aproximadamente três ou quatro meses, de acordo com a avaliação dos cientistas sobre a capacidade dos mosquitos com Wolbachia de se instalarem no local. Para reduzir o incômodo da população, antes do início da liberação dos mosquitos com Wolbachia, os pesquisadores, em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, realizaram uma etapa chamada de supressão dos criadouros. O objetivo foi reduzir a quantidade de Aedes aegypti por meio da eliminação de criadouros confirmados do vetor – assim, ao liberar no bairro os Aedes com Wolbachia, o número total de mosquitos não sofrerá alteração. “Buscamos com esta medida diminuir o desconforto para os moradores de Tubiacanga, que sempre apoiaram esta iniciativa científica”, Luciano reforça.
Arte: Ascom IOC 

Inicialmente, os pesquisadores vão avaliar a capacidade dos mosquitos com Wolbachia de se estabelecerem no meio ambiente e se reproduzirem com os mosquitos que já existem no local. O projeto propõe uma abordagem sustentável e de longo prazo, pois, após o estabelecimento de Aedes aegypti com Wolbachia no ambiente, a bactéria é transmitida naturalmente para as gerações seguintes de mosquitos. “Assim, o método se torna autossustentável: os mosquitos com Wolbachia predominam sem que precisemos soltar constantemente mais mosquitos com a bactéria”, explica Luciano. Estudos de larga escala previstos para 2016 em outras localidades do Rio de Janeiro poderão avaliar o efeito desta estratégia em reduzir a incidência de dengue.

Apoio da população

Como parte do projeto, desde 2012 a Fiocruz trabalha nos bairros selecionados para o estudo, realizando um intenso trabalho científico para mapear os mosquitos dos bairros estudados: em Tubiacanga, Urca e Vila Valqueire, no Rio de Janeiro, e Jurujuba, em Niterói. Neste processo, são realizados contatos regulares com moradores, lideranças e associações. “Os dados coletados foram fundamentais para planejar os estudos de campo”, explica Luciano. Durante o mapeamento, armadilhas para capturar e estudar os mosquitos da região foram instaladas na casa de dezenas de moradores – são os chamados ‘anfitriões’ do projeto. “Somos extremamente gratos a essas pessoas que recebem toda semana nossas equipes em suas casas, contribuindo para um projeto que busca o benefício coletivo”, afirma Luciano.

“Ao nos aproximarmos do início dos estudos em campo, as ações de relacionamento com os moradores de Tubiacanga foram intensificadas para que fossem devidamente informados de todas as atividades”, completa. As associações de moradores, além de outras instituições locais, apoiam o projeto, que realiza visitas domiciliares regulares para apresentar a iniciativa e dirimir dúvidas. Encontros e palestras entre moradores e pesquisadores também são promovidos. O atendimento à população é realizado por telefone e email.

Método seguro e natural

Naturalmente presente em cerca de 60% dos insetos no mundo (incluindo diversas espécies de mosquitos, como o pernilongo), não existem evidências de qualquer risco da Wolbachia para a saúde humana ou para o ambiente. Esses mosquitos comumente picam pessoas sem efeitos negativos. Como é uma bactéria intracelular, que não infecta seres humanos e animais domésticos, a Wolbachia apenas pode ser transmitida de mãe para filho, no processo de reprodução dos mosquitos, e não durante a picada do Aedes em um ser humano, por exemplo. Além disso, durante cinco anos, membros da equipe do programa Eliminar a Dengue, na Austrália, alimentaram uma colônia de mosquitos com Wolbachia usando, voluntariamente, seus próprios braços. Isso resultou em centenas de milhares de picadas de mosquitos sem que reações à bactéria fossem detectadas.

Aprovações oficiais

Os testes de campo no Brasil foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) após rigorosa avaliação sobre a segurança para a saúde e para o meio ambiente.

