sábado, 22 de agosto de 2015

Trigo en el tratamiento de úlceras varicosas

Ester Risco. Hemeroteca de la Revista de Fitoterapia (Internet, ISSN: 1988-5806). 2015

50 pacientes de ambos sexos, con edades comprendidas entre 18 y 85 años, con insuficiencia venosa crónica, fueron incluidos en este estudio piloto observacional, aleatorizado, para evaluar la eficacia y seguridad del tratamiento de las lesiones ulcerosas de las piernas, con un extracto acuoso de trigo Triticum vulgare L. La superficie de las lesiones en todos los pacientes se encontraba dentro de los márgenes de 5 a 100 cm2. Se trata de un estudio que compara la aplicación de este extracto en diferentes formas farmacéuticas (crema, gasas empapadas, espuma, hidrogel o apósitos de gel). Tras un máximo de 29 días de tratamiento, la reducción de la lesión fue del 40-50%, excepto en el grupo tratado con la espuma, que obtuvo una eficacia menor. La mayor disminución de los síntomas se obtuvo con la aplicación de las gasas. Los resultados obtenidos no parecen estar relacionados con la edad del paciente. Además, ninguno de los pacientes incluidos tuvo que recurrir al tratamiento del dolor con paracetamol. No se registraron efectos adversos asociados al tratamiento. Referencias bibliográficas: Romanelli M, Macchia M, Panduri S, Paggi B, Saponati G, Dini V. Clinical evaluation of the efficacy and safety of a medical device in various forms containing Triticum vulgare for the treatment of venous leg ulcers, a randomized pilot study. Drug Des Devel Ther 2015; 9: 2787-2792. Consultar el artículo completo

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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Agricultores familiares vão fornecer alimentos para rede de ensino e entidades socioassistenciais

Fonte: Ascom/MDS - Quinta-feira, 20 de Agosto de 2015 


Cooperativa vai atender instituições de ensino, creches e entidades socioassistenciais da região de Maranguape e da capital cearense por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)

A rede pública de ensino e as entidades socioassistenciais dos municípios cearenses de Maranguape e Fortaleza vão receber, a partir deste mês, alimentos da agricultura familiar por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) destinou cerca de R$ 1,2 milhão para a compra de produtos in natura e processados da Cooperativa Agroecológica da Agricultura Familiar do Caminho de Assis (Cooperfam).

A cooperativa vai atender instituições de ensino, creches e entidades socioassistenciais da região de Maranguape e da capital cearense por meio da modalidade Compra com Doação Simultânea. Serão fornecidos produtos como polpa de frutas, bolo, biscoitos, doces, tapioca, rapadura, feijão, abóbora e batata. A cooperativa também vai vender carne bovina, graças a uma parceria com um frigorífico da região. O contrato do PAA, assinado com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na quinta-feira passada (13), tem validade de um ano. 

A Cooperfam reúne 272 agricultores familiares dos municípios de Maracanaú, Maranguape, Palmácia, Paramoti, Caridade e Canindé. Juntos, eles produzem cerca de 40 toneladas de alimentos por mês. Grande parte da produção é comercializada para os programas de compras públicas, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Além disso, os agricultores vendem seus produtos para outras 35 escolas da rede estadual cearense. 

"Cerca de 80% do nosso faturamento são de compras públicas. O preço varia muito, mas, em geral, é próximo do mercado. Vale a pena vender para o PAA porque é mais prático, não precisa de chamada pública e não demora muito para pagar", afirma Airton Kern, presidente da cooperativa.

O PAA apoia os agricultores familiares por meio da aquisição da sua produção agropecuária. Os alimentos, adquiridos individualmente ou por meio de associações ou cooperativas, são destinados às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional atendidas pelas redes públicas de ensino, saúde e assistência social. 

De acordo com o diretor de Apoio à Aquisição e Comercialização da Produção Familiar do MDS, André Machado, as redes públicas de ensino podem receber doações do PAA em caráter suplementar à merenda escolar. Para isso, é necessária a autorização do gestor do Pnae no município ou no estado. “A escola tem um cardápio elaborado por nutricionistas. Por isso, tem que respeitar os regulamentos e ter a aprovação do técnico responsável pelo Pnae para, por exemplo, não haver excesso de um único alimento”, explica.

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Fontes alternativas de água para uso residencial: possibilidades e riscos, artigo de Dirceu D´Alkmin Telles

[EcoDebate] A escassez de chuvas que ocorre em boa parte do país afetou milhões de pessoas de diversas formas. Grandes cidades, como São Paulo, adotaram alterações no fornecimento, a fim de manter os reservatórios em níveis capazes de atender, ainda que com limitações, suas populações no longo prazo. Embora bastante negativo, esse quadro acabou por gerar uma conscientização de que o uso da água precisa ser revisto. Cresceu significativamente a busca por fontes alternativas, como sistemas de captação de água das chuvas e a utilização de um tratamento suplementar aos efluentes de Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) capazes de melhorar a qualidade da água a ponto torná-la adequada para alguns tipos de reúso. São iniciativas que, se por um lado reduzem o desperdício e acabam por promover um uso mais racional desse recurso, se não forem planejadas por especialistas e habilitadas pelos órgãos competentes, podem resultar em graves consequências. É o caso da grande maioria dos poços artesianos que são perfurados atualmente.

O DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) é o órgão que controla a perfuração de poços no Estado de São Paulo. Além de expedir as outorgas, realiza estudos que revelam a presença de água subterrânea, a viabilidade de seu uso e para quais fins são indicados. Apesar de sua fiscalização, a maioria absoluta desses poços é clandestina e opera de forma inadequada. Entre outros problemas, pode contaminar aquíferos, particularmente quando são desativados. É o que ocorre atualmente em Ribeirão Preto. Conforme o Plano de Saneamento Básico do município, há 82 poços nessas condições que afetam o Aquífero Guarani, reservatório subterrâneo com capacidade de 37 milhões de quilômetros cúbicos de água que ocupa 1,2 milhão de km², abrangendo áreas de Uruguai, Argentina Paraguai e, principalmente, Brasil.

Outro fator é a exploração excessiva, que compromete os níveis dos aquíferos. Ainda no caso Aquífero Guarani, o Programa Estratégico elaborado por pesquisadores dos quatro países em 2009, elencou a perda de capacidade do reservatório como consequência da extração em níveis superiores à recarga. Como uma das soluções, propõe a restrição da perfuração de poços.

O nível dos impactos depende da capacidade do aquífero e do quanto dele é retirado. A popularização dessa alternativa entre condomínios em grandes cidades resulta em grandes perdas. Boa parte da capital paulista situa-se sobre o Aquífero São Paulo, que ocupa cerca de 1.000 km² que abrangem ainda Guarulhos, São Bernardo do Campo, Mogi das Cruzes e outras cidades. A vazão recomendada para o reservatório é de 2,8 litros por segundo, podendo chegar a 11 litros por segundo. É difícil dimensionar, por exemplo, o impacto de condomínios que optaram por essa solução na cidade. No caso de um que possua 100 apartamentos, cada um habitado por cinco pessoas, o consumo giraria por volta de 100 mil litros diários (200 litros por morador).

Além dos danos ambientais, a abertura de poços sem a autorização dos órgãos responsáveis expõe a população a graves problemas de saúde. Sem uma prévia análise técnica, corre-se o risco do uso de água proveniente de aquíferos situados em solos contaminados. Esse tipo de comprometimento, muito comum em grandes cidades, inviabiliza o uso da água de poços tanto para fins comerciais quanto residenciais. Resulta da atividade de postos de combustíveis, empresas ligadas à estocagem e comércio de materiais químicos, indústrias petrolíferas, de agrotóxicos e metalúrgicas. Hoje, no Estado de São Paulo, esses passivos ambientais são os principais limitadores de empreendimento imobiliários. A descontaminação é trabalhosa, demorada e inviável economicamente.

A água de reúso pode atender a fins menos exigentes quanto à qualidade e, dessa forma, reduzir o consumo da água tratada, que deve ter como destino usos mais nobres. Entende-se por reuso o reaproveitamento de águas utilizadas após tratamento adequado à atividade a que se destina. Um projeto nesse sentido deve priorizar o tratamento de água que já foi utilizada. Esse processo exigirá investimentos cuja compensação dependerá principalmente da qualidade exigida para o fim desejado. Equipamentos disponíveis no mercado brasileiro afirmam apresentar um payback (tempo de retorno do investimento) num período de três a seis anos. No caso de águas cinzas (sem esgoto urbano ou industrial), o payback pode chegar a um ano e meio. É comum também comum se considerar como reuso o aproveitamento de águas de chuva que são captadas em telhados, coberturas e pisos e acumuladas nas chamadas cisternas.

