sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Projeto de pesquisa identifica e cataloga plantas medicinais no Nordeste de Mato Grosso (www.axa.org.br)

Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) desenvolve projeto que busca mapear as plantas medicinais utilizadas pelos ribeirinhos do Nordeste de Mato Grosso.

Por Dandara Morais

O projeto “Estudo etnobotânico, etnofarmacológico e fitoquímico de plantas medicinais utilizadas por ribeirinhos do Nordeste de Mato Grosso, Brasil “é um estudo que visa salientar a importância da pesquisa como meio de reconhecer e valorizar o saber popular, que há séculos utiliza as plantas para diversos fins terapêuticos.

Reginaldo Vicente Ribeiro, biólogo e professor do IFMT/Confresa, nos contou um pouco sobre o projeto de pesquisa e sua importância para população local e para academia.
ATV: Quem são os idealizadores do projeto?

Reginaldo: Eu sou aluno de doutorado em Ciências da Saúde na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professor do IFMT e desenvolvedor da pesquisa, que é coordenada pelo Professor Doutor, Domingos Tabajara de Oliveira Martins da UFMT.

Após passar por uma concorrida seleção de projetos de várias regiões do País, a proposta do projeto foi aprova pelo Programa Pró-Amazônia: Biodiversidade e Sustentabilidade edital Nº 047/2012/CAPES, que garantiu os recursos para execução da mesma em sua vigência (2012 à 2016).

Além do Professor Domingos Tabajara e do prof. Reginaldo Ribeiro, a pesquisa conta com a parceria de professores pesquisadores da UFMT, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, Universidade Federal do Tocantins – UFT, Universidade Estadual Paulista – UNESP e desde 2014 com apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso IFMT, campus Confresa.

ATV: Reginaldo, quais os principais objetivos deste projeto?

Reginaldo: Tecnicamente o projeto visa levantar informações etnobotânicas sobre a flora medicinal usada pelas comunidades ribeirinhas da microrregião Norte Araguaia e desta forma avaliar o potencial químico e farmacológico das plantas selecionadas. Mas ao meu ver vamos além disto, pois a partir deste, podemos valorizar o conhecimento local sobre plantas medicinas e amplificar esses conhecimentos para outras pessoas; Orientar os moradores de comunidades ribeirinhas sobre as técnicas de boas práticas para o preparo de produtos naturais terapêuticos a partir de plantas nativas encontradas na região; Contribuir para elaboração de estratégias de manejo, conservação e uso sustentável da biodiversidade; Como algo talvez um pouco mais distante conseguir a implantação de farmácias vivas e a descoberta de plantas como fonte de novos bioprodutos.

ATV: Onde é realizada a pesquisa?

Reginaldo: O projeto de pesquisa intitulado “Estudo etnobotânico, etnofarmacológico e fitoquímico de plantas medicinais utilizadas por ribeirinhos do Nordeste de Mato Grosso” é um projeto ambicioso e inédito, pois se propõe a identificar as plantas medicinais usadas por ribeirinhos de quatorze municípios que compõe a Microrregião do Norte Araguaia (Nordeste de Mato Grosso), além de selecionar as 30 espécies com maior indicação terapêutica pelas comunidades pesquisadas, mas que ainda são desprovidas de estudos que comprovem sua eficácia, com objetivo de avaliar o potencial farmacológicos, a segurança, bem como e composição química das plantas selecionadas.

A área de estudo caracteriza-se por ser uma região de transição ente os biomas Cerrado e Amazônico, apresentando uma rica biodiversidade, grandes rios, como o rio Xingu, rio Araguaia e rio das mortes, além de apresentar diversas comunidades locais que estão instaladas na região há décadas e que detém um grande conhecimento sobre a flora medicinal daquela região, sendo que o conhecimento e o uso de plantas medicinais representam o principal, se não o único recurso terapêutico para a manutenção da saúde e/ou tratamento de doenças.

O estudo apresenta grande relevância, tanto para os moradores das comunidades acessadas, como para produção de conhecimento na área de produtos naturais, o mesmo poderá possibilitar: a transmissão de saberes sobre o uso de plantas medicinais, para as novas gerações; valorização do conhecimento popular sobre as plantas medicinais; desenvolvimento de um banco de dados que possa representar aqueles espécimes com elevado potencial farmacológico; implantação de farmácias vivas; contribuir na preservação das espécies vegetais estudadas, na medida em que o conhecimento agrega valor e interesse da população e órgãos governamentais para a proteção ambiental de espécies biologicamente ativas; conhecer a atividade farmacológica, segurança e caracterizar as classes químicas das plantas selecionadas; contribuir para o desenvolvimento de fitoterápicos e/ou fitofármacos.

ATV: Quem participa deste processo além dos pesquisadores?

Reginaldo: A pesquisa conta com vários colaboradores locais em vários municípios da região. A maioria dos envolvidos, já participam ativamente na coleta de plantas e orientações sobre o uso desde a primeira etapa do projeto, onde os ribeirinhos mais experientes no conhecimento e saberes sobre as espécies vegetais medicinais foram indicados pelos próprios moradores das comunidades. Atualmente ribeirinhos que nos ajudam nessas atividades de campo em Ribeirão Cascalheira, senhor Olindo; Bom Jesus do Araguaia, Pastor Dirço; Novo Santo Antônio, dona Rosa, senhor Joao Nunes e professora Luzia; São Félix do Araguaia, Matuzalem e dona Joana; Santa Terezinha, seu Feliciano e em Vila Rica senhor José Manoel e dona Solange.
O mais recente colaborador do projeto é o Sr. Valdo da Silva, morador da cidade de Porto Alegre do Norte, ambientalista e tesoureiro da Associação Terra Viva, que há décadas tem se dedicado na promoção do desenvolvimento sustentável na região do vale do Araguaia, através de educação ambiental, da recuperação, conservação e preservação do meio ambiente.

