Sobre a importância dos quintais, cada vez mais desaparecidos e, com isso, as nossas raízes também.
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
Persea americana na fitoterapia (informação da Associação Paulista de Fitoterapia)
Vejam na figura que o extrato hidroalcoólico (70 ºGL – 1:4) da polpa do fruto da espécie vegetal Persea americana Mill - Lauraceae, o famoso abacate, possui efeito hipolipidemiante, em parte, através do seu efeito modulador na síntese de gordura endógena e de adiponectina (mediador sintetizado nos adipócitos conhecido também como a adipocina relacionada à sensibilidade à insulina) através do fator de transcrição FGF-21 (fator de crescimento de fibroblasto-21). Os resultados demonstraram também que o extrato hidroalcoólico do fruto do abacate apresenta uma importante influência sobre a atividade da leptina (adipocina que controle a saciedade e a fome) regulando assim a ingestão de alimentos.
Origanum vulgare na fitoterapia (informação da Associação Paulista de Fitoterapia)
Vejam que interessante.
A espécie vegetal Origanum vulgare L. – Lamiaceae, popularmente conhecida como orégano é muito utilizada como tempero na gastronomia italiana, brasileira e muitas outras e uma ótima opção para aqueles que desejam diminuir os níveis de adrenalina circulante no período da noite principalmente após a ingestão de estimulantes do SNC, cardiovascular e termogênicos.
Esse efeito está relacionado principalmente à ligação da apigenina aos sítios regulatórios específicos de benzodiazepínicos presentes em receptores gabaérgicos GABAA com conseqüente hiperpolarização dos neurônios do SNC devido a abertura de canais de cloreto, o que pode colaborar nos processos de emagrecimento e anabolismo influenciados pelo GH, problemas de hipertensão e diabetes causados pela privação do sono.
Derivados do ácido cafêico como ácido salvianólico que possuem ação inibidora de ECA (enzima conversora de angiotensina) e o cavacrol, presente no óleo essêncial , que possui atividade antiagregação plaquetária por inibição na biossíntese de TXA2 auxiliam no tratamento de enfermidades consequentes de vasoconstrição periférica e isquemias como hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, no pós-infarto do miocárdio, nas cardiopatias isquêmicas (anginas), nefropatia diabética, insuficiência renal progressiva, hipertensão pulmonar, AVC´s.
Os ácido cafêico, clorogênico e rosmarínico diminuem a gliconeogênese em hepatócitos. O ácido rosmarínico, ácido caféico, ácido protocatéquico, quercetina, luteolina e luteolina-7-O- glicosídeo inibem a amilase e a α-glicosidase pancreáticas. A decocção dessa espécie a 1% promove atividade hipoglicemiante por inibição da gliconeogênese e melhora o aproveitamento da glicose nos tecidos periféricos principalmente nos adipócitos e músculos. Os constituintes presentes nas frações metanólicas (principalmente óleo essencial, derivados do ácido cafêico, flavonoides e triterpenos pentacíclicos) e hidroalcoólica (fitocomplexo) inibem a aldose-redutase minimizando as lesões diabéticas de médio e longo prazos.
Efeitos bifásicos da Ayahuasca (Plantando Consciência)
Efeitos #bifásicos da Ayahuasca
Em artigo publicado hoje na revista científica PLOS ONE, expandimos e aprofundamos o conhecimento neurocientífico sobre a Ayahuasca, sagrada medicina Amazônica.
Entre as novidades, a caracterização dos efeitos da ayahuasca em duas fases distintas, relacionadas a efeitos cerebrais diferentes nas frequências alfa e gama; e a relação destes efeitos não apenas com a DMT, mas também com as betacarbolinas, moléculas oriundas do cipó que recebe o nome Quechua "Ayahuasca"
Quer saber mais? Acesse nosso blog e confira matéria exclusiva feita pelo autor principal, Eduardo Schenberg
O uso de plantas medicinais é uma tradição que requer cuidados, diz especialista (www.fapeam.am.gov.br)
30/09/2015
O uso das plantas medicinais da Amazônia ocorre há muitos séculos. Nossos pais, avós e bisavós costumavam realizar esse tipo de prática para curar diversas enfermidades. Mas, da mesma forma que existem cuidados e restrições para o uso dos medicamentos comprados nas farmácias, a prática da medicina tradicional também precisa de precauções.
Formado em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, mestre em Ciências de Alimentos pela Universidade Federal do Amazonas e Fiscal do Departamento de Vigilância Sanitária (DVisa), da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Fábio Markendorf, conversou com a jornalista Maxcilene Azevedo da Agência FAPEAM de Notícias e falou sobre as leis e normas referentes ao uso das plantas medicinais no Amazonas, e alertou: “é importante esclarecer a população acerca do risco do consumo de drogas vegetais sem origem definida, pois a segurança e a possibilidade de contaminantes são um grande problema à saúde pública”, disse.
Leia a entrevista completa:
Agência FAPEAM – O que é e o que não é considerado planta medicinal/curativa para a Vigilância Sanitária?
Fábio Markendorf – Plantas medicinais são aquelas plantas cuja composição contém princípios ativos capazes de aliviar ou curar enfermidades e têm tradição de uso como remédio em uma população ou comunidade. Para usá-las, é preciso conhecer a planta e saber onde colher e como prepará-la. Quando a planta medicinal é industrializada para se obter um medicamento, tem-se como resultado o fitoterápico. O processo de industrialização evita contaminações por microorganismos, agrotóxicos e substâncias estranhas, além de padronizar a quantidade e a forma certa que deve ser usada, permitindo uma maior segurança de uso.
AF – Qual a diferença entre medicamento e remédio?
Fábio Markendorf – Remédio e medicamento são dois termos distintos, gerando muitas vezes confusão. Medicamento é o produto industrializado que contém uma droga ou associação de drogas com uma finalidade terapêutica. Já o conceito de remédio remete-se a qualquer tipo de intervenção que possa levar a melhoria do quadro clínico do indivíduo. Uma canja de galinha pode ser considerada um remédio, por exemplo, pois traz conforto ao enfermo. Todo medicamento é portanto um remédio, mas nem todo remédio é considerando ou deverá ser um medicamento.
AF – Os fitoterápicos industrializados devem ser registrados na Anvisa/Ministério da Saúde antes de serem comercializados?
Fábio Markendorf – Os fitoterápicos, assim como todos os medicamentos, devem oferecer garantia de qualidade, ter efeitos terapêuticos comprovados, composição padronizada e segurança de uso para a população. A eficácia e a segurança devem ser validadas através de levantamentos etnofarmacológicos, documentações tecnocientíficas em bibliografia e/ou publicações indexadas e/ou estudos farmacológicos e toxicológicos pré-clínicos e clínicos. A qualidade deve ser alcançada mediante o controle das matérias-primas, do produto acabado, materiais de embalagem, formulação farmacêutica e estudos de estabilidade. Existe confusão também acerca de outros termos, com por exemplo os chás, homeopatia e partes de plantas medicinais. No Brasil, os chás são enquadrados como alimentos. Se o chá se tratar, por exemplo, de bebida pronta para o consumo, já é tratado como produto sujeito a licenciamento no Ministério da Agricultura. Os medicamentos homeopáticos são produzidos de forma diferente dos fitoterápicos, através de dinamização que é, na verdade, um método de diluição seriada. Neste tipo de terapia, são também utilizados, além de princípios ativos de origem vegetal, outros de origem animal, mineral e sintética. As plantas medicinais são consideradas matérias primas a partir do qual é produzido o fitoterápico. As plantas medicinais podem ser comercializadas no Brasil em farmácias, drogarias e ervanarias, desde que não apresentem indicações terapêuticas definidas, seja feito um acondicionamento adequado e declarada sua classificação botânica.
AF – Há farmácias em Manaus credenciadas para venda e produção dessas plantas?
