sábado, 6 de junho de 2015

Flor de maracujá ‘seduz’ morcego para polinização

Campinas, 25 de maio de 2015 a 07 de junho de 2015 – ANO 2015 – Nº 626

Pesquisadores da Unicamp e da Universidade Hebraica de Jerusalém descrevem adaptação de espécie
Texto: Carlos Orsi
Edição de Imagens: Fábio Reis
O periódico científico Plant Biology reservou a capa de sua edição de maio para um artigo de autoria de pesquisadores da Unicamp e da Universidade Hebraica de Jerusalém, sobre a adaptação da flor de uma espécie de maracujá, Passiflora mucronata L., à polinização por morcegos. O artigo compõe a primeira parte da tese de doutorado de Diego Rocha, defendida na Unicamp em março.

Flores evoluem de modo a seduzir polinizadores: apresentando atrativos e oferecendo recompensas que levem animais a visitá-las e a carregar seu pólen para outras flores, garantindo assim a preservação da espécie. As estratégias de sedução variam de acordo com o público-alvo, e podem envolver características muito específicas, como a composição do néctar e o formato de estruturas internas da flor. Insetos e pássaros são os preferidos, mas há oito espécies conhecidas, das mais de 600 dentro do gênero passiflora – que inclui o maracujá comum – que são especializadas em atrair morcegos.

A primeira passiflora polinizada por morcegos foi descrita na década de 70 pela pesquisadora da Unicamp Marlies Sazima. Atualmente, um grupo do Instituto de Biologia (IB), encabeçado por Marcelo Dornelas, orientador do doutorado de Rocha e um dos autores do artigo na Plant Biology, busca entender a causa dessa variedade: por que as passifloras não se “satisfazem” em ser polinizadas por insetos e beija-flores? 

“O maracujá comum, comercial, é polinizado por mamangava”, disse ele. “E a gente acredita que tanto o maracujá que é polinizado por morcego quanto o que é polinizado por beija-flor têm um ancestral comum que era polinizado por um inseto, próximo do maracujá comum que a gente está acostumada a ver”. 

“Os insetos apareceram, na evolução, antes de morcegos e beija-flores. O beija-flor apareceu com a elevação dos Andes: quando os Andes apareceram, os beija-flores apareceram mais ou menos na mesma época, e os morcegos que bebem néctar de flor apareceram um pouquinho antes disso. Mas inseto, sempre teve”, explicou Dornelas. “Todas as espécies que são parentes próximas do maracujá são polinizadas por insetos. Então, o que a gente quer entender, a longo prazo, é como são os passos evolutivos para sair de uma flor polinizada por insetos para dar esses formatos, essas cores e aromas e néctares diferentes”.

EQUILÍBRIO DELICADO

A tese de Diego investigou ainda variedades híbridas entre passifloras polinizadas por beija-flor – cujas flores têm cor forte, néctar rico em açúcares e se abrem durante o dia – e por morcegos, com flores brancas, néctar com conteúdo importante de aminoácidos e que se abrem à noite. Esses híbridos foram produzidos pela Embrapa, que buscava uma forma de transferir características genéticas desejáveis do maracujá silvestre para a variedade comercial. 

“Fiquei sabendo desses híbridos justamente porque um pesquisador da Embrapa me disse: nós fizemos uns híbridos, você não quer dar uma olhada? Porque, aparentemente, está tudo bem, mas não dá fruto. Dê uma olhada nessas flores para ver se elas não têm algum defeito. Eu lembro que vi que não tinha nada de errado com as flores. Perguntei: que espécie você cruzou? Ah, eu cruzei uma espécie, essa que é polinizada por beija-flor, e uma polinizada por morcego, e o hibrido a gente põe no campo e não dá fruto”, contou Dornelas. “E respondi: claro, porque não tem um bicho que seja o cruzamento de morcego com beija-flor! As flores do híbrido abrem de dia, mas têm características de odor, de cor, etc., que o beija-flor não gosta. Quando chega de noite, a flor já fechou. Então ela não é visitada nem por morcego, nem beija-flor. Se você for lá e polinizar com a mão, artificialmente, ela produz fruto”. 

Os híbridos da Embrapa demonstraram que algumas das características que tornam certas espécies de passiflora atraentes para morcegos são recessivas – isto é, atenuam-se ou mesmo desaparecem na miscigenação. “A curvatura do androginóforo nunca é herdada, se você cruzar essa flor com uma flor polinizada por beija-flor, que não é curva, o híbrido perde a curvatura”, exemplificou Dornelas. “Essa estrutura curva fica reta no híbrido. Isso talvez explique porque há tão poucas espécies de passiflora polinizadas por morcegos: porque todas as características são recessivas. O fato de ser branca a flor é recessivo. O fato de o androginóforo ser curvo é recessivo. Então isso tudo se perde muito fácil, o que traz a pergunta de como essas caraterísticas são mantidas, afinal”. 

O pesquisador acrescenta que o fato de só haver oito espécies de passiflora conhecidas polinizadas por morcegos – ante uma centena de espécies que usam beija-flores, e várias centenas polinizadas por insetos – indica que deve haver poucos modos de se “construir” essa flor, agradável para os mamíferos voadores.

“Só tem oito, que a gente saiba, e todas chegaram à mesma solução: mesmo formato, mesma cor, são muito parecidas. Todas são brancas”. O fato de a flor ser branca é econômico para a planta, que deixa de produzir uma série de enzimas envolvidas na coloração.


OS SIMPSONS

The Simpsons - Tall Man in Car from Lucas Smitch on Vimeo.

O artigo publicado em Plant Biology explica a curvatura do androginóforo – uma coluna que suporta as partes masculina e feminina da flor – da planta polinizada por morcegos como resultante de uma dupla de fatores: a distribuição diferenciada de um hormônio que estimula o crescimento das células e o fato de o androginóforo crescer mais depressa que o botão que o envolve, o que o força a dobrar-se.

“O crescimento faz com que ele se dobre, e o hormônio fixa essa curvatura, uma vez que o botão se abre”, disse Dornelas. Sobre a importância da curvatura do androginóforo na atração de morcegos, o pesquisador explicou que ainda não existe um papel comprovadamente ligado à característica, mas que há algumas hipóteses. “Normalmente, os morcegos localizam as flores por ecolocalização, pelo reflexo do som”, relatou. “Uma solução de porque o androginóforo é curvo pode ser essa: vibra mais, então auxilia na ecolocalização. Mas isso é tema para outra tese”.

Dornelas conta que a ideia de que o androginóforo poderia estar sendo forçado a curvar-se por conta da falta de espaço no interior do botão surgiu da lembrança de um episódio da série animada de televisão “Os Simpsons”.

“Tem um episódio em que um personagem chamado Nelson, que está sempre caçoando dos outros, resolve caçoar de um cara que está dentro de um fusquinha, todo apertado. Ele aponta, rindo, para o sujeito. Então o carro abre a porta, e na hora que o motorista sai, é um sujeito enorme, que estava todo enrolado porque o carro era muito pequeno, e ele era bem alto”, disse. 

“Então, falei para o Diego: acho que o que faz o androginóforo encurvar é como o cara dentro do carrinho: ele é grandão, mas se encurva dentro carrinho para caber. Então, se isso é verdade, se a gente abrir como se fosse um teto solar no botão da flor, cortando a parte de cima do botão, ele vai crescer reto. Esse foi o primeiro experimento que o Diego fez, uma coisa inspirada pelos Simpsons e que funcionou: realmente, o androginóforo só se curva porque está preso dentro do botão floral. Quando se abre a parte de cima do botão floral, ele cresce reto”. 

Já os colaboradores da Universidade Hebraica de Jerusalém ajudaram no teste com o hormônio que fixa a curvatura. “Se fosse só a questão do tamanho do botão, na hora que a flor abre, o androginóforo desentortaria”, disse o pesquisador. “Mas não acontece. Existe alguma coisa, no nível celular, que faz com que isso se fixe de algum jeito”.