O Senhor Valdo foi indicado a mim, por um ex-aluno do curso de agronomia do IFMT, campus Confresa, o senhor Sebastião, pois estava procurando algum parataxonomista na região para nos auxiliar na identificação de algumas plantas que ainda não havíamos encontrado e o Tião me falou da grande experiência do Sr. Valdo, bem como de seu envolvimento com projetos ambientais. Assim, entrei em contato com o Valdo que de pronto nos recebeu em sua casa e tem contribuído significativamente com nossa pesquisa, pois tem nos auxiliado nas coletas de espécimes vegetais em estágio fértil que ainda não havíamos encontrado.

ATV: Estão no terceiro ano do projeto, pode fazer uma avaliação até aqui?

Reginaldo: A pesquisa tem alcançado resultados promissores, tanto sob os aspectos etnobotânicos como farmacológicos. Para se ter uma ideia, os 60 especialistas locais ribeirinhos que foram entrevistados foram capazes de indicar e reconhecer mais de 300 espécies de plantas medicinais, das quais 73% são nativas.

O que mais impressiona é o grande conhecimento que os ribeirinhos dispõem sobre as plantas, que vai desde a forma correta de coletar, preparar e proceder com a indicações terapêutica das plantas com maior eficácia. Isso foi evidente, quando extratos de algumas espécies vegetais foram submetidas a ensaios farmacológicos em laboratórios, onde das 10 espécies de plantas indicadas testadas em ensaios antiúlcera, 8 foram eficazes em reduzir de forma significativa o processo ulcerogêncio em camundongos. Embora tenham sido observados bons resultados farmacológicos, houve também a identificação de plantas usadas pela comunidade que apresentam algum potencial tóxico.
ATV: Qual o próximo passo do projeto?

Reginaldo: Queremos iniciar a divulgação da pesquisa, pois é muito importante este retorno para comunidade. Então no começo de 2016 está prevista a realização da divulgação dos principais resultados alcançados em comunidades ribeirinhas (Novo Sto. Antônio, Sta. Terezinha e em Santa Cruz do Xingu). Todos os participantes da pesquisa, assim como a comunidade em geral será convidada à participarem das reuniões para divulgação dos resultados obtidos, de seminários multidisciplinares, minicursos e palestras com as temáticas de uso sustentável de plantas medicinais. Eu irei coordenar a realização dessas atividades com o apoio do IFMT, campus Confresa.

Fonte e imagens: Associação Terra Viva

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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Consumo exagerado de alimentos fitness (grupoalimentosfuncionais.blogspot.com.br)

Alimentos fitness? Oba, vamos comprar grandes quantidades, está na moda e ajuda a emagrecer. ERRADO!!
O modismo “fitness’’ fez com que muitas pessoas esquecessem que apesar dos benefícios desses produtos, seja um alto teor de fibras, redução de sódio, redução de calorias, o seu consumo não deve ser exagerado, pois muitos associam que um produto com redução pode ser consumido em excesso.

É fitness? Então posso consumir sem restrição? Não!!

Os produtos encontrados no mercado, intitulados como “fitness” pela população em geral, apresentam em seus rótulos as descrições de “diet” e “light”, “detox”, “”. Muitas pessoas acreditam que, quando tá no rótulo essas descrições, podem consumir somente esses produtos que irão perder peso e, consequentemente consomem exageradamente esses alimentos.
Esse mito que consumir produtos “fitness” gera a perda de peso, é devido as restrições calóricas de alguns alimentos, por não conter glúten/lactose, que geralmente é relacionado com hábito de alimentação saudável. Muitos produtos apresentam benefícios que devem ser apreciados, por exemplo os alimentos com alto teor de fibras que auxiliam o funcionamento do intestino, os alimentos com redução de sódio, que são excelentes para pessoas que possuem retenção de líquidos ou para prevenção de pressão alta. 
Os produtos especiais “sem glúten’’ “sem lactose”, são destinados as pessoas que possuem restrições no consumo dos alimentos que contém essa proteína (glúten) ou o açúcar do leite (lactose), seja por alguma doença, intolerância ou alergia, a grande questão é que atualmente a população acredita que consumindo esses produtos sem lactose estão adquirindo benefícios especiais para saúde, mas isso não é verdade, os benefícios são para as pessoas que possuem alguma doença ou restrição no consumo de produtos que contém glúten e/ou lactose.

Um grande problema é que como são vistos como alternativas saudáveis para lanches, o consumo exagerado, faz com que, as pessoas substituam o exercício físico por esses alimentos. As pessoas possuem a falsa segurança que consumindo esses alimentos, podem se exercitar menos.
Vamos relembrar dois conceitos básicos que geralmente são confundidos e que muitas pessoas consoem. Como as diferenças entre diet e light:

Diet: são caracterizados por alimentos destinados a fins especiais, pois são formulações especiais que são destinados as pessoas que possuem algum distúrbio, como diabetes, hipertensão ou alergias alimentares. Desta forma deve apresentar total ausência de determinado ingrediente, geralmente é açúcar ou sódio, sendo substituído por outro ingrediente que não precisa ter um menor valor calórico.
Vale ressaltar a importância destas substituições, pois para quem deseja a perda de peso, esse produto não apresenta menos calorias e seu consumo deve ser destinado as pessoas que necessitem da ausência de certos ingredientes.
Light: os alimentos devem apresentar redução de no mínimo de 25% de algum componente calórico, por exemplo: açúcar, gordura, sal, porém não precisam ser destinados a fins especiais como os produtos considerados diet.