Fábio Markendorf – Os estabelecimentos farmacêuticos (Farmácias e drogarias) não precisam se cadastrar para comercializar plantas medicinais. O requisito necessário é que a planta medicinal comercializada tenha origem definida nos termos da lei, ou seja, deverá possuir registro na ANVISA. Para produção de plantas medicinais é necessário que exista uma planta (fabril) aprovada para tal atividade. A produção de plantas medicinais é atividade sujeita a licenciamento sanitário. Desta forma o chamado produto fitoterápico é na verdade parte ou partes de uma planta, adequadamente processada e que tem certificação de origem. Além da necessidade de certificação de origem as chamadas boas práticas de fabricação devem ser observadas durante toda a cadeia do medicamento (sim plantas medicinais são produtos medicamentosos). Atualmente não há estabelecimentos em Manaus licenciados para o beneficiamento de plantas medicinais ou mesmo Ervanárias licenciadas para comércio exclusivo de drogas vegetais. O comércio de drogas vegetais se dá de forma clandestina. As bancas nas feiras estão no extremo da irregularidade, primeiro por que não são estabelecimentos que possuem licenciamento sanitário, e na forma da lei apenas farmácias, drogarias e ervanarias podem comercializar tais produtos, sempre sob a supervisão de um farmacêutico.
AF – As plantas medicinais da Amazônia podem fazer mal à saúde?
Fábio Markendorf – Como qualquer medicamento, o mau uso de plantas medicinais, independente da origem, pode ocasionar problemas à saúde, como por exemplo: alterações na pressão arterial, problemas no sistema nervoso central, fígado e rins, que podem levar a internações hospitalares e até mesmo a morte, dependendo da forma de uso. O grande agravante observado no comércio ambulante é a questão da venda de produtos ditos “medicinais” que na verdade não passam de panaceias sem efeito terapêutico real, podendo agravar ainda mais o quadro de saúde daquele indivíduo que possui alguma enfermidade e faz uso de tal expediente buscando o restabelecimento da saúde. Tais panaceias são produzidas em condições extremamente precárias de higiene e são sem sombra de dúvida um grande risco a saúde da população.
AF – Quais as precauções devem ser tomadas em relação aos fitoterápicos?
Fábio Markendorf – Os cuidados são os mesmos destinados aos outros medicamentos: buscar informações com os profissionais de saúde. Informar ao seu médico qualquer reação desagradável que aconteça enquanto estiver usando plantas medicinais ou fitoterápicos. Observar cuidados especiais com gestantes, mulheres amamentando, crianças e idosos. Informar ao seu médico se está utilizando plantas medicinais ou fitoterápicos, principalmente antes de cirurgias. Adquirir fitoterápicos apenas em farmácias e drogarias autorizadas pela Vigilância Sanitária. Seguir as orientações da bula e rotulagem. Observar a data de validade – nunca tomar medicamentos vencidos. Seguir corretamente os cuidados de armazenamento e desconfiar de produtos que prometem curas milagrosas.
AF – Há problemas em usar outros medicamentos junto com as plantas medicinais?
Fábio Markendorf – Os fitoterápicos são medicamentos alopáticos, possuindo compostos químicos que podem interagir com outros medicamentos. As plantas medicinais também possuem compostos químicos ativos que podem promover este tipo de interação. Deve-se ter cuidado ao associar medicamentos, ou medicamentos com plantas medicinais, o que pode promover a diminuição dos efeitos ou provocar reações indesejadas. Deve-se sempre observar as informações contidas nas bulas disponibilizadas nos medicamentos e questionar o seu médico ou profissional de saúde sobre possíveis interações. Extrato seco padronizados que não precisam de prescrição médica mas que apresentam muitas interações medicamentosas como: boldo, espinheira santa, ginseng, maracujá, menta, guaraná, chá verde e outros. (Ver quadro abaixo).
AF – Há leis que permitem o uso e venda de plantas medicinais a população?
Fábio Markendorf – Sim, a Anvisa tem o papel de regulamentar todos os medicamentos, incluindo os fitoterápicos, e fiscalizar as indústrias produtoras de medicamentos com o intuito de proteger e promover a saúde da população. Sendo assim, a Anvisa controla a produção, a liberação para consumo (registro) e acompanha a comercialização dos medicamentos, podendo retirá-los do mercado caso seu consumo apresente risco para a população. O registro de fitoterápicos segue o disposto na Lei nº 6.360/73 regulamentado pelo Decreto nº 79.094/77.
AF – Quem pode receitar e indicar o uso de plantas medicinais?
Fábio Markendorf – O médico, que deve procurar se especializar na área de fitoterapia. Nutricionista que pode prescrever planta fresca ou droga vegetal, somente para uso oral, não uso tópico, assim como não pode prescrever os fitoterápicos de exclusiva prescrição médica, os tarja vermelha, e somente pode prescrever os produtos com indicação terapêutica relacionada ao seu campo de conhecimento específico. Cirurgião dentista que somente pode prescrever fitoterápicos dentro da odontologia. Médico-veterinário que somente pode prescrever fitoterápicos dentro da veterinária e o Farmacêutico que pode prescrever medicamentos feitos na própria farmácia ou isentos de prescrição médica, pode prescrever ou indicar em doenças de baixa gravidade e em atenção básica à saúde.
AF – Como saber se uma planta medicinal, é registrada na Anvisa/ Ministério da Saúde?
Fábio Markendorf – Verifique na embalagem o número de inscrição do medicamento no Ministério da Saúde. Deve haver a sigla MS, seguida de um número contendo de 9 a 13 dígitos, iniciado sempre por 1. Há a possibilidade de consultar o registro do produto no site da ANVISA no endereço eletrônico:http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/banco_med.htm. Ao encontrar um produto sendo vendido como fitoterápico que não tenha registro na Anvisa, o ideal é denunciar ao DVISA MANAUS através do telefone 0800-092 0123.
Veja mais no link:
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Material de preservação de línguas indígenas será distribuído para aldeias
Ainda são faladas no Brasil cerca de 160 línguas indígenas, mas 20% “estão agonizando”
Tradições culturais indígenas ganham registros para preservação – Pesquisas para o material foram feitas pelos próprios índios para que os jovens aprendam as tradições culturais nas aldeias. Foto: Divulgação/Governo da Bahia
Lideranças indígenas receberam nesta semana os kits do Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas, que tem como objetivo formar pesquisadores indígenas e não indígenas, além de criar arquivos digitais e centros de documentação nas aldeias e no museu. O programa é uma parceria entre a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Museu do Índio e a Unesco no Brasil.
O material será distribuído para as comunidades e escolas indígenas, como fonte de pesquisa e aprendizagem. O trabalho de registro e salvaguarda do patrimônio cultural indígena durou sete anos e envolveu 30 mil indígenas de 35 etnias e 14 estados.
Trabalharam no projeto 200 pesquisadores, que fizeram 331 oficinas e produziram 70 mil fotografias digitais, 1,6 mil horas de filmagem e 425 horas de gravações em áudio. O produto final rendeu 32 filmes, 42 publicações, 14 dossiês linguísticos, 30 galerias virtuais e 25 exposições temporárias.
De acordo com a coordenadora do projeto, professora de linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Bruna Franchetto, ainda são faladas no Brasil cerca de 160 línguas indígenas, mas 20% “estão agonizando”, já que não são mais passadas de uma geração para outra.
As línguas são veículos de culturas, de conhecimentos riquíssimos. Então, nós temos essa responsabilidade enorme, que pesa nos ombros, para manter esse patrimônio, que é patrimônio do país e da humanidade”, ressalta.
Para o ministro da Cultura, Juca Ferreira, o trabalho mostra a força da cultura indígena como parte integrante do Brasil: “Isso desconstrói um pouco uma hierarquia cultural que o Brasil construiu, onde coloca os índios numa invisibilidade ou numa secundariedade. Então, eu acho que é muito importante, principalmente nesse momento que nós estamos vivendo”, diz o ministro, referindo-se aos conflitos fundiários no Mato Grosso do Sul.