Essa fixação ocorre por conta do crescimento diferencial das células, controlado por hormônios. A técnica de aplicação do hormônio usado no teste, por meio de injeção, foi sugerida pelos parceiros de Israel. “Tanto o maracujá comercial quanto este têm uma camada de cera, para evitar que a planta resseque no calor”, o que tornava a técnica de pulverização pouco eficaz. “Eles também são coautores porque sugeriram para a gente essa maneira de testar o hormônio em si, nesse sistema”.

ABELHAS

As passifloras, assim como as espécies que as polinizam – as variedades específicas de mamangava, de beija-flor e de morcego – são nativos da América do Sul. “Inclusive, a espécie comercial que a gente usa no Brasil é nativa daqui”, disse Dornelas. “Hoje, planta-se no mundo inteiro. Em Israel, eles têm plantações comerciais de maracujá, mas adaptaram o cultivo. Estive lá e vi o maracujá sendo cultivado na areia do deserto, irrigado, e quem poliniza o maracujá comercial deles – lá não tem mamangava – é a Apis melífera, aquela abelha pequena de mel”.

No Brasil, diz o pesquisador, as abelhas até visitam as flores de maracujá, mas não fazem o trabalho de polinizadoras. “Aqui, a abelha que faz mel só rouba néctar e pólen, mas não poliniza o maracujá. Então, esses estudos acabam ajudando a entender como adaptar melhor uma cultura a um polinizador”.

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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Eating less during late night hours may stave off some effects of sleep deprivation

Date: June 4, 2015

Source: University of Pennsylvania School of Medicine

Summary:
Eating less late at night may help curb the concentration and alertness deficits that accompany sleep deprivation, according to results of a new study.

Eating less late at night may help curb the concentration and alertness deficits that accompany sleep deprivation, according to results of a new study from researchers at the Perelman School of Medicine at the University of Pennsylvania that will be presented at SLEEP 2015, the 29th annual meeting of the Associated Professional Sleep Societies LLC.

"Adults consume approximately 500 additional calories during late-night hours when they are sleep restricted," said the study's senior author David F. Dinges, PhD, director of the Unit for Experimental Psychiatry and chief of the division of Sleep and Chronobiology. "Our research found that refraining from late-night calories helps prevent some of the decline those individuals may otherwise experience in neurobehavioral performance during sleep restriction."

The study gave 44 subjects, ages 21 to 50, unlimited access to food and drink during the day, followed by only four hours of sleep each night for three nights. On the fourth night, 20 participants received continued access to food and drinks, while the 24 others were allowed only to consume water from 10:00 p.m. until they went to sleep at 4:00 a.m.

At 2 a.m. each night, all subjects completed a variety of tests to measure their working memory, cognitive skills, sleepiness, stress level and mood.

During the fourth night, subjects who fasted performed better on reaction time and attention lapses than subjects who had eaten during those late-night hours. In addition, subjects who ate showed significantly slower reaction times and more attention lapses on the fourth night of sleep restriction compared to the first three nights whereas study subjects who had fasted did not show this performance decline.

While countless studies associate numerous physical and mental health benefits with a healthy night's sleep, the Centers for Disease Control Prevention reports that "insufficient sleep is a public health epidemic" in the United States, including the estimated 50 to 70 million U.S. adults suffering from sleep and wakefulness disorders.

The new study results serve as a book end to other research on the links between eating and sleep deprivation. A 2013 study from the same Penn team found that individuals with late bedtimes and chronic sleep restriction may be more susceptible to weight gain due to the increased consumption of calories during late-night hours.

The research team also includes Andrea Spaeth, PhD, and Namni Goel, PhD.

The study was supported by the National Institutes of Health (R01 NR004281, F31 AG044102); the Penn Clinical and Translational Research Center (UL1RR024134); and the Department of the Navy, Office of Naval Research (Award No. N00014-11-1-0361).

In a related study (Abstract #0332), the same team of Goel, Spaeth and Dinges, found that adults who are chronically sleep restricted may need to compensate for decreased morning resting metabolic rate by reducing caloric intake or increasing physical activity to prevent weight gain. That research was led by senior author Namni Goel, PhD, a research associate professor of psychology in Psychiatry and the Unit for Experimental Psychiatry.

"Short sleep duration is a significant risk factor for weight gain and obesity, particularly in African Americans and men," Goel said. "This research suggests that reducing the number of calories consumed can help prevent that weight gain and some of the health issues associated with obesity in Caucasians and particularly in African Americans."

The NIH reports that 69 percent of U.S. adults are overweight or obese. Being overweight or obese increases your risk of coronary heart disease, high blood pressure, stroke, type 2 diabetes, cancer, sleep apnea, and other health problems.

In the study, 36 healthy adults, ages 21 to 50, slept for their usual amount for two nights. Next, they spent four hours in bed each night for five nights, followed by one night of 12 hours of recovery sleep. The control group of 11 subjects received 10 hours in bed each night for six nights. Resting metabolic rate, or measure of the amount of energy used in a relaxed condition, and respiratory quotient, or the ratio of the volume of carbon dioxide to oxygen used in a time period, were measured after overnight fasting.

In the experimental group, resting metabolic rate decreased after five nights of sleep restriction and returned to baseline levels after recovery sleep. No changes in resting metabolic rate were observed in control subjects. In the experimental group, African Americans exhibited comparable daily caloric intake relative to Caucasians, but a lower resting metabolic rate and higher respiratory quotient.

Story Source:

The above story is based on materials provided by University of Pennsylvania School of Medicine. Note: Materials may be edited for content and length.

Cite This Page:
University of Pennsylvania School of Medicine. "Eating less during late night hours may stave off some effects of sleep deprivation." ScienceDaily. ScienceDaily, 4 June 2015. <www.sciencedaily.com/releases/2015/06/150604141905.htm>.

Teachers' health: Healthy heart, stressed psyche

Date: June 5, 2015

Source: Deutsches Aerzteblatt International

Summary:
As a result of their work, teachers suffer psychosomatic disorders such as exhaustion, fatigue, and headaches more frequently than other occupational groups, claims a new report.

As a result of their work, teachers suffer psychosomatic disorders such as exhaustion, fatigue, and headaches more frequently than other occupational groups. This has been shown by Klaus Scheuch et al. in a recent review article inDeutsches Ärzteblatt International, in which they analyze the health of teachers and the frequency of their illnesses.

In the study, teachers had healthier cardiovascular systems than the general population: they were more physically active (approximately 75% of teachers versus 66% of the general population), less likely to be obese (approximately 13% of teachers versus 23% of the general population), and less likely to smoke (approximately 14% of teachers versus 30% of the general population). In contrast, psychosomatic complaints were more common among teachers: they were more likely to suffer sleep disorders, forgetfulness, pain, and irritability, for example. This is also reflected in morbidity figures: teachers more frequently obtain certification as being ill or unfit for work as a result of psychological health problems than the general population. The authors emphasize that workplace health care professionals who care for teachers should include not only treating physicians but also psychologists, psychiatrists, and specialists in psychosomatic medicine.

Story Source:

The above story is based on materials provided by Deutsches Aerzteblatt International. Note: Materials may be edited for content and length.

Journal Reference:
Scheuch K, Haufe E, Seibt R. Teachers’ health. Dtsch Arztebl Int, June 2015 DOI: 10.3238/arztebl.2015.0347

Cite This Page:
Deutsches Aerzteblatt International. "Teachers' health: Healthy heart, stressed psyche." ScienceDaily. ScienceDaily, 5 June 2015. <www.sciencedaily.com/releases/2015/06/150605102844.htm>.

Comida é memória, afeto e identidade

Fonte: FBSSAN - Juliana Dias e Mónica Chiffoleau - Malagueta Comunicação - Quarta-feira, 03 de Junho de 2015 


Na literatura, no cinema, nas ciências, na filosofia e religião existem evidências da relação entre memória e comida. O sociólogo francês Pierre Bourdieu afirma que é “provavelmente nos gostos alimentares que se podem encontrar a marca mais forte e indelével do aprendizado infantil. São lições que resistem por mais tempo à distância ou ao colapso do “mundo nativo” (conhecido pelo mundo dos gostos primordiais e alimentos básicos) e que conservam a nostalgia”.