Devemos estar sempre atentos ao consumo de light, diet, alimentos fitness, pois devemos controlar a quantidade que comemos, caso contrário não teremos os benefícios indicados e, tudo isso deve estar associado a atividade física.

Atividade física regular e um estilo de vida saudável são a chave para a manutenção ou obtenção do seu peso ideal, seu peso saudável. Dietas de 10, 15 e 30 dias podem trazer objetivos a curto prazo, mas se você deseja uma alimentação saudável que traga benefícios para sua saúde, faça da sua alimentação seu estilo de vida diário.
Gizele Bruna Barankevicz 
Nutricionista - UNICENTRO
Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos - ESALQ/USP
Sob Orientação: Profª Jocelem Mastrodi Salgado

Postado há 3 weeks ago por GEAF FUNCIONAIS

Alimentação, Frutas e Calor (grupoalimentosfuncionais.blogspot.com.br)

Por mais que o calendário nos mostre que ainda não é verão, as altas temperaturas já nos faz empacotar os casacos, colocar os cachecóis no fundo da gaveta, e tirar do guarda roupas os shorts e chinelos, as roupas fresquinhas e o protetor solar. Há também quem já pense nas praias e piscinas das férias, e apressadamente inicia um#projetoverão! 

O calor que anda fazendo (antecipadamente) em todo país, acaba mexendo com o funcionamento do nosso corpo, comportamento e bem-estar. 
A alimentação pode ser uma via saudável para que possamos nos sentir melhor e mais dispostos, com toda essa temperatura. Ao contrário do inverno, onde temos a necessidade de ingerir alimentos mais energéticos para manter a temperatura corporal, no verão nosso corpo pede um consumo maior de líquidos para compensar a perda de água e sais minerais decorrentes da transpiração. Por esse motivo, pequenos novos hábitos, podem tornar os dias quentes, mais proveitosos.

As altas temperaturas favorecem a perda hídrica por meio da transpiração, e é dessa forma que nosso corpo se resfria. Logo, a recuperação de água deve ser constante, uma vez que a produção de suor aumenta à medida que nos movimentamos. Vale ainda ressaltar que a sede já é um indicativo da desidratação, então vale a pena, ter uma garrafinha ou copo d’água sempre por perto.
Naturalmente com a chegada das altas temperaturas, as frutas coloridas e saborosas tornam-se mais atrativas nas prateleiras do supermercado. E claro, o consumo deste tipo de alimento é sempre bem vindo, ricas em vitaminas e sais minerais, são capazes de fortalecer o sistema imunológico, apresentam ação específica na prevenção e controle de algumas doenças, facilitam o desempenho de todo o sistema digestório, além de agregarem mais cor e sabor à nossa dieta.

Não necessariamente há uma “lista de frutas ideais” a serem consumidas, mas sim, o consumo delas na dieta que é essencial para uma alimentação equilibrada. Sejam exóticas, silvestres ou da estação, o consumo de duas porções de frutas diariamente, agrega grande qualidade nutricional a dieta, trazendo inúmeros benefícios à saúde, como combate a doenças alérgicas, ou até a constipação, devido as fibras.

Com o incentivo ao consumo de frutas, surge a dúvida sobre qual a melhor forma de consumi-las: em frutas ou em suco. As frutas, bem como seus sucos, são fontes de vitaminas e minerais como já dito, entretanto ao cortar a fruta, algumas vitaminas como a C, perdem um pouco seu efeito, mas se o suco for tomado na hora, a diferença é muito pequena.
Os sucos podem ser indicados para quem não se habitua com a textura ou não gosta de ingerir a fruta, no entanto o processo de mastigação dá maior saciedade quando comparado com a ingestão de sucos. Outra diferença entre o consumo da fruta e do suco, são as fibras, de frutas como laranja, mamão, ameixa, abacaxi e manga, que podem ser quebradas no liquidificador ou retiradas quando o suco é coado, o que também diminui a saciedade. A importância das fibras é grande, elas não são absorvidas pelo nosso organismo, mas ajudam a regular o intestino, eliminar gorduras das artérias e reduzem taxas de LDL (o colesterol ruim).
 
 Vale lembrar que em um copo de suco são usadas muitas frutas, isso faz que com o açúcar natural delas, a frutose, esteja mais concentrado. Por exemplo imagine-se comendo três laranjas, depois imagine-se tomando um copo de suco. A saciedade é muito menor, certo? Há o fato também da retirada das fibras (novamente elas!) que pode resultar em um pico glicêmico o que pode não ser bom para diabéticos ou pessoas com uma dieta restrita.

Por fim, entre qual a forma mas adequada de ingerir a fruta, o importante é não deixar de consumi-la! A água adicionada ao suco, supre também a necessidade de líquidos no nosso organismo, mas se mastigarmos a fruta crua, o estímulo ao nosso sistema digestório é grande. Sendo assim, o benefício é presente nas duas formas.