A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, ressalta que as línguas indígenas são um patrimônio da humanidade e precisam ser preservadas, em uma luta pelos direitos humanos e pela diversidade: “Neste mundo de globalização e conectividade, estamos cometendo um crime se não nos esforçamos para proteger a diversidade cultural da humanidade criada com a engenhosidade de muitas mulheres e homens”.
Preservação
Líder da nação kayapó, Akiaboro Kayapó, de Moikaraku, no Pará, considera o projeto importante: “São os próprios índios que estão fazendo [a pesquisa], para nós preservarmos nossa tradição, a língua, essas coisas todas. Um pouco [do material] vai ficar guardado aqui e um pouco vai para as aldeias, para os jovens aprenderem a dança, a língua, como escrever”.
O presidente da Funai, João Pedro Gonçalves da Costa, diz que a ideia é continuar com o trabalho, já que ainda não foram registradas todas as línguas indígenas do país.
Segundo o presidente, a Funai está buscando parceiros para dar continuidade ao trabalho de registro e salvaguarda do patrimônio cultural indígena. A entrega do material foi feito no Museu do Índio, em Botafogo, zona sul do Rio, após os convidados visitarem a exposição.
Da Agência Brasil, in EcoDebate, 25/09/2015
Maior acordo global sobre biodiversidade não deve ser cumprido no prazo
Alerta foi feito pelo secretário executivo da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) da ONU, Bráulio Dias, durante evento internacional no Brasil
Apesar dos esforços e dos avanços significativos em todos os países, o maior acordo global para proteção da biodiversidade já firmado no mundo não deve ser cumprido até 2020, prazo inicialmente acordo. O alerta foi feito pelo secretário executivo da Convenção da Diversidade Biológica, Bráulio Dias, que participa do VIII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (VIII CBUC), um dos maiores eventos de conservação da natureza na América Latina. O congresso acontece em Curitiba (PR), até o próximo dia 25.
As Metas de Aichi são consideradas o maior acordo global sobre biodiversidade em nível mundial e estão voltadas à redução da perda da biodiversidade, em todo o planeta. Reunidas em cinco objetivos estratégicos, as 20 Metas de Aichi são assim chamadas, pois foram definidas durante a 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-10), realizada em Nagoya, Província de Aichi, Japão.
Dias afirmou que o Quarto Relatório do Panorama Global da Biodiversidade (GBO4) constatou avanços na implementação da maioria das Metas,mas que esses progressos atualmente são insuficientes para garantir que elas sejam cumpridas na sua totalidade.
“Trata-se de um conjunto de metas ambiciosas e todos o países enfrentam desafios para implementá-las, sobretudo as que necessitam de um prazo maior”, ressaltou Dias. Ainda assim, ele acredita que as metas são factíveis e que é possível para todos os países apresentarem um cumprimento satisfatório do que elas propõem.
Sem o cumprimento desse acordo, a biodiversidade mundial e os serviços resultantes do bom funcionamento dos ecossistemas e suas espécies correm sério risco de comprometimento. “A economia dos países e o bem-estar das sociedades dependem do equilíbrio dos serviços fornecidos pela biodiversidade”, disse Dias. Sem isso, segundo ele, é impossível assegurar a segurança alimentar e nutricional, o acesso à água de boa qualidade e em quantidade adequada, a fertilidade dos solos, o sequestro de gases de efeito estufa, a redução da vulnerabilidade a desastres naturais e a adaptação às mudanças climáticas.
Para Dias, a sociedade, de maneira geral, ainda não percebeu que a biodiversidade gera benefícios econômicos, sociais e serviços ecossistêmicos (estimados em trilhões de dólares por ano) e que eles vêm sendo apropriados a qualquer custo, causando uma exploração não sustentável dos recursos biológicos. Como exemplo, ele citou o declínio da população de várias espécies de abelhas que promovem a polinização de plantas, devido à degradação e contaminação dos ecossistemas. “O resultado é a perda do serviço ecossistêmico da polinização em muitas regiões do planeta, o que afeta diretamente a agricultura no planeta”, indicou Dias, nesta manhã, em sua palestra para cerca d
e 1.000 pessoas, durante o VIII CBUC, evento realizado em comemoração aos 25 anos da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Malu Nunes, diretora executiva da instituição, acompanhou o painel e acredita que a solução para os desafios indicados por Dias é envolver todos os setores na implantação efetiva do acordo global de proteção à natureza, motivando a adoção plena de práticas sustentáveis, especialmente para os setores econômicos, os grandes usuários da biodiversidade. ”Essa é uma forma eficaz de garantir a redução da chamada pegada ecológica, de promover cadeias de suprimento sustentáveis e evitar que as perdas de biodiversidade em todo o planeta acentuem-se ainda mais, prejudicando o equilíbrio social, natural e econômico do mundo”, completou Malu.
“A Plataforma Global Negócios e Biodiversidade lançada em Tóquio em 2011 pela CDB para engajar o setor produtivo é uma ação positiva e que pode contribuir também para o alcance das metas”, completou Dias. Atualmente, mais de 20 países criaram suas iniciativas nacionais ou regionais de Negócios e Biodiversidade, incluindo o Brasil, país detentor da maior biodiversidade do Planeta, mas que enfrenta problemas para cumprir várias das Metas de Aichi: desmatamento, tráfico de animais, baixo cumprimento da legislação ambiental e total insuficiente de áreas protegidas.
Serviço
Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação
Data: até 25 de setembro
Local: ExpoUnimed – Curitiba (PR)
Mais informações: www.fundacaogrupoboticario.org.br/cbuc.
Sobre o Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC) – O Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação é promovido periodicamente pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A oitava edição do CBUC acontece de 21 a 25 de setembro de 2015 no ExpoUnimed (PR). Os patrocinadores desta oitava edição são: Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Conservação Internacional do Brasil e Votorantim. A primeira edição do CBUC aconteceu em 1997 em Curitiba (PR); em 2000 foi realizada em Campo Grande (MS); em 2002 em Fortaleza (CE); em 2004 em Curitiba (PR); em 2007 em Foz do Iguaçu (PR); em 2009, aconteceu novamente em Curitiba (PR); e, em 2012 em Natal (RN). Mais de 10 mi pessoas já participaram do evento.
Colaboração de Mônica Santanna, in EcoDebate, 24/09/2015
Nanning, a ‘cidade verde’ da China, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] A cidade chinesa de Nanning sediou entre 3 e 12 de outubro de 2014, o certame mundial de ginástica. A China, como um todo, é um país que atravessa sérios problemas com a poluição, principalmente atmosférica, mas a realidade na capital da região autônoma de Guangxi, que faz fronteira com o Vietnã, parece ser outra.
Conhecida na China como “cidade verde”, esta metrópole exala harmonia, e embora tenha uma elevada temperatura, é permanentemente refrescada pela presença de uma brisa. Nanning é conhecida como cidade verde, por causa da grande quantidade de parques e vegetação tropical. É destaque a grande presença de motocicletas movidas a motores elétricos, que evitam a poluição, não consumindo derivados de hidrocarbonetos como combustíveis e não gerando poluição.
Para uso durante o evento esportivo, a organização do evento disponibilizou grande quantidade de bicicletas para uso de atletas ou mesmo de torcedores. A cidade é também referência na China por sua conscientização ecológica. Está em permanente construção uma vigorosa “greentown” dentro do gigantesco território da China.
Em Nanning, a administração municipal atribui grande relevância ao permanente trabalho de arborização e proteção ecológica. Esta postura, com a disseminação de uma cultura preservacionista, tem possibilitado evidenciação. A cor verde tem se tornado dominante na simbologia da cidade, vencedora de prêmios importantes como o “National Forest City”e o “China Green City”.