O escritor francês Marcel Proust concluiu que o olfato e o paladar têm o poder de convocar o passado. Ele atribuiu a uma Madeleine (bolinho de limão em forma de concha), e uma xícara de chá o fato de ter recordado de um período esquecido de sua infância. Ao se conectar com suas memórias, Proust rompe com o incômodo vazio de sua escrita e produz a obra “Em Busca do Tempo Perdido”, considerada um dos principais clássicos da literatura mundial. Sua vida recomeça com um gole de chá e um pedaço de bolo: “Mas no mesmo instante em que aquele gole, de envolta com as migalhas do bolo, tocou o meu paladar, estremeci, atento ao que se passava de extraordinário em mim”.

A neurociência comprovou que Proust estava certo. A psicóloga Rachel Herz, da Universidade de Brown (EUA), mostrou que os sentidos do olfato e do paladar são exclusivamente sentimentais. Isto porque são os únicos que se conectam diretamente com o hipocampo - o centro da memória de longo prazo do cérebro. A visão, o tato e a audição são processados primeiro pelo tálamo - a fonte da linguagem e porta de entrada para a consciência. É por isso que esses são bem menos eficientes em trazer à tona o passado.

A historiadora francesa Luci Giard relata que nunca se importou em aprender a cozinhar, mesmo crescendo numa família onde todos cozinhavam. Ela se deu conta dessa necessidade quando foi morar sozinha. Ao procurar orientação em livros de culinária, a autora percebeu que: “bastava uma receita ou palavra indicativa para suscitar uma estranha recordação capaz de reativar, por fragmentos, antigos sabores e primitivas experiências que, sem querer, havia herdado e estavam armazenadas em mim”. Sua memória despertou para um conhecimento culinário que aprendeu em família sem se dar conta.

O filme infantil Ratatouille traz o personagem Anton Ego, temido crítico gastronômico francês, que se transporta para sua infância após provar um tradicional cozido de legumes. Suas lembranças mostram a mãe preparando-lhe o prato. A partir dessa experiência, Ego mudou sua percepção sobre gastronomia, passando a considerar que “qualquer um pode cozinhar”, principal mensagem do longa-metragem. No Cristianismo, a Última Ceia teve por finalidade se tornar inesquecível para seus seguidores. O pão e o vinho simbolizariam o corpo de Cristo: “comei e bebei em memória de mim”. Ao longo dos séculos, os cristãos comem o pão e bebem vinho como ato memorial.

O romance brasileiro “Cozinheiro do Rei”, de autoria de Zé Rodix, narra a trajetória de um menino índio chamado Pedro Karaí, que modificou sua história após bater a cabeça numa rocha. Ele ficou desacordado, dado como morto, e só renasceu com um mingau de tapioca com farinha de peixe preparado por sua mãe. Mais tarde, na juventude, ele declara: “eu já sabia que ia se formando em mim um repertório de sabores que me auxiliava a reconhecer os melhores e os piores, mas todos eles se equilibravam em volta do meu primeiro alimento verdadeiro, o mingau que minha mãe me havia feito provar e que por isso se tornara inesquecível”.

Auridenes Matos, integrante da Coordenação Nacional do Fórum Brasileiro de Segurança e Soberania Alimentar (FBSSAN), destaca que para os povos indígenas e comunidades tradicionais, “a terra é vida e sem a terra não há vida”. No diálogo com caciques e lideranças comunitárias, ela percebe o trato, a preocupação no cuidado com as roças e com o alimento. “Da terra eles tiram o sustento, a água, a comida, a inspiração para o artesanato e tantas outras inspirações. Eles têm uma relação muito intensa e extremamente respeitosa com a terra, com a produção sustentável dos alimentos”, explica. 

No caso dos povos indígenas, Auridenes comenta que eles gostam muito de comer peixes, tal como o personagem Karaí. “Eles fazem festas para celebrar a fartura dos alimentos que colhem e pescam. Demonstram muita alegria em ter tanta fartura de alimentos em seus territórios. Esses povos originários são os verdadeiros donos desse imenso belíssimo país. Precisamos ouvi-los mais, pois temos muito a aprender com eles”, finaliza a integrante do FBSSAN, que mora no Maranhão, região Nordeste do Brasil, onde existem 9 povos indígenas: Canela Ramkokamekrá, Canela Apaniêkrá, Gavião, Ka'apor, Guajajara, Kreniê, Krikati(mais dois). Os Quilombolas e Ribeirinhos da Região do Médio Mearim e da Região do Baixo Parnaíba formam as comunidades tradicionais do Estado.

Essa forte ligação com a terra indica como a comida, o afeto e a identidade estão emaranhados num complexo tecido social. São laços indissociáveis, que fortalecem o povo e o lugar, e podem conduzir a uma genuína experiência reveladora, tal qual aconteceu com Proust, Luci, Ego e Karaí. As organizações e redes sociais integradas ao FBSSAN sinalizam a importância de repensar a relação que temos com os alimentos, fortalecendo-os como elemento da memória, da identidade e do afeto. Reconhecer a comida como patrimônio constitui-se, portanto em aspecto chave que fortalece e revitaliza a defesa dos biomas e territórios, com suas especificidades culturais e com suas lutas pelo direito à alimentação adequada e saudável.

Hábitos alimentares: veículos de profunda emoção

O antropólogo norte-americano Sidney Mintz explica que os hábitos alimentares são veículos de profunda emoção. Para o autor, a comida e o comer são centrais no aprendizado social por serem atividades vitais e essenciais, embora rotineiras. As atitudes em relação à comida são aprendidas cedo e bem. Na visão de Mintz, esse comportamento alimentar é nutrido por adultos afetivamente “poderosos”, que conferem um poder sentimental duradouro. Assim, o autor explica que o lugar onde crescemos e as pessoas com quem convivemos vão aos poucos construindo um material cultural. Esse material dá forma ao nosso comportamento alimentar que “se liga diretamente ao sentido de nós mesmos e à nossa identidade social”. A maneira como nos alimentamos revela constantemente a cultura em que estamos inseridos.

Nos relatos de Proust, Luci, Ego e Karaí observamos que as memórias estão ligadas ao universo familiar, principalmente à mãe. No entanto, a alimentação infantil tem recebido cada vez mais cedo a introdução de produtos alimentícios ultraprocessados (contento alto teor de aditivos químicos, corantes etc), e se esforça para parecer “artesanal” ou “caseiro”. Ao considerar que a memória é uma dimensão importante na relação com a alimentação, quais sentidos e identidades que estas marcas podem construir na infância?

A cultura alimentar vem sofrendo grandes transformações a partir do fim do século XX. Em qualquer país do mundo os alimentos essenciais provém de um sistema alimentar com escala planetária. O processo de industrialização acompanhado da ruptura fundamental das relações humanas com o seu meio e lugar de memória, possibilitou “mascarar” cada um dos atributos sensoriais, cheiro, textura, forma e sabor. A campanha Comida é Patrimônio, do FBSSAN, se propõe a discutir essas relações vitais para reconhecer e fortalecer os modos de produzir, comer e viver. Não é preciso ir muito longe para admitir o quanto de memória e afeto têm numa refeição. O leitor pode fazer um teste puxando o fio de suas lembranças. Seguramente, chegará numa receita especial que marcou sua história.

Marketing das emoções

Hoje, a publicidade evoca afeto, carinho e cuidado, elementos que fazem parte da cultura alimentar. Muitos comportamentos alimentares baseiam-se nas estratégias de marketing e não em experiência racional ou práticas tradicionais. Seguindo o pensamento de Mintz, os adultos afetivamente poderosos são substituídos pela engenharia de alimentos, laboratórios e processos industriais. As memórias gustativas não deveriam ser acúmulo de marcas, antes deveriam permanecer como um delicioso baú de sabores singulares.