Para a alimentação no geral, além das frutas, consuma carnes magras, cereais integrais, pães integrais, folhas verdes e legumes. Evite alimentos gordurosos como queijos gordurosos, frituras, molhos à base de creme de leite e maionese, pois nosso organismo fica sensível aos condimentos fortes e gorduras, com as altas temperaturas.
Se for comer um sanduíche prefira os com carnes magras e vegetais, prefira os sucos a base de fruta aos industrializados, varie a hidratação com chás gelados e água de coco. Atente-se aos alimentos a base de ovos, gordura e leite, eles requerem refrigeração adequada, uma vez que no calor a proliferação de bactérias podem causar uma intoxicação alimentar.

Uma grande forma de incluir novos hábitos à dieta é buscar por novos alimentos e novas formas de consumo, como optar pela compra de frutas da estação, ou se aventurar fazendo um novo tipo de picolé!

A seguir duas receitas que podem tornar a dieta mais nutritiva e saborosa.

Sorvete de manga com gengibre
2 mangas rosas ou palmer cortadas
2 inhames médios descascados e cortados
2 cm de gengibre picado

Preparo:

Coloque primeiro as mangas, depois o inhame e por último gengibre. Bata tudo no liquidificador e coloque em forminhas de picolé. Leve ao freezer até congelar. 

Salada de folhas verdes com molho de cenoura

Para a salada:
½ maço de rúcula lavada
1 maço de alface lavada

Molho:
1 colher de (sopa) cebola picada
½ xícara (chá) de cenoura picada
2 colheres (chá) gengibre picado
2 colheres de vinagre de maçã
3 colheres de azeite de oliva
1 colher (chá) de óleo de gergelim tostado
1 colher (sopa) de salsinha

Preparo:

Bata os ingredientes do molho no liquidificador e sirva em cima das folhas verdes Enfeite com gergelim preto.

Graziele Silva
Graduanda em Ciências dos Alimentos (ESALQ/USP)
Sob orientação da Profª Drª Jocelem Mastrodi Salgado

Postado por GEAF FUNCIONAIS

Carotenoides: um aliado para o bronzeado (grupoalimentosfuncionais.blogspot.com.br)

O verão está chegando, e com essas altas temperaturas nada melhor que praia, sol, piscina não é?
Nesses dias quentes devemos lembrar da nossa hidratação, pois nesse calor devemos redobrar nossa atenção quanto a ingestão de água.

Mas, afinal para muitos qual a principal meta para o verão? Além do corpo em forma que muitos intitulam “projeto verão”, com certeza o belo bronzeado que é almejado principalmente por muitas mulheres. Para conseguir esse bronze é necessário à exposição a radiação solar, porém o bronzeado perfeito é difícil de conseguir e também manter.

O bronzeado é a produção de melanina, resultado de um mecanismo de proteção da pele contra a radiação solar. Quando estamos expostos à intensa luz solar, a pele procura se defender, produzindo maiores quantidades de melanina o que deixa a pele mais escura. Apesar da melanina absorver um pouco dessa radiação que atinge a pele, ela é insuficiente para conferir uma proteção total, sendo necessário a utilização do protetor solar para adquirir uma proteção mais segura contra a radiação.
Com a chegada do verão, é muito comum o uso de suplementos ou alimentos que estimulem ou ajudem a manter o bronzeado. As substâncias mais conhecidas são a vitamina C, E e os carotenoides.

Hoje iremos aprender um pouquinho sobre os carotenoides, suas principais fontes e sua contribuição no bronzeado.

Os alimentos alaranjados, como cenoura, abóbora e mamão, possuem um pigmento chamado carotenoide, que é essencial para a visão, desenvolvimento embrionário e contribui para melhorar a imunidade.

Os carotenoides, são substâncias que fornecem a coloração à alguns vegetais e são um importante componente da coloração da pele, além de serem precursores da vitamina A. Os carotenoides possuem funções importantes na prevenção de doenças, como o câncer, catarata, doenças cardiovasculares e retardo do processo de envelhecimento.
A absorção do caroteno que ingerimos na alimentação, ocorre no nosso intestino, e depende principalmente da quantidade de gordura que ingerimos, além de uma enzima chamada de lipase e os sais biliares. 

A conversão do caroteno em vitamina A é feita no intestino delgado e duodeno durante a absorção, isso também pode acontecer no fígado. O excesso da ingestão de caroteno pode levar a uma coloração amarela da pele, principalmente na palma das mãos.
O betacaroteno é um dos carotenoides mais encontrado nos alimentos, é uma provitamina, ou seja irá se tornar vitamina após passar por algumas reações químicas no organismo, ele é provitamina A. Encontrado principalmente em frutas e vegetais de coloração amarela e verde como cenoura, espinafre, damasco, batata doce, brócolis, pimentas e pêssego, o betacaroteno possui importante papel na manutenção da saúde, pois age como potente antioxidante Essa substância contribui para deixar a pele dourada e também a protege-la contra raios UVA e UVB.

Que tal investir em fontes naturais, como os alimentos fonte de carotenoides?

A dica para manter o bronzeado é investir na ingestão de alimentos com coloração laranja ou vermelha, como, cenoura, abóbora, mamão, laranja, pimentão, tomate.
Atenção!!

É importante ressaltar que as medidas de proteção solar recomendadas para evitar o câncer de pele devem ser sempre utilizadas. Não vamos esquecer da importância do protetor solar e de seevitar a exposição ao sol nos horários entre as 10 horas e as 16 horas.