Financiadores e parceiros 

O projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil integra o esforço internacional sem fins lucrativos do Programa Eliminate Dengue: Our Challenge (Eliminar a Dengue: Nosso Desafio). No Brasil, o projeto tem financiamento da Fiocruz, Ministério da Saúde (Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (DECIT/SCTIE)), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e CNPq. A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro atuam como parceiros locais na implantação do projeto.

O financiamento internacional é oriundo de verba da Universidade de Monash, obtida pela Foundation for the National Institutes of Health (FNIH, dos Estados Unidos) por meio do programa Controle de Doenças Transmitidas por Vetores: Pesquisa para Descoberta (Vector-Based Transmission of Control: Discovery Research (VCTR)) da Iniciativa Grandes Desafios em Saúde Global (Grand Challenges in Global Health Initiatives) da Fundação Bill & Melinda Gates. O projeto conta, ainda, com recursos diretos da Fundação Bill & Melinda Gates, e com contrapartida da Fiocruz em estrutura, recursos humanos e equipamentos.

“A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde vem apoiando o projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil para que possamos ter novas tecnologias e estratégias capazes de aperfeiçoar a prevenção e o controle da dengue. A primeira liberação dos mosquitos com Wolbachia é mais um passo importante que o projeto dá e acompanharemos de perto todos os resultados”, destaca o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. “A participação do Brasil mostra que a inovação nacional pode trazer benefícios concretos para o controle da dengue no Brasil e no mundo. Parcerias como esta, que aproximam as pesquisas das prioridades do SUS, contam com apoio do Ministério da Saúde”, afirma Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério.

Para o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, a proposta coloca o país na fronteira do conhecimento sobre a doença. “A pesquisa é relevante por associar a inovação tecnológica a um problema central na saúde brasileira e à capacidade de envolver a população na execução do projeto, agregando três dimensões que são muito importantes no trabalho da Fiocruz”, opina.

O projeto no mundo

Desde 2011, o Programa Eliminate Dengue: Our Challenge testa o método em diferentes países, atuando em diferentes fases em cada um deles. Na Austrália, mosquitos que receberam a Wolbachia em laboratório têm sido liberados de forma sistemática, em algumas localidades no nordeste do país. Nestes locais, a presença de mosquitos com a Wolbachia se tornou predominante após dez semanas de liberação de mosquitos. Nos anos seguintes, novas localidades australianas iniciaram testes em campo. Além da Austrália, Vietnã e Indonésia também realizam estudos deste tipo. O programa Eliminar a Dengue: Nosso Desafio é uma iniciativa sem fins lucrativos com o objetivo de oferecer uma alternativa sustentável e de baixo custo às autoridades de saúde das áreas afetadas pela dengue, sem qualquer ônus financeiro para a população.

Clique aqui para acessar o site oficial do projeto.

Fonte: Agencia Fiocruz de Notícias.

EcoDebate, 25/09/2014

‘Pensar a conservação ambiental é uma necessidade do agricultor familiar’

Dia 05/09 o Gambá promoveu o evento Ações Sustentáveis em São Miguel das Matas, foi uma conversa com os proprietários rurais do município sobre educação ambiental buscando sensibilizá-los a aderir à restauração de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e implantação de cercas vivas proporcionadas gratuitamente pelo Projeto Ações Ambientais Sustentáveis.

Dona Ignez Sant’Anna, 67, esteve presente contou os impactos positivos que a implantação de um bosque energético e de um trecho de cerca viva teve em sua propriedade, o Sítio Avante, no Tabuleiro da Santa, em São Miguel das Matas (BA). Seu depoimento ao público, complementado em uma conversa com a equipe do Gambá, mostra uma visão de mundo em que a preservação ambiental, mais do que compatível, está intimamente aliada à produção da agricultura familiar.