Que teria acontecido com o índio Karaí sem a existência do Sertão da Bahia, onde nasceu, sem os alimentos locais desse território? Sua salvação da miséria, da violência, do preconceito e da escravidão foi a forte ligação que estabeleceu com seu alimento local. Essa identidade o acompanhou por toda a sua existência, dando-lhe autonomia, dignidade, cidadania e, principalmente, liberdade.

O Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2014 pelo Ministério da Saúde (MS), recomenda que a base da alimentação sejam os alimentos in natura ou minimamente processados (que foram submetidos a processos de limpeza, fracionamento, moagem, secagem, fermentação, pasteurização, refrigeração e congelamento, sem adição de sal, açúcar, óleos e gorduras). O uso de alimentos processados (derivados diretamente de alimentos e reconhecidos como versões de alimentos originais, por exemplo enlatados e polpas de tomate) deve ser limitado a pequenas quantidades. Podem servir como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições.

Já os alimentos ultraprocessados devem ser evitados. Estes são fórmulas industriais feitas principalmente de substâncias extraídas de alimentos, como óleos, gorduras, açúcar, amido e proteína ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão). De acordo com o Guia, os ultraprocessados tendem a afetar negativamente a cultura, a vida social e o ambiente. Nos dez passos para a alimentação saudável está o incentivo a desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias. “O enfraquecimento da transmissão de habilidades culinárias entre as gerações favorece o consumo de ultraporcessados”, de acordo com o Guia.

Neste ponto, a memória de Proust, Luci, Ego e Karaí estão bem guarnecidas, pois as lembranças que mudaram suas vidas não estão ligadas a rótulos da indústria, mas às pessoas e à cozinha. Outra iniciativa do Ministério de Saúde é o livro sobre alimentos regionais brasileiros (http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/livro_alimentos_regionais_brasileiros.pdf) que discute a possibilidade de resgatar e incentivar o consumo de alimentos regionais e sua relação simbólico-cultural. O objetivo é valorizar os itens alimentares com características regionais, apresentando-os como instrumentos de fomento e proteção do patrimônio material e imaterial.

O Guia orienta que é preciso refletir sobre a importância que a alimentação tem no cotidiano e que se conceda maior valor em adquirir, preparar e consumir alimentos. Também deve-se exigir ações regulatórias do Estado que tornem o ambiente mais propício para a adoção dessas recomendações.

A publicidade é um desses grandes desafios, pois mais de dois terços dos comerciais sobre alimentos veiculados na televisão se referem a fast food, salgadinhos de pacote, biscoitos, bolos, cereais matinais, balas e outras guloseimas, refrigerantes, sucos adoçados e refrescos em pó, ou seja, somente ultraprocessados. As indústrias e agências publicitárias parecem já ter entendido o recado do Guia Alimentar e recorreram à memória e ao afeto.

Um exemplo é a Coca-cola com a campanha dos sucos Del Valle que tem como slogan “o segredo é o carinho”, que é dirigido às mães e seus filhos no momento da refeição. Outra propaganda dessa marca, segue a orientação do Guia sobre a comensalidade, que sugere comer em companhia. Com o slogan “vamos comer junto?”, a publicidade se baseia em histórias de famílias reais e fictícias onde sentar à mesa para comer, tendo a coca-cola no centro, é um momento importante e que deve ser preservado na vida familiar. Uma dessas famílias é a do chef Claude Troisgros.

A maioria dos anúncios é dirigida às crianças e adolescentes. O projeto de Lei 5921 para regulação da publicidade infantil se arrasta por quase 13 anos, sem aprovação. Diferente do projeto do fim da rotulagem de Transgêncios (PLC 34/2015 de 30 de Abril de 2015), aprovado pela câmara dos deputados e aguarda aprovação final no Senado. Caso seja aprovada, esta lei viola o direito de informação do consumidor de saber o que está comendo. O FBSSAN é uma das 118 organizações que assinou a carta enviada ao Senado Federal e às autoridades como o Ministério da Justiça, Ministério da Agricultura, Ministério Público Federal e Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), pedindo que o PL não seja aprovado. No dia 22 de maio, o Senado lançou em sua página (http://www12.senado.gov.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=120996) uma consulta à população sobre o conteúdo da PL, na consulta é possível opinar a favor ou contra a PL.

Diante desse cenário em que a comida como mercadoria também é embalada com afeto, é importante reivindicar a cultura alimentar com a terra, com a comunidade, com a cultura e tradição e as relações com a memória. Ao defender a comida como um patrimônio, o FBSSAN luta para que este bem comum seja apreendido como símbolo de afeto, capaz de transformar, mobilizar e engajar e fazer florescer experiências tão ricas e frutíferas quanto as de Proust, Luci, Ego e Karaí.

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Estudo indica crescimento da agricultura familiar na próxima década

Fonte: Jalila Arabi - Ascom/MDA - Sexta-feira, 05 de Junho de 2015 


A agricultura familiar continuará crescendo nos próximos dez anos. Foi o que apontou o estudo ‘Análise e Planejamento Territorial - Projeções e Estratégias para a Agricultura Familiar Brasileira’, apresentado nesta terça-feira (3), em Brasília (DF), pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead/MDA). A ministra interina do Desenvolvimento Agrário (MDA), Maria Fernanda Coelho, esteve presente a apresentação do documento, que servirá para orientar as políticas públicas para o campo. 

O estudo faz uma prospecção dos cenários futuros e leva em conta quatro fatores, como dinâmica municipal da agricultura, o desenvolvimento econômico da população, a aptidão agrícola e o interesse ambiental.

Para Maria Fernanda, o estudo tem caráter estratégico para o futuro dos agricultores familiares. “É um estudo bastante rico, que vai possibilitar nossas equipes trabalharem para que, cada vez mais, a agricultura familiar mantenha e consolide a sua importância ao alimentar todo cidadão brasileiro”, disse.

Metodologia

Para fazer a projeção da agricultura familiar nos próximos dez anos, os técnicos do Nead utilizaram dados do Censo Agropecuário de 1996 e 2006 e dados do Censo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de 2011. Em uma das constatações, o estudo afirma que a participação da agricultura familiar continuará crescendo na produção dos dez principais alimentos que vão à mesa do brasileiro, como feijão, arroz, milho, leite e mandioca. No entanto, o documento alerta para o risco de perda de espaço da agricultura familiar para a produção extensiva caso não haja investimentos.

“É possível perceber nas variadas culturas, como o feijão, a mandioca, o leite e o milho, o potencial de crescimento, mas também os riscos no caso da não implementação de políticas adequadas para que possibilite aos agricultores familiares aumentarem a produtividade”, reconhece Maria Fernanda.

O diretor do Nead, Roberto Wagner, disse que os estudos realizados pelo Núcleo podem ajudar a preparar um futuro melhor no campo. “A partir desse e de outros estudos, podemos tomar decisões mais qualificadas para o campo. O Nead tem o papel de alimentar as políticas públicas como um todo e dar o retorno à sociedade”, refletiu.

A publicação “Análise territorial e políticas para o desenvolvimento agrário”, que gerou o estudo em questão, está disponível para download gratuito na página do Nead. (http://www.mda.gov.br/sitemda/pagina/nead-estudos).

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Study maps types of physical activity associated with better sleep

Date: June 4, 2015

Source: University of Pennsylvania School of Medicine

Summary:
Physical activities, such as walking, as well as aerobics/calisthenics, running, weight-lifting, and yoga/Pilates are associated with better sleep habits, compared to no activity, according to a new study. In contrast, the study shows that other types of physical activity -- such as household and childcare -- work are associated with increased cases of poor sleep habits.

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Efeitos da arborização urbana: bem-estar físico (conforto térmico) e bem-estar psicológico

Tese de doutorado mostra como a arborização urbana influencia no conforto e na saúde humana

Por Ana Carolina Brunelli, de Piracicaba, no Jornal da USP.
Bairro Jardim das Paineiras destacou-se com maior quantidade de cobertura arbórea e temperatura ambiente mais baixa (crédito: Lea Yamaguchi Dobbert)

Determinar as influências da arborização urbana no bem- estar físico (conforto térmico) e no bem-estar psicológico foi a proposta da tese de doutorado de Léa Yamaguchi Dobbert, defendida na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. O estudo, orientado pelo professor Demóstenes Ferreira da Silva Filho, do Departamento de Ciências Florestais, propõe também qualificar espaços urbanos em relação à arborização existente. “O objetivo foi avaliar a interferência de áreas verdes inseridas nas cidades, corroborando outros estudos realizados sobre os efeitos da arborização urbana no conforto e na saúde humana”, afirma Léa.