Já o reuso de água proveniente de chuveiros e lavagem de roupa é bastante viável economicamente, principalmente para se regar plantas, lavar o chão ou mesmo em descargas, atividades em que o uso de água tratada configura desperdício que não exigem que a água seja tratada. Na maioria das residências, exigirá adaptações no encanamento. O retorno do investimento dependerá tanto do projeto quanto do consumo. Um projeto de reúso de água deve considerar, primeiramente, a qualidade da água a ser reusada e a qualidade exigida pelo futuro aproveitamento. Esta questão deverá definir a metodologia (processos de tratamento) a ser aplicada no tratamento e o seu custo.

Dirceu D’Alkmin Telles é consultor da Fundação de Apoio à Tecnologia (Fundação FAT), onde atua em cursos sobre projetos hídricos. É doutor em Engenharia Hidráulica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

in EcoDebate, 20/08/2015
"Fontes alternativas de água para uso residencial: possibilidades e riscos, artigo de Dirceu D´Alkmin Telles," in Portal EcoDebate, 20/08/2015,http://www.ecodebate.com.br/2015/08/20/fontes-alternativas-de-agua-para-uso-residencial-possibilidades-e-riscos-artigo-de-dirceu-dalkmin-telles/.

Os 25 Anos do Projeto Golfinho Rotador

Em 23 de agosto de 2015, o Projeto Golfinho Rotador completa 25 anos de existência, um marco na conservação marinha brasileira pela tenacidade e dedicação no uso da estratégia do desenvolvimento sustentável de Fernando de Noronha para conservar o comportamento natural dos golfinhos-rotadores no mais cobiçado destino turístico marinho do Brasil.

O sucesso do Projeto Golfinho Rotador só foi possível por ser resultado da parceria do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/Ministério do Meio Ambiente, com o Centro Golfinho Rotador e com a Petrobras, que por meio do Programa Petrobras Socioambiental é o patrocinador oficial.

RESULTADOS SIGNIFICATIVOS DO PROJETO GOLFINHO ROTADOR

Os principais resultados significativos das ações do Projeto Golfinho Rotador foram:

Manter constante o grau de conservação de Fernando de Noronha de modo que a visita dos golfinhos-rotadores no Arquipélago permanecesse praticamente a mesma desde 1990 (média de 310 golfinhos em 95% dos dias do ano), quando foi iniciado o projeto, apesar da atividade turística sobre os golfinhos ter crescido 10 vezes, mantendo Fernando de Noronha como o local no mundo com maior concentração regular de golfinhos.

Descobrir a existência de uma população de rotadores com padrões genéticos exclusivos no mundo.

Envolver todos os 500 estudantes da Escola Arquipélago de Fernando de Noronha nas nossas ações de Educação Ambiental.

Contribuir para a diminuição da Pegada Ecológica de Fernando de Noronha e com a Gestão Sustentável do Sistema de Hospedarias Domiciliares de Fernando de Noronha.

Formar condutores de visitantes do Parque Nacional Marinho de FN, por meio do Programa de Capacitação Profissional.

Envolver 100% dos atletas do esporte mais praticado em Fernando de Noronha por meio do Circuito de Surf Local Projeto Golfinho Rotador/ Petrobras.

Divulgação na mídia local, nacional e científica o fenômeno golfinhos de Noronha e a necessidade da conservação marinha.

A MISSÃO DO PROJETO GOLFINHO ROTADOR

A missão do Projeto Golfinho Rotador é desenvolver ações de pesquisa, educação ambiental, envolvimento comunitário e sustentabilidade em prol da conservação dos golfinhos-rotadores, da biodiversidade marinha e de Fernando de Noronha. Estas ações são executadas por meio de quatro programas: pesquisa, educação ambiental, envolvimento comunitário e sustentabilidade.

O Programa Pesquisa

O Programa de Pesquisa consiste no estudo da história natural dos golfinhos-rotadores por meio de sete subprogramas: ocupação e distribuição de cetáceos, ecologia comportamental, catalogação dos golfinhos, caracterização genética, interação do turismo com os golfinhos, comportamento trófico e Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos. Os pesquisadores somam mais de 6 mil dias e 50.000 horas de observação e 1.500 mergulhos com golfinhos em Fernando de Noronha. Os resultados das pesquisas foram publicados em 3 livros, 4 capítulos de livros, 4 teses de doutorado, 7 dissertações de mestrado, 32 trabalhos de conclusão de curso, 25 trabalhos científicos publicados e 150 trabalhos apresentados em eventos científicos.

O Programa Educação Ambiental

O Programa de Educação Ambiental, realizado em parceria com Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha e Escola Arquipélago de Fernando de Noronha, tem com foco a temática marinha e as inter-relações ecológicas deste ecossistema com o cotidiano da população local e dos visitantes, atuando por meio de oficinas ambientais temáticas e orientação à visitação turística. Foram realizados atendimentos a mais de 350 mil turistas por meio de orientação em campo e palestra. Para os estudantes noronhenses, foram realizadas mais 650 oficinas teóricas e práticas de educação ambiental, atendendo a mais de 8,5 mil alunos.

O Programa Envolvimento Comunitário

O Programa de Envolvimento Comunitário objetiva estimular o desenvolvimento sustentável de Fernando de Noronha, promovendo capacitação profissional, apoiando iniciativas culturais e esportivas e estimulando a representatividade política dos ilhéus.

A capacitação ocorre por meio da realização de cursos profissionalizantes em ecoturismo visando inserir os ilhéus no mercado de ecoturismo. Os cursos de formação em profissões relacionadas ao turismo local, como condutor de visitantes no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, instrutor de mergulho autônomo e conversação em inglês, são ministrados gratuitamente. Entre 2005 e 2013, o Projeto Golfinho Rotador realizou 63 cursos profissionalizantes em ecoturismo, totalizando 3.983 inscritos.

O Projeto Golfinho Rotador patrocina continuamente algumas das principais manifestações culturais e esportivas de Fernando de Noronha, como o Grupo Cultural Dona Nanete, o Grupo Maracatu Nação Noronha e a Associação de Surf de Fernando de Noronha.

Outra ação de destaque do Projeto Golfinho Rotador é o incentivo ao protagonismo juvenil e à formação de lideranças locais, por meio do apoio ao Grupo ComVida da Escola Arquipélago de Fernando de Noronha e da realização de oficinas de capacitação para lideranças locais.

O Programa Sustentabilidade

O Programa de Sustentabilidade do Projeto Golfinho Rotador, além de estar no dia a dia da equipe, também atua junto aos prestadores de serviços turísticos em Fernando de Noronha, especialmente aos meios de hospedagem, para implantação de um Sistema de Gestão Sustentável.

A sustentabilidade institucional do Projeto Golfinho Rotador é guiada por nossa Política de Sustentabilidade, que atua em duas frentes: instalações e gestão. Priorizamos processos construtivos e materiais sustentáveis em nossas instalações, como: otimização da luz natural, da ventilação natural e da captação de água de chuva; uso de madeira certificada e de reflorestamento; projeto arquitetônico minimizando a impermeabilização do solo; uso de telhado branco com telhas de embalagem tetrapak reciclado. Implementamos um Sistema de Gestão Sustentável com: separação dos resíduos sólidos e produção de compostagem; uso de produtos de limpeza biodegradáveis e elaborados pela própria equipe a partir de componentes naturais; monitoramento e registro do consumo de energia elétrica, água e da produção de resíduos; consumo racional de energia elétrica, com aquecimento solar para a água dos chuveiros, utilização de equipamentos, acessórios e lâmpadas de baixo consumo energético; projeto paisagístico e de recomposição ambiental com plantas endêmicas e frutíferas; emprego das podas e varrição do jardim na compostagem; política de compra de produtos e serviços ecologicamente corretos e que ajudem a promover uma sociedade mais justa e saudável.

Para minimizar a pegada ecológica da ocupação humana em Fernando de Noronha, o Projeto Golfinho Rotador oferece consultoria gratuita em gestão sustentável aos meios de hospedagem do Sistema de Hospedarias Domiciliares de Fernando de Noronha, buscando a melhoria dos indicadores relacionados à gestão do uso da água, eficiência energética, resíduos sólidos, efluentes líquidos, insumos, trabalho e renda, qualidade e legislação.

OS GOLFINHOS-ROTADORES DE NORONHA

Os golfinhos-rotadores de Noronha, que têm o nome científico de Stenella longirostris, vivem na Cadeia de Montanhas Submarina de Fernando de Noronha, uma área de forma retangular com tamanho aproximado de 500 km por 200 km.