“Na minha propriedade tem o bosque energético e a cerca viva, os dois em parceria com o Gambá. O bosque energético tem uns 6 anos, já dá pra tirar umas estacas e lenha a hora que quiser. Ainda não dá para parar de usar gás, porque o pedaço é pequeno. A cerca viva mais velha, que tem uns 3 anos já funcionando, não precisa de mais estaca no lugar. A parte nova, com dois anos ou um ano e meio, ainda tá pra ser podada e trabalhada. Essa parte mais velha foi feita com o Gambá, a parte mais nova é que a gente tirou do bosque energético pra dar continuidade em outra parte do terreno. O Primeiro benefício é não ter que comprar estaca, porque é caro e a gente tem que descobrir de onde que elas tão vindo. E a madeira da região nem guenta na terra, ela apodrece, como também não se deve derrubar o pouco que tem. Então já facilitou a questão da compra de estaca. E também facilitou a questão do próprio ar que respiramos, como também dos pássaros que chegou pra comer a semente que ela produz. Esses são os três benefícios que ela trouxe.

A agricultura familiar e a preservação ambiental têm que andar juntas, de braços dados. Porque mesmo a pouca quantidade de terra que se tem, sendo bem dividida dá pra muita coisa, entendeu? O próprio reflorestamento ajuda no desenvolvimento das outras plantas e verduras, porque o meio ambiente é um todo, ele não é separado.

Tem muitos lugares que as nascentes já secaram, que têm dificuldade com água. E outros são serras que não fizeram nada pra prevalecer as matas e hoje estão tendo dificuldades. Foi por conta de desmatamento em volta das nascentes que aconteceu esse processo. Agora [o produtor rural] precisa ser reeducado. Eu vi isso acontecendo, esse desmatamento. Pra gente vir de casa até aqui era dois terços debaixo de árvore, hoje a gente quase não acha uma árvore pra poder descansar se vier de pés.

Na minha vida eu vi muito desmatamento, muita queima. Ainda hoje você vê fazendeiro que tem cajueiro no terreno, na pastagem, como eles sabem que não pode derrubar eles derrubam com trator e jogam nos córregos. Finge que caiu e esquece que o próprio cajueiro é alimentação pro gado.

É essa a questão que eu digo que os jovens, se aprenderem na escola, com os livros falando na linguagem da agricultura familiar, a linguagem do campo, podem reeducar os pais e a sociedade. Pra mim, a escola do campo tem que ser divulgada, praticada, pra que haja uma mudança na sociedade. A escola [como temos hoje] afasta os jovens da agricultura, porque tudo que tem no livro não fala nada da agricultura. Quando fala não é levando pra prática da agricultura, o pouco que fala é teórico, entendeu? Por isso cada vez mais os jovens tão saindo e enchendo as cidades. A outra coisa é a falta de condições que eles têm na agricultura, porque os produtos agrícolas não têm tabelamento, só o cacau. A farinha que é o maior produto dessa região não tem tabelamento. A farinha tá 60 reais um saco de 50 kg.

Para mim, pensar na conservação ambiental é uma necessidade do agricultor familiar. Não só uma necessidade econômica, mas também pra própria saúde do homem e do globo todo. Para mim, o que se aproveita das palestras e atividades como essa é olhar o funcionamento do conjunto e não de cada coisa isolada. Precisa bater um pouco nisso ainda, porque o agricultor tem essa visão, mas é preciso o incentivo e a educação constante. É preciso convencer alguns agricultores mais idosos da necessidade de ceder um espaço da sua propriedade para a preservação ecológica e também que o jovem possa sentir essa responsabilidade na própria pessoa dele e do conjunto”.


EcoDebate, 25/09/2014

Fundo Verde para o Clima será destinado a programas de baixo carbono dos países em desenvolvimento

Durante a Cúpula do Clima, nesta terça-feira (23), governos, investidores e instituições financeiras se comprometeram a mobilizar 200 bilhões de dólares até o final de 2015 para o “Fundo Verde para o Clima”, destinado a ajudar os programas de baixo carbono dos países em desenvolvimento. O acordo deve dar um impulso significativo para a meta da ONU de obter 100 bilhões de dólares por ano até 2020.