A tese, desenvolvida na cidade de Campinas (SP), avaliou o conforto térmico e o bem-estar dos usuários de quatro áreas com características distintas em relação à tipologia das edificações, à cobertura arbórea, à população residente e outras características físico-espaciais: o Centro e os bairros do Cambuí, Jardim das Paineiras e Vila Brandina. “Entrevistas foram realizadas com as populações das diferentes áreas, sendo aplicados dois tipos de questionário. O primeiro, analisando a sensação térmica, e o segundo, relacionado à percepção”, explica a pesquisadora.

Umidade – Outro aspecto relevante, que contribuiu para a realização da pesquisa, foi a utilização de dois índices de avaliação de conforto térmico – o PMV (Predicted Mean Vote) e o PET (Physiological Equivalent Temperature). A realização das entrevistas ajudou a verificar se os resultados obtidos por meio dos índices PMV e PET correspondiam à real sensação de conforto térmico relatada pelos entrevistados. Uma estação meteorológica portátil aferiu os dados climáticos (temperatura e umidade relativa do ar, temperatura do globo e velocidade do vento) utilizados nos cálculos de ambos os índices.

Entre as quatro áreas analisadas, o Jardim das Paineiras, que possui maior quantidade de cobertura arbórea, apresentou temperatura ambiente mais baixa e umidade relativa mais alta que as demais. Segundo a pesquisadora, foi realizado um estudo de simulação por meio do programa ENVImet e pôde-se constatar que a cada acréscimo de 10% de copas de árvores obtem-se redução de 1°C.

Até o momento, não existe um valor específico de área verde adequada padrão, mas alguns estudos indicam a quantidade desejada de áreas verdes por habitante. Outros estudos podem ser realizados com a finalidade de apresentar um índice mais adequado às realidades específicas de cada local avaliado. “O que esta pesquisa conseguiu comprovar foi a estreita relação entre o aumento de quantidade de cobertura arbórea e a redução da temperatura do ar, além de maior sensação de bem-estar em áreas providas de vegetação”, resume Léa.

Segundo a pesquisadora, populações de diversas regiões, há anos, modificam o espaço natural que habitam para atender a necessidades individuais e coletivas. Essas transformações provocam impactos ambientais negativos e afetam os usuários do espaço urbano. A redução de áreas verdes no ambiente urbano é hoje um dos principais problemas causados por alterações humanas, prejudicando a qualidade de vida das pessoas, finaliza.

Publicado no Portal EcoDebate, 05/06/2015

La curcumina inhibe la viabilidad celular e induce la apoptosis mediante la modulación de la adiponectina, la AMPK y PKA en adipocitos 3T3-L1

Ebtesam Abdullah Al-Suhaimi

Resumen

La apoptosis, es la función importante para el crecimiento celular equilibrada. Se evaluó el mecanismo de apoptosis de la curcumina en adipocitos 3T3-L1. Las células fueron tratadas con 40 mM fue seleccionado como la dosis óptima entre los diferentes concentraciones curcumina. Se analizó el ciclo celular y Western blot se llevó a cabo para detectar la expresión y la fosforilación de ciertas señales moleculares y adiponectina. La curcumina arrestado 3T3L1 adipocitos ciclo y ejerce la acción apoptótica de una manera concentración-y tiempo-dependiente; aumento de la expresión adiponection; AMPK fosforilado activado (p-AMPK); activación de PKA inhibe y la generación de ROS impedido. La curcumina puede servir como una herramienta apoptótica contra la obesidad mediante la modulación de la señalización molecular.

Palabras clave
Apoptosis; 
3T3L1; 
Curcumina; 
Adiponectina; 
AMPK; 
PKA



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PEC 215 representa quebra do pacto firmado com índios na Constituição de 1988. Entrevista com José Sarney Filho

Por Maura Campanili
Deputado José Sarney Filho (PV/MA), membro da Comissão e coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista.

O relatório sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 foi desarquivado em fevereiro por solicitação dos representantes da bancada ruralista, que formam ampla maioria na atual Comissão Especial destinada a dar parecer sobre o assunto na Câmara Federal. O relatório havia sido arquivado depois que a antiga Comissão Especial não conseguiu votá-lo no final do ano passado, por pressão do movimento indígena. “A PEC 215 foi gestada para diminuir ou extinguir algumas terras indígenas e para impedir que se criem novas terras indígenas no país”, disse o deputado José Sarney Filho (PV/MA), membro da Comissão e coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista. Se aprovada, a emenda transfere do Poder Executivo para o Congresso Nacional a competência para a aprovação das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios e a retificação das demarcações já homologadas. Essa possibilidade tem motivado diversas manifestações do movimento indígena, como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

Clima e Floresta – Por que, apesar de tantas manifestações das representações indígenas e dos movimentos indigenistas, esta PEC continua em discussão?

José Sarney Filho – Minha posição é clara sobre a PEC 215. Ela foi gestada para diminuir ou extinguir algumas terras indígenas e para impedir que se criem novas terras indígenas no país. É fruto da mobilização de segmentos do agronegócio, que têm força para propor medidas no Congresso com interesses muito pessoais para tirar dos índios áreas agricultáveis. Essa PEC incluía também unidades de conservação e áreas quilombolas no pacote, mas o relator, por pressões, tirou algumas partes. Na prática, é um processo para tumultuar a tramitação da criação de reservas em andamento e interferir em decisões judiciais.

Clima e Floresta – Como está a tramitação da PEC na Comissão Especial?

Sarney Filho – Fiz um apelo ao presidente da Comissão, deputado Nilson Leitão (PSDB/MT), para que desse mais dois meses de prazo, para ganhar tempo. Também houve pressões políticas de toda ordem, que influenciaram na decisão. Estamos nesse intervalo, mas isso não tem desmobilizado os índios.

Clima e Floresta – Qual a sua expectativa em relação à votação?

Sarney Filho – Se houver insistência de aprovação, haverá tensão e pressão em Brasília. A situação é grave, pois representa uma quebra do pacto firmado com os índios na Constituição de 1988. No linguajar dos índios, é uma situação de embate e luta.

Clima e Floresta – Por que propostas como esta prosseguem, apesar das pressões políticas e de não contarem com apoio da sociedade?

Sarney Filho – Infelizmente, na maior parte das vezes, vemos que esse assunto não atingiu a sociedade como um todo. Os índios e seus aliados são poucos e precisaríamos de uma grande mobilização para não perder essa guerra. A Câmara está votando muita coisa que não deveria, os conservadores estão se sentindo com poder. Para reverter essa PEC, precisamos usar pressão internacional e o governo federal não pode ser dúbio, deve assumir uma posição clara, o que parece ser difícil no momento político atual.

Entrevista publicada na Clima e Floresta, a newsletter mensal do IPAM – n° 68, Maio de 2015 e reproduzida no Portal EcoDebate, 04/06/2015

Pastoreio Voisin – Informações x contrainformações, artigo de Jurandir Melado

Publicado em junho 4, 2015 por Redação


Em 2007 publiquei em site ambientalista artigo sobre pastagens sustentáveis (Ver Link). Relatava meu primeiro encontro com o Pastoreio Voisin ainda como estudante de Agronomia na Universidade Federal de Viçosa. Falava da aplicação dos ensinamentos de Voisin na Fazenda Ecológica em Nossa Senhora do Livramento MT. Os pastos, implantados sobre cerrados intactos, sem derrubadas, sem queimadas, sem arações, evoluíram para o que convencionei denominar “Pastagem Ecológica”. Vislumbrei largo e promissor caminho para a pecuária brasileira nas regiões tropicais. Englobado no conceito de produção sustentável, defendido por cientistas sérios e independentes e a sociedade civil em quase todos os países, esta experiência se consolidou. A produção sustentável, que na pecuária começa pelo manejo racional das pastagens, faz parte de programas de governo como estratégia de lucratividade de pequenos e grandes produtores e é fator decisivo nos esforços para mitigar e até zerar os Gases de Efeito Estufa. Pastagens só podem ser correta e racionalmente manejadas se forem seguidas as Quatro Leis enunciadas por Voisin, conforme atestam pecuaristas em todos os estados brasileiros e todos os países do continente, que trabalham com bovinos e búfalos de carne e leite, ovinos e caprinos nas mais diversas condições de clima e solo.