Nas duas áreas de maior concentração e frequência de golfinhos-rotadores no Arquipélago de Fernando de Noronha, que são a Baía dos Golfinhos e Entre Ilhas, nota-se que os rotadores desenvolvem comportamentos vitais para seu ciclo biológico, com exceção de alimentação. Eles são vistos descansando, em atividades sexuais, cuidando dos filhotes e de guarda à tubarões. O comportamento de alimentação dos rotadores, que nunca foi observado na Baía dos Golfinhos ou na Entre Ilhas, normalmente ocorre no Mar de Fora.

O principal uso dos golfinhos-rotadores de Fernando de Noronha é como área de descanso, que consiste em um lento movimento ascendente-descendente entre a superfície e o fundo da enseada, com os golfinhos movimentando-se lentamente. Os golfinhos se dividem em subgrupos de 3 a 25 indivíduos e realizam um zig-zag vertical, com um lento deslocamento horizontal.

No comportamento de cópula, cada fêmea é cortejada por um a dez machos simultaneamente, que nadam em formação triangular atrás dela. O macho mais próximo da fêmea posiciona-se por debaixo da fêmea, que está de ventre para cima, e copula, procedimento repetido sucessivamente pelos machos do subgrupo.

A amamentação é observada diariamente, quando os filhotes se posicionam ao lado de sua mãe e esfregam ou dão pequenas batidas com a ponta do rostro na fenda mamária da fêmea, de onde o leite é expelido.

A estratégia sexual dos rotadores de Noronha resulta em uma estrutura social muito fluída, na qual inexiste a figura paterna, os laços familiares são derivações da relação mãe-filha(o) e irmã(o)-irmã(o). Segundo esses laços, os golfinhos agrupam-se em unidades familiares, sobre as quais se associam os machos adultos, que flutuam entre as diferentes células familiares.

Observamos em Fernando de Noronha que alguns comportamentos específicos são executados preferencialmente por machos adultos, o que, para animais que tem estrutura social complexa como os rotadores, são definidos como atividades de proteção realizadas pelos indivíduos que estão “de guarda” protegendo o grupo de ameaças, enquanto que os demais indivíduos podem se dedicar a outras atividades, como descanso, reprodução e cuidado parental. Estes comportamentos por nós classificados “de guarda” são: enfrentar tubarões, acompanhar embarcações, cercar mergulhadores e executar atividades aéreas. Os rotadores que estão “de guarda” são os líderes do momento, que, quando deixam de estar “de guarda” executam outro comportamento, como descanso, deixando a liderança para outro rotador, que assumirá a guarda. Sendo por isto, a liderança é temporária e compartilhada.

O sistema de comunicação aéreo é composto por diversos padrões de saltos e batidas com partes do corpo na superfície do mar, que produzem turbulências características quando o golfinho reentra na água. As atividades aéreas estão relacionadas com o comportamento dos golfinhos. As atividades aéreas verticais apresentam associação com o agrupamento e coesão dos subgrupos comportamentais, enquanto que as horizontais, com os deslocamentos.

Ao longo dos anos de estudo, tem-se observado a diminuição do tempo de permanência dos rotadores na Baía dos Golfinhos e o aumento da presença deles na Baía de Santo Antonio e Ilhas Secundárias.

José Martins da Silva Júnior

Coordenador do Projeto Golfinho Rotador

www.golfinhorotador.org.br

in EcoDebate, 20/08/2015

CE: relatório propõe criação do Parque Ecológico do Cocó, de 1,4 mil hectares

Parque Ecológico do Cocó. Imagem: Natureza Bela

Documento apresentado no MPF reuniu elementos que apontam as diretrizes para implantação e regulamentação do Cocó

A criação de uma unidade de conservação denominada “parque”, com aproximadamente 1.435 hectares, regulamentada por meio de decreto pelo Governo do Estado, é a proposta final do relatório conclusivo elaborado pelo Fórum Permanente Pela Implantação do Parque Ecológico do Cocó (Fórum Cocó) do Ministério Público Federal no Ceará (MPF/CE).

Após sucessivas reuniões com cerca de 20 entidades, o procurador da República Alessander Sales apresentou, nesta quinta-feira, 20 de agosto, as 18 páginas do documento que resume as deliberações do fórum. O relatório será entregue ao governador do Ceará, Camilo Santana, durante reunião a ser agendada na próxima semana.

Além das disposições sobre que tipo de unidade de conservação deverá ser o Cocó, o documento apresenta elementos que apontam as diretrizes para implantação, com consistência técnica e jurídica, do modelo de gestão ambiental capaz de conferir proteção eficaz e definitiva aos ecossistemas que integram a região.

O Fórum também definiu, como parte do texto do relatório, que a regularização deverá ser feita nos moldes estabelecidos pela Cartilha de Regularização Fundiária de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) após a criação do parque.

O procurador da República Alessander Sales, presidente do Fórum, ainda deverá enviar recomendação aos órgãos ambientais do Estado e do Município para que sejam suspensas todas as licenças e obras em andamento na área delimitada pela poligonal sugerida pelo Fórum.

De acordo com o secretário do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado Artur Bruno, grande parte das decisões do governador Camilo Santana a respeito da regulamentação do Cocó seguirão as diretrizes apresentadas pelo fórum. “Considero o relatório muito consistente. As discussões do fórum deram grande contribuição ao governo, e muitas digitais dos integrantes do fórum serão vistas nas decisões do governador”, adiantou o secretário.

Entenda – Com o objetivo de somar esforços pela implantação e, sobretudo, preservação do Parque Ecológico do Cocó, o Fórum Cocó foi proposto em manifesto público divulgado no dia 20 de janeiro deste ano pelo procurador-chefe do MPF, Alessander Sales.

Por meio de reuniões sistemáticas, o fórum reuniu periodicamente mais de 20 entidades com o objetivo de subsidiar o Governo do Estado do Ceará no processo de tomada de decisão para implantar, com consistência técnica e jurídica, o modelo de gestão ambiental capaz de conferir proteção eficaz e definitiva aos ecossistemas que integram a região do Cocó, integrando a área ao patrimônio ambiental, cultural, social e econômico da cidade de Fortaleza e do estado do Ceará.

Informações do Ministério Público Federal no Ceará, in EcoDebate, 21/08/2015

Castanhas-do-brasil ligam Norte ao Sudeste

Foto: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM

Por Alessandra Morgado

O que uma jornalista de Piracicaba (SP) e um quilombola (PA) têm em comum? Resposta: castanhas-do-brasil. Nada menos que 2.494,96 quilômetros separam a jornalista Alessandra Santos, 30, moradora de Piracicaba, das castanhas-do-brasil, que ela consome diariamente como lanche entre as refeições. É aí que entra Daniel de Souza, 57, Quilombola da região de Oriximiná (PA), na bacia do Rio Trombetas.

Mais conhecidas como castanhas-do-pará, as castanhas vêm da Floresta Amazônica, mas até chegar às mãos da jornalista, essas sementes ricas em nutrientes benéficos à saúde humana, fazem um longo e tradicional trajeto, que faz parte da história de mais de 200 anos de comunidades de quilombolas que foram formadas por escravos que fugiram de fazendas da região, além de outras comunidades tradicionais e populações indígenas que também coletam castanha em Unidades de Conservação da natureza – espaços protegidos para conservação e uso dos recursos somente de forma sustentável – e em terras indígenas.

As castanheiras ou Bertholletia excelsa nascem no meio da mata, por isso os quilombolas precisam ‘morar’ na floresta de janeiro a abril para fazer a colheita dos ouriços, frutos da castanheira que contém as castanhas, que caem das árvores de 30 a 50 metros de altura. Durante esse tempo se alimentam do que a mata oferece, como a própria castanha, além de peixes, que os rios da região têm em abundância.

O Quilombola Daniel nasceu na comunidade de Jauari, uma das várias da região que descendem de quilombos. Foi lá que aprendeu a história de seus antepassados escravos fugidos, além do extrativismo da castanha, que é fonte de renda para as famílias.

Apaixonado pela floresta, Daniel diz que a rotina dos castanheiros é puxada, com direito a pegar malária mais de uma vez no período de imersão na floresta, carregar peso nas costas e abrir trilha no mato. Subir e descer morros a pé, já que nem veículos ou barcos chegam muito próximos ao local.