As mascotes do evento esportivo, batizados de “Nannam” e “Ningning” são macacos típicos da região e estão ainda bastante preservados. No Mundial de Ginástica foram associadas a modernidade e a pujança que a China apresenta nos últimos tempos, com a tradição e as raízes da antiga China.
As motos elétricas da cidade de Nanning representam e simbolizam uma notável peculiaridade do local. Em seu ritmo aparentemente lento, diante do frenesi a que se está habituado, carregam de tudo, incluindo crianças, famílias praticamente inteiras, animais, cargas e até mesmo idosos. As motos ainda se apresentam “vestidas”, com mantas na forma de adornos para individualizar ou “customizar” o mecanismo de direção no tráfego. Estas engenhocas peculiares se misturam entre carros e pedestres, e embora não sejam bicicletas, muitas delas apresentam pedais, mas não se parecem com os tipos encontrados no Brasil. Em ruas e cruzamentos muito movimentados, as motos elétricas se integram na paisagem, encontrando seu espaço sem buzinadas ou xingamentos. O trânsito caótico encontra seu caminho de funcionamento.
O complexo esportivo de Guangxi tem pouco mais de dois anos de existência, sendo constituído por quatro suntuosas arenas, detentoras de traços futurísticos de design. A cidade não perde sua condição de cidade de negócios, e, à noite, luzes coloridas ornamentam arranha-céus. Nanning é sede de uma exposição anual que incrementa negócios com os parceiros do sudeste asiático.
A precisão e a grandiosidade de organização dos chineses leva a desconfiar que as ações são cronometradas para causar mais impacto aos visitantes. Não se sabe se são realmente cronometradas. Mas os efeitos psicológicos que determinam são muito relevantes. Até um manual ou guia para orientação da participação da plateia nos eventos esportivos foi desenvolvido e publicado por um jornal local.
Não se determina se esta é realmente uma cidade ecológica, mas os diferenciais apresentados em relação ao restante da China são marcantes. Existe uma grande rede hoteleira voltada para a exploração do nicho de sustentabilidade, aproveitando as monumentais áreas verdes tropicais exibidas pela cidade. E também a peculiaridade representada pelas motos elétricas que materializam um relevante e monumental meio de transporte, não poluente. Bem como a qualidade um pouco melhor da atmosfera, muito afetada em toda a China, mas melhor preservada dentro da circunscrita área de influência desta metrópole.
A simples existência da rede de hospedagem voltada para símbolos de sustentabilidade numa cidade considerada “verde” por seu grande número de áreas de preservação e grande arborização urbana, indica que existe “público” identificado com estes princípios e capaz de sustentar e manter a viabilidade econômica das iniciativas, algumas delas bastante arrojadas pelas descrições observadas.
A cidade de Nanning é um entroncamento ferroviário da China, estando localizada nas margens do denominado rio Yong. Os últimos dados indicam uma população em torno de 1,5 milhão de habitantes, tendo sido fundada no século X, sendo capital da região autônoma de Guangxi desde o ano de 1.912.
O clima tropical e quente de Nanning, favorece o desenvolvimento da biodiversidade. Além da grande quantidade de espécies animais são catalogadas mais de 3.000 espécies de plantas. A flor mais característica da região é a chamada flor de Jaba, um arbusto local bastante perene e disseminado.
As árvores mais comuns são as amendoeiras, que são espécies nativas da região e também utilizadas em arborização urbana e paisagismo em toda a cidade de Nanning. Na China, onde sempre é muito divulgada a poluição em todos os níveis, particularmente o atmosférico, não deixa de ser uma grata surpresa encontrar uma cidade tropical repleta de áreas verdes, com arquitetura moderna e cultivo das tradições e a peculiar característica de muitas motocicletas movidas à geração elétrica dominarem a paisagem.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
in EcoDebate, 22/09/2015
"Nanning, a ‘cidade verde’ da China, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, 22/09/2015, http://www.ecodebate.com.br/2015/09/22/nanning-a-cidade-verde-da-china-artigo-de-roberto-naime/.
Terras indígenas protegem 30% do carbono da Amazônia
Segundo relatório do Ipam, territórios demarcados evitam emissões de 431 milhões de toneladas de gás carbônico entre 2006 e 2020; povos indígenas têm alta vulnerabilidade a mudanças do clima
Floresta em área indígena na Amazônia (Foto: Damian Nery/Ipam)
CÍNTYA FEITOSA (Observatório do Clima)
A conservação de terras indígenas é importante não só para a manutenção do modo de vida desses povos, mas também para a política de clima no Brasil. De acordo com estudo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) em parceria com a Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ), que será lançado nos próximos dias, os territórios indígenas na Amazônia brasileira representam uma reserva de cerca de 13 bilhões de toneladas de carbono (46,8 bilhões de toneladas de CO2) – 30% do que existe estocado na floresta.
O relatório estima que as comunidades indígenas na Amazônia terão sido responsáveis por evitar a emissão de 431 milhões de toneladas de CO2 desde 2006 até 2020, graças à proteção dos estoques de carbono em suas terras. Se fosse aplicado o mesmo valor monetário por tonelada de CO2 destinado ao Fundo Amazônia por compensação por redução do desmatamento, a contrapartida pela preservação nessas terras seria equivalente a quase R$ 7,5 bilhões, ou cerca de R$ 500 milhões por ano.
Isso equivale a quase metade do orçamento do Ministério do Meio Ambiente em 2015, excluindo salários e pagamento de aposentados, segundo dados do portal Siga Brasil.
O estudo também alerta para a urgência em lidar com a vulnerabilidade dos povos indígenas às consequências do desmatamento e efeitos da mudança climática global. “Os povos indígenas são os que mais sofrem os efeitos de mudanças no regime de chuvas e aumento das temperaturas, e também são os que menos têm condições de enfrentar essas mudanças”, diz Paulo Moutinho, pesquisador do IPAM.
“Além disso, são os povos indígenas os que mais preservam a vegetação”, conclui Moutinho, afirmando que a preservação de territórios indígenas é uma política de mitigação de mudanças climáticas e de adaptação ao mesmo tempo. Segundo o relatório, a taxa de desmatamento em terras indígenas é inferior a 2%, enquanto as áreas em volta apresentam índices que vão de 25% a 30%.
Além do papel de estocar de carbono e das baixas taxas de desmatamento, as terras indígenas têm um efeito inibidor do desmatamento também em seu entorno. Segundo o relatório, a área preservada chega a ultrapassar 10 km das fronteiras dos territórios, influenciando positivamente também na conservação da biodiversidade regional e na produção de alimentos. “As florestas mantidas pelos índios funcionam como ar-condicionado natural e como regadores da região onde estão”, diz Moutinho.
As principais recomendações dos pesquisadores são a elaboração de um plano indígena de adaptação às mudanças climáticas, agregado ao Plano Nacional de Adaptação, e a implementação urgente da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), de incentivo a iniciativas sustentáveis desenvolvidas em conjunto por povos indígenas, Estado e organizações parceiras. Os pesquisadores também recomendam a articulação entre políticas direcionadas a povos indígenas e a futura Estratégia Nacional de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento), que o governo promete elaborar há quatro anos.
Impactos
De acordo com o estudo, entre 2000 e 2012, aproximadamente 58% das 385 terras indígenas na Amazônia foram negativamente afetadas por secas anormais. Em 2012, membros de mais de 40 tribos da Amazônia relataram aumentos incomuns na temperatura média nas suas aldeias, inundações e incêndios florestais em seus territórios. A safra foi prejudicada, levando a aumento do consumo de alimentos processados, problemas de saúde e migração para áreas urbanas.
Além da produção de alimentos, a mudança no regime de chuvas também interfere nas tradições das comunidades indígenas. “Os rituais de chegada da chuva, por exemplo, estão sendo afetados”, relata Moutinho. As cerimônias dependem do fornecimento de plantas e animais que estão passando por mudanças em seus ciclos biológicos.