“Isso vai servir como um catalisador para finalizar um acordo universal e significativo sobre as alterações climáticas em Paris, em 2015″, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. “Esta Cúpula criou uma plataforma para novos acordos e reuniu os líderes dos setores público e privado de todo o mundo, não só para reconhecer os riscos climáticos, mas concordar em trabalhar juntos”, acrescentou.

O acordo combina o financiamento público e privado, incluindo promessas de doadores e de países em desenvolvimento. Do setor privado destacaram-se instituições financeiras, fundos de pensão e seguradoras, bem como os bancos de desenvolvimento e comerciais que nunca tinham atuado sobre a mudança climática em tão larga escala.

A Cúpula também marcou um grande avanço nos esforços dos Governos e empresas para estabelecer um preço sobre as emissões de gases de efeito estufa, um passo que oferece aos investidores e consumidores um reflexo exato do verdadeiro custo dos bens e serviços. Mais de 50 países e 500 empresas endossaram a necessidade de desenvolver mecanismos que reflitam adequadamente os verdadeiros custos relacionados com a poluição e as emissões.

Fonte: ONU Brasil
EcoDebate, 24/09/2014

Desperdício global de alimentos representa perdas de quase dois bilhões de euros

A perda e o desperdício de alimentos é a redução, ao longo de toda a cadeia alimentar (desde a produção até o consumo) e devido a qualquer causa, da quantidade de alimentos que em princípio estava prevista para ser destinada ao consumo humano. Estas perdas chegam a 1,3 milhão de toneladas métricas ao ano.

A reportagem está publicada no sítio Derecho a la Alimentación, 22-09-2014. A tradução é de André Langer.

A principal diferença entre perda e desperdício está nas causas: o desperdício se dá por uma decisão nossa, voluntária, enquanto que as perdas não. Normalmente, as perdas concentram-se nas primeiras fases da cadeia alimentar, e o desperdício nas últimas, ao nível dos consumidores finais.

Na Europa, o total de perdas e desperdício de alimentos é de cerca de 280 quilos por pessoa/ano, dos quais, quase 100 quilos são desperdício que se produz ao nível dos consumidores. No entanto, na África Subsaariana, o total de perdas e desperdício de alimentos é de cerca de 170 quilos por pessoa/ano, mas, desses, apenas sete quilos correspondem a desperdícios ao nível de consumidores.

Que consequências tem o desperdício de alimentos?

As perdas e os desperdícios de alimentos têm impactos negativos em diferentes âmbitos (no econômico, no social e no ambiental) e em diferentes níveis (desde o nível doméstico até o mundo globalizado).

No nível micro, estas perdas implicam que os lares gastam maior porcentagem de recursos em alimentos que depois não são consumidos e aumentam o lixo, o que produz uma maior contaminação e aumenta de forma desnecessária as emissões de gases de efeito estufa.

Ao longo da cadeia alimentar, isto supõe uma ineficiência maior (gastamos mais alimentos para nos alimentar), uma produtividade menor e uma maior complexidade da gestão do lixo.

No nível global, estas perdas e desperdícios traduzem-se em aumento dos preços dos alimentos; este aumento agrava a situação das famílias mais pobres, aquelas que têm que dedicar até 80% dos seus ingressos simplesmente para se alimentarem; pessoas que, com preços mais altos, veem-se expostas à fome. Além disso, aumenta-se de forma desnecessária a pressão sobre os recursos naturais e contribui-se para a mudança climática, fazendo com que o sistema alimentar em nível global seja cada vez mais insustentável.

Por que se produzem estas perdas e desperdícios de alimentos?

Quando se analisa as causas podemos ver que estas afetam momentos da cadeia alimentar muito diferentes e diversos níveis, desde o micro até o estrutural: as causas relacionadas ao nível micro estão relacionadas com ações ou omissões ao nível individual, ao passo que as causas estruturais ou sistemáticas estão relacionadas com o mau funcionamento do sistema alimentar, deficiências institucionais ou condicionamentos políticos.