Enquanto a jornalista Alessandra paga, aproximadamente, R$ 64 o quilo de castanhas beneficiadas e prontas para o consumo, o castanheiro recebe R$ 1 pelo quilo do produto bruto.
“Acho absurdo (o preço pago em Piracicaba), principalmente quando vou para outros Estados do país e vejo que lá dá para comprar quilos e mais quilos com o valor que pagamos aqui. É um trabalho muito sofrido que eles têm, para não conseguir sobreviver com dignidade. Infelizmente é a realidade brasileira, principalmente, nestas regiões mais pobres”, diz Alessandra.

A discrepância de preços é fruto de um desequilíbrio comercial, com o qual a comunidade de Daniel vem trabalhando, com apoio do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) que desenvolve o projeto Florestas de Valor.

A iniciativa – que conta com o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, do Fundo Vale, do BNDES, da Fundação Moore e do PNUD – é realizada em três territórios de comunidades tradicionais e agricultores familiares no interior do Pará: Calha Norte do Rio Amazonas, São Félix do Xingu e Terra do Meio. Em cada uma das regiões, o projeto ajuda a estabelecer caminhos para uma nova economia que tem na floresta e nos modos de vida locais o seu principal valor.

Juntas essas regiões produziram em 2013, segundo o IBGE, 21% das 38 mil toneladas/ano de castanha-do-brasil produzida no país, o que significa algo em torno de 7.902 t/ano.

A lógica de demanda operando sobre o preço – destacada pela jornalista- é uma das ações do Florestas de Valor para valorizar a castanha-do-brasil e, assim, melhorar o retorno financeiro para os castanheiros, segundo Roberto Palmieri, gerente de projetos no Imaflora.

“Só de o consumidor aqui do Sudeste optar pela castanha-do-brasil já é um grande incentivo para a atividade, valorizando um produto nacional e contribuindo para proteção das nossas florestas e das comunidades que vivem nelas. As castanhas-do-brasil somente são colhidas em florestas e por populações locais ou indígenas”, diz Palmieri.

O consumo da castanha ajuda a proteger as florestas, além de permitir que comunidades tradicionais continuem em suas regiões de origem de forma digna. É importante salientar que o consumidor deve estar atento a origem da castanha, assim como de qualquer produto, para saber que vem de boas práticas para conservação da floresta e com condições de trabalho dignas. Para isso, a certificações e demais sistemas de garantia de origem são fundamentais, como o que o Imaflora vem desenvolvendo para auxiliar os compradores e consumidores a identificar produtos que seguem critérios sociais e ambientais. “Além disso, é um produto excelente para a saúde do consumidor por seu valor nutricional, sem conservantes e sem o uso de agroquímicos, além de ser um produto nativo”, afirma o gerente.

Benefícios da castanha à saúde

Alessandra tem uma rotina puxada de seis dias de exercícios físicos por semana, sendo as manhãs de sábado dedicadas à corrida ao ar livre com um grupo que mantém percursos de até 15 quilômetros. Ela consome até três unidades das castanhas-do-brasil pela manhã na hora do lanche. “Acredito que para mim auxilia no bom funcionamento do intestino”, diz.

A nutricionista Camila Benittes Fantazia, 32, responsável pelo restaurante do Instituto Formar de Piracicaba, afirma que a castanha é fonte de lipídeos do tipo poli e monoinsaturado, ou seja, gordura de boa qualidade.

“Ela ajuda a reduzir os níveis de colesterol ruim (LDL) e aumentar os níveis de colesterol bom (HDL) no nosso organismo. Ela também é rica em ômega 3, que consumida diariamente nas porções recomendadas podem prevenir doenças do coração”.

Do grupo das oleaginosas, como as nozes, amêndoas, avelãs, macadâmias, semente de linhaça e gergelim, as castanhas são ricas em vitaminas, minerais e fibras que auxiliam no bom funcionamento do intestino.

“Outro fator nutricional que vale ressaltar na castanha-do-pará é a presença do mineral selênio e a vitamina E, dois importantes antioxidantes que combatem os radicais livres, retardando o envelhecimento, além de prevenir algumas doenças”, afirma Camila.

A nutricionista afirma que a castanha pode ser consumida na forma de lanches entre as refeições ou se pode adicionar a semente picada a saladas de frutas, iogurtes e outras preparações, como moqueca de peixe, bolos, preparação de arroz. “Lembrando sempre que o consumo exagerado pode levar ao ganho de peso, já que esta semente é rica em gordura”, afirma Camila.

Duas unidades da oleaginosa respondem por 64 calorias, 9,6 gramas de gorduras, sendo 68% de gorduras boas para a saúde, além de 1,55 gramas de carboidrato e 1,4 gramas de proteínas. O ideal é consumir de duas a três unidades por dia.

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A cultura castanheira: passado e presente

A castanha-da-amazônia, a castanha-do-brasil ou castanha-do-pará são sementes da castanheira, árvore nativa da região Norte. Ela foi identificada como produto extrativo na época da colonização, contudo, mesmo antes desse período os indígenas manejavam as castanheiras, sendo que mais tarde os negros que formaram os quilombos na região da Floresta Amazônica apreenderam e desenvolveram técnicas, que viraram tradição nas comunidades Quilombolas.

Várias aldeias indígenas mais antigas na região da Calha Norte (PA) têm grande concentração de castanheiras nas proximidades, por isso alguns pesquisadores afirmam que boa parte das castanheiras que existem atualmente foi plantada por indígenas que tinham na semente uma fonte importante de proteína.

Os nortistas consomem in natura e também tiram o leite, como o leite de coco, que pode ser utilizado na cozinha em diversas preparações de doces e salgados. O processo é simples: quebra-se a semente, moem e prensam para a saída do ‘leite’. O leite da castanha é utilizado inclusive para acompanhar carnes.

Gerente de projetos no Imaflora, Roberto Palmieri explica que a castanha é fonte de proteína para a população da floresta, além disso, é um produto extrativo da sociobiodiversidade brasileira, e pode ser coletado sem causar impacto negativo à biodiversidade da região. A castanha-do-brasil vem na sua totalidade da floresta, que precisa estar protegida, sendo que há poucas inciativas de plantio. “A castanheira isolada no meio do pasto não produz como podemos observar em toda a Amazônia, ela não consegue gerar frutos e nem se reproduz. A produção vem das que estão na floresta e precisam ser manejadas por populações locais que sabem onde, quando e como colher”, diz Palmieri.

Grande parte dos povos tradicionais ainda trabalha a castanha em grande quantidade, vendendo-a para os regatões (barcos de atravessadores) que passam pela região comprando produtos extrativos a baixo preço, como borracha, óleo de copaíba e castanhas.

“Uma das frentes do nosso trabalho no projeto Floresta de Valor é buscar uma comercialização diferenciada, que seja mais justa para a comunidade, e contribua para proteção da Floresta Amazônica e do patrimônio cultural que ela guarda”, diz ele. (AM)

Sobre o IMAFLORA
O IMAFLORA (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) é uma organização Não Governamental brasileira, sem fins lucrativos, que trabalha desde 1995 para promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais, gerar benefícios sociais nos setores florestal e agropecuário e reduzir os efeitos das mudanças climáticas. Saiba mais em www.imaflora.org

in EcoDebate, 20/08/2015

Publicidade de cerveja viola normas de proteção a crianças e adolescentes, diz estudo

De acordo com a interpretação dos adolescentes e dos profissionais que participaram do estudo, a violação das normas do Conar expõe o público ao risco de iniciar o consumo precoce de álcool (foto: Wikimedia Commons)

Por Diego Freire, Agência FAPESP

Um estudo realizado no Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e na University of Connecticut (UConn), nos Estados Unidos, apontou para uma série de violações ao Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária cometidas pela publicidade de cerveja no Brasil, em especial ao princípio da proteção a crianças e adolescentes.

A pesquisa Propaganda de bebidas alcoólicas e relação com o público adolescente, conduzida por Alan Vendrame com o apoio da FAPESP, concluiu que as regras estabelecidas pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) não foram cumpridas pelas propagandas avaliadas.

Foram analisados cinco anúncios de grandes marcas de cerveja, selecionados entre os 30 veiculados na mídia brasileira de novembro de 2010 a março de 2011.

A metodologia utilizada para investigar o cumprimento das regras envolveu a aplicação de questionários a um grupo de 150 alunos da rede pública de ensino do estado de São Paulo e a 35 profissionais de diferentes áreas que atendem crianças e adolescentes, entre médicos, promotores de justiça, educadores e outros. Cada uma das diretrizes do Conar foram traduzidas em perguntas e as respostas dos grupos permitiram aos pesquisadores cotejar as peças de publicidade com as normas do Código.