Desmistificando conceitos:

É comum, porém encontrarmos declarações atribuídas a técnicos (até mesmo entre os mais graduados), que demonstram sua ignorância sobre os fundamentos do Pastoreio Voisin e a falta de experiência própria com o sistema. Alguns dizem ainda que o Sistema Voisin está obsoleto ou que o mesmo se aplica apenas a casos específicos…

Estas críticas geralmente partem de quem jamais estudou, pesquisou ou aplicou na prática o sistema formalizado pelo Voisin. É o mesmo que digo sobre comer peixe cru:“não provei e não gostei”…

Fiquei muito feliz pela “Escolha do Leitor” da Revista AG, por uma matéria sobre Pastoreio Voisin e lisonjeado pelo convite do seu Editor para escrever o artigo… Mas também fiquei em um dilema: o que escrever que já não tenha sido exaustivamente explorado em artigos e reportagens anteriores? Optei então por não sobrecarregar o leitor com aspectos técnicos já publicados em inúmeros artigos (Veja abaixo links para alguns artigos), me restringindo a informações nem sempre encontradas de forma clara nos artigos técnicos…

Para orientar o leitor, gostaria de listar algumas generalidades sobre o Pastoreio Voisin:

O Pastoreio Voisin é regido pelas “4 leis universais do Pastoreio Racional” formuladas por André Voisin: Lei do repouso, Lei da ocupação, Lei da Ajuda e Lei dos Rendimentos Regulares. Estas leis podem ser facilmente encontradas em qualquer livro ou bom artigo técnico sobre o Pastoreio Voisin.

No PV uma recomendação básica (tema da 1ª lei) é sobre a necessidade de descansos variáveis das pastagens. O PV não pode, portanto ser confundido com o Pastoreio Rotativo Simples, com períodos fixos de descanso!

O Pastoreio Voisin recomenda que o período de ocupação de uma parcela (tema da 2ª lei) seja o menor possível. Ou seja, recomenda a maior intensificação possível: (maior número possível de animais, na menor parcela possível, pelo menor tempo possível)! São inúmeras e tão verdadeiramente incríveis as vantagens da intensificação, que este tema poderia ser objeto de um artigo exclusivo!

Não é possível com um número reduzido de parcelas se atenderem simultaneamente as duas primeiras leis universais, ou seja: período de repouso conveniente, com curtos períodos de ocupação. Então, quanto maior número de parcelas melhor! Não menos que 40 parcelas para cada módulo de pastoreio.

Com o uso de cercas elétricas móveis, podemos transformar um número relativamente reduzido de piquetes em grande número parcelas…

O PV é aplicável em qualquer escala. Podemos ter em manejo Voisin desde um lote com pouquíssimos animais até grandes lotes. Tudo depende da arquitetura e escala do projeto;

Adubar ou não Adubar as pastagens. O Pastoreio Voisin não proíbe a adubação das pastagens. Apenas afirma que em grande parte dos casos, a adubação química é desnecessária, em função da “parcagem”, ou seja, da adubação pela deposição concentrada dos dejetos do próprio gado, que estimula o desenvolvimento da “biocenose” (vida do solo) que atua na decomposição de restos vegetais e na disponibilização de nutrientes antes indisponíveis no solo. Devemos sempre lembrar que parte da mineralização e/ou suplementação dos animais é devolvida ao solo através dos dejetos. Ou seja, estamos permanentemente “adubando” indiretamente as pastagens através da mineralização do gado!

Adubos altamente solúveis (Ureia, p. ex.) devem ser evitados por que terem efeito danoso sobre a microvida do solo. Na realidade a adubação altamente solúvel é uma “injeção na veia da planta”, que não tem efeito na melhoria do solo, o que deve ser uma preocupação permanente nossa.

A utilização de estacas vivas de Gliricidia sepium (leguminosa arbórea) nas cercas dos projetos traz inúmeras vantagens: substitui uma estaca que seria comprada; promove sombra para o gado; incorpora ao solo o N atmosférico; as folhas e ramos servem de suplemento alimentar para o gado na época de escassez.

Estratégias para compensação das variações estacionais. No manejo Voisin, deve-se ter sempre em mente a grande diferença na produção de forragem nos períodos de chuva e de seca. Temos que prever estratégias para compensar esta variação. As principais armas são: diferimento de piquetes para uso na seca, o uso de feno e silagem e a utilização de “bancos mistos de forrageiras”, que formados com diversas espécies forrageiras para corte, substituem com vantagem as usuais “capineiras” com monocultura de capim elefante ou cana.

Curso de Manejo Sustentável de Pastagens: o que evitar, o que fazer, porque fazer e como fazer.

Ao longo de um período de 15 anos de consultoria a programas voltados para o desenvolvimento sustentável e a conservação do Meio Ambiente, desenvolvemos um “Curso de Capacitação em Manejo Sustentável de Pastagens” voltado para técnicos e produtores. Esse curso se tornou a principal estratégia para a divulgação do Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril o que considero a “missão de vida”. O conteúdo do curso é dividido para melhor compreensão em 4 partes:

O que evitar ou substituir na pecuária convencional: São apresentados os procedimentos convencionais que são prejudiciais às pastagens como p.ex. o uso do fogo, e o manejo com pastoreio contínuo;

O que fazer: Nesta parte são apresentados os conceitos e procedimentos do Pastoreio Voisin e do Manejo de Pastagem Ecológica, que são as tecnologias que mais favorecem o Manejo Sustentável das Pastagens;

Porque fazer: São mostrados e discutidos nesta parte as principais vantagens e resultados técnicos, ambientais e econômicos obtidos com a aplicação das tecnologias recomendadas;

Como fazer: Para ser completo, um curso de capacitação tem que também mostrar “como fazer” o que se é ensinado… Nesta parte do curso, iminentemente prática, é mostrado e ensinado como se implanta na pratica um projeto de manejo sustentável de pastagem com o uso da “Cerca Elétrica padrão Fazenda Ecológica”. São utilizadas ferramentas exclusivas e demonstrado na prática a confecção de peças artesanais, que substituem com vantagens funcionais e econômicas algumas onerosas peças fabricadas pela indústria.

O Pastoreio Voisin favorece e estimula a cooperação.

O Pastoreio Voisin estimula a cooperação entre todos os fatores envolvidos. Com o PV se consegue um equilíbrio dinâmico positivo entre o solo, a pastagem e o gado, com cada fator exercendo um efeito positivo sobre os outros dois. Costumo dizer que com o Pastoreio Voisin convertemos o gado de elemento predador a colaborador do meio ambiente… Ou seja: o bandido do filme é convertido em mocinho!

Esta cooperação reflete também entre os estudiosos e simpatizantes do Pastoreio Voisin, entre os quais a disposição para parcerias e a cooperação é a ordem geral.

Aproveitando esta deixa, registro algumas declarações sobre o Pastoreio Voisin, de colegas que contam com minha admiração e respeito:

Em comunicação recente por e-mail, o André Sorio (Eng. agrônomo e consultor voisinista de grande sucesso) se referia assim ao Pastoreio Voisin: ”O consumidor moderno exige, além de um produto com alta qualidade intrínseca, também responsabilidade social e ambiental no processo produtivo. Assim, o Pastoreio Voisin se apresenta como o modo de produção intensiva que é capaz de fornecer a carne que este consumidor almeja – respeito às peculiaridades do ecossistema de pastagens, maior rentabilidade ao pecuarista e menor dependência de insumos externos à propriedade. É o manejo ecológico das pastagens, com alto desempenho produtivo e econômico. Por estes motivos, a adoção do sistema é crescente, tendo se intensificado fortemente em anos recentes.”