Gizele Bruna Barankevicz 
Nutricionista - UNICENTRO
Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos - ESALQ/USP

Sob Orientação: Profª Jocelem Mastrodi Salgado

Postado por GEAF FUNCIONAIS

Modes of Action of Herbal Medicines and Plant Secondary Metabolites

Wink, M. Modes of Action of Herbal Medicines and Plant Secondary Metabolites. Medicines 2015, 2, 251-286.

Abstract

Plants produce a wide diversity of secondary metabolites (SM) which serve them as defense compounds against herbivores, and other plants and microbes, but also as signal compounds. In general, SM exhibit a wide array of biological and pharmacological properties. Because of this, some plants or products isolated from them have been and are still used to treat infections, health disorders or diseases. This review provides evidence that many SM have a broad spectrum of bioactivities. They often interact with the main targets in cells, such as proteins, biomembranes or nucleic acids. Whereas some SM appear to have been optimized on a few molecular targets, such as alkaloids on receptors of neurotransmitters, others (such as phenolics and terpenoids) are less specific and attack a multitude of proteins by building hydrogen, hydrophobic and ionic bonds, thus modulating their 3D structures and in consequence their bioactivities. The main modes of action are described for the major groups of common plant secondary metabolites. The multitarget activities of many SM can explain the medical application of complex extracts from medicinal plants for more health disorders which involve several targets. Herbal medicine is not a placebo medicine but a rational medicine, and for several of them clinical trials have shown efficacy.


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Antimicrobial Activity of Rhoeo discolor Phenolic Rich Extracts Determined by Flow Cytometry

García-Varela, R.; García-García, R.M.; Barba-Dávila, B.A.; Fajardo-Ramírez, O.R.; Serna-Saldívar, S.O.; Cardineau, G.A. Antimicrobial Activity of Rhoeo discolor Phenolic Rich Extracts Determined by Flow Cytometry. Molecules 2015, 20, 18685-18703.

Abstract

Traditional medicine has led to the discovery of important active substances used in several health-related areas. Phytochemicals in Rhoeo discolor extracts have proven to have important antimicrobial activity. In the present study, our group determined the antimicrobial effects of extracts of Rhoeo discolor, a plant commonly used in Mexico for both medicinal and ornamental purposes. We evaluated the in vitro activity of phenolic rich extracts against specifically chosen microorganisms of human health importance by measuring their susceptibility via agar-disc diffusion assay and flow cytometry: Gram-positive Listeria innocua and Streptococcus mutans, Gram-negative Escherichia coli and Pseudomonas aeruginosa, and lastly a fungal pathogen Candida albicans. Ten different extracts were tested in eight different doses on all the microorganisms. Analytical data revealed a high content of phenolic compounds. Both agar-disc diffusion assay and flow cytometry results demonstrated that Pseudomonas aeruginosa was the least affected by extract exposure. However, low doses of these extracts (predominantly polar), in a range from 1 to 4 μg/mL, did produce a statistically significant bacteriostatic and bactericidal effect on the rest of the microorganisms. These results suggest the addition of certain natural extracts from Rhoeo discolor could act as antibacterial and antimycotic drugs or additives for foods and cosmetics.
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Brazilein Suppresses Inflammation through Inactivation of IRAK4-NF-κB Pathway in LPS-Induced Raw264.7 Macrophage Cells

Kim, K.-J.; Yoon, K.-Y.; Yoon, H.-S.; Oh, S.-R.; Lee, B.-Y. Brazilein Suppresses Inflammation through Inactivation of IRAK4-NF-κB Pathway in LPS-Induced Raw264.7 Macrophage Cells. Int. J. Mol. Sci. 2015, 16, 27589-27598.

Abstract

The medicinal herbal plant has been commonly used for prevention and intervention of disease and health promotions worldwide. Brazilein is a bioactive compound extracted from Caesalpinia sappan Linn. Several studies have showed that brazilein exhibited the immune suppressive effect and anti-oxidative function. However, the molecular targets of brazilein for inflammation prevention have remained elusive. Here, we investigated the mechanism underlying the inhibitory effect of brazilein on LPS-induced inflammatory response in Raw264.7 macrophage cells. We demonstrated that brazilein decreased the expression of IRAK4 protein led to the suppression of MAPK signaling and IKKβ, and subsequent inactivation of NF-κB and COX2 thus promoting the expression of the downstream target pro-inflammatory cytokines such as IL-1β, MCP-1, MIP-2, and IL-6 in LPS-induced Raw264.7 macrophage cells. Moreover, we observed that brazilein reduced the production of nitrite compared to the control in LPS-induced Raw264.7. Thus, we suggest that brazilein might be a useful bioactive compound for the prevention of IRAK-NF-κB pathway associated chronic diseases.
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Chemical Composition and in-Vitro Evaluation of the Antimicrobial and Antioxidant Activities of Essential Oils Extracted from Seven Eucalyptus Species

Ghaffar, A.; Yameen, M.; Kiran, S.; Kamal, S.; Jalal, F.; Munir, B.; Saleem, S.; Rafiq, N.; Ahmad, A.; Saba, I.; Jabbar, A. Chemical Composition and in-Vitro Evaluation of the Antimicrobial and Antioxidant Activities of Essential Oils Extracted from Seven Eucalyptus Species. Molecules 2015, 20, 20487-20498.