O estudo alerta para a possibilidade de piora nesse cenário, com a mudança climática global e devido ao fato de que as florestas estão mais inflamáveis. “A seca e os incêndios não prejudicam só os indígenas, mas todos os produtores de alimentos e criadores de animais da região”, alerta Moutinho.
Nesta semana, o Ipam também publicou um estudo projetando que a PEC-215, a proposta de emenda constitucional que visa retirar do Executivo o poder de demarcar terras indígenas, pode provocar a emissão de 100 milhões de toneladas de CO2.
in EcoDebate, 22/09/2015
Pedagogia Social pode ajudar os setores populares excluídos
Brasil: “Pedagogia Social pode ajudar os setores populares excluídos, pelas perspectivas gramsciana e freireana “ – V Congresso internacional de Pedagogia Social
Por Cristiano Morsolin*, para o EcoDebate
De 1 a 3 de setembro se desenvolveu na Universidade Federal do Espirito Santo (UFES) e Instituto Federal do ES (IFES) o V Congresso Internacional de Pedagogia Social (1). Foram apresentados 130 trabalhos de pesquisa de mestrandos e doutorandos de inúmeras universidades brasileiras.
O Congresso Internacional de Pedagogia Social & Simpósio de Pós-Graduação, em sua quinta edição, foi um evento dedicado a discutir de maneira ampla a regulamentação da Educação Social como profissão no Brasil, a formação deste profissional e as áreas de atuação que entendem a Pedagogia Social como a Teoria Geral da Educação Social.
Em face da opção política do atual governo de fazer do “Brasil, pátria educadora”, o V CIPS tem como lema questionar o lugar que deve ocupar “A Educação Popular, Social e Comunitária nas Políticas Públicas no Brasil” em um momento em que se discute o Sistema Nacional de Educação, o Plano Nacional de Educação, a Reforma do Ensino Médio, a destinação dos recursos do Pré-Sal à Educação, a redução da maioridade penal da adolescência e a violência contra a juventude pobre e negra das periferias, dentre tantos outros temas.
No Simpósio de Pós-Graduação foram apresentadas pesquisas de mestrado, doutorado e pós-doutorado que investigam as demandas da sociedade relacionadas à cultura, ao lazer, ao suprimento de necessidades básicas, ao atendimento a populações em situação de vulnerabilidade e risco, ao trabalho, à formação continuada, à sustentabilidade, aos direitos humanos, dentre tantas outras. A partir das relações entre as experiências internacionais e as práticas educativas populares, sociais e comunitárias realizadas no Brasil.
Como um corpo de conhecimentos que serve como teoria geral para as práticas de Educação social, popular e comunitária no Brasil e como disciplina científica ao mesmo tempo, a Pedagogia Social conta com tradições próprias de pensamento na Europa e em certa medida na América Latina. Ainda assim, o que no Brasil entendemos como Teoria Geral da Educação Social foi problematizada enquanto teoria dos conflitos sociais, os quais marcam as instituições e os sujeitos, notadamente em espaços não escolares.
Muito interessante foi a palestra da prof. Maria Stela Santos Graciani, titular do curso de pedagogia na PUC de São Paulo, colaboradora do Paulo Freire, do Cardeal Arns, fez o lançamento do livro “Pedagogia social – Ed. Cortez, 2015” (2) destacando que “por se tratar de uma obra aberta, por isso ainda em construção, destina-se a todos os educadores que acreditam na esperança. Educadores que estão cansados e desacreditados no seu fazer educativo e se encontram amarrados nas tramas da burocracia do nosso sistema educacional ou fora dele, e n ão encontram saídas para se livrarem dessas amarras. É acreditando na possibilidade concreta de mudança do humano e consequentemente do seu ambiente que a pedagogia social contribui no processo de transformação, não como um receituário pedagógico, mas com ideias, princípios e experiências que valorizam o homem numa perspectiva libertadora e solidária”.
Entre outras obras da professora Maria Stela Santos Graciani, está o livro “Pedagogia Social de Rua”, que complementa a leitura de “Pedagogia Social”, a partir de ensinamentos de Paulo Freire, com ênfase na educação dos excluídos da sociedade.
A prof. Stela Santos destacou que “A Pedagogia Social pauta – se numa Educação Social realizada por meio da ação significativa e transformadora! Resinificar, ter esperança e utopia frente a história!. A Pedagogia Social de Rua é um processo político invertido e horizontal que busca construir um novo olhar, ousadamente corajoso e com uma teimosia esperançosa no acreditar na mudança e na transformação do ser humano e no convívio em sociedade”.
A Pedagogia Social é um Projeto Político de nação: um novo ser humano público que almeja construir uma nova sociedade, uma nova configuração de humanidade e uma nova forma de convivência. Para tal, precisamos refletir sobre as mudanças nas relações” – João Clemente de Souza
Prof. Dr. João Clemente de Souza Neto, Professor do Curso de Pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, acredita que a “Pedagogia Social pode ajudar os setores populares excluídos, pelas perspectivas gramsciana e freireana. O educador social ou o pedagogo social são intelectuais orgânicos. Seu papel é produzir e sistematizar um saber a partir deste lugar, da rua, do grupo, dos espaços mais vulneráveis. Cabe a eles influenciar a cultura e as políticas públicas para que atendam efetivamente às necessidades e demandas da população excluída, de lutar junto e com ela para que as instituições alterem a concepção de vê-la como feixe de carências, como coisa, que passem a vê-la como sujeito. Não se trata de fazer políticas públicas para essa população, como de uma classe para outra, mas de pensar as políticas públicas a partir dela e com ela. Nessa nova forma de pensar, de ser e agir, os excluídos contribuem para colocar em movimento a construção de um processo civilizatório fundado na liberdade, na justiça e na democracia, e não mais na desigualdade social e na exploração.
Esta é a utopia da Pedagogia Social. Nesse sentido, a pedagogia social e a educação social devem estar profundamente comprometidas e impregnadas da situação dos oprimidos. É nesta relação que a pedagogia social pode ser sempre nova e contribuir para a concretização de uma utopia emancipatória, fundada num caráter democrático. Por isso, ela não é um amontoado de teorias mortas, e pode ajudar a romper com a miséria de uma pedagogia focada na opressão e na desumanização das relações. A pedagogia social tem tudo para ser revolucionária. O V CIPS – Congresso Internacional de Pedagogia Social – traz como centro de abordagem o lugar da educação social, com a finalidade de compreender e interpretar a realidade e, ao mesmo tempo, de sentir e capturar os clamores dos excluídos.
Os setores populares excluídos, como meninos em situação de rua, têm sido um espaço profundo de aproximação, escuta, de caminhada comum, em busca do despertar do novo homem público e do forjar de um novo paradigma”.
Erico Ribas Machado, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, me falou que “pude concluir a partir do congresso realizado que efetivamente a Educação Social e Pedagogia Social estão se constituindo como campo de pesquisa inspirando novas reflexões sobre os processos educativos no país! A possibilidade de perceber avanços e dificuldades para criação da profissão e formação do educador social no Brasil é possível a partir de compreender o desenvolvimento dessas questões nos outros países que também estiveram representados no evento. Percebi que avançamos teoricamente mas que precisamos muito aprofundar nossos conhecimentos sobre as questões apresentadas e tornar essas reflexões cada vez mais públicas e disponíveis para todos!”.