Os adolescentes e profissionais participantes da pesquisa foram questionados, por exemplo, se a mensagem veiculada pelos anúncios aparentava ser dirigida a menores de idade, o que contraria as normas do Conar. No entendimento de 79% dos integrantes do grupo de profissionais, uma das campanhas viola essa regra, e o mesmo julgamento foi feito por 81% dos adolescentes consultados.

Também foi perguntado aos participantes se as propagandas avaliadas associam o consumo de álcool à direção de carros e motocicletas, avaliando se as peças violam o princípio do consumo com responsabilidade social. Uma das campanhas publicitárias fez tal associação no entendimento de 61% dos profissionais e 57% dos adolescentes.

“As normas foram estabelecidas para que a publicidade de bebidas alcoólicas promova seu produto de forma socialmente responsável. Mas, de acordo com as respostas dos adolescentes e dos profissionais que participaram do estudo, a conclusão é que ocorre uma violação sistemática delas, expondo o público ao risco de iniciar o consumo precoce de álcool e a todos os prejuízos decorrentes disso”, disse Vendrame.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de álcool está relacionado a 3,3 milhões de mortes por ano. Dessa forma, afirmou Vendrame, o controle eficiente da propaganda de cerveja entre crianças e adolescentes é uma questão de saúde pública.

“A proteção de populações vulneráveis, como crianças e adolescentes, é uma das estratégias globais para reduzir o consumo nocivo de álcool. Adequar a publicidade das bebidas alcoólicas de modo a não incentivar seu consumo entre menores de idade terá impacto também nas gerações futuras.”

Revisão da legislação

O Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária obedece a dois princípios ao tratar da publicidade de bebidas alcoólicas: o do consumo com responsabilidade social, que determina que a publicidade não deverá induzir ao consumo exagerado ou irresponsável, e o da proteção a crianças e adolescentes, que define que a publicidade não terá esse público como alvo.

Entre as normas, está, por exemplo, a de não empregar “linguagem, expressões, recursos gráficos e audiovisuais reconhecidamente pertencentes ao universo infanto-juvenil, tais como animais ‘humanizados’, bonecos ou animações que possam despertar a curiosidade ou a atenção de menores nem contribuir para que eles adotem valores morais ou hábitos incompatíveis com a menoridade”. Outra norma determina que as propagandas de cerveja não exibam pessoas que tenham ou pareçam ter idade inferior a 25 anos.

No entanto, de acordo com as respostas dos participantes do estudo, todos os anúncios avaliados violaram pelo menos uma das 17 diretrizes do Código, sendo que um chegou a violar 11 delas.

Para Vendrame, os resultados evidenciam a necessidade de uma revisão da legislação que regula a publicidade de bebidas alcoólicas. O parágrafo 4 do artigo 220 da Constituição Federal determina que esse tipo de publicidade seja sujeita a regulamentação legal, mas, para o pesquisador, a lei 9.294, instituída em 1996 com esse fim, é falha.

“Essa lei inclui no ordenamento jurídico brasileiro um erro de natureza grave do ponto de vista científico, definindo como bebida alcoólica, para fins de publicidade, somente aquelas cujo teor alcoólico é superior a 13 graus Gay Lussac. Dessa forma, apenas algumas poucas bebidas, como as destiladas, ficam sujeitas ao dispositivo legal.”

A publicidade de cerveja, cujo teor alcoólico é consideravelmente inferior, não é contemplada pela legislação, e a indústria e as agências de publicidade são orientadas a seguir as diretrizes do código do Conar nas campanhas de promoção do produto. Em caso de descumprimento, a penalidade máxima aplicável é a retirada da propaganda.

Desde 1996, uma série de projetos de lei tem tramitado no Congresso Nacional a fim de corrigir o erro conceitual do ordenamento jurídico, adequando a definição de bebida alcoólica à literatura científica, que determina ser acima de 0,5 grau.

“É necessária uma legislação que trate a questão como um problema de saúde pública e, baseada em evidências científicas, imponha restrições legais rígidas às práticas de comercialização de bebidas alcoólicas e à promoção do consumo por crianças e adolescentes”, afirmou Vendrame.

Os resultados do estudo foram publicados em artigo na revista Alcohol and Alcoholism, da Oxford University Press e do Medical Council on Alcohol, do Reino Unido, e podem ser acessados em http://alcalc.oxfordjournals.org/cgi/content/full/agv045? ijkey=gqLwtIOwz12QiOB&keytype=ref.

in EcoDebate, 21/08/2015

Honey bees rapidly evolve to overcome new disease

Date: August 19, 2015

Source: Okinawa Institute of Science and Technology - OIST

Summary:
An international research team has some good news for the struggling honeybee, and the millions of people who depend on them to pollinate crops and other plants. These valuable pollinators have faced widespread colony losses over the past decade, largely due to the spread of a predatory mite called Varroa destructor. But the bees might not be in as dire a state as it seems, according to research.
Bee on yellow flower (stock image). New research confirms that modern bees experience gene flow from the wild bees in past, and from other domestic populations.
Credit: © Marek Walica / Fotolia

An international research team has some good news for the struggling honeybee, and the millions of people who depend on them to pollinate crops and other plants.

These valuable pollinators have faced widespread colony losses over the past decade, largely due to the spread of a predatory mite called Varroa destructor. But the bees might not be in as dire a state as it seems, according to research recently published in Nature Communications.

Researchers found a population of wild bees from around Ithaca, New York, which is as strong today as ever, despite the mites invading the region in the mid-1990s.

"They took a hit, but they recovered," said Alexander Mikheyev, a professor at the Okinawa Institute of Science and Technology Graduate University (OIST) in Japan and lead paper author. "The population appears to have developed genetic resistance."

Mikheyev and his collaborators at OIST and Cornell University studied the population genetics of the wild colony by comparing the DNA of specimens collected in 1977 with bees collected from the same forest in 2010. To conduct the study, they developed a new DNA analysis tool that works especially well for degraded DNA stored in museum samples.

Such a study is extremely rare, especially with bees. Few people collect them, and even fewer collect in a way that is good enough for a population level study. Luckily, Cornell Professor Tom Seeley worked in this area during his Ph.D., and deposited his samples in the Cornell University Insect Collection. This is the first time scientists have been able to observe genome-wide changes after a specific event like the mite invasion.

"By using museum specimens, we see how evolution happens as compared to how we think it happens," said Mikheyev, who runs OIST's Ecology and Evolution Unit.

Many people think of evolution happening over thousands or millions of years, but in fact, it is happening from generation to generation. External forces cause certain traits to be selected and passed on to offspring to enhance their chance of survival and reproduction. By comparing bees from the same colony only a few decades a part, the team was able to see this natural selection in action.

The bees changed in several different ways.

First, mitochondrial DNA, the genetic material stored in cells' power plants, changed significantly from the older generation to the newer generation. That genetic material is only passed on from the mothers, so a major change indicates the old queen bees were wiped out and there were large-scale population losses. Even so, the population still maintained a high level of genetic diversity throughout the rest of genome, which is stored in the cell nucleus. Genetic diversity is the raw material for evolution, and high genetic diversity increases the chance for successful adaptation.

One of the most interesting changes in the bee population was in a gene related to a dopamine receptor known to control aversion learning. Another study has suggested this receptor is involved with bees grooming themselves to get rid of the mites by chewing them up.

The researchers also found many changes in genes associated with development. Mites reproduce and feed on the bee during the bees' larval stage, so the researchers hypothesize that bees evolved to disrupt that process. Also, there were physical changes -- today's bees are smaller than the older bees and their wing shape is different.

The researchers note changes observed cannot be prescribed to any one factor, such as the mites, because the timeframe is too long. However, many of the changes are too large to be due to random genetic fluctuations, or the introduction of genes from other sources, like Africanized bees, and found the strongest driver of the observed changes was still natural selection.

"These findings identify candidate genes that could be used for breeding more resistant bees, such as the dopamine receptor gene," Mikheyev said. "More importantly, it suggests the importance of maintaining high levels of genetic diversity in domestic bee stocks, which may help overcome future diseases."

Story Source:

The above post is reprinted from materials provided by Okinawa Institute of Science and Technology - OIST. Note: Materials may be edited for content and length.

Journal Reference:
Alexander S. Mikheyev, Mandy M. Y. Tin, Jatin Arora, Thomas D. Seeley.Museum samples reveal rapid evolution by wild honey bees exposed to a novel parasite. Nature Communications, 2015; 6: 7991 DOI: 10.1038/ncomms8991

Cite This Page:
Okinawa Institute of Science and Technology - OIST. "Honey bees rapidly evolve to overcome new disease." ScienceDaily. ScienceDaily, 19 August 2015. <www.sciencedaily.com/releases/2015/08/150819083650.htm>.