Abstract

Eucalyptus is well reputed for its use as medicinal plant around the globe. The present study was planned to evaluate chemical composition, antimicrobial and antioxidant activity of the essential oils (EOs) extracted from seven Eucalyptus species frequently found in South East Asia (Pakistan). EOs from Eucalyptus citriodora, Eucalyptus melanophloia, Eucalyptus crebra, Eucalyptus tereticornis, Eucalyptus globulus, Eucalyptus camaldulensis and Eucalyptus microtheca were extracted from leaves through hydrodistillation. The chemical composition of the EOs was determined through GC-MS-FID analysis. The study revealed presence of 31 compounds in E. citriodora and E. melanophloia, 27 compounds in E. crebra, 24 compounds in E. tereticornis, 10 compounds in E. globulus, 13 compounds in E. camaldulensis and 12 compounds in E. microtheca. 1,8-Cineole (56.5%), α-pinene (31.4%), citrinyl acetate (13.3%), eugenol (11.8%) and terpenene-4-ol (10.2%) were the highest principal components in these EOs. E. citriodora exhibited the highest antimicrobial activity against the five microbial species tested (Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis, Escherichia coli, Aspergillus niger and Rhizopus solani). Gram positive bacteria were found more sensitive than Gram negative bacteria to all EOs. The diphenyl-1-picrylhydazyl (DPPH) radical scavenging activity and percentage inhibition of linoleic acid oxidation were highest in E. citriodora (82.1% and 83.8%, respectively) followed by E. camaldulensis (81.9% and 83.3%, respectively). The great variation in chemical composition of EOs from Eucalyptus, highlight its potential for medicinal and nutraceutical applications.
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Muito além da nutrição

14 de setembro de 2015

Karina Toledo | Agência FAPESP – Embora não sejam digeríveis pelo organismo humano, alguns tipos de polissacarídeos encontrados em alimentos – como, por exemplo, a pectina – parecem ter a capacidade de modular o funcionamento de células do sistema imunológico.

Identificar compostos com essa propriedade é o objetivo de um projeto coordenado por João Roberto Oliveira do Nascimento, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), no âmbito do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC, na sigla em inglês ) – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP.

"Estamos fazendo uma triagem de polissacarídeos hidrossolúveis encontrados em banana, goiaba, chuchu e algumas espécies de cogumelos. Com base na composição da molécula e em dados da literatura científica, é possível especular se ela tem potencial imunomodulador. As mais promissoras vamos purificar e testar em culturas de células do sistema imune", contou o pesquisador.

Dependendo do resultado observado in vitro e, posteriormente, in vivo, disse Nascimento, o grupo poderá pensar em extrair o composto para usá-lo como suplemento alimentar ou como ingrediente em diversas formulações.

O trabalho foi apresentado durante o 1º FoRC Symposium: Advances in Food Science and Nutrition, realizado nos dias 2 e 3 de setembro na FCF-USP. O evento reuniu diversos projetos em andamento nas quatro subáreas em que o FoRC foi dividido: "Sistemas Biológicos em Alimentos"; "Alimentos, Nutrição e Saúde"; "Qualidade e Segurança dos Alimentos"; e "Novas Tecnologias e Inovação".

Ao lado de Adriana Mercadante, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA-Unicamp), Nascimento coordena o pilar "Sistemas Biológicos em Alimentos", cujo objetivo principal é estudar a composição química de frutas, hortaliças e fungos.

"A composição química tem relação direta tanto com a qualidade sensorial – cor, textura e sabor – quanto com os efeitos fisiológicos no organismo. A ideia é estudar não apenas os componentes presentes no alimento durante o cultivo como também as transformações que eles sofrem durante o envelhecimento, armazenamento e processamento", explicou Nascimento.

No projeto liderado por Mercadante, o objetivo é identificar carotenoides (pigmentos que conferem cor vermelha, alaranjada ou amarela aos alimentos) presentes em frutas da biodiversidade brasileira e descobrir se proporcionam benefícios à saúde. A pesquisadora vem desenvolvendo novas metodologias para facilitar esse tipo de análise.

Já na pesquisa coordenada por Eduardo Purgatto, da FCF-USP, estão sendo comparadas três variedades de pitanga. Embora sejam da mesma espécie – Eugenia uniflora – uma apresenta cor amarela (conferida pelo betacaroteno), a outra roxa (por causa das antocianinas) e a terceira e mais comum, vermelha (graças ao licopeno).

"Os três pigmentos têm ação biológica diferente, embora sejam todos antioxidantes. A antocianina tem sido estudada por sua ação anti-inflamatória. O consumo de licopeno já foi associado em estudos anteriores à redução no risco de câncer de próstata e de pulmão. Já o betacaroteno parece ter efeito contra câncer hepático", afirmou Purgatto.

Com o auxílio de técnicas de transcriptômica (análise de expressão de genes em larga escala) e metabolômica (que faz um amploscreening dos metabólitos produzidos pela planta), os pesquisadores tentam compreender como são reguladas as vias metabólicas relacionadas à síntese dos pigmentos.

"Queremos descobrir se há influência do solo ou do clima ou se foi uma mutação natural que surgiu. Com a compreensão do que influencia o metabolismo de formação de pigmentos, podemos interferir nesse processo e melhorar atributos de qualidade na planta. E também queremos entender o que acontece com esses pigmentos quando a fruta é armazenada ou processada para a produção de suco, por exemplo", explicou Purgatto.

Impactos na saúde

Investigar como os compostos bioativos dos alimentos, particularmente os polifenóis, agem no organismo desde o nível celular e como são absorvidos e metabolizados é o foco do pilar "Alimentos, Nutrição e Saúde", coordenado pelos professores Franco Lajolo e Thomas Ong, ambos da FCF-USP.