Há causas que operam no início da cadeia alimentar anterior inclusive à colheita, como podem ser práticas agronômicas inadequadas, fatores ambientais, má escolha dos cultivos de acordo com as condições do terreno, etc. Às vezes, a produção fica sem ser colhida e é desperdiçada ainda no campo porque não cumpre determinados padrões exigidos pelo mercado ou devido a que os preços na época da colheita são tão baixos que não vale a pena nem fazer a colheita. Outras vezes as perdas se dão durante a colheita e primeira manipulação, devido a técnicas inadequadas, à falta de meios inadequados, à carência de locais de armazenamento, etc. Também há descarte de alimentos que, mesmo sendo adequados para o consumo humano, não cumprem os padrões “estéticos” impostos pelo mercado.

Algumas perdas de alimentos – especialmente em países em desenvolvimento – acontecem porque não se conta com instalações de armazenamento e conservação adequadas, especialmente para aqueles produtos que requerem refrigeração, ou porque as condições de transporte são deficientes (estradas em péssimas condições, veículos inadequados…).

Nos países em desenvolvimento, as perdas de frutas e hortaliças devidas às deficiências nas infra-estruturas de armazenamento e transporte oscilam entre 35% e 50%.

(EcoDebate, 24/09/2014) publicado pela IHU On-line, parceira editorial do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

O colapso das sociedades complexas, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

[EcoDebate] O livro “The Collapse of Complex Societies” (Colapso das sociedades complexas), de Joseph Tainter, descreve o processo de ascensão e queda das civilizações e mostra que os colapsos ocorrem quando os custos da complexidade superam os benefícios. O livro demonstra que o colapso das sociedades ocorre baseado em quatro axiomas:

1) Sociedades humanas são organizações voltadas para a solução de problemas;

2) sistemas sociopolíticos necessitam de energia para a sua manutenção;

3) aumento da complexidade traz consigo o aumento dos custos per capita; e

4) Investimento em complexidade sociopolítica – como uma resposta à resolução de problemas complexos – atinge um ponto de retornos marginais decrescentes.

Para Tainter, o sistema tende a colapsar quando a introdução de um acréscimo de complexidade em um sistema exige um custo superior ao benefício que ele produz. No caso do Império Romano, o autor verificou que o maior problema enfrentado foi quando os romanos tiveram de sustentar custos muito elevados, apenas para manter o “status-quo”. Tinham de investir enormes somas para resolver problemas de manutenção do Império, sem retorno positivo. Isto reduziu a vantagem de ser uma sociedade complexa. Desta forma, o colapso pode ser definido como “uma rápida redução da complexidade”.

Tainter considera que os estudos arqueológicos possuem implicações contemporâneas, pois sociedades complexas, historicamente, são vulneráveis e podem fracassar. Este fato por si só é perturbador para muitos. Embora o rápido declínio da complexidade tenha sido um ajuste econômico no passado, atualmente, pode ter um efeito devastador, já que nas sociedades altamente industrializadas um colapso implicará em grandes rupturas e perdas, para não mencionar um padrão significativamente mais baixo de vida para todos os sobreviventes .

Na verdade, esta preocupação deve ser estendida para a própria sobrevivência da espécie humana, pois os cenários de colapso contemporâneos, traçados por Tainter em 1988, incluiam:

a) guerra nuclear e mudanças climáticas associadas;

b) aumento da poluição atmosférica, levando à destruição do ozônio, mudanças climáticas, etc.

c) saturação dos padrões de circulação global;

d) esgotamento dos recursos industriais críticos;

e) colapso econômico geral, provocada por uma grande crise financeira;

f) dívidas internacionais, interrupções na disponibilidade de combustível fóssil , hiperinflação e coisas semelhantes.