Chestnut leaves yield extract that disarms deadly staph bacteria

Extract shuts down staph without boosting its drug resistance

Date: August 21, 2015

Source: Emory Health Sciences

Summary:
The study of a chestnut leaf extract, rich in ursene and oleanene derivatives, shows that it that blocks Staphlococcus aureus virulence and pathogenesis without detectable resistance.

Emory University's Cassandra Quave researches the interactions of people and plants -- a specialty known as ethnobotany.
Credit: Photo by Marco Caputo

Leaves of the European chestnut tree contain ingredients with the power to disarm dangerous staph bacteria without boosting its drug resistance, scientists have found.

PLOS ONE is publishing the study of a chestnut leaf extract, rich in ursene and oleanene derivatives, that blocks Staphlococcus aureus virulence and pathogenesis without detectable resistance.

The use of chestnut leaves in traditional folk remedies inspired the research, led by Cassandra Quave, an ethnobotanist at Emory University.

"We've identified a family of compounds from this plant that have an interesting medicinal mechanism," Quave says. "Rather than killing staph, this botanical extract works by taking away staph's weapons, essentially shutting off the ability of the bacteria to create toxins that cause tissue damage. In other words, it takes the teeth out of the bacteria's bite."

The discovery holds potential for new ways to both treat and prevent infections of methicillin-resistant S. aureus, or MRSA, without fueling the growing problem of drug-resistant pathogens.

Antibiotic-resistant bacteria annually cause at least two million illnesses and 23,000 deaths in the United States, according to the Centers for Disease Control and Prevention. MRSA infections lead to everything from mild skin irritations to fatalities. Evolving strains of this "super bug" bacterium pose threats to both hospital patients with compromised immune systems and young, healthy athletes and others who are in close physical contact.

"We've demonstrated in the lab that our extract disarms even the hyper-virulent MRSA strains capable of causing serious infections in healthy athletes," Quave says. "At the same time, the extract doesn't disturb the normal, healthy bacteria on human skin. It's all about restoring balance."

Quave, who researches the interactions of people and plants -- a specialty known as ethnobotany -- is on the faculty of Emory's Center for the Study of Human Health and Emory School of Medicine's Department of Dermatology. She became interested in ethnobotany as an undergraduate at Emory.

For years, she and her colleagues have researched the traditional remedies of rural people in Southern Italy and other parts of the Mediterranean. "I felt strongly that people who dismissed traditional healing plants as medicine because the plants don't kill a pathogen were not asking the right questions," she says. "What if these plants play some other role in fighting a disease?"

Hundreds of field interviews guided her to the European chestnut tree, Castanea sativa. "Local people and healers repeatedly told us how they would make a tea from the leaves of the chestnut tree and wash their skin with it to treat skin infections and inflammations," Quave says.

For the current study, Quave teamed up with Alexander Horswill, a microbiologist at the University of Iowa whose lab focuses on creating tools for use in drug discovery, such as glow-in-the-dark staph strains.

The researchers steeped chestnut leaves in solvents to extract their chemical ingredients. "You separate the complex mixture of chemicals found in the extract into smaller batches with fewer chemical ingredients, test the results, and keep honing in on the ingredients that are the most active," Quave explains. "It's a methodical process and takes a lot of hours at the bench. Emory undergraduates did much of the work to gain experience in chemical separation techniques."

The work produced an extract of 94 chemicals, of which ursene and oleanene based compounds are the most active.

Tests showed that this extract inhibits the ability of staph bacteria to communicate with one another, a process known as quorum sensing. MRSA uses this quorum-sensing signaling system to manufacture toxins and ramp up its virulence.

"We were able to trace out the pathways in the lab, showing how our botanical extract blocks quorum sensing and turns off toxin production entirely," Quave says. "Many pharmaceutical companies are working on the development of monoclonal antibodies that target just one toxin. This is more exciting because we've shown that with this extract, we can turn off an entire cascade responsible for producing a variety of different toxins."

A single dose of the extract, at 50 micrograms, cleared up MRSA skin lesions in lab mice, stopping tissue damage and red blood cell damage. The extract does not lose activity, or become resistant, even after two weeks of repeated exposure. And tests on human skin cells in a lab dish showed that the botanical extract does not harm the skin cells, or the normal skin micro-flora.

The Emory Office of Technology Transfer has filed a patent for the discovery of the unique properties of the botanical extract. The researchers are doing further testing on individual components of the extract to determine if they work best in combination or alone.

"We now have a mixture that works," Quave says. "Our goal is to further refine it into a simpler compound that would be eligible for FDA consideration as a therapeutic agent."

Potential uses include a preventative spray for football pads or other athletic equipment; preventative coatings for medical devices and products such as tampons that offer favorable environments for the growth of MRSA; and as a treatment for MRSA infections, perhaps in combination with antibiotics.

"It's easy to dismiss traditional remedies as old wives' tales, just because they don't attack and kill pathogens," Quave says. "But there are many more ways to help cure infections, and we need to focus on them in the era of drug-resistant bacteria."

Story Source:

The above post is reprinted from materials provided by Emory Health Sciences. Note: Materials may be edited for content and length.

Journal Reference:
Cassandra L. Quave, James T. Lyles, Jeffery S. Kavanaugh, Kate Nelson, Corey P. Parlet, Heidi A. Crosby, Kristopher P. Heilmann, Alexander R. Horswill. Castanea sativa (European Chestnut) Leaf Extracts Rich in Ursene and Oleanene Derivatives Block Staphylococcus aureus Virulence and Pathogenesis without Detectable Resistance. PLOS ONE, 2015; 10 (8): e0136486 DOI:10.1371/journal.pone.0136486

Cite This Page:
Emory Health Sciences. "Chestnut leaves yield extract that disarms deadly staph bacteria: Extract shuts down staph without boosting its drug resistance." ScienceDaily. ScienceDaily, 21 August 2015. <www.sciencedaily.com/releases/2015/08/150821164150.htm>.

Agroecologia contra a invisibilidade feminina (outraspalavras.net)

POR JULIANA DIAS– ON 20/08/2015
VI Marcha pela Vida das Mulhers e pela Agroecologia em Lagoa Seca (PB), 12 de março de 2015

Reconhecidas somente como esposas e mães, elas na verdade plantam, colhem, produzem bens culturais. Fortalecidas, passam questionar a condição de mulheres numa sociedade que não as enxerga

Por Juliana Dias

A mão que lavra a terra é a mesma que transforma os alimentos que cultivou em doces, geleias e compotas. Da dureza à doçura, as mulheres têm papel fundamental e estratégico na agricultura. Os versos de Cora Coralina, doceira, poeta e agricultora, partilham a ideia de que várias mulheres convivem numa só: “vive dentro de mim a mulher cozinheira (…); a mulher do povo (…); a mulher roceira, (…), trabalhadeira, madrugadeira, bem parideira, bem criadeira (…)”. Cora, também conhecida como Cora Coragem, retornou a sua terra natal aos 67 anos para começar a produzir doces. E foi aos 76 que começou a escrever. Militou em diversas causas a favor da mulher, entre as quais o voto feminino. Sua história é revivida repetidas vezes sem perder a força e graça na vida de mulheres do campo.

É o caso de Dona Juju, de 69 anos, moradora do município de Magé, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. De família de agricultores, nasceu e foi criada na roça. Já foi cozinheira, costureira, garçonete, serviu cafezinho na rádio Tupi, onde até fazia comentários no ar, mas foi na lavoura que encontrou motivação e prazer. Ela conta das dificuldades em ser reconhecida como agricultora, tanto pelo sindicato rural como pelas entidades governamentais de assessoria técnica. O caminho para se manter na roça começou pelos doces. Numa cozinha comunitária, junto com as amigas Lourdes e Guida, transformou sua colheita em geleias e compotas.

Em 2008, vislumbrou a chance de apresentar sua produção doceira na Feira da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária (Fenapra), promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e que também tem o nome de Brasil Orgânico Sustentável. Foi a partir deste evento que se aproximou do que ela chama de “articulação”, ou seja, pessoas que incentivaram e auxiliaram a firmar os passos no caminho escolhido: plantar e fazer doces. Uma dessas pessoas é Marcio Mendonça, coordenador do programa de Agricultura Urbana da AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia . “Os doces fizeram sucesso, as agricultoras venderam muito e se sentiram empoderadas por participar de uma feira nacional. Fazem referência até hoje a esse ocorrido”, lembra Mendonça.