"Essencialmente, estudamos por que é importante comer fruta e verdura", brincou Lajolo. "Há estudos epidemiológicos que associam o consumo de vegetais a um menor risco de desenvolver doenças, mas são raros os ensaios clínicos de intervenção, nos quais um alimento é dado ao paciente para verificar seu efeito na saúde e estudar os mecanismos envolvidos nessa ação biológica", disse o pesquisador.

O grupo tem estudado diversas variedade de laranja, segundo Lajolo a principal fonte de polifenóis da dieta brasileira, e também frutos regionais como jabuticaba, grumixama e uma variedade de milho-roxo desenvolvida em parceria com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP).

"Isolamos um determinado componente do alimento, damos a roedores e depois estudamos o impacto na urina, no plasma sanguíneo, nos órgãos e eventuais modificações no metabolismo. Tudo ao mesmo tempo. Também fazemos estudos de mecanismos de ação em culturas de células", contou Lajolo.

Uma vez comprovado o efeito biológico in vivo, disse o pesquisador, será possível aplicar o conhecimento de diferentes maneiras. Uma delas é selecionar variedades de plantas que produzam quantidades maiores do composto bioativo de interesse. Outra possibilidade é desenvolver processos tecnológicos para processar o alimento sem comprometer suas propriedades funcionais. Além disso, torna-se possível calcular quanto é preciso ingerir de um determinado alimento para se obter o benefício à saúde.

"São todos desdobramentos na direção de uma agricultura biomédica", afirmou Lajolo.

Mais qualidade e menos risco

Assegurar a inocuidade e a qualidade microbiológica dos alimentos ao longo de toda a cadeia produtiva é um dos objetivos do terceiro pilar do CEPID, intitulado "Qualidade e Segurança dos Alimentos", coordenado pelas professoras Mariza Landgraf e Bernadette Dora Gombossy de Melo Franco, também da FCF-USP.

Um dos projetos dessa subárea está focado em vegetais orgânicos e busca bactérias patogênicas como Escherichia coli produtora de toxina Shiga (STEC) e também as do gênero Salmonella, associadas a quadros severos de diarreia.

"Escolhemos orgânicos porque, normalmente, os produtores usam fezes de animais como fertilizante. Mas não encontramos STEC em nenhuma das amostras e a ocorrência de Salmonella foi baixa. Acreditamos que isso se deve ao fato de os agricultores adotarem o processo de compostagem, durante o qual a matéria orgânica fica fermentando durante dois ou três meses, acidificando o pH. Isso faz com que microrganismos patogênicos, se presentes, sejam eliminados”, contou Landgraf.

Em outro projeto do grupo, emprega-se microbiologia preditiva e modelagem matemática para estabelecer as medidas de controle necessárias para evitar que a contaminação cruzada durante o manuseio de alimentos prontos para consumo cause danos à saúde da população.

Estuda-se principalmente a bactéria Listeria monocytogenes, que pode causar meningite e encefalite e provocar aborto em pessoas de risco, e que está frequentemente presente no ambiente de produção de alimentos.

Simulam-se em laboratório procedimentos usados em locais de venda desses produtos, como, por exemplo, fatiamento de frios em supermercados e padarias. “Os resultados são empregados para prever o comportamento de microrganismos nesses alimentos e verificar quais medidas de controle são mais eficientes", contou Landgraf.

“Verificamos que um fatiador contaminado com essa bactéria, que é comum em queijos, pode ser a fonte de contaminação de até 200 fatias de presunto, se a limpeza e a temperatura ambiente não forem adequadas”, acrescenta Melo Franco.

Outros projetos que integram o terceiro pilar se dedicam a avaliar substâncias naturais com ação antimicrobiana que possam ser usadas como aditivos alimentares ou acrescentadas em embalagens para evitar a multiplicação de microrganismos. Alguns exemplos são o limoneno, extraído do óleo essencial de limão, e o eugenol, extraído do cravo.

Os pesquisadores estudam também compostos antimicrobianos produzidos por bactérias naturalmente presentes nos alimentos, como as bacteriocinas, que podem ser ativas contra outros microrganismos indesejáveis.

Inovação

Fortemente interligado aos outros três pilares, "Tecnologia e Inovação" tem a missão de desenvolver processos tecnológicos que possibilitem produzir ingredientes funcionais em larga escala e transformar o conhecimento gerado nas diversas pesquisas do CEPID em produtos. A coordenação é de Carmen Tadini, da Escola Politécnica da USP, e Paulo José Sobral, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP.

Um dos projetos em fase mais avançada, que já conta com parceria de uma empresa de Ribeirão Preto, visa a obter em escala industrial a farinha de banana verde com alto teor de amido resistente.

"Desenvolvemos um protótipo de um secador híbrido que está em fase de teste e estamos determinando os melhores parâmetros para obtenção dessa farinha, que contém um tipo de amido que não é digerido no intestino delgado, somente no intestino grosso e, portanto, não é convertido rapidamente em açúcar", disse Tadini.

Estudos coordenados pela pesquisadora Elizabete Wenzel de Menezes, da FCF-USP, mostraram que a farinha de banana verde promove a saciedade, melhora a mobilidade intestinal e favorece o crescimento de bactérias intestinais benéficas à saúde.

"Usamos a farinha de banana verde na produção de barrinhas de cereais, sopas e outras formulações e observamos que ela impede que o alimento cause um pico glicêmico no organismo, um dos fatores que podem favorecer o desenvolvimento de doenças como diabetes", disse Tadini.