Há muitos anos, durante visita à Fazenda Ecológica, Jean Dubois (Eng. Florestal, fundador da REBRAF – Rede Brasileira Agroflorestal e autor do “Manual Agroflorestal para a Amazônica”) usou pela primeira vez a expressão “Sistema Voisin Silvipastoril”para se referir à Pastagem Ecológica, contribuindo assim para a nomenclatura usada a partir daí: Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril.

Nilo Ferreira Romero, Eng. Agrônomo e produtor rural de Bagé RS, pioneiro na implantação do Pastoreio Voisin no Brasil, lúcido com seus 92 anos de idade, em e-mail recente fala sobre o meio século de Pastoreio Voisin na Fazenda Conquista “sempre com muito êxito” de 1963 até os dias de hoje. Menciona também os milhares de visitantes anuais, de diversas partes do mundo, que vieram conhecer o projeto Voisin pioneiro, deixando registradas suas declarações impressionadas nos inúmeros livros de visita. O Projeto Voisin da Fazenda Conquista, registra uma média histórica de 300 kg/ha/ano de ganho de peso vivo dos animais em engorda, quando nos campos no entorno da Fazenda, manejados convencionalmente, se alcança resultados médios de apenas 70 kg/ha/ano.

Humberto Sorio Junior é um colega muito querido o qual considero o principal consultor de Pastoreio Voisin existente. Recentemente o Humberto foi finalista doPrêmio Consultor – Profissional de Campo do Beef Summit Sul 2014 e concedeu uma entrevista ao site BeefPoint com a seguinte conclusão:

“BeefPoint: Qual seu recado para os pecuaristas?

Humberto Sorio: A pecuária é atividade rentável e ecologicamente sustentável em todas as regiões brasileiras. Pois, para dobrar e até triplicar seus rebanhos não há necessidade de desmatamentos e incorporações de novas áreas de pastagens, mas sim em utilizá-las de forma intensiva e racional, como já atestam milhares de projetos de pastoreio Voisin em curso no Brasil, nas mais variadas condições de clima, solo e espécies de pastos.

Recomendações básicas: planejem e administrem melhor suas fazendas, tracem metas viáveis e progressivas, gastem tempo e recursos para treinar sua mão de obra, vinculem-se estreitamente com eficiente assistência e nunca a dispensem, porque é o insumo mais barato e de maior retorno econômico.”

A integra da entrevista poderá ser encontrada na internet no linK:


Manejo de Pastagem Ecológica – Sistema Voisin Silvipastoril: uma evolução do Pastoreio Voisin.

Tenho afirmado que o Pastoreio Racional Voisin é o mais perfeito sistema de manejo de herbívoros a campo. E também que qualquer sistema que apresentasse melhores resultados que o PV, deveria ser fatalmente uma aplicação ou aperfeiçoamento deste. É assim que considero o MPE – Sistema Voisin Silvipastoril.

O Manejo de Pastagem Ecológica pode ser assim formalizado:

Manejo de pastagens em qualquer região onde se verifique:

Diversificação de forrageiras;

Arborização adequada;

Manejo segundo os preceitos do Pastoreio Voisin;

Exclusão de alguns procedimentos considerados prejudiciais, como:

Manejo com fogo,

Adubação com adubos altamente solúveis;

Roçadas sistemáticas.

A experiência tem mostrado que uma pastagem qualquer pode ser convertida em uma Pastagem Ecológica no curso de poucos anos, com aplicação dos conceitos acima.

Links para artigos sobre Pastoreio Voisin na Internet;

Artigo: Pastoreio Voisin e Pastagem Ecológica: bases para uma pecuária sustentável – Jurandir Melado: http://www.fazendaecologica.com.br/www/lt_produto/lt_view.asp?id_lt_produto=27 ;

Pastagem Ecológica e Serviços Ambientais da Pecuária Sustentável – Jurandir Melado (Revista Brasileira de Agroecologia):

Sustentabilidade nos sistemas de produção de bovinos – Visão administrativa sobre o método Voisin – André Sorio:

Pastagens Sustentáveis: um sonho possível – Jurandir Melado:

(*) Jurandir Melado é Eng. Agrônomo, Professor aposentado da UFMT, consultor e autor de livros e artigos sobre Manejo Sustentável de Pastagens.


Fotografias relacionadas:
Área recuperada na Fazenda Ecológica: Antes e depois do Manejo de Pastagem Ecológica
Gado em Pastoreio Voisin na Pastagem Ecológica – Fazenda Ecológica – MT

Publicado no Portal EcoDebate, 04/06/2015
"Pastoreio Voisin – Informações x contrainformações, artigo de Jurandir Melado," in Portal EcoDebate, 4/06/2015, http://www.ecodebate.com.br/2015/06/04/pastoreio-voisin-informacoes-x-contrainformacoes-artigo-de-jurandir-melado/.

El Colegio Oficial de Farmacéuticos de Madrid potencia la utilización de plantas medicinales

jun 2, 2015

El Colegio Oficial de Farmacéuticos de Madrid (COFM) centrará su próximo seminario de formación el 2 de junio en la utilización de las plantas medicinales en el tratamiento de las principales patologías vasculares.

El curso, Patologías vasculares y su tratamiento con plantas medicinales, que se realizará en la sede del Colegio, será de tres horas de duración y está patrocinado por el laboratorio Arkopharma y abordará enfermedades tan comunes como la insuficiencia cerebrovascular, el retorno venoso y el síndrome de piernas cansadas así como el edema asociado, las varices o las hemorroides, entre otras patologías, y su tratamiento con plantas medicinales.

Este seminario responde al objetivo de recuperar y afianzar la figura del farmacéutico como técnico y consejero de los medicamentos a base de plantas medicinales, por lo que el COFM ha organizado durante el primer semestre de este año distintos cursos de formación en Aromaterapia aplicada en pediatría, innovaciones terapéuticas en el control de peso y tratamiento fitoterápico en los problemas de retorno venoso y distintos talleres sobre el uso de plantas medicinales en sobrepeso.

Las plantas medicinales se pueden utilizar en el tratamiento de numerosos dolencias y se pueden convertir en un “excelente aliado de la salud del paciente, siempre y cuando su uso esté controlado por un farmacéutico experto para evitar interacciones indeseadas con otros medicamentos”, explica el vocal representante de Plantas Medicinales del Colegio, César Varela Arnanz.

César Valera considera que los farmacéuticos deben asesorar y concienciar a la población de que las plantas medicinales adquieren la categoría de medicamentos solo si se dispensan en las farmacias, con la seguridad y eficacia que supone el asesoramiento y consejo experto del farmacéutico.

De cara a las personas que se plantean realizar una dieta para perder peso durante estas fechas, el COFM recomienda siempre preguntar al farmacéutico como profesional experto para aconsejar en el uso de plantas medicinales que pueden contribuir en este objetivo, sin olvidar que es fundamental seguir una dieta variada y equilibrada, además de realizar ejercicio físico de forma habitual.

Link:

Revista Radis, ed.153, 2015

A edição n° 153 de junho de 2015 da Revista Radis, que está disponível on-line, traz como matéria principal o projeto bem sucedido proposto pela Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), no Amazonas, apoiado por instituições diversas e coordenado pela Fiocruz, para promover e elevar a escolaridade de agentes comunitários indígenas de saúde. Além disso, qualificar a atenção básica, respeitando as especificidades culturais e territoriais. Segundo a reportagem, “139 agentes concluíram o curso técnico, após longos afastamentos das famílias e deslocamentos até os polos de formação. Em aulas, treinamentos e discussões, estão presentes as políticas e procedimentos do SUS e também a rica tradição de cuidados de cada etnia”

SUS poderá disponibilizar fitoterápico contra rotavírus

São Paulo, 20 de maio de 2015

Um medicamento contra o rotavírus a base de plantas poderá ser utilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e comercializado em breve no Brasil. O fitoterápico feito com extratos da gabiroba e da cagaita está sendo desenvolvido por pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed), com apoio do Programa de Incentivo à Inovação (PII), promovido pelo Sebrae Minas e pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (SECTES).