Atualmente, com a cozinha Colher de Pau, ela produz mais de 23 tipos de doces e farinhas, como as de berinjela e quiabo. “Se me tirar da roça, não sobrevivo. É lá que planto, colho e cozinho”, diz Juju. A amiga Guida acrescenta que “vive aprendendo e ensinando porque todo dia aprende alguma coisa”. O ponto de encontro dessas roceiras e doceiras é na feira, outro espaço de convívio e reconhecimento de suas capacidades e autonomia. Como feirantes, trocam receitas, ideias e saberes. O relacionamento com os fregueses é estimulante, pois se sentem valorizadas. “Sou grata a Deus. Já fiz curso de tudo e aproveito toda a chance que tenho. A gente fica com vontade de fazer o melhor. A feira é um lugar de troca de agricultura e cozinha”, diz Neuza Benevides, de Guapimirim. Cecília Cantalejo, também de Guapi, reconhece que às vezes dá um desânimo, mas logo emenda na conversa: “Deus me dá força. Na dificuldade a gente vai aprendendo, o cliente vai gostando e a gente fica feliz”.

Roceiras, doceiras e poetas e gestoras do ambiente

O escritor amazonense Aníbal Beça compara o fazer doce com o fazer poemas: “o fruto palavra/ de doce mascavo/ repuxa viçoso/ no tacho da boca/ mel caramelado”. O poeta português Agostinho Silva escreve que “a quem faz pão ou poema/ só se muda o jeito à mão/ e não o tema”. Por isso, as mulheres da roça, do doce, da feira, também são da prosa e da poesia.

Mesmo em meio aos vários papeis que exercem no dia a dia, essas guerreiras não perdem a força nem o riso. E se são indagadas sobre o que é ser agricultora, as roceiras, doceiras e feirantes descobrem-se poetas. A poesia também é para comer. Se a comida alimenta o corpo, as palavras alimentam a alma.

Na opinião de Dona Juju, as mulheres são mais conscientes, pois são mais sensíveis ao respeito e cuidado com a natureza. Essa consciência é destacada pela presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Maria Emília Pacheco. Ela considera as mulheres como produtoras de bens, gestoras do ambiente e portadoras de uma lógica não destruidora da natureza. Com isso, levantou a necessidade de empoderar as mulheres. Ela que também faz parte do núcleo executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) é autora dos primeiros textos que reivindicam maior atenção à participação feminina na agroecologia no Brasil.

Em 1997, Maria Emília atentou para a invisibilidade do trabalho da mulher na agricultura e a importância das outras atividades produtivas que elas desempenham na família, tais como os quintais, a criação de animais domésticos e demais tarefas consideradas secundárias em relação às culturas comerciais. A então presidenta do Consea propunha que os projetos agroecológicos evidenciassem os espaços de produção em que as agricultoras assumiam papel principal, reconhecendo-as como sujeitos produtivos.

De acordo com Renata Souto, assessora técnica da AS-PTA que está à frente do trabalho com as mulheres na região metropolitana do Rio de Janeiro, o programa de Agricultura Urbana foi iniciado nos quintais das mulheres em 1999. A proposta consistia em incentivar o uso dos quintais domésticos e outros espaços dentro da comunidade para a prática da agricultura urbana. “O quintal é o lugar da segurança alimentar, da tradição, da complementação da renda da família e de estratégias de conservação da biodiversidade”, diz Renata. No lugar onde florescem frutos e folhas que alimentam e cuidam de suas casas, florescem as oportunidades para superar as condições desiguais das relações sociais de gênero.

Marcio Mendonça conta que no início a participação foi predominantemente feminina. “As mulheres têm maior envolvimento com prática da agricultura nos quintais”, afirma. Segundo ele o quintal, também conhecido como arredor de casa ou terreiro, é domínio delas, expressão de sua criatividade e resistência. “Há muitos casos em que elas são as principais responsáveis pela manutenção econômica da família. Em especial, naqueles em que a família não segue o padrão homem-mulher- filhos. Muitas são as chefes de família que cuidam sozinhas das crianças. Em outras situações, vivem oprimidas dentro da própria casa na sociedade machista. As mulheres encontram nos quintais o espaço para a externalização dos seus sentimentos”, afirma.

Roceiras, doceiras, poetas, gestoras do meio ambiente e empoderadas

O feminismo é a base deste trabalho desenvolvido pela AS-PTA, que tem como ponto de partida as experiências cotidianas, de acordo com a assessora Renata. Essa metodologia é utilizada na região Metropolitana do Rio de Janeiro e no Polo da Borborema, na Paraíba, onde a organização também atua. “O despertar é no dia a dia e consideramos que dar visibilidade às experiências é o caminho inicial, que abre as portas para todas as questões que o feminismo traz. O processo de formação é dinâmico e contínuo”. Renata aponta a necessidade de construir e fortalecer os espaços de diálogo e auto-organização, de onde emergem temas comuns às mulheres, próximos de sua realidade, que abrem caminho para a construção da autonomia e o enfrentamento dos desafios.

Na região metropolitana do Rio de Janeiro, as cozinhas e as feiras agroecológicas apoiadas pelo Projeto Alimentos Saudáveis nos Mercados Locais, com o Patrocínio da Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental, têm cumprido este papel de espaço de encontro e reflexão onde se apura a dimensão social e política da mulher na agricultura; onde elas experimentam a autonomia de comercializar o que produzem diretamente com o consumidor e obter renda da atividade. “Nos espaços de comercialização, elas cultivam e processam os alimentos e se reinventam. Levam a diversidade de suas roças, a criatividade com que cuidam de seus quintais, trocam experiências e tornam visível o seu trabalho”. Daí a importância dos encontros coletivos com as mulheres, partindo da experiência delas para tratar os problemas invisíveis ou ocultos.

E mulheres que marcham, sempre em frente

Na Paraíba, quem está à frente do trabalho com mulheres é Adriana Galvão, assessora técnica da AS-PTA, que reforça o viés metodológico da organização para atuar com a complexidade envolvida na presença da mulher no campo. “Essa opção metodológica fez com que construíssemos na Paraíba um forte movimento de mulheres. Em março desse ano, saímos nas ruas do município de Lagoa Seca com mais de 5 mil mulheres na Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia”, destaca. A marcha é uma atividade realizada desde 2010 pelo Polo da Borborema, um fórum de sindicatos e organizações da agricultura familiar que congrega 14 municípios e mais de cinco mil famílias do Agreste da Borborema, que conta com a assessoria da AS-PTA.

Na Paraíba, o trabalho teve início em 2002 a partir de um diagnóstico sobre o trabalho produtivo das mulheres, quando se construiu o conceito do Arredor de casa. Em 2003, o Polo da Borborema constituiu a Comissão de Saúde e Alimentação, espaço onde se passou a organizar o trabalho produtivo e a participação social e política das mulheres. Adriana comenta que a instituição passou a indagar como a agroecologia tem influenciado na superação das desigualdades. E em 2007, a AS-PTA passou a problematizar junto à rede de agricultoras-experimentadoras sobre as desigualdades. “O propósito é que elas se reconheçam em suas capacidades, aprimorando suas habilidades produtivas.

O quintal, espaço antes invisível, passa a ser visto como um local produtivo e de visibilidade. Mais fortalecidas, passam também a problematizar sua vida e sua condição como mulher”, explica. Os encontros regulares com a Coordenação Ampliada do Polo também possibilitam momentos de formação e problematização das desigualdades. “Utilizamos instrumentos pedagógicos como a literatura de cordel, vídeos, teatros, vídeo-novelas e dinâmicas, buscando desnaturalizar as desigualdades e todas as formas de violência contra a mulher, com foco na justiça social”, esclarece a assessora.

Destaca-se ainda a atuação da AS-PTA no Comitê Ana Alice, que foi constituído para o enfrentamento da violência contra a mulher. O nome do comitê é homenagem a uma jovem militante que foi estuprada e assassinada em 2012, crime que será julgado no dia 18 de agosto próximo. A participação em outras frentes de luta renova o ânimo e as forças. Por exemplo, o Polo participou da Marcha das Margaridas, das trabalhadoras rurais em favor do desenvolvimento sustentável com “justiça, autonomia, igualdade e liberdade”, que ocorreu entre os dias 11 e 12 de agosto, em Brasília.

A assessora sinaliza as mudanças que vêm ocorrendo, entre as quais, a ocupação feminina nos 14 sindicatos que compõem o Polo, chegando a ter participação de 50% de homens e 50% de mulheres na Coordenação Executiva do Polo. “Percebemos que as lideranças masculinas estão sensibilizadas. Mas é um processo de luta contínuo. A revolução não está pronta. Temos muitos avanços, ora retrocessos, mas a marcha segue em frente”, declara. Para Marcio, coordenador do programa de Agricultura Urbana, a visão machista prevalece na sociedade, apesar dos avanços conquistados. “Aos poucos é preciso que as mulheres ocupem mais espaços nas associações, nas igrejas, nas cooperativas. É preciso que os homens reconheçam o papel das mulheres e que as próprias rompam com as relações de subjugação, de exploração, e de falta de reconhecimento”, complementa.