Erineu Foerste, professor adjunto da Universidade Federal do Espírito Santo/UFES e Gerda Margit Schutz Foerste – professora nos Cursos e Licenciatura em Artes Visuais e Pedagogia desta universidade, líder do grupo de pesquisa Imagens, Tecnologia, Infâncias e pesquisadora no Grupo de Pesquisa Culturas, Parcerias e Educação do Campo, que animaram todo um debate inovador com relação a Educação do Campo, declararam que “a publicação do livro Educação do Campo e Infâncias – Editora CRV” (3) coloca-se na esteira das discussões contemporâneas de pesquisa acerca da visibilidade e invisibilidade das infâncias, das culturas e dos espaços sociais em que estas se produzem. Neste sentido, a obra lança luzes sobre questões relacionadas à educação da criança pequena em realidades campesinas diversas. Os artigos são escritos por pesquisadores que investigam o protagonismo da criança. Esses procuram, com base em diferentes teóricos e principalmente com a interlocução qualificada com as crianças, registrar os contextos e lutas de meninos e meninas como sujeitos culturais e produtores de história.
A obra é baseada nos pressupostos dos materialismos histórico-dialético. Busca analisar e expor, na perspectiva das crianças, sua relação com o modo produtivo rural. Apresenta as mazelas de ocultamento e negação pelas quais as crianças e adultos do campo permanecem invisibilizados. Particularmente, propõe exercício de lançar luzes sobre as diferentes realidade que constituem as crianças do campo.
Os estudos apresentados partem da reflexão com o contexto campesino em que vivem as crianças. Contextos nos quais crianças, com os adultos (pais e professores) e com movimentos sociais organizados produzem transformações sociais e lutam por terra, comida, educação e cultura. Com as crianças, os pesquisadores exercitam a abordagem na contramão do discurso prescritivo e tutelar, mas com o cuidado de compreender as infâncias do campo a partir da heterogeneidade que as geram (quilombolas, indígenas, pomeranas, Sem-terrinhas, camponesas)”.
Pedagogia com vocação latino-americana
Verônica Müller, professora da Universidade Estadual de Maringá, membro do Movimento Nacional Meninos, Meninas de Rua MNMMR e da rede mundial de Educadores de rua Dynamo Internacional, apresentou o novo livro “CRIANÇAS NA AMÉRICA LATINA: histórias, culturas e direitos, Ed. CRV, 2015” (4): “Luta. Política. Esperança. Este livro é sobre sobrevivência. Não apenas daquela sobrevivência instintiva e material, mas principalmente da nossa própria sobrevivência como humanidade organizada em sociedades. Sociedades injustas, cruéis, vis, mas todas elas repletas de crianças luminosas que nos fazem lembrar dos nossos sonhos mais antigos, de quem gostaríamos de ter sido, e que nos fazem acreditar que um mundo mais justo e digno é possível. A humanidade que nos resta sobrevive incólume no olhar das crianças. Trabalhos como os apresentados neste livro são capazes de registrar com método científico a força serena e despretensiosa que as crianças trazem consigo. No caso particular da América Latina, a esperança guardada no coração de uma criança ganha simbolismo ainda maior. Os países do nosso querido continente guardam em cumplicidade uma dor histórica que os une por cima das rixas regionais. Todos nós sabemos o que é ter cultura e terras ricas, mas manter a maior parte do povo vivendo na miséria. Todos nós sabemos o que a busca pelo poder pode fazer com nossas gentes. Todos nós temos sangue nativo derramado em abundância em nosso solo sagrado. No continente mais desigual do planeta, onde a fome foi capaz de conviver com o mais soberbo luxo durante séculos, nasceu uma força e uma beleza reconhecidas ao redor do mundo. As formas de colonização se modernizam e o conhecimento transforma-se em uma das mais importantes armas para enfrentar as sangrentas batalhas que continuam a acontecer na política, na economia, nas ruas, nas escolas. Contudo, agora a América Latina está pronta para travar um combate à altura do seu povo. Professores, educadores, mestres e doutores têm dedicado a sua vida a lutar por justiça social. Alguns setores da academia invadem a luta política para demonstrar que a busca franca e rigorosa pela verdade é capaz de moldar realidades e contrabalançar a luta pelo poder”.
Imagine um lugar onde os títulos não era o que mais importava
Jacyara Silva de Paiva, professora da FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ, publicou o novo libro ”Caminhos do Educador Social no Brasil”, Paco Editorial (2015).
Esta obra é uma contribuição significativa para a Pedagogia Social e Educação Social, pois historicamente essa área se desenvolve e se fortalece em contextos de crise buscando dar respostas aos problemas sociais. A autora percorre vários Estados do Brasil, Finlândia e Angola na perspectiva de produzir um conhecimento emancipador, fundamental para a formação do educador (5).
Vou a concluir este texto com as palavras de Jacyara Silva de Paiva, organizadora do evento onde eu fui convidado como painelista (6):
“Imagine um lugar onde os títulos não era o que mais importava, você pode…
Imagine um lugar onde as reuniões cheias de conhecimento científico acontecia em um quintal a sombra de árvores, onde podíamos entre uma discussão e outra observar uma orquídea que dava flores…
Imagine um lugar onde as pessoas ficavam horas trabalhando sem ganhar dinheiro algum e eram felizes …
Imagine um lugar onde a idade, o gênero, a raça não faziam diferença, o importante era ser amoroso e comprometido…
Imagine um lugar onde as pessoas ousavam sonhar sonhos possíveis ainda que todas as previsões fossem contrárias…
Imagine um lugar … Imagine pessoas… Imagine caminhos… Imagine corações…
Imagine um mosaico de seres diversos, cheios de brilho no olhar desejando muito alguma coisa a ponto do universo inteiro conspirar a favor deste desejo…“
Toda essa imaginação vai formar o mosaico que foi o grupo de trabalho que organizou o V Congresso de Pedagogia Social em Vitória: Alex Jordane, Letícia Queiroz de Carvalho, Giovani Fernandes Martins, Gerda Schutz Foerste, Erineu Foerste, Lauro Sá, Priscila Chisté, Zoraide Barbosa e a nossa querida Niara Chaves.
Toda esta magia não seria possível sem os nossos pares dos mais diversos pontos de nosso país, aqueles que mesmo de longe ousaram sonhar conosco, e dar asas a nossa imaginação.
Orgulho imenso e intenso de caminhar com cada um de vocês que fazem a Pedagogia Social acontecer!”.
NOTAS
Segregação urbana, redução da maioridade penal e educação popular são temas do V Congresso Internacional de pedagogia social, nova matéria de Morsolin (31.08.2015)
*Cristiano Morsolin, pesquisador e trabalhador social italiano radicado na América Latina desde 2001, com experiências no Equador, Colômbia, Peru, Bolívia, Brasil. Autor de vários livros colabora com a Universidade do Externado da Colômbia, Universidade do Rosário de Bogotá, Universidade Politécnica Salesiana de Quito. Co-fundador do Observatório sobre a América Latina SELVAS (Milão), pesquisa a relação entre os movimentos sociais e as políticas emancipatórias.
in EcoDebate, 21/09/2015
Conheça os novos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU - II
Objetivo 9: Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação
Cerca de 2,6 bilhões de pessoas no mundo em desenvolvimento têm dificuldades no acesso à eletricidade.
2,5 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à saneamento básico e quase 800 milhões de pessoas não têm acesso à água.
Entre 1 a 1,5 milhão de pessoas não têm acesso a um serviço de telefone de qualidade.
Para muitos países africanos, principalmente os de baixo rendimento, os limites na infraestrutura afetam em cerca de 40% na produtividade das empresas.
A indústria manufatureira é importante para geração de empregos, somando aproximadamente 470 milhões dos empregos no mundo em 2009 – ou cerca de 16% da força de trabalho de 2,9 bilhões. Estima-se que existiam mais meio bilhão de empregos na área em 2013.
O efeito da multiplicação de trabalhos industrializados impactou a sociedade positivamente. Cada trabalho na indústria gera 2,2 empregos em outros setores.
Em países em desenvolvimento, apenas 30% da produção agrícola passa por processamento industrial. Em países desenvolvidos, 98% é processado. Isso sugere a existência de uma grande oportunidade para negócios na área agrícola em países em desenvolvimento.