Embora o livro de Joseph Tainter tenha sido escrito em 1988 ele permanece atual em vários aspectos na medida em que aumentou o grau de complexidade da sociedade atual e há um processo de redução dos retornos econômicos devido ao esgotamento dos recursos naturais, ao aumento da violência e dos conflitos gerados pela desigualdade social. Também diminuem os retornos econômicos em decorrência da depleção do meio ambiente, perda de produtividade do trabalho devido ao processo de envelhecimento populacional e crise financeira devido à redução da taxa de lucro. O pior é que quanto maior é o grau de complexidade maior tende a ser a queda.

A sociedade urbano-industrial, que teve início no final do século XVIII, com o uso intensivo de combustíveis fósseis e a exploração de matérias primas da natureza, se encaixa neste tipo de sociedade complexa. Segundo Ugo Bardi, esgotamento é um termo relativo. Nada desaparece da crosta terrestre totalmente: tudo o que foi extraído ainda existe, mas uma vez extraído é amplamente disperso – em produtos, nos fluxos de resíduos e mesmo na terra, no ar e na água. O problema que estamos enfrentando é que a maioria dos minerais tornam-se gradualmente mais caros para extrair porque os materiais de alto teor foram progressivamente esgotados.

O resultado final é que estamos entrando em uma era de diminuição dos retornos da produção de commodities minerais. O problema é especialmente crítico para os minerais que são o verdadeiro “calcanhar de Aquiles” da sociedade industrial: o petróleo e o gás. Eles são minerais relativamente comuns na crosta da Terra, mas sua extração está se tornando cada vez mais cara, o que provoca a criação de um círculo vicioso de retornos decrescentes. Isso tende a colocar uma carga excessiva sobre o sistema econômico do mundo e é provável que, no futuro, não vamos ser capazes de produzir combustíveis fósseis às mesmas taxas de hoje. Esta é a essência do conceito de “pico do petróleo” que pode trazer junto o colapso da sociedade urbano-industrial, provocando uma grande crise econômica, ecológica e social.
Segundo Richard Heinberg, lucros decrescentes do petróleo aparecem nos dados financeiros das companhias petrolífera. Entre 1998 e 2005, a indústria investiu US$ 1,5 trilhão em exploração e produção e esse investimento rendeu 8,6 milhões de barris por dia (mb/d) na produção de petróleo adicional no mundo. Mas entre 2005 e 2013, os investimentos da indústria passaram de US$ 3,5 trilhões em exploração e produção, mas este investimento (mais do que o dobro) produziu apenas 4 mb/d. A Energia Retornada por Enegia Investida (EROEI) era de 100 para 1 e caiu para 10 para 1 nos EUA, mostrando que a sociedade complexa dos combustíveis fósseis entrou na fase dos rendimentos decrescentes, caminho que, no passado, levou outras sociedades complexas ao colapso.

Como mostrou Chris Martenson (2014) os próximos 20 anos serão muito diferentes dos 20 anos passados. O ritmo de crescimento econômico deve diminuir muito e os problemas sociais e ambientais devem se agravar de forma crítica. Há vários indícios de que o modelo de sociedade consumista de alta complexidade pode entrar em colapso por redução dos ganhos de produtividade econômica, por agravamento da luta entre pobres e ricos e por uma rápida depleção dos recursos naturais e agravamento das mudanças climáticas.

Infelizmente, diversos forças políticas no Brasil tentam passar a ideia de que o pré-sal é o “passaporte para o futuro” do país. Mas na realidade o pré-sal é o reforço de uma dependência aos combustíveis fósseis que é uma fonte de energia que deve ter seu consumo reduzido, para o bem do meio ambiente e do clima. Os custos da exploração do pré-sal são muito elevados e o Brasil e a Petrobrás estão se endividando para fazer uma aposta muito arriscada e poluidora. Como disse o senador Cristóvam Buarque (20/09/2014):

“Se tudo der certo, em 2036 a receita líquida prevista do setor petrolífero corresponderá a R$ 100 bilhões, aproximadamente R$ 448 por brasileiro, quando a renda per capita será de R$ 27,8 mil, estimando crescimento de 2% ao ano para o PIB. Apesar da dimensão da sua riqueza, o pré-sal não terá o impacto que o governo tenta passar. Explorá-lo é correto, concentrar sua receita na educação é ainda mais correto, mas é indecente usar o pré-sal como uma ilusão para enganar a Nação e como mecanismo para justificar o adiamento de investimentos em educação”.