Adriana acrescenta a experiência da última Marcha que foi capaz de envolver no processo de preparação a Secretaria de Educação para formação de professores da zona rural. Com isso, levam-se para a sala de aula os temas pertinentes à realidade das agricultoras. Outra parceria importante é com o Centro de Referência da Mulher para encaminhar casos de violência doméstica. “Como resultado claro desse trabalho, as mulheres passam a enxergar que elas têm direitos e não mais aceitam uma vida marcada pela violência”, conclui.

Com base em pesquisas sobre o campesinato, a presidenta do Consea, Maria Emília, demonstrou que a distribuição do produto do trabalho tende a ser mais igualitária nos sistemas agrícolas, como o modelo agroecológico, em que a mulher participa das decisões do planejamento e da forma de dispor os produtos. Ela também apontou evidências de que quando se amplia a geração de renda familiar com presença feminina, aumenta as opções estratégicas, criando-se, assim, condições para que elas tivessem maior autonomia e poder de decisão.

De acordo com a pesquisadora em desenvolvimento sustentável, Emma Siliprandi, a invisibilidade feminina na agricultura familiar está vinculada às formas como se organiza a divisão sexual do trabalho e de poder no modelo de produção industrial, em que o homem comanda a unidade produtiva. Embora as agricultoras trabalhem no conjunto da atividade (preparo do solo, plantio, colheita, criação de animais, transformação de produtos e artesanato), só são reconhecidas pelas atividades consideradas extensão do seu papel de esposa e mãe (preparo dos alimentos, cuidado com os filhos). E, ainda assim, como status inferior, não tem o mesmo peso das ocupações masculinas.

O reconhecimento da mulher na produção de alimentos vem sendo reivindicada e discutida com maior abrangência tanto nas organizações da sociedade civil, entidades intergovernamentais e Estado. Em junho de 2015, foi realizado o Seminário Regional de Agroecologia na América Latina e Caribe, que resultou num documento oficial com compromissos de fortalecer a produção familiar, camponesa e indígena, além da segurança alimentar por meio da agroecologia. As mulheres e os jovens foram apontados como os guardiões da biodiversidade, especialmente das sementes e das raças crioulas.

Essa é uma luta constante, em que as mulheres, tal como escreveu Cora Coralina, vão descobrindo as muitas mulheres que convivem numa só. É a roceira, a doceira, a gestora do ambiente, a empoderada, a militante, a engajada, a guerreira, a batalhadora e vencedora, que estão sempre em marcha.

Referência bibliográfica
SILIPRANDI, Emma. “Um olhar ecofeminista sobre as lutas por sustentabilidade no mundo rural”. In: Agricultura familiar camponesa na construção do futuro. Rev. Agriculturas, pp 139-151. Ed. AS-PTA, Rio de Janeiro, 2009.

Matéria publicada originalmente no site da AS-PTA

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Mosquito-repelling chemicals identified in traditional sweetgrass

Date: August 17, 2015

Source: American Chemical Society

Summary:
Native North Americans have long adorned themselves and their homes with fragrant sweetgrass (Hierochloe odorata), a native plant used in traditional medicine, to repel biting insects, and mosquitoes in particular. Now, researchers report that they have identified the compounds in sweetgrass that keep these bugs at bay.
Sweetgrass, a plant used in traditional medicine, contains compounds that can repel mosquitoes.
Credit: Andrew Maxwell Phineas Jones, University of Guelph

BOSTON, Aug. 17, 2015 --Native North Americans have long adorned themselves and their homes with fragrant sweetgrass (Hierochloe odorata), a native plant used in traditional medicine, to repel biting insects, and mosquitoes in particular. Now, researchers report that they have identified the compounds in sweetgrass that keep these bugs at bay.

The team will describe their approach in one of more than 9,000 presentations at the 250th National Meeting & Exposition of the American Chemical Society (ACS), the world's largest scientific society, taking place here through Thursday.

Mosquitoes and other insects remain a pesky part of everyday life in many parts of the world, and their bites are linked to a range of serious diseases, such as malaria. To add to the arsenal of insect repellents, Charles Cantrell, Ph.D., investigates the components of plants used in traditional therapies. "We found that in our search for new insect repellents, folk remedies have provided good leads."

Sweetgrass is a meadow grass that is a native to northern climates, Cantrell says. "It gives off a sweet aroma that repels mosquitoes."

He therefore suspected that the active insect-repelling chemicals must waft off sweetgrass at ambient temperatures and, like essential oils from lavender and other plants, could be extracted using a process known as steam distillation. This method involves passing hot steam through plant material, then lowering the temperature. The condensed liquid then separates into oil and water, with the oil fraction containing the volatile chemicals of interest. So, Cantrell's team at the U.S. Department of Agriculture, in collaboration with researchers at the University of Guelph and the University of Mississippi, performed steam distillation on sweetgrass samples and evaluated its oil for the ability to deter mosquitoes from biting.

To test the mosquitoes' aversion to the oil, the researchers filled small vials with a red-colored feeding solution that mimicked human blood and covered the vials with a thin membrane. Then, they coated the membranes with different substances: the sweetgrass oil, alternative sweetgrass extracts obtained without steam distillation, the gold-standard insect repellent N,N-diethyl-m-toluamide (DEET) or the ethanol solvent control. Then, the bugs got the chance to either bite the membranes to get to the blood or pass them by. The researchers observed what the insects did, counting how many mosquitoes went for a bite of each type of "blood" vat.

"Then you take the mosquitoes and squish them on some paper," says Cantrell. "If they have the blood mimic in them, you see it right there on the paper." Of the sweetgrass extracts, the steam-distilled oil got the fewest mosquito bites, matching the repellent potency of DEET.

The next step was to figure out the exact chemicals that give the sweetgrass oil its anti-mosquito power. The researchers purified the oil into 12 fractions and again checked their ability to ward off the bugs. They found three fractions that repelled mosquitoes as well as the oil. Using nuclear magnetic resonance (NMR) spectroscopy and mass spectrometry, the researchers identified two chemicals in these active fractions that seemed to be responsible for putting off mosquitoes: phytol and coumarin.

Coumarin is an ingredient in some commercial anti-mosquito products, he adds, while phytol is reported to have repelling activity in the scientific literature. So although Cantrell didn't find brand-new insect deterrents in this experiment, he is happy to have demonstrated that "we were able to find constituents that are known to act as insect repellents in a folk remedy, and now we understand that there's a real scientific basis to this folklore."

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A press conference on this topic will be held Tuesday, Aug. 18, at 10:30 a.m. Eastern time in the Boston Convention & Exhibition Center. Reporters may check-in at Room 153B in person, or watch live on YouTube http://bit.ly/ACSLiveBoston. To ask questions online, sign in with a Google account.

Cantrell acknowledges that the study was supported in part by a Deployed War-Fighter Protection research program grant funded by the U.S. Department of Defense through the Armed Forces Pest Management Board.

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Title

Isolation and Identification of Potential Biopesticidal Compounds from the North American Insect Repelling Folk Remedy Plant, Sweetgrass, Hierochloe odorata (L.) P. Beauv.

Abstract

Native North Americans used sweetgrass, Hierochloe odorata, in a variety of ceremonies and rituals. It has also been used to repel biting insects by making a loop from strands of the grass to be worn around the neck or kept in a satchel hung in homes. This investigation was conducted to evaluate this practice and systematically identify chemical constituents responsible for the mosquito repelling effect by utilizing a mosquito (Aedes aegypti) biting deterrent bioactivity-directed purification approach. Fresh steam distilled oil was found to be the most active crude extract generated from sweetgrass and was used in fractionation studies providing 12 distinct fractions. Fractions identified as having activity equivalent to N,N-diethyl-m-toluamide (DEET) contained the compounds phytol and coumarin. Ae. aegypti biting deterrent results will be reported for the active fraction and pure compounds.

Story Source:

The above post is reprinted from materials provided by American Chemical Society. Note: Materials may be edited for content and length.

Cite This Page:
American Chemical Society. "Mosquito-repelling chemicals identified in traditional sweetgrass." ScienceDaily. ScienceDaily, 17 August 2015. <www.sciencedaily.com/releases/2015/08/150817085426.htm>.