Objetivo 10: Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
Em média – e levando em consideração o tamanho das populações – a desigualdade de renda aumentou em 11% em países em desenvolvimento entre 1990 e 2010.
Uma maioria significativa de famílias – mais de 75% – estão vivendo em sociedades onde a renda é pior distribuída do que na década de 1990.
Crianças que fazem parte da camada de 20% mais pobres da população têm três vezes mais chances de morrer antes de completar seus cinco anos do que crianças mais ricas.
A proteção social foi significativamente ampliada globalmente. No entanto, pessoas com algum tipo de deficiência têm cinco vezes mais chances do que a média de ter despesas catastróficas com saúde.
Apesar do declínio na mortalidade materna na maioria dos países desenvolvidos, mulheres na área rural são três mais suscetíveis à morte no parto do que mulheres que vivem nos centros urbanos.
Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis
Metade da humanidade – 3,5 bilhões de pessoas – vive nas cidades atualmente. Em 2030, quase 60% da população mundial viverá em áreas urbanas.
828 milhões de pessoas vivem em favelas e o número continua aumentando.
As cidades no mundo ocupam somente 2% de espaço da Terra, mas usam 60 a 80% do consumo de energia e provocam 75% da emissão de carbono. A rápida urbanização está exercendo pressão sobre a oferta de água potável, de esgoto, do ambiente de vida e saúde pública. Mas a alta densidade dessas cidades pode gerar ganhos de eficiência e inovação tecnológica enquanto reduzem recursos e consumo de energia.
Cidades têm potencial de dissipar a distribuição de energia ou de otimizar sua eficiência por meio da redução do consumo e adoção de sistemas energéticos verdes. Rizhao, na China, por exemplo, transformou-se em uma cidade abastecida por energia solar. Em seus distritos centrais, 99% das famílias já usam aquecedores de água com energia solar.
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
1,3 bilhão de toneladas de comida são desperdiçadas diariamente.
Se as pessoas usassem lâmpadas de baixo consumo, o mundo economizaria 120 bilhões de dólares anualmente.
A população global deve chegar a 9,6 bilhões de pessoas até 2050; o equivalente a três planetas seriam necessários para prover os recursos naturais necessários para sustentar os estilos de vida atuais.
Mais de 1 bilhão de pessoas ainda não têm acesso à água potável.
Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos (*)
As emissões de gases de efeito estufa oriundos da atividade humana estão levando a mudanças climáticas e continuam aumentando. Elas alcançaram atualmente seu maior nível da história. Emissões globais de dióxido de carbono aumentaram quase 50% desde 1990.
As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso aumentaram a níveis sem precedentes nos últimos 800 mil anos. As concentrações de dióxido de carbono aumentaram em 40% desde os tempos pré-industriais, primeiramente por conta dos combustíveis fósseis e depois pelas emissões vindas do desmatamento do solo. O oceano absorveu cerca de 30% do dióxido de carbono antropogênico emitidos, tornando-se mais ácido.
Cada uma das últimas três décadas tem sido mais quente na superfície da Terra do que a anterior, desde 1850. No hemisfério Norte, o período entre 1983 e 2012 foi provavelmente o mais quente dos últimos 1.400 anos.
De 1880 a 2012, a temperatura média global aumentou 0,85ºC. Sem nenhuma ação, a média de temperatura mundial deve aumentar 3ºC até o final do século 21 – aumentando ainda mais em algumas áreas do mundo, incluindo nos trópicos e subtrópicos. As pessoas mais pobres e vulneráveis são as mais afetadas pelo aquecimento.
A média do nível do mar desde a metade do século 19 tem sido maior do que a média dos dois milênios anteriores. Entre 1901 e 2010, o nível global do mar aumentou 0,19 (0,17 a 0,21) metros.
De 1901 a 2010, o nível mundial do mar cresceu 19 centímetros com a expansão dos oceanos, devido ao aquecimento global e derretimento das geleiras. Desde 1979, o gelo do mar do Ártico diminuiu em cada década, com 1,07 milhões de km² de gelo perdido de dez em dez anos.
Ainda é possível limitar o aumento da temperatura global para 2ºC acima dos níveis pré-industriais, por meio de um conjunto de medidas tecnológicas e mudanças de comportamento.
Existem muitos caminhos atenuantes para alcançar a redução substancial de emissões para as próximas décadas, com chances superiores a 66%, se for limitado o aquecimento a 2ºC – a meta determinada pelos governos. No entanto, postergar até 2020 para as mitigações adicionais aumentará substancialmente os desafios tecnológicos, econômico, social e institucional associados para limitar o aquecimento no século 21 para menos de 2ºC relacionados a níveis pré-industriais.
(*) Reconhecendo que a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] é o fórum internacional intergovernamental primário para negociar a resposta global à mudança do clima.
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável
Os oceanos cobrem três-quartos da superfície da Terra, contém 97% da água do planeta e representam 99% da vida no planeta em termos de volume.
Mundialmente, o valor de mercado dos recursos marinhos e costeiros e das indústrias é de 3 trilhões de dólares por ano ou cerca de 5% do PIB (produto interno bruto) global.
Mundialmente, os níveis de captura de peixes estão próximos da capacidade de produção dos oceanos, com 80 milhões de toneladas de peixes sendo pescados.
Oceanos contêm cerca de 200 mil espécies identificadas, mas os números na verdade deve ser de milhões.
Os oceanos absorvem cerca de 30% do dióxido de carbono produzido por humanos, amortecendo os impactos do aquecimento global.
Oceanos são a maior fonte de proteína do mundo, com mais de 3 bilhões de pessoas dependendo dos oceanos como fonte primária de alimentação.
Pesca marinha direta ou indiretamente emprega mais de 200 milhões de pessoas.
Subsídios para a pesca estão contribuindo para a rápida diminuição de várias espécies de peixes e estão impedindo esforços para salvar e restaurar a pesca mundial e empregos relacionados, causando redução de 50 bilhões de dólares em pesca nos oceanos por ano.
40% dos oceanos do mundo são altamente afetados pelas atividades humanas, incluindo poluição, diminuição de pesca e perda de habitats costeiros.
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
Treze milhões de hectares de florestas estão sendo perdidos a cada o ano.
Cerca de 1,6 bilhão de pessoas dependem das florestas para sua subsistência. Isso inclui 70 milhões de indígenas. Florestas são o lar de mais de 80% de todas as espécies de animais, plantas e insetos terrestres.
2,6 bilhões de pessoas dependem diretamente da agricultura, mas 52% da terra usada para agricultura é afetada moderada ou severamente pela degradação do solo.
Anualmente, devido à seca e desertificação, 12 milhões de hectares são perdidos (23 hectares por minuto), espaço em que 20 milhões de toneladas de grãos poderiam ter crescido.
Das 8.300 raças animais conhecidas, 8% estão extintas e 22% estão sob risco de extinção.
80% das pessoas vivendo em área rural em países em desenvolvimento dependem da medicina tradicional das plantas para ter cuidados com a saúde básica.
Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis
O número de refugiados registrados junto ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) era de 13 milhões em meados de 2014, há cerca de um ano.
Corrupção, suborno, roubo e evasão de impostos custam cerca de 1,26 trilhão para os países em desenvolvimento por ano.
A taxa de crianças que deixam a escola primária em países em conflito alcançou 50% em 2011, o que soma 28,5 milhões de crianças.
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
A Assistência Oficial ao Desenvolvimento (OAD) levantou aproximadamente 135 bilhões de dólares em 2014.
Em 2014, 79% dos produtos de países em desenvolvimento entraram no mercado “duty-free” de países desenvolvidos.
A dívida dos países em desenvolvimento continua estável, beirando 3% do rendimento de exportação.
O número de usuários da internet na África quase dobrou nos últimos quatro anos.
Em 2015, 95% da população mundial tem cobertura de sinal de celular.
30% da juventude mundial é de nativos digitais, ativos online por pelo menos cinco anos.