A equipe de pesquisadores da Funed está há cinco anos pesquisando uma solução para o rotavírus. Ao longo deste período comprovou que a atividade antiviral dos extratos das duas plantas combatem a infecção causada pela doença. “Estamos trabalhando para criar o primeiro medicamento fitoterápico específico para a rotavirose, que possa reduzir a carga viral nos pacientes e, assim, combater mais rapidamente os sintomas da doença. Estamos na fase de formulação para patentear o fitoterápico”, explica a pesquisadora da Funed responsável pela pesquisa, Alzira Batista Cecílio.

As plantas serão cultivadas utilizando a técnica de micropropagação, que permite a rápida reprodução. O processo de produção é baixo, o que implica em um medicamento acessível tanto para o SUS quanto para ser adquirido nas farmácias pela população. “A tecnologia ajudará no combate a um problema de saúde pública do país, beneficiando especialmente a população carente, hoje, a mais afetada pelo rotavírus”, diz a pesquisadora.

O SUS disponibiliza uma vacina para prevenir a rotavirose em crianças de até seis meses de idade. Porém, para a população em geral, não existe vacina para prevenção das diarreias. A infecção pelo vírus pode acontecer em qualquer idade, mas é mais grave nas crianças.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o rotavírus mata cerca de 610 mil crianças por ano em todo o mundo e corresponde a 5% de todas as mortes entre menores de 5 anos.

Link:

Assessoria de Comunicação CRF-SP (com informações de O Tempo)

Nutricionista e a fitoterapia - Resolução CFN Nº 556 DE 11/05/2015

Publicado no DO em 14 mai 2015

Altera as Resoluções nº 416, de 2008, e nº 525, de 2013, e acrescenta disposições à regulamentação da prática da Fitoterapia para o nutricionista como complemento da prescrição dietética.

O Presidente do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), no exercício das competências previstas na Lei nº 6.583, de 20 de outubro de 1978, no Decreto nº 84.444, de 30 de janeiro de 1980, e no Regimento Interno aprovado pela Resolução CFN nº 320, de 2 de dezembro de 2003, e tendo em vista o que foi deliberado na 277ª Reunião Plenária, Ordinária, do CFN, realizada nos dias 9, 11 e 12 de abril de 2015;

Resolve:

Art. 1º A Resolução CFN nº 416, de 23 de janeiro de 2008, publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, Edição de 29 de janeiro de 2008, página 81, passa a vigorar com a seguinte alteração:

"Art. 6º .....

§ 1º .....

.....

V - Fitoterapia.

....."

Art. 2º O art. 3º da Resolução CFN nº 525, de 25 de junho de 2013, publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, Edição de 28 de junho de 2013, página 141, passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art. 3º O exercício das competências do nutricionista para a prática da Fitoterapia como complemento da prescrição dietética deverá observar que:

I - a prescrição de plantas medicinais e chás medicinais é permitida a todos os nutricionistas, ainda que sem título de especialista;

II - a prescrição de medicamentos fitoterápicos, de produtos tradicionais fitoterápicos e de preparações magistrais de fitoterápicos, como complemento de prescrição dietética, é permitida ao nutricionista desde que seja portador do título de especialista em Fitoterapia, observado o disposto no § 4º deste artigo.

.....

§ 4º Para a outorga do título de especialista em Fitoterapia, a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), atendido o disposto no § 1º deste artigo, adotará regulamentação própria, a ser amplamente divulgada aos interessados, prevendo os critérios que serão utilizados para essa titulação.

§ 5º Na regulamentação de que trata o § 1º deste artigo, serão considerados, como parâmetros, os componentes curriculares mínimos da base teórica, da teoria aplicada e da prática, além da experiência profissional na área, que capacitem o nutricionista para o exercício das seguintes competências:

1) identificar indicações terapêuticas da fitoterapia na prevenção de agravos nutricionais e de saúde e na promoção ou recuperação do estado nutricional de indivíduos e coletividades;

2) identificar o processo produtivo das plantas medicinais, chás medicinais, medicamentos fitoterápicos, produtos tradicionais fitoterápicos e preparações magistrais de fitoterápicos;

3) reconhecer e indicar processos extrativos e formas farmacêuticas adequadas à prática da fitoterapia aplicada à nutrição humana;

4) reconhecer e adotar condutas que permitam minimizar os riscos sanitários e a toxicidade potencial da fitoterapia e potencializem os efeitos terapêuticos dessa prática, considerando as interações entre os fitoterápicos e entre estes e os alimentos e os medicamentos;

5) cumprir de maneira plena e ética o que determinam os artigos 5º a 7º da Resolução do CFN nº 525, de 2013;

6) cumprir a legislação e, sempre que houver, os protocolos adotados em serviços de saúde que oferecem a fitoterapia;

7) inserir o componente de sua especialidade na proposta terapêutica individual ou coletiva, adotada por equipes multiprofissionais de atendimento à saúde;

8) valorizar as práticas sustentáveis adotadas nos processos produtivos e nas pesquisas;

9) identificar fontes de informações científicas e tradicionais que permitam atualização contínua e promovam práticas seguras da fitoterapia em nutrição humana; e

10) acompanhar e promover o desenvolvimento de pesquisa na área da fitoterapia, analisando criticamente a produção científica dessa área."

Art. 3º O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) celebrará, com a Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), instrumento jurídico de cooperação destinado a atender o disposto no § 1º do art. 3º da Resolução nº 525, de 2013, e a garantir os recursos institucionais, humanos, inclusive jurídicos, e financeiros necessários ao desempenho, pela ASBRAN, das atividades inerentes ao reconhecimento da especialidade Fitoterapia.

Art. 4º Não se aplicará o disposto no caput, inciso II e § 4º do art. 3º da Resolução nº 525, de 2013, com as alterações dadas por esta Resolução, aos nutricionistas que, até a data de publicação desta Resolução, estejam matriculados ou tenham obtido certificado de conclusão de cursos de pós-graduação Lato Sensu, com ênfase na área de fitoterapia relacionada à nutrição.

§ 1º Ressalvado o disposto no § 3º deste artigo, aos nutricionistas de que trata o caput deste artigo será permitido, depois de registrarem o certificado de conclusão de curso de pós-graduação Lato Sensu, o exercício das competências previstas no § 5º do art. 3º da Resolução nº 525, de 2013, acrescido por esta Resolução.

§ 2º O registro dos certificados de conclusão de curso de pós-graduação Lato Sensu de que trata o § 1º deste artigo será feito pelo Conselho Regional de Nutricionistas em que o profissional tenha o seu registro, atendendo, no que couber, às disposições da Resolução CFN nº 416, de 23 de janeiro de 2008.

§ 3º Nenhum nutricionista de que trata este artigo poderá desempenhar atividades além daquelas que lhe competem pelas características da matriz curricular, consideradas, em cada caso, as disciplinas dos respectivos cursos de pós-graduação.

Art. 5º O prazo a que se refere o § 2º do art. 3º da Resolução 525, de 2013, será contado a partir da data da publicação desta Resolução.

Art. 6º A ementa da Resolução 525, de 2013, passa a vigorar com a seguinte redação:
"Regulamenta a prática da Fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe competência para, nas modalidades que especifica, prescrever plantas medicinais e chás medicinais, medicamentos fitoterápicos, produtos tradicionais fitoterápicos e preparações magistrais de fitoterápicos como complemento da prescrição dietética e dá outras providências."

Art. 7º O CFN providenciará a publicação da Resolução 525, de 2013, consolidada com as alterações de que trata esta Resolução, no sítio eletrônico na Rede Mundial de Computadores (Internet).

Art. 8º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

ÉLIDO BONOMO

Presidente do CFN