sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O consumo de linhaça interfere no uso de alguma medicação?


24 jun 2009 

Não foram encontrados estudos que evidenciassem qualquer interação medicamentosa com o uso da linhaça, ou seja, a linhaça pode ser usada independentemente do uso de outras medicações. De acordo com especialista a linhaça possui as seguintes contra-indicações: obstruções digestivas e íleo paralítico.

A semente de linhaça tem cerca de 39% de óleo em sua composição. Seu óleo é um dos alimentos mais rico em Ômega 3 da natureza (cerca de 57%) e de Ômega 6. A relação ideal entre Ômega 3 e Ômega 6 é de 1:4 respectivamente, enquanto o óleo vegetal de linhaça apresenta uma relação de 1:3, muito próxima do ideal. Essa presença balanceada entre o Ômega 3 e o Ômega 6 permite a produção das prostaglandinas, que são corpos biologicamente muito ativos e importantes que agem como removedoras do excesso de sódio nos rins, diminuindo assim a retenção de líquidos. A alta taxa de Ômega 3 faz da linhaça um alimento de caráter preventivo à saúde, sendo um importante agente antioxidante e renovador celular.

A linhaça vem sendo cada vez mais utilizada para auxiliar o tratamento da dislipidemia (colesterol alto), diabetes, constipação (intestino preso), retenção hídrica pré-menstrual, sintomas da menopausa e na prevenção de alguns tipos de câncer, especialmente o de mama, cólon e próstata.

Bibliografia Selecionada

  1. Sposito A C, Caramelli B, Fonseca FAH, Bertolami MC. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose: Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2007;88(supl.1):2-19. Disponível em: http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2007/diretriz-DA.pdf. Acesso em: 30 mar 2015
  2. Bloedon LT, Balikai S, Chittams J, Cunnane SC, Berlin JA, Rader DJ, Szapary PO. Flaxseed and cardiovascular risk factors: results from a double blind, randomized, controlled clinical trial. J Am Coll Nutr. 2008 Feb;27(1):65-74.

Qual a indicação de uso do óleo de girassol e do óleo de canola no tratamento de feridas?



Estes dois produtos citados são visto pela ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) como Produtos de uso culinário: (exemplo, óleo de girassol, óleo de canola, açúcar, mamão etc) Sua fabricação é destinada à alimentação, não existindo comprovação científica da sua eficácia em tratamento de feridas. Existem controvérsias quanto à indicação de uso e intervalo de trocas. Porém podemos encontrar o óleo de girassol em outros produtos como AGE ( ácidos graxos essenciais) que possui indicação para o tratamento de feridas e podem apresentar vários nomes comerciais mas devemos atentar se em sua composição existe o derivado do ácido linoléico, derivados do ácido linoléico com lanolina, derivados do ácido ricinoléico – da mamona.

Suas indicações servem para todos os tipos de lesão, nos diversos estágios do processo cicatricial e como preventivo de lesões. Inúmeros trabalhos comprovam que os triglicérides de cadeia média atuam de forma positiva no processo de cicatrização, tanto por sua ação bactericida como por sua interferência em diversas fases do processo: atuam sobre a membrana celular, aumentando sua permeabilidade; facilitam a entrada de fatores de crescimento; promovem mitose e proliferação celular; estimulam a neoangiogênese; quimiotáxicos para leucócitos.

Os AGE podem ser usados em qualquer fase da cicatrização, eles auxiliam desbridamento autolítico; bactericidas para S. aureus; pode-se fazer o desbridamento prévio para agilizar o processo de cicatrização; aplicação deve ser diária. Devemos atentar que o AGE pode provocar hipersensibilidade e requerem troca diária, aplicação de cobertura secundária (máximo de 24 horas).

Outro estudo com Grau de Recomendação C define que os AGE ou triglicerideos de cadeia média são capazes de alterar funções leucocitárias modificando reações inflamatórias e imunológicas, acelerando o processo de granulação por manter o ambiente úmido. São utilizados no tratamento de feridas abertas com ou sem infecção e profilaxia de ulceras de decúbito, por formar uma película protetora sobre a pele.

Neste estudo eles recomendam que se deve aplicar o TCM/AGE = triglicérides de cadeia média no leito da ferida, diretamente com ajuda de frasco conta gota ou almotolia ou embeber a gaze e colocá-la do leito da ferida e após cobrir com uma segunda camada de gaze umedecida em SF e fixá-los com micropore ou com atadura, de acordo com a localização da ferida.

O mercado oferece uma diversidade de produtos para tratamento de queimaduras que tem provocado insegurança nos profissionais da saúde sobre qual opção é a mais indicada. Vale considerar que a literatura apresenta alguns questionamentos sobre o tratamento das queimaduras ainda sem respostas e controvérsias que merecem ser esclarecidas. Em adição, alguns estudiosos mencionam a escassez de informações específicas acerca da indicação e efeitos adversos dos produtos convencionalmente utilizados em queimaduras, de maneira que seja possível relacionar estas informações com o tipo e a fase da queimadura. Assim, se conclui que é preciso conhecer a eficiência de cada produto frente à diversidade de situações. Cabe destacar que o sucesso do tratamento depende, dentre outros fatores, da criteriosa escolha, bem como, da adequada utilização dos produtos selecionados.

SOF Relacionadas:

Bibliografia Selecionada

  1. Agency fo Health Care Policy and Research (AHCPR) – Clinical practice guidelines: pressure ulcer treatment: quick reference guide for clinicians. Dermatol nurs. 7(2): 87-101. Disponível em: http://www.ahrq.gov/professionals/clinicians-providers/guidelines-recommendations/archive.html
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. FAQ – Sistema de Perguntas e Respostas. Controle de Infecção – Uso de antimicrobiano. Brasília: ANVISA.
  3. Amora VAK. Lesão de difícil cicatrização: sistematizando as ações de enfermagem ao paciente oncológico [Tese]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2000.
  4. Declair V. A aplicação de triglicérides de cadeia média (TCM) na prevenção de úlceras de decúbito. Res Bras Enf. 1994 Jan-Mar;47(1): 27-30.
  5. Goldmeier S. Comparação dos triglicerideos de cadeia média com ácidos graxos essenciais, com polivinilpirrolidona-iodo no tratamento das úlceras de decúbito em pacientes cardiopatas. Rev Paul Enfermagem. 1997 Jan- Dez;16 (1/3): 30-4.
  6. Louw L. Keloids in rural black South Africans. Part 1: general overview and essential fatty acid hypotheses for keloid formation and prevention. Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids. 2000 Nov;63(5):237-45.

Ômega 3 pode ser usado para tratar dislipidemia? Quais outros tratamentos disponíveis?



Os Ácidos graxos ômega-3 (ω-3) são poli-insaturados derivados do óleo de peixes e de certas plantas e nozes. O óleo de peixe contém tanto o ácido docosa-hexaenoico (DHA) quanto o ácido eicosapentaenoico (EPA), mas os óleos de origem vegetal contêm predominantemente o ácido alfa-linolênico (ALA). Em altas doses (4 a 10g ao dia) reduzem os TGs e aumentam discretamente o HDL-C, podendo, entretanto, aumentar o LDL-C. Em um estudo inicial, a suplementação com ω-3 foi relacionada com benefício clínico, mas recentes metanálises não confirmam o benefício dessa terapia na redução de eventos cadiovasculares, coronarianos, cerebrovasculares, arritmias ou mortalidade global. Assim, sua indicação na terapia de prevenção cardiovascular não está recomendada (Grau A III).