A população mundial apresentou aumento do uso da internet de 6% em 2000 para 43% em 2015.
No entanto, mais de 4 bilhões de pessoas não usam Internet, e 90% delas são de países em desenvolvimento.
Informações da ONU Brasil, in EcoDebate, 28/09/2015
Conheça os novos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU - I
Os ODS devem ser implementados por todos os países do mundo durante os próximos 15 anos, até 2030.
Esta agenda é formado pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser implementados por todos os países do mundo durante os próximos 15 anos, até 2030.
Conheça quais são estes novos Objetivos Globais:
Objetivo 1: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares
Globalmente, o número de pessoas vivendo em extrema pobreza diminuiu mais da metade; em 1990 eram 1,9 bilhão. Contudo, 836 milhões de pessoas ainda vivem na extrema pobreza: cerca de uma em cada cinco pessoas em regiões em desenvolvimento vive com menos de 1,25 dólar por dia.
O Sul da Ásia e a África Subsaariana são o lar da esmagadora maioria das pessoas vivendo em extrema pobreza.
Altos índices de pobreza são frequentemente encontrados em países pequenos, frágeis e afetados por conflitos.
Uma em cada quatro crianças abaixo dos cinco anos de idade no mundo possui altura inadequada para sua idade.
Objetivo 2: Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
Globalmente, a proporção de pessoas subnutridas em regiões em desenvolvimento caiu quase pela metade desde 1990, de 23,3% em 1990-1992 para 12,9% em 2014-2016. Mas, atualmente, uma em cada nove pessoas no mundo (795 milhões) ainda é subnutrida.
A vasta maioria das pessoas do mundo passando fome vive em países em desenvolvimento, onde 12,9% da população é subnutrida.
Ásia é o continente com a população que passa mais fome – dois terços do total. A porcentagem no Sul da Ásia caiu em anos recentes, mas, na Ásia Ocidental, ela aumentou levemente.
A África Subsaariana é a região com a mais alta prevalência (porcentagem da população) de fome. Lá, cerca de uma em cada quatro pessoas está subnutrida.
A má nutrição causa quase metade (45%) das mortes de crianças abaixo dos cinco anos de idade – 3,1 milhões de crianças anualmente.
Uma em cada quatro crianças do mundo sofre crescimento atrofiado. Em países em desenvolvimento, a proporção aumenta de uma para três.
66 milhões de crianças em idade escolar primária vão às aulas passando fome, sendo 23 milhões apenas na África.
A agricultura é a maior empregadora única no mundo, provendo meios de vida para 40% da população global atual. Ela é a maior fonte de renda e trabalho para famílias pobres rurais.
500 milhões de pequenas fazendas no mundo todo, a maioria ainda dependente de chuva, fornecem até 80% da comida consumida numa grande parte dos países em desenvolvimento. Investir em pequenos agricultores é um modo importante de aumentar a segurança alimentar e a nutrição para os mais pobres, bem como a produção de alimentos para mercados locais e globais.
Objetivo 3: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
Saúde infantil
A cada dia, morrem 17 mil crianças a menos do que em 1990, porém mais de seis milhões decrianças ainda morrem a cada ano, antes do seu quinto aniversário.
Desde 2000, vacinas de sarampo preveniram aproximadamente 15,6 milhões de mortes.
Apesar do progresso global, uma crescente proporção das mortes de crianças acontece na África Subsaariana e no Sul da Ásia. Quatro de cada cinco mortes de crianças abaixo dos cinco anos de idade ocorrem nessas regiões.
Saúde Materna
Globalmente, a mortalidade materna caiu quase 50% desde 1990.
Na Ásia Oriental, no Norte da África e no Sul da Ásia, a mortalidade materna diminuiu cerca de dois terços. Porém, a taxa de mortalidade materna – a proporção de mães que não sobrevivem ao nascimento do filho comparada com aquelas que sobrevivem – nas regiões em desenvolvimento ainda é 14 vezes mais alta do que nas regiões desenvolvidas.
Apenas metade das mulheres em regiões em desenvolvimento recebe a quantidade recomendada de assistência médica.
HIV/aids
Em 2014, havia 13,6 milhões de pessoas com acesso à terapia antirretroviral, um aumento em relação a apenas 800 mil em 2003.
Novas infecções por HIV em 2013 foram estimadas em 2,1 milhões, o que representa 38% a menos do que em 2001.
No final de 2013, estima-se que havia 35 milhões de pessoas vivendo com HIV.
No final de 2013, 240 mil novas crianças estavam infectadas com HIV.
Objetivo 4: Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
A matrícula na educação primária em países em desenvolvimento chegou a 91%, mas 57 milhões de crianças permanecem foram da escola.
Mais da metade das crianças que não se matricularam na escola vivem na África Subsaariana.
Estima-se que 50% das crianças fora da escola com idade escolar primária vivem em áreas afetadas por conflitos. Crianças das famílias mais pobres são quatro vezes mais propensas a estar fora da escola do que crianças de famílias mais ricas.
O mundo conquistou a igualdade na educação primária entre meninas e meninos, mas poucos países alcançaram essa meta em todos os níveis de educação.
Entre os jovens de 15 a 24 anos, a taxa de alfabetização melhorou globalmente, de 83% para 91% entre 1990 e 2015.
Objetivo 5: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
No Sul da Ásia, apenas 74 meninas foram matriculadas na escola primária para cada 100 meninos, em 1990. Em 2012, as taxas de matrícula foram as mesmas para meninas e para meninos.
Na África Subsaariana, Oceania e Ásia Ocidental, meninas ainda enfrentam barreiras para entrar tanto na escola primária quanto na escola secundária.
Mulheres na África do Norte ocupam menos de um a cada cinco empregos pagos em setores que não sejam a agricultura.
Em 46 países, as mulheres agora ocupam mais de 30% das cadeiras no parlamento nacional em pelo menos uma câmara.
Objetivo 6: Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos.
Em 2015, 91% da população global está usando uma fonte de água potável aprimorada, comparado a 76% em 1990. Contudo, 2,5 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços de saneamento básico, como banheiros ou latrinas.
Diariamente, uma média de cinco mil crianças morre de doenças evitáveis relacionadas à água e saneamento.
A energia hidrelétrica é a fonte de energia renovável mais importante e mais amplamente usada. Em 2011, ela representava 16% do total da produção de eletricidade no mundo todo.
Aproximadamente 70% de toda água disponível é usada para irrigação.
Enchentes são a causa de 15% de todas as mortes relacionadas a desastres naturais.
Objetivo 7: Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos
1,3 bilhão de pessoas – uma em cada cinco, globalmente – ainda não têm acesso à eletricidade moderna.
3 bilhões de pessoas dependem de madeira, carvão, carvão vegetal ou dejetos animais para cozinhar e obter aquecimento.
A energia é o principal contribuinte para as mudanças climáticas, sendo responsável por cerca de 60% das emissões globais totais de gases do efeito estufa.
A energia de fontes renováveis – vento, água, solar, biomas e energia geotermal – é inexaurível e limpa. A energia renovável, atualmente, constitui 15% do conjunto global de energia.
Objetivo 8: Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos
O desemprego global aumentou de 170 milhões em 2007 para cerca de 202 milhões em 2012, dentre eles, aproximadamente 75 milhões são mulheres ou homens jovens.
Aproximadamente 2,2 bilhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza e a erradicação do problema só é possível por meio de empregos bem pagos e estáveis.
470 milhões de empregos são necessários mundialmente para a entrada de novas pessoas no mercado de trabalho entre 2016 e 2030.
Pequenas e médias empresas que se comprometem com o processamento industrial e com as indústrias manufatureiras são as mais decisivas para os primeiros estágios da industrialização e são geralmente as maiores geradores de emprego. São responsáveis por 90% dos negócios no mundo e contabilizam entre 50 a 60% dos empregos.