De acordo com Sobral, há ainda uma linha voltada ao desenvolvimento de embalagens bioativas, feitas à base de substâncias naturais como gelatinas e polissacarídeos, que aumentam o tempo de prateleira do alimento e reduzem o risco de contaminação.

"O grande desafio é tornar a embalagem viável economicamente, pois ela não será como o plástico, que serve para qualquer alimento. Será uma embalagem específica para cada produto, com a vantagem de ser biodegradável. E sabemos que há demanda", disse o pesquisador.

Desafios

Durante a abertura do simpósio, o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, disse que a instituição espera que as pesquisas desenvolvidas no âmbito dos CEPIDs tenham grande impacto científico, econômico e social.

“Nossa expectativa é que os pesquisadores desenvolvam conexões com a indústria e com os setores governamentais relacionados com alimentos. É preciso boa articulação entre os quatro pilares deste CEPID para que seja possível somar resultados”, disse Brito Cruz.

De acordo com Melo Franco, coordenadora do FoRC, fazer a transferência do conhecimento gerado nas pesquisas a para sociedade, e principalmente para a indústria de alimentos, é o maior desafio do grupo.

“No Brasil, temos poucas empresas na área de alimentos com fôlego para investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação. As grandes multinacionais trazem produtos desenvolvidos em centros de pesquisa localizados em seus países de origem. As empresas brasileiras têm margem de lucro apertada. Mas já temos algumas negociações promissoras em andamento”, disse Melo Franco.

O evento ainda contou com a participação de membros do Conselho Consultivo Internacional do FoRC, que apresentaram as pesquisas realizadas em suas instituições de origem. Entre eles estavam Didier Attaix (Center for Food Safety and Security Systems), K.P. Sandeep (North Carolina State University), Paul Kroon (Institute for Food Research), Donald Schaffner (Rutger University) e Robert Buchanan (Center for Food Safety and Security Systems da University of Maryland). 
Compreender a composição química dos alimentos e como ela influencia na qualidade sensorial e nos efeitos biológicos é uma das propostas do Centro de Pesquisa em Alimentos (foto: Wikimedia Commons)

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Abelha sem ferrão nativa do Brasil cultiva fungo para sobreviver

23 de outubro de 2015

Elton Alisson | Agência FAPESP – Pesquisadores descobriram que uma espécie de abelha sem ferrão nativa do Brasil – a mandaguari (Scaptotrigona depilis) – cultiva um fungo, semelhante ao usado durante séculos por povos asiáticos para conservar alimentos, para sobreviver.

A descoberta foi descrita em um artigo publicado na quinta-feira (22/10) na edição on-line da revista Current Biology e é resultado de um estudo de doutorado realizado com Bolsa da FAPESP

“É o primeiro registro de simbiose entre uma espécie de abelha social e um fungo cultivado”, disse Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, no Pará, e primeiro autor do trabalho, à Agência FAPESP.

“Embora já se saiba que existe simbiose entre espécies de formigas e de cupins com fungos cultivados em seus próprios ninhos – esses microrganismos fornecem aos seus hospedeiros nutrientes e proteção contra patógenos –, em abelhas essa relação ainda é desconhecida”, afirmou Menezes.

O estudo integra o Projeto Temático "Biodiversidade e uso sustentável de polinizadores, com ênfase em abelhas Meliponini", coordenado pela professora Vera Lucia Imperatriz-Fonseca, do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável e do Instituto de Biociências da USP. 

Os pesquisadores constataram que, ao nascer, as larvas da abelha mandaguari se alimentam de filamentos do fungo do gênero Monascus (Ascomycotina) encontrados em seus próprios ninhos.

Sem esse microrganismo – que produz diversos metabólitos secundários com atividade antimicrobiana, antitumoral e imunológica –, poucas larvas de mandaguari sobrevivem, destacam os autores do estudo.

“Ainda não sabemos, exatamente, qual é a função desse fungo para a larva. A possibilidade que achamos mais plausível é que o microrganismo ajuda a proteger o alimento da larva de patógenos, uma vez que é usado por chineses e outros povos asiáticos como corante para conservar alimentos”, afirmou Menezes.

O estudo foi noticiado no exterior, em veículos como a revista Newsweek

Transmitido por gerações

De acordo com Menezes, o fungo se origina e está presente em uma estrutura, chamada cerume – composta por uma mistura de cera de abelhas operárias com resinas de plantas –, que as abelhas sem ferrão usam como material de construção para suas células de cria (ninhos).

Ao terminar de construir as células de cria, as abelhas operárias enchem o invólucro de um alimento líquido. Em seguida, a abelha rainha coloca um ovo sobre o alimento e a célula de cria é fechada pelas abelhas operárias e aberta somente cerca de três dias depois, quando a larva eclode do ovo.

Nessa fase, o fungo começa a emergir a partir do cerume, se prolifera sobre a superfície do alimento líquido e é devorado pelas larvas, desaparecendo completamente até o sexto dia de nascimento das abelhas.

“Gravamos o comportamento de larvas com três dias de nascimento e observamos que elas cortavam os filamentos dos fungos com a mandíbula e ingeriam o microrganismo”, disse Menezes.

Segundo o pesquisador, o fungo é transmitido a outras gerações de abelhas mandaguari por meio de cerume “contaminado”.

Após as larvas deixarem as células de cria, as abelhas operárias começam a raspar o cerume e reutilizam o material para construir um novo ninho.