Desta forma, o Brasil corre o risco de embarcar numa canoa furada. O futuro deve ser pensado em termos de energias alternativas e limpas para minorar os riscos de catástrofe ecológica. Pensando as dificuldades do futuro, William Rees (2014), diz que para evitar o Colapso, é preciso seguir uma agenda de decrescimento sustentável e de relocalização da economia. Mas o mundo está obnubilado pela noção de progresso alimentado pelos combustíveis fósseis. Porém, embora o mito do desenvolvimento ainda seja hegemônico, há cada vez mais pessoas pensando em uma vida mais simples, substituindo a competitividade e o consumismo por um ideal de prodigalidade, como propõe o modelo de simplicidade voluntária.

Como mostrou Christopher Paterson, no blog Nova Economia, existem alternativas de mobilização como a Marcha do Povo pelo Clima organizada por mais de 1.000 organizações que se uniram-se para promover o maior evento da história contra o aquecimento global. No dia 21/09, a mobilização em Nova Iorque reuniu centenas de milhares de pessoas e foi acompanhada por manifestações em grande número de cidades, em mais de 150 países, inclusive no Rio de Janeiro, debaixo de chuva. Por falar em aquecimento global, a Agência Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) divulgou em 19/09 que a temperatura média mundial combinada das superfícies dos solos e dos mares em agosto de 2014, foi de 16,35° C, sendo a maior já registrada para esse mês nos últimos 134 anos. Essa medida superou em 0,75° C o recorde anterior de agosto de 1998. O ano de 2014 caminha para ser o mais quente desde o início da Revolução Industrial e Energética.

A catástrofe climática é um dos fenômenos mais visíveis, mas é apenas um fenômeno que faz parte de um conjunto de problemas complexos provocados pelo modelo de desenvolvimento econômico hegemônico no mundo. No longo prazo, quanto maior é o progresso humano, maior é o regresso ambiental. Os direitos da natureza estão sendo violados com a degradação se tornando irreversível.

Como diz Chomsky: “É a primeira vez na história humana em que temos a capacidade para destruir as condições mínimas para sobrevivência decente. Já está acontecendo. Há espécies que estão sendo destruídas. Estima-se que vivemos destruição equivalente à de há 65 milhões de anos, quando um asteroide colidiu com a Terra, extinguiu os dinossauros e grande número de outras espécies. A destruição, hoje, é de nível equivalente àquele. De diferente: o asteroide somos nós. Se alguém nos está vendo do espaço, deve estar atônito. Há setores da população global tentando impedir a catástrofe global. Outros setores tentam apressá-la. Veja bem quem são uns e outros: os que tentam impedir a catástrofe total são os que nós chamamos de primitivos, atrasados, populações indígenas – as Nações Originais no Canadá, os aborígenes australianos, pessoas que ainda vivem em tribos na Índia. E quem acelera a destruição? Os mais privilegiados, os chamados ‘avançados’, os letrados, as pessoas cultas e educadas do mundo” (Chris Hedges, 2014).

Ou seja, o progresso e o desenvolvimento humano tornaram-se as maiores ameaças à natureza e à biodiversidade. O rumo atual da civilização é insustentável e a complexidade do atual modelo está aumentando os custos e reduzindo os benefícios, jogando a economia em uma grande armadilha sem bases ambientais e sociais de sustentação.

Referências:

Joseph Tainter, The Collapse of Complex Societies, Cambridge University Press, 1988

Ugo Bardi. The Age of Diminishing Returns, Resilience, 18/04/2014




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José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

EcoDebate, 24/09/2014