Tratamento medicamentoso das dilipidemias:

Nas últimas duas décadas, avanços notáveis foram obtidos com o desenvolvimento de hipolipemiantes com potenciais crescentes para redução da hipercolesterolemia, permitindo a obtenção das metas terapêuticas, especialmente do LDL-C. Além das estatinas, resinas, ezetimiba, fibratos, niacina, ácidos graxos ômega 3, atualmente dispomos de Inibidores da proteína de transferência de éster de colesterol (CETP), Inibidor da MicrosomalTransferProtein (MTP), Inibidores do Proproteinconvertasesubtilisinkexintype 9 (PCSK9) e Inibidores da síntese de apolipoproteína B

Tratamento não medicamentoso das dislipidemias: 

Aspecto fundamental no tratamento da dislipidemia inclui medidas não farmacológicas direcionadas não somente à redução dos níveis de lipídios séricos mas também a outros fatores de risco cardiovascular. A conduta não medicamentosa deve ser recomendada a todos os pacientes com dislipidemia, incluindo, no mínimo, terapia nutricional, exercícios físicos e cessação do tabagismo.

No que tange o tratamento das dislipidemias, a terapia nutricional deve sempre ser adotada. A utilização de técnicas adequadas de mudança do comportamento dietético é fundamental. Os níveis séricos de colesterol e TG se elevam em função do consumo alimentar aumentado de colesterol, de carboidratos, de ácidos graxos saturados, de ácidos graxos trans e de excessiva quantidade de calorias. Por isso a seleção adequada destes itens poderá contribuir de maneira eficaz no controle das dislipidemias. É fundamental que as preferências alimentares sejam respeitadas, que a alimentação tenha a composição adequada e o que o paladar seja agradável. O indivíduo deverá ser orientado acerca de como selecionar os alimentos, da quantidade a ser consumida e do modo de preparo, bem como das possíveis substituições dos alimentos.

Os exercícios físicos devem ser adotados, com frequência de 3-6 vezes/semana e prescrição média de 150 minutos/semana de exercícios leves a moderados. Pacientes assintomáticos dispensam avaliação médica prévia, devendo ser mantidos os medicamentos de uso corrente.

O hábito de fumar pode estar associado à redução significativa dos níveis de HDL-C. O tabagismo deve ser combatido de forma agressiva. O tratamento inclui duas etapas: abordagem cognitivo-comportamental e, se necessário, farmacoterapia. O tratamento do tabagismo no Sistema Único de Saúde (SUS) é previsto no Programa Nacional de Controle do Tabagismo.

O alcance das metas de tratamento é variável e depende da adesão à dieta, às correções no estilo de vida − perda de peso, atividade física e cessação do tabagismo − e, principalmente, da influência genética da dislipidemia em questão.

Leitura sugerida SOFs:



Bibliografia Selecionada

  1. Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose, 2013;101(4). Disponível em:http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/V_Diretriz_Brasileira_de_Dislipidemias.pdf. Acesso em: 2015 ago 12.
  2. Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de atenção à saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dislipidemia para a prevenção de eventos cardiovasculares e pancreatite aprovado pela Portaria Nº 200, de 25 de fevereiro de 2013. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2013/ANEXO/anexo_prt0200_25_02_2013.pdf. Acesso em: 2015 ago 12
Solicitante: Enfermeiro

Como organizar rodas de conversa sobre plantas medicinais? (Equipe Telessaúde Santa Catarina)



As rodas de conversa favorecem a troca de saber e identificação de plantas medicinais disponíveis nos quintais ou usadas concomitantemente como medicamento. Este espaço de reflexão torna-se importante tendo em vista que as espécies vegetais possuem princípios-ativos e pode interagir, causar reações adversas, apresentar toxicidade e∕ou serem contraindicadas (1). O encontro é organizado com duração de 1hora. Pode ser realizada em parceria com pastoral da saúde, associação de bairro, líderes de comunidade, escolas entre outros. São coordenadas por um profissional da equipe de saúde da família ou Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) com a participação dos ACS. Sugere-se que antes da realização do primeiro encontro a equipe realize um levantamento das plantas utilizada ou conhecida pela comunidade. Após este levantamento, escolhe-se a planta medicinal a ser estudada, coleta-se um exemplar na comunidade, realiza-se a identificação botânica (que pode ser realizada em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Horto didáticos e herbários de universidades ou Telessaúde), agenda-se o dia da primeira roda de conversa mediante um convite aos usuários feito pelos ACS durante as visitas domiciliares.

A roda de conversa inicia com o nome popular, pelo contato com a planta (cheirar, tocar, mascar) e a socialização das indicações e formas de uso popular. Posteriormente, o coordenador da roda realiza o registro das informações e compartilham as informações sobre aspectos botânicos, agronômicos, químicos, terapêuticos (ação farmacológica, contraindicação, efeitos adversos, forma de uso, precauções) das diferentes espécies chamadas pelo mesmo nome popular, bem como o nome científico da planta (3).

Esta aproximação recíproca entre profissionais e comunidade nas rodas de conversa permite alianças, a participação comunitária, a educação em saúde e os trabalhos em grupo. A planta medicinal, neste espaço, poderá ser uma ferramenta mediadora para educação popular e promoção de saúde. Uma conversa simples sobre o uso de plantas medicinais no contexto comunitário poderá favorecer a interação com o usuário. As rodas de conversas irão estimular o usuário a se expressar, tirar dúvidas, relatar sobre o uso simultaneamente com outros recursos terapêuticos. Este clima de valorização e diálogo sobre os recursos e práticas autônomas e populares locais favorece a promoção e cuidado em saúde. Além disso, fortalece uma rede, um coletivo de pessoas, que trocam, conversam, interagem e se ajudam. Nesse meio, o princípio que orienta as relações pessoais é a reciprocidade (1,2).

Ao final do encontro, pode ser elaborado um boletim informativo visando socializar as informações populares e científicas compartilhadas na roda de conversa (4).

Levantamento de evidências científicas para a realização da roda de conversa sobre plantas medicinais (3):

Pesquisa dos aspectos botânicos e agronômico devem levar em consideração as Diretrizes da Organização Mundial de Saúde sobre as Boas Práticas Agrícolas e Coleta de Plantas Medicinais. A identificação botânica pode ser realizada pela EPAGRI, EMAPRA, hortos didáticos, herbários de universidade ou pelo Telessaúde SC. A pesquisa inicia-se pela coleta de informações nos sites de universidades por meio do nome científico da planta. Os sites que podem ser consultado são da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Horto didático do HU/UFSC (4), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) (5), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) (6), trópicos.org® (7), site da Reflora (Lista de espécies da Flora do Brasil) (8), Herbário Padre Dr. Raulino Reitz (9) ou outras instituições que estudam sobre plantas medicinais.

Pesquisa dos aspectos químicos, farmacológicos, toxicológicos e terapêuticas (indicações, efeitos adversos, interações medicamentosas, contraindicações), visando à melhor evidencia sobre o uso de plantas medicinais: A busca de informações sobre a identificação química, ações farmacológicas, toxicológicas e indicações terapêuticas de planta é realizada em artigos publicados nos últimos três anos, compêndios e farmacopeias. Os sites científicos recomendados são: PubMED, Sciencediret, Scielo, Medline, BVS/BIREME, Portal de periódicos Capes, Portal de periódicos da saúde, Google acadêmico, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Recomenda-se consultar as Listas de referências bibliográficas validadas pela ANVISA que consta na Instrução Normativa n° 5 de 31 de março de 2010 (10) e também informações contempladas no Anexo 1 da Resolução RE no 10, de 9 de Março de 2010 (11). Dados sobre toxicidade podem ser consultados em sites nacionais e internacionais vinculados aos Centros de Farmacovigilância, Centro de Informação de medicamentos, Centros de Informações Toxicológicas (CIT/SC) (12). Caso a literatura acima citada não contemple ou contemple parcialmente as informações necessárias sobre a planta escolhida, parte-se para a busca em livros e estudos etnobotânicos e etnofarmacológicos.

A partir desta roda de conversa a equipe poderá organizar horta comunitárias, horto didáticos ou farmácias vivas seguindo as recomendações da Portaria 886 de 20 de março de 2010 (13) e a Resolução RDC 18 de 3 de março de 2013 (14). Este espaço educativo contribui para interação de saberes, promoção e cuidado em saúde no âmbito dos serviços (2,15).

Bibliografia Selecionada

  1. Campos GWDS. Um método para análise e cogestão de coletivos. São Paulo: Hucitec, 2007.147-150.
  2. Antonio GD; Tesser, CD e Moretti-Pires, RO. Contribuições das plantas medicinais para o cuidado e a promoção da saúde na atenção primária. Interface (Botucatu). 2013, 17 (46) : 615-633. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832013005000014. Acesso em: 29 out 2014.
  3. Rossato AE et al. (org.) Fitoterapia racional: aspectos taxonômicos, agroecológicos, etnobotânicos e terapêuticos, Florianópolis: DIOESC, 2012. p.15-40. Disponível em: http://repositorio.unesc.net/bitstream/handle/1/1628/Fitoterapia%20Racional.pdf?sequence=2. Acesso em: 29 out 2014.
  4. Universidade Federal de Santa Catarina. Horto Didático do Hospital Universitário /UFSC Disponível em:http://www.hortomedicinaldohu.ufsc.br/sobreohorto.php. Acesso em: 29 out 2014.
  5. Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI). Boletim de cultivo de plantas bioativas. Disponível em:http://cultivehortaorganica.blogspot.com.br/2011/02/cultivo-organico-de-plantas-bioativas_22.html. Acesso em: 29 out 2014.
  6. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Disponível em: http://www.campinas.spm.embrapa.br/plantasMedicinais/ Acesso em: 29 out 2014.
  7. Tropicos®. Disponível em: http://www.tropicos.org/Home.aspx. Acesso em: 29 out 2014.
  8. Reflora. Lista de espécies da Flora do Brasil. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/listaBrasil/PrincipalUC/PrincipalUC.do. Acesso em: 29 out 2014.
  9. Herbário Padre Dr. Raulino Reitz. Disponível em: http://inct.florabrasil.net/participantes/herbarios-curadores/cri-herbario-pe-dr-raulino-reitz-universidade-do-extremo-sul-catarinense/. Acesso em: 29 out 2014.
  10. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa n° 5 de 31 de março de 2010. Disponível em:http://189.28.128.100/dab/docs/legislacao/instrucao05_31_03_10.pdf Acesso em: 29 out 2014.
  11. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC no 10, de 10 de março de 2010a. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ >. Acesso em: 29 out 2014.
  12. Centros de Informações Toxicológicas (CIT/SC). Disponível em: http://www.cit.sc.gov.br/site/ Acesso em: 29 out 2014.
  13. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 886 de 20 de março de 2010. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt0886_20_04_2010.html. Acesso em: 29 out 2014.
  14. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC 18 de 3 de março de 2013. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0018_03_04_2013.html. Acesso em: 29 out 2014.
  15. Antonio GD; Tesser CD, Moretti-Pires RO. Fitoterapia na Atenção Básica. Rev. Saúde Pública [online]. 2014, 48 (3): 541-553. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048004985. Acesso em: 29 out 2014.
Solicitante: Enfermeiro

O que é fitoterapia e como o Agente Comunitário de Saúde (ACS) pode trabalhar este tema na comunidade? (Equipe Telessaúde Sergipe)

http://aps.bvs.br/aps/o-que-e-fitoterapia-e-como-o-acs-pode-trabalhar-este-tema-na-comunidade/


A fitoterapia consiste em uma modalidade terapêutica caracterizada pela utilização de plantas medicinais validadas e suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal; são os chamados medicamentos fitoterápicos (1). Estes são medicamentos obtidos empregando-se, como princípio ativo, exclusivamente derivados de drogas vegetais. São caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, como também pela constância de sua qualidade. Fitoterápicos são regulamentados no Brasil como medicamentos convencionais e têm que apresentar critérios similares de qualidade, segurança e eficácia requeridos pela ANVISA para todos os medicamentos (2).

O Agente Comunitário de Saúde (ACS), membro da equipe da ESF, emerge da comunidade e, portanto, convive com a realidade do local onde mora e trabalha. Por ser ator importante na equipe, tal profissional tem o desafio de ampliar suas fronteiras de atuação, visando maior resolubilidade, uma vez que é um veículo de saberes e práticas da população e entre esta e a equipe de saúde. A partir do conhecimento das crenças e histórias de vida da comunidade, os ACS têm a possibilidade de entender as razões que levam o usuário a aderir ou até mesmo a recusar determinados tipos de tratamentos e cuidados e junto com os demais integrantes da equipe, planejar intervenções (3).

Espera-se que a implantação dessa política de medicamentos fitoterápicos nos locais de atenção primária que atendem o SUS permita uma redução nos gastos com saúde no Brasil. O grande problema enfrentado pelas UBS, que sofrem com a falta de medicamento, poderá ser amenizado quando efetuada a complementação do medicamento convencional pelo fitoterápico, mediante uma orientação adequada (4).

No Paraná, uma experiência com programa de fitoterápicos na rede pública deu-se no município de Curitiba, onde as plantas medicinais e os fitoterápicos são usados como recurso terapêutico desde 1990. Neste município existe o projeto Verde Saúde, que preconiza a utilização de plantas medicinais. Em 2001, 82% das unidades de saúde já utilizavam a fitoterapia como opção terapêutica (5,6). Outros municípios paranaenses implantaram o programa de uso de fitoterápicos na rede básica. Londrina, Toledo e Foz do Iguaçu avaliam os resultados desse programa como satisfatórios para o serviço e para os usuários do Sistema Público de Saúde (4,6).

O estado do Ceará foi um dos primeiros do Brasil a sistematizar a utilização de plantas medicinais, medicamentos fitoterápicos e serviços relacionados à fitoterapia a partir do projeto Farmácias Vivas (7) e a regulamentar esse uso no SUS, através da Lei nº 12.951, de 07 de outubro de 1999 e do Decreto nº 30.016 de 30 de dezembro de 2009 (8,9). Assim como no Ceará, existem várias experiências exitosas e específicas de municípios e estados brasileiros, em todas as regiões, com a fitoterapia. Como exemplos pode-se citar o município do Rio de Janeiro (RJ), onde há um memento terapêutico do programa de fitoterapia (10) e, também, legislação específica estadual (11); e o Programa Verde Saúde em Curitiba (PR) onde, em 2001, 81,9% das unidades de saúde já utilizavam a fitoterapia como opção terapêutica (4).

De acordo com dados do Ministério da Saúde (12), ações/serviços institucionalizados envolvendo a fitoterapia são ofertadas em sua maioria na Atenção Básica, por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF). O conjunto dessas iniciativas acumulam vários avanços e possibilidades para a estruturação dos serviços de fitoterapia na Atenção Básica no SUS:

a) possibilidade de financiamento de medicamentos fitoterápicos através do Componente Básico da Assistência Farmacêutica (Portaria do Ministério da Saúde nº 4.217 de 2010) (13);

b) possibilidade de ampliação da abrangência e o escopo das ações da Atenção Básica, através dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF);

c) regulamentação das Farmácias Vivas no SUS e estabelecimento de Boas Práticas de Processamento e Manipulação de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Portaria nº 886, de 2010, do Ministério da Saúde (13) e Consulta Pública nº 85/2010 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, respectivamente) (15,16);

d) estabelecimento de guias fitoterápicos, mementos terapêuticos e relações de plantas medicinais e fitoterápicos compondo o elenco de referência nas três esferas de governo.

Dentre os principais motivos levantados pelo Ministério da Saúde para a implantação de projetos de fitoterapia apontados pelos estados/municípios foram: 1) a ampliação do acesso da população aos medicamentos; 2) grande aceitação da população/resgate da cultura popular/solicitação da comunidade; 3) baixo custo; 4) necessidade de orientação à população quanto ao uso correto das plantas medicinais; 5) baixo número de efeitos colaterais e 6) eficácia comprovada (1, 16).

ATRIBUTOS APS

ACESSO – O usuário deve ter garantido seu acompanhamento regular na sua Unidade de Saúde e é através dela, conforme suas necessidades, que será encaminhado para outros pontos do sistema de saúde ou para acompanhamento com outras formas de tratamento.

INTEGRALIDADE – garantir da atenção a saúde buscando a integralidade por meio da realização de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos; e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realização das ações programáticas, coletivas e de vigilância à saúde.

LONGITUDINALIDADE – essencial que haja o acompanhamento constante do paciente pela equipe de saúde, tanto na unidade como na comunidade em que está inserido.

AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE (intersetoriais e educativas) – A Equipe deve planejar ações de prevenção de acordo com os problemas levantados na comunidade.

A equipe de saúde assiste ao paciente, à família e à comunidade, planeja a assistência com base na cultura da população, utiliza os recursos disponíveis, ajudando dessa forma a comunidade a melhorar seu nível de saúde. Para isso cada profissional, necessita de conhecimento das propriedades terapêuticas das plantas a serem usadas, do preparo, da indicação, dos cuidados e da dosagem (17).

Bibliografia Selecionada

1. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica. A fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos. Brasília: MS; 2006.

2- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Gerência de Medicamentos Isentos, Específicos, Fitoterápicos e Homeopáticos. Fitoterápicos. Disponível em:http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/fitoterapicos/poster_fitoterapicos.pdf

3. Paranaguá TTB, Bezerra ALQ, Souza MA, Siqueira KM. AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: VISÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jan/mar; 17(1):75-0.

4. Tomazzoni MI. Subsídios para a introdução do uso de fitoterápicos na rede básica de saúde do Município de Cascavel/PR [dissertação]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná; 2004.

5. Curitiba. Secretaria Municipal de Saúde. Programa de fitoterapia 2003. [artigo na Internet]. [acessado 2008 ago 29]. Disponível em: http://www.plantasmedicinais.org/saúde/arquivo000013.html

6. Bruning MCR, Mosegui GBG, Vianna CMM. A utilização da fitoterapia e de plantas medicinais em unidades básicas de saúde nos municípios de Cascavel e Foz do Iguaçu – Paraná: a visão dos profissionais de saúde. Ciênc. Saúde Coletiva vol.17 no.10, Rio de Janeiro Oct. 2012.

7. Matos FJA. Farmácias vivas: sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades. Fortaleza: EUFC; 1998.

8. Ceará. Lei nº 12.951, de 07 de outubro de 1999. Dispõe sobre a política de implantação da fitoterapia em saúde pública no estado do Ceará. Diário Oficial do Estado do Ceará 1999; 15 out.

9. Ceará. Decreto nº 30.016, de 30 de dezembro de 2010. Regulamenta a Lei nº 12.951, de 07 de outubro de 1999, que dispõe sobre a política de implantação da fitoterapia em saúde pública no estado do Ceará e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Ceará 2010; 08 jan.

10. Reis MCP, Pereira MTCL, Haefeli AMP, Parrini AM, Leda PHO, Amorim HF, Boorhem RL. Memento terapêutico. Rio de Janeiro: Globo; 2002.

11. Rio de Janeiro. Resolução da Secretaria Estadual de Saúde nº 1.590, de 18 de março de 2004. Aprova regulamento técnico para a prática da fitoterapia e funcionamento dos serviços de fitoterapia no âmbito do estado do Rio de Janeiro e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro 2004; 18 mar.

12. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.Relatório do 1º seminário Internacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde – PNPIC. Brasília: MS; 2009.

13. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria nº 4.217 de 28 de dezembro de 2010. Diário Oficial da União 2010; 29 dez.

14. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria nº 886, de 20 de abril de 2010. Institui a Farmácia Viva no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União 2010; 22 abr.

15. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Consulta Pública nº 85 de 10 de agosto de 2010. Diário Oficial da União 2010; 12 ago.

16. Fontenele RP, Sousa DMP, Carvalho ALM, Oliveira FA. Fitoterapia na Atenção Básica: olhares dos gestores e profissionais da Estratégia Saúde da Família de Teresina (PI), Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva vol.18 n.8 Rio de Janeiro Aug. 2013.

17. Araújo M. Das ervas medicinais à fitoterapia. São Paulo: Ateliê Editorial; 2002.

Quais plantas medicinais são indicadas para cicatrização de feridas? (Equipe Telessaúde Santa Catarina)

http://pesquisa.bvs.br/aps/resource/pt/sof-16988


As plantas medicinais indicadas para cicatrização de feridas, com comprovadas ações são Anacardium occidentale L.(cajueiro), Caesalpinia ferrea Mart. (pau-ferro), Casearia sylvestris Sw. (guaçatonga), Schinus terebinthifolius Raddi (aroeira), Stryphnodendrom adstrigens (Mart.) Coville (barbatimão), Calendula officinalis L. (calêndula), Polygonum punctatum Elliott (erva-de-bicho), Coronopus didymus (L.) Smith (mastruço), Aloe vera (L.) (babosa), Helianthus annuus (girassol)1,2,3. 

Podem ser utilizadas por meio de muitas formas farmacêuticas, disponibilizadas na Fitoterapia, tais como: preparações extemporâneas (infusão e decocção – chamados popularmente de chás), tinturas, gel, creme, pomada, óleo 3. A Resolução RDC no 10, de 9 de março de 2010 apresenta uma lista de plantas medicinais, com informações sobre nome científico, popular, indicação, modo de uso, contraindicações, interações medicamentosas e efeitos adversos para preparações extemporâneas (2).

O protocolo de fitoterapia de enfermagem do município de Betim/MG4, de Londrina5 e o Formulário Nacional de Fitoterápicos3 apresentam algumas formulações fitoterápicas para o tratamento de feridas:

Creme de Barbatimão 10% + Óleo de Girassol – 60g

Indicação: cicatrização de feridas em fase de granulação e escoriações.

Modo de usar: aplicar no local afetado 2 a 3 vezes ao dia, após higienização com solução fisiológica. Alerta quanto ao uso em idoso, pois pode provocar o aparecimento de fibrina.

Creme de Calêndula 5% + Barbatimão 5% – 30 e 60g

Indicação: cicatrização de feridas que apresentem pequeno processo inflamatório e início de fase de granulação; úlceras de decúbito fase II (ferida); feridas com hiperceratose.

Modo de usar: aplicar no local afetado 2 a 3 vezes ao dia, após higienização com solução fisiológica

Óleo de Girassol – 100ml

Indicação: úlceras abertas com ou sem inflamação, cobertura primária em curativos (embeber a gaze)

Modo de usar: aplicar na lesão, após assepsia, uma a duas vezes ao dia, ou a cada troca de curativo.

Creme de Calêndula a 10%:

Indicação: Dermatites de contato, inclusive dermatite de fralda ou amoniacal; dermatites eczematosas; feridas com processo inflamatório intenso; feridas em fase proliferativa com pouco ou nenhum exsudato; fístula extra bucal com secreção, processos inflamatórios na face (impetigo nasal, ressecamento perilabial, eczemas, dermatites, abrasão por trauma)

Modo de uso: aplicar no local afetado 2 a 3 vezes ao dia após higienização com solução fisiológica.

As plantas medicinais podem ser uma alternativa de grande relevância para o processo de cicatrização de feridas, que começam a fazer parte da atenção à saúde brasileira, considerando que seu uso seja validado por estudos para verificar seu potencial cicatrizante, comprovação clínica, custos e benefícios, e a constante atualização acerca das publicações realizadas1.

SOF Relacionadas:

Bibliografia Selecionada

1. Piriz MA, et al. Plantas medicinais no processo de cicatrização de feridas: uma revisão de literatura.Rev. bras. plantas med. [online]. 2014; 16 (3): 628-636. ISSN 1516-0572. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1983-084X/12_178. Acesso em: 29 jan 2015.
2. Brasil. Resolução RDC nº 10, 9 de março de 2010. Disponível em: http://www.fitoterapia.com.br/portal/pdf/rdc10.pdf Acesso em: 29 jan 2015.
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da 3. Farmacopéia Brasileira / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2011. 126p. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeiabrasileira/conteudo/Formulario_de_Fitoterapicos_da_Farmacopeia_Brasileira.pdf Acesso em: 29 jan 2015.
4. SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE BETIM. DIRETORIA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA. Protocolo de enfermagem de fitoterapia. Disponível em:https://pt.scribd.com/doc/134045310/MEDICAMENTOS-FITOTERAPICOS-EM-ENFERMAGEM. Acesso em: 29 jan 2015.
5. LONDRINA. Prefeitura do Município. Autarquia Municipal de Saúde. Fitoterapia: protocolo/. Prefeitura do Município – 3. ed. – Londrina, Pr. 2012. 99. Disponível em: http://www1.londrina.pr.gov.br/dados/images/stories/Storage/sec_saude/fitoterapia/downloads/protocolo_fitoterapia_londrina_2012.pdf. Acesso em: 29 jan 2015.

Quais plantas medicinais podem ser utilizadas durante a gestação? (Equipe Telessaúde Santa Catarina)



OBS.
Informações para profissionais de saúde


Há poucos estudos clínicos sobre segurança do uso de plantas medicinais durante a gestação. A maioria das publicações relacionam as contraindicações de espécies vegetais à presença de princípios-ativos (ácido aristolóquico I e II, alcaloides pirrolizidínicos, tujonas, metafuranos, ascaridol) abortivos, teratogênicos ou com ação emenagoga, justificando o uso com cautela e orientada durante a gravidez 1,2.

Apesar da escassez de estudos, há evidências para uso de algumas plantas na gestação, listadas a seguir:
Alho (Allium sativum L.) 3,4,5,6

Grau de recomendação:
Recomendada após o terceiro mês de gestação para a prevenção de anemia falciforme (Grau de recomendação E). 

Forma farmacêutico/modo de uso
Cápsulas de óleo de alho 250 mg: utilizar 1 a 3 cápsulas ao dia ou Cápsulas de extrato seco de alho de 300 mg: utilizar 1 a 3 cápsulas ao dia;
Preparação extemporânea (maceração): 2 ou 3 dentes de alho em uma xícara de água por dia;
Tintura 20%: tomar 10 mL da tintura diluídos em 75 mL de água, três vezes ao dia;
In natura: 04 g/dia(um dente de alho cru);
Gengibre (Zingiber officinalis) 3,4,7

Grau de recomendação:
Recomendado durante a gestação, para controle de náuseas e vômito (Grau de recomendação B1) .

Forma farmacêutico/modo de uso
In natura: usar até 1500mg/dia de gengibre seco por no máximo 4 dias.
Preparação extemporânea (infusão): 0,5-1g do rizoma seco em 150mL de água. Tomar 2 a 4 vezes ao dia.
Tintura 20%: tomar 50 gotas da tintura diluída em 75 mL, uma a três vezes ao dia.

Erva de São João (Hypericum perforatum L.)3,8,9

Grau de recomendação:
Recomendado após o terceiro mês da gestação para depressão leve a moderada (Grau de recomendação A), ansiedade (Grau de recomendação B), transtornos obsessivos compulsivos e transtornos afetivos sazonais (Grau de recomendação C).

Forma farmacêutico/modo de uso
Cápsulas 380mg (extrato seco padronizado equivalentes à 13,3 mg de taninos). Ingerir 2 (duas) cápsulas, 3 (três) vezes ao dia 9 sob prescrição médica.

Linhaça (Linum usitatissimum L.)3,8

Grau de recomendação:
Recomendado uso como alimento após o terceiro mês de gestação, para constipação leve (Grau de recomendação B).

Forma farmacêutico/modo de uso
A forma encapsulados das sementes da linhaça ou o óleo de linhaça são contra-indicado na gestação, pois podem contribuir para a redução do peso ao nascer do bebê (Nível de evidência 3).
In natura (uso como alimento): uma a duas colheres (sopa) de semente de linhaça triturada ou in natura junto com alimentos ou saladas.O recomendado é 5 a 50g/dia.

Óleo de Prímula (Oenothera biennis L.)3

Grau de recomendação:
Recomendado durante a gestação (Nível de evidência 1A) para prevenção da hipertensão arterial na gestação e pré-eclâmpsia (Grau de recomendação B2).

Forma farmacêutico/modo de uso
Cápsulas de 500mg. Ingerir 1 cápsula 2 vezes ao dia ou conforme orientação de um profissional habilitado.

Castanha-da-índia (Aesculus hippocastanum L.)3,5

Grau de recomendação:
Recomendado após o terceiro mês da gestação para prevenção de edema nas pernas atribuído a insuficiência venosa induzida pela gravidez (Nível de evidência 1A).

Forma farmacêutico/modo de uso
Cápsulas de 240-290mg (extrato seco padronizado equivalentes à 50mg escina (marcador químico do fitoterápico).
Tintura: 3 a 12mL de tintura divididas em 2 ou 3 tomadas diárias, diluída em água (3).
Preparação extemporânea (decocção): 1g da semente da planta seca em 150mL de água. Tomar 1 xícara 3x ao dia.

Crambery (Vaccinium macrocarpon Aiton)3

Grau de recomendação:
Recomendado durante a gestação para prevenção de infecções do trato urinário na forma de extrato (Grau de recomendação A) ou como suco (Grau de recomendação B).

Forma farmacêutico/modo de uso
In natura (como alimento): Usar até 4L/ dia do suco em indivíduos saudáveis.

Dente-de-leão (Taraxacum officinale L.)3

Grau de recomendação:
Recomendado como alimento após o terceiro meses da gestação (Nível de evidência 4) para prevenção de infecção do trato urinário (Grau de recomendação B2) e como anti-inflamatório (Grau de recomendação E).

Forma farmacêutico/modo de uso
In natura: as folhas podem ser servidas como salada fervida ou aperitivo.

Calêndula (Calendula officinalis L.) 

Grau de recomendação:
Recomendado para uso externo durante a gravidez (Nível de evidência 5) para infecções vaginais e dermatites.

Forma farmacêutico/modo de uso
Uso externo: Fazer banho de assento três vezes ao dia com 250mL da tintura diluídos em 1000mL de água2, 2x ao dia para infecções vaginais.

Babosa (Aloe Vera (L.) Burm f.) – Para uso externo

Grau de recomendação:
Recomendado para uso externo na forma de gel durante a gravidez (Nível de evidência 4) para pele seca ou dermatite de contato irritativa (Nível de evidência B2) como hidratante.

Forma farmacêutico/modo de uso
Gel de extrato glicólico de babosa 10%. Aplicar nas áreas afetadas 1 a 3x ao dia.

Equinácia (Echinacea purpurea)3

Grau de recomendação:
Recomendado após o terceiro mês da gestação para prevenção (Grau de recomendação B) e tratamento de infecção do trato respiratório superior (Grau de recomendação A).

Forma farmacêutico/modo de uso
Cápsula 200mg (extrato seco de Echinacea purpurea equivalentes à 10 mg de fenóis totais expressos em ácido caftárico, ácido chicórico, ácido clorogênico e equinacosídeo). Utilizar 2 a 3 cápsulas ao dia.

Acerola (Malpighia glabra L.)5

Grau de recomendação:
A acerola pode ser recomendada, durante a gestação, como suplemento de aminoácidos e ácido ascórbico (como fonte de vitamina C).

Forma farmacêutico/modo de uso
In natura (suco da fruta): preferencialmente centrifugada e consumida imediatamente, 1 copo 3 a 4x ao dia ou fruta fresca: 1 xícara fornece 3780mg de vitamina C.

Framboesa (Rubus idaeus L.)3

Grau de recomendação:
Recomendado a partir da 32ª semana (Nível de evidência 1A) para auxiliar no trabalho de parto, reduzindo o tempo de trabalho de parto e as complicações (Nível de evidência 1A). Também, ajuda a reduzir a probabilidade de parto artificial (cesárea, fórceps ou nascimento a vácuo) e nascimento de prematuros (Nível de evidência 1B).

Forma farmacêutico/modo de uso
Preparação extemporânea (infuso): o infuso das folhas de framboesa (máximo de 1,2g/dia).

A gestação é um período onde o bebê está em formação e o uso de drogas pode causar alterações morfofisiológicas no feto. Diante disso, é necessária a aplicação do princípio da precaução, ou seja, durante os três primeiros meses de gestação, deve ser evitado o uso de qualquer espécie de planta medicinal da mesma forma que os medicamentos sintéticos, cujos estudos para avaliação de efeitos tóxicos e de má formação sobre o feto não estejam concluídos3.

A atualização frequente sobre o uso de plantas medicinais na gestação poderá auxiliar os profissionais, doulas e gestantes a qualificar suas informações sobre segurança e toxicidade do uso de plantas medicinais durante a gravidez baseadas em evidências científicas10.

Categoria da Evidência:

Após o terceiro mês da gestação pode ser recomendado:

- alho (Allium sativum L) para prevenção de anemia (Grau de recomendação E);

- erva-de-são-joão (Hypericum perforatum L.), em casos de depressão leve a moderada (Grau de recomendação A), ansiedade (Grau de recomendação B), transtornos obsessivos compulsivos e transtornos afetivos sazonais (Grau de recomendação C);

- linhaça (Linum usitatissimum L.), como alimento, para constipação leve (Grau de recomendação B);

- óleo-de-prímula (Oenothera biennis L.) para prevenção da hipertensão arterial na gestação e pré-eclâmpsia (Grau de recomendação B2);

- castanha-da-índia (Aesculus hippocastanum L) para prevenção de edema e retenção de líquido e insuficiência venosa (Nível de evidência 1A);

- dente-de-leão (Taraxacum officinale L.), como alimento, para prevenção de infecção do trato urinário (Grau de recomendação B2) e como antiinflamatório (Grau de recomendaçãoE);

- equinácea (Echinacea angustifolia DC.) na prevenção (Grau de recomendação B) e no tratamento de infecção do trato respiratório superior (Grau de recomendação A);

- infuso das folhas de framboesa (Rubus idaeus L.) a partir da 32ª semana (Nível de evidência 1A) para auxiliar no trabalho de parto, reduzindo o tempo de trabalho de parto e as complicações (Nível de evidência 1A) e ajudar a reduzir a probabilidade de parto artificial (cesárea, fórceps ou nascimento a vácuo) e nascimento de prematuros (Nível de evidência 1B).

Durante a gestação pode ser recomendado:

- gengibre (Zingiber officinalis) para controle de náuseas e vômito (Grau de recomendação B1);

- extrato de crambery (Vaccinium macrocarpon Aiton) para prevenção de infecções do trato urinário (Grau de recomendação A) ou o suco (Grau de recomendação B).

Bibliografia Selecionada

1.Boer H, Lamxay V. Plants used during pregnancy, childbirth and postpartum healthcare in Lao PDR: a comparative study of the Brou, Saek and Kry ethnic groups. J EthnobiolEthnomed. 2009; Sep 8;5:25.
2. Holst L & al. The use and the user of herbal remedies during pregnancy. J Altern Complement Med. 2009 Jul;15(7):787-92.
3. MILLS, Edward et al. Herbal Medicines in Pregnancy and Lactation: an Evidence-Based Approach. Lemon balm,2006. p. 204-205, 2006. Disponível em: http://file.zums.ac.ir/ebook/365-Herbal%20Medicines%20in%20Pregnancy%20and%20Lactation%20-%20An%20Evidence-Based%20Approach-Edward%20Mills%20Jean-Ja.pdf [Acesso em: 02 fev 2015]
4. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2011 Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeiabrasileira/conteudo/Formulario_de_Fitoterapicos_da_Farmacopeia_Brasileira.pdf. [Acesso em: 20 fev 2015]
5. ÍNDICE TERAPÊUTICO FITOTERÁPICO. Petrópolis : EPUB, 2008. páginas
6. Londrina. Protocolo de Fitoterapia, 2012. Disponível em: http://www1.londrina.pr.gov.br/dados/images/stories/Storage/sec_saude/protocolos_clinicos_saude/prot_fitoterapia.pdf. [Acesso em: 20 fev 2015]
7. Forster, Della A et al. Herbal medicine use during pregnancy in a group of Australian women. BMC Pregnancy and Childbirth 2006, 6:21. Disponivelem:http://www.biomedcentral.com/1471-2393/6/21
8. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Horto Didático de Plantas Medicinais do H.U. Disponível em:http://www.hortomedicinaldohu.ufsc.br/planta.php?id=159 acesso em 01 de outubro de 2014.
9. ANVISA. Instrução Normativa 2, de 13 de maio de 2014. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/int0002_13_05_2014.pdf[Acesso em: 20 fev 2015]
10. Ladipo, Oladapo. Nutrition in pregnancy: mineral and vitamin supplements. American Journal of Clinical Nutrition. 2000;72 (1): 280S-290s, July 2000. Disponível em: http://www.ajcn.org/content/72/1/280S.full

Crisina e Passiflora sp


A crisina é um flavonoide que está presente em quantidades relativamente altas nas folhas e caules das espécies vegetais do gênero Passiflora sp. Uma das principais ações desse flavonoide é a inibição da enzima aromatase responsável pela conversão da androstenediona em estrona e da testosterona em estradiol. Quando esse mecanismo encontra-se desregulado ocorre o famoso estrogenismo ou aromatização que resulta em efeitos indesejados do excesso de estrógenos como ginecomastia, inchaço, feminilização, por exemplo, no uso de hormônios sexuais. Para que isso seja evitado e minimizado recomenda-se utilizar uma dose de 25 mg de crisina, o que equivale a 60 gotas ou 3 ml de tintura de passiflora. A posologia recomendada é de 1-3x/dia dependendo da quantidade de administração dos hormônios e do objetivo terapêutico.

Relatório dos resultados da “Oficina de Trabalho para o Mapeamento e Análise de Cadeias de Valor de Plantas Medicinais e Fitoterápicos” realizada nos dias 28 e 29 de outubro de 2015 em Natal-RN

Este relatório descreve os resultados da “Oficina de Trabalho para o Mapeamento e Análise de Cadeias de Valor de Plantas Medicinais e Fitoterápicos” realizada nos dias 28 e 29 de outubro de 2015 nas dependências do Pontalmar Praia Hotel, em Natal/RN.

Esta Oficina foi promovida pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), no âmbito do “Projeto de Fortalecimento da Gestão da Agricultura Familiar em Plantas Medicinais e Fitoterápicos”, cujo objetivo central é fortalecer a gestão da base produtiva em plantas medicinais e fitoterápicos, com foco na agricultura familiar, para apoio ao Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, com vistas à promoção da inclusão produtiva, pautado no poder de compra do SUS.

Colômbia pretende legalizar cultivo e uso de maconha para fins medicinais

Decreto a ser assinado pelo presidente Juan Manuel Santos regulamenta posse e cultivo de sementes e plantas de canabis e produção e venda de seus derivados

por Opera Mundi publicado 13/11/2015 12:56

MAJ. WILL COX/GEORGIA ARMY NATIONAL GUARD
Decreto deve ser finalizado nas próximas duas semanas e contemplará colombianos e residentes no país

São Paulo – A imprensa colombiana divulgou ontem (12) o primeiro rascunho do decreto governamental que legaliza e regula o consumo e a produção de maconha para fins medicinais no país. O documento do Ministério da Saúde e da Proteção Social colombiano tem o objetivo de “regulamentar a posse e o cultivo de sementes e plantas de canabis, assim como regulamentar os processos de produção, fabricação, exportação, distribuição, comércio, uso e posse destas e seus derivados, destinados a fins estritamente médicos e científicos.”

Segundo o texto, a lei contemplará pessoas de nacionalidade colombiana e estrangeira com domicilio no país, que poderão cultivar e consumir maconha medicinal após conseguirem a licença outorgada pelo Estado e sob o controle das autoridades.

O decreto, que deve ser assinado pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, indica que o Conselho Nacional de Estupefacientes (CNE) outorgará as licenças para cultivo, fabricação e exportação de produtos elaborados com maconha, caso o país de destino tenha legalizado a comercialização destes da planta. “A isto se soma uma licença para fins científicos. Isso não se pode fazer hoje na Colômbia porque não há uma regulamentação para este tipo de atividade”, afirmou o ministro da Justiça, Yesid Reyes. Em entrevista a uma rádio colombiana, Reyes ressaltou, porém, que este “não é o primeiro passo para a legalização definitiva da maconha” no país.

O ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, afirmou que a regulamentação do uso da maconha para fins medicinais não significa que a Colômbia esteja baixando a guarda na luta contra o narcotráfico. “O combate do governo colombiano contra as máfias do narcotráfico se mantém e persevera.”

Segundo Reyes, o decreto deve ser finalizado nas próximas duas semanas.

Link:

Fórum em Vitória, Espírito Santo, debate eficácia e avanços da fitoterapia

19/11/2015

Para comemorar os 25 anos da implantação da fitoterapia na rede municipal de saúde de Vitória, está sendo realizado o III Fórum Municipal de Práticas Integrativas e Complementares (PIC´s), nestas quinta (19) e sexta-feiras (20), no auditório da Escola Técnica e Formação Profissional de Saúde (Etsus-Vitória), na Ilha de Santa Maria. 

Profissionais de saúde e conselheiros municipais estão debatendo sobre os caminhos, avanços e desafios da fitoterapia desde o uso tradicional, com a implantação dos jardins terapêuticos e hortas medicinais nas unidades de saúde, até a prescrição de medicamentos fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS). Veja a programação

Nesta manhã, o farmacêutico responsável pela Farmácia Viva de fitoterápicos do Governo do Distrito Federal, Nilton Luz Netto, proferiu a palestra "Produção de Fitoterápicos no SUS: a realidade de um serviço modelo no Brasil". No primeiro dia, acontecem também painéis interativos sobre os jardins terapêuticos.

Nesta sexta (20), a partir das 8 horas, acontecerão oficinas de Do-in, Arteterapia, Auriculoterapia e Reiki. Para fechar o evento, o farmacêutico e professor da UFRN Idivaldo Micalli vai ministrar o curso "Interações medicamentosas envolvendo plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos". 
Encaminhamentos

Segundo a médica homeopata referência técnica das práticas integrativas e complementares e coordenadora do fórum, Henriqueta Sacramento, cerca de 80% dos profissionais da rede municipal de saúde encaminham os pacientes para as PIC´s.

"Vitória conta com uma Política Municipal de Práticas Integrativas e Complementares, aprovada recentemente pelo Conselho Municipal de Saúde de Vitória. Ela oferece atendimentos institucionalizados na rede, como acupuntura, fitoterapia, homeopatia, musicoterapia, arteterapia e ioga. Nesse sentido, os profissionais estão sendo capacitados para prescrição de medicamentos fitoterápicos e para sensibilização sobre as potencialidades dessas práticas", ressaltou.
Farmacêutico Nilton Luz Netto proferiu palestra sobre a produção de fitoterápicos no SUS para um auditório lotado na Etsus

Informações à imprensa:

Secom - Prefeitura de Vitória | Tel(s).: 3382-6128 / 3382-6129

Com edição de Secom - Prefeitura de Vitória

Link:

[Biblioteca do Ideias] Série Políticas Sociais e de Alimentação

postado por Ramon da Silva Rodrigues Almeida em Quarta-feira, 11 de Novembro de 2015

O Centro de Excelência Contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos da ONU lançou recentemente as versões em português de 3 estudos que compõem a Série Políticas Sociais e de Alimentação, que trata das compras públicas de alimentos no Brasil e seus impactos na SAN e na agricultura familiar, e hoje compõem a [Biblioteca do Ideias].

Os estudos trazem dados e análises dos programas de compras de alimentos da agricultura familiar implementados no Brasil, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

O primeiro estudo: “Abastecimento alimentar e compras públicas no Brasil: um resgate histórico”, como o próprio nome já diz traz um apanhado histórico da trajetória das políticas públicas para a construção e a implementação dos programas no país, apresentando as experiências do governo brasileiro em relação as compras de alimentos e as crises de abastecimento que sucederam ao longo do processo, descrevendo as origens, motivações e estímulos políticos para a promoção da segurança alimentar no país.
Confira o 1º estudo aqui.

Já o segundo estudo “Modalidades de compras públicas de alimentos da agricultura familiar no Brasil” apresenta as diferentes modalidades de compras públicas de alimentos que existem no Brasil, entre elas, o PNAE e o PAA, um dos programas mais eficazes do mundo. Destaca as modificações nas normas de compras públicas que tornaram possível que agricultores familiares vendessem seus produtos a instituições públicas, inclusive escolas.
Aqui você pode conferir o 2º estudo.

Por fim o terceiro estudo “Escala de Compras Públicas de Alimentos no Brasil”, traz uma estimativa das quantidades de alimentos comprados nas compras institucionais, tanto a nível federal, estadual e municipal, com ênfase no PNAE e no PAA, os dois programas que representam a maior demanda das compras de alimentos.
E por último aqui o 3º estudo da série.

Todos os estudos da série você pode conferir na [Biblioteca do Ideias].

Alimentação saudável começa na cozinha de casa

Fonte: Ascom/MDS - Terça-feira, 10 de Novembro de 2015 


Família beneficiária de políticas públicas garante segurança alimentar e colhe os frutos da inclusão social

Todos os dias, Lindaci Maria dos Santos Cortes, 52 anos, está pronta às 6h para cuidar da horta agroecológica na propriedade localizada no assentamento Chapadinha, na zona rural de Brasília. Ela e o marido, Raimundo Nonato de Souza, 43 anos, produzem mais de 30 tipos de alimentos agroecológicos que são vendidos em feiras da capital federal. Segundo a agricultora familiar, o destino prioritário é a mesa da família. “A minha plantação eu fiz pensando em mim e nos meus netos. É muito importante para a nossa saúde.”

Perto do horário do almoço, Lindaci colhe as hortaliças, verduras, legumes e temperos para preparar a refeição para os sete netos que têm que ir para a escola. Na cozinha, ela tem a ajuda da filha, Telma dos Santos Cortes, 31 anos. “Tudo o que eu aprendi, eu devo à minha mãe”, agradece a filha.

Lindaci não teve a mesma sorte da filha para ter alguém que a ensinasse a cozinhar. Aos 13 anos, em Santa Maria da Vitória (BA), já comandava a cozinha da casa dos pais porque a mãe tinha que lavar roupas para sustentar a família e o pai sofria com problemas de saúde. Para ela, o ato de cozinhar é como um ritual – precisa de início, meio e fim.

Tudo começa na noite anterior, quando a agricultora tempera a “mistura” (carne vermelha ou ave). Dependendo do dia na colheita, Lindaci já divide as tarefas com Telma logo cedo para não perder tempo. Uma cuida da carne e do complemento. A outra, do arroz, feijão e salada. As verduras e hortaliças que compõem esta última são colhidas algumas horas antes da refeição. E, mesmo assim, passa por um rigoroso processo de limpeza e de higienização com água e depois com vinagre.

O fogão da casa é de seis bocas e, em um determinado momento da preparação, todas estão ligadas e com um alimento sendo preparado. Entre uma hora e uma hora e meia, a refeição está pronta. O arremate final é a forma como a comida se apresenta na mesa. “Todo mundo come primeiro com os olhos, principalmente criança.”

Cozinhar é um prazer para Lindaci. “Se eu não fosse agricultora, seria cozinheira com certeza”, diz. “Às vezes eu invento umas receitas e os meus netos gostam demais. Perguntam o que é e só digo depois que eles terminam de comer.”

Uma dessas invenções é a omelete verde. As ramas da cenoura e da beterraba, misturadas com a cebolinha recém-colhida, azeite, ovos e temperos, se transformam numa receita deliciosa. Agora, além de ensinar a filha, a agricultora repassa os ensinamentos para os clientes. “Tem gente que pergunta por que levamos as cenoura e beterraba com ramas. Respondo que é rico em vitaminas e já digo como preparo aqui em casa.”

A omelete é só um complemento, já que o prato do dia é uma galinha caipira, criada na propriedade. Na panela de pressão, a ave recebe manjericão, cebola, pimentão e um tempero preparado com produtos da própria horta (tomilho, alecrim, alho). Uma pitada de sal e de pimenta calabresa dá um toque final à iguaria. “Fritura eu não gosto não. Prefiro uma carne refogada, com caldo e muita salada”, explica Lindaci ao dizer que mais de 80% do que utiliza na cozinha é colhido na própria horta. “Só preciso comprar o grosso no mercado: arroz, farinha, café, açúcar e outro tipo de carne.”

Enquanto a mãe cozinha, Telma adianta a salada, sob o olhar do pequeno Caleb, 5 anos. “Todos os dias não pode faltar [salada]. É muito importante para a minha saúde. Se eu não me alimentasse bem, não teria esse pique todo para trabalhar.”

Beneficiários do Programa Bolsa Família, os agricultores recebem R$ 147 por mês. Apoiados pelas políticas públicas, eles deixaram a situação de extrema pobreza e alcançam um mercado em potencial que é o da produção orgânica e agroecológica.

Há nove anos no assentamento Chapadinha, se sentem felizes por estarem conseguindo comercializar a produção. “Antes não tínhamos para quem vender”, lembra dona Lindaci, que para ajudar em casa, trabalhava como doméstica. Seu Raimundo, antes de investir esforços na própria horta, trabalhava em um sítio na região e não ganhava mais do que R$ 750 por mês.

Por semana, na feira da Central de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa), a família fatura cerca de R$ 500. Em 2015, o casal já completou a sua quota de R$ 6,5 mil do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal. Com o dinheiro, compraram um carro usado, ano 1999. “Com o nosso carrinho, os meninos não precisam caminhar até a estrada para esperar o ônibus escolar e ainda dá para visitar os parentes”, conta Lindaci.

A oportunidade para os agricultores partirem para o plantio de mais de 30 alimentos veio com a tecnologia social de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) implementada pela Fundação Banco do Brasil, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). Lá, eles construíram uma horta circular irrigada por gotejamento em torno de um galinheiro. A família também participou do Programa de Fomento às Atividades Rurais, executado pelos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário (MDA), e recebeu R$ 2,4 mil para investir em um projeto produtivo.

Ao fim da refeição – e antes das crianças irem para a escola –, Lindaci celebra a oportunidade de se alimentar bem e tirar o sustento da família da horta enquanto degusta um suco de beterraba com laranja. “É muito gratificante ver os filhos e netos tendo uma alimentação saudável”, ressalta. “Eu vejo aquelas frutas e verduras no mercado, mas não me chama atenção. Eu espero a minha crescer para colher porque sei que é saudável e rica em vitaminas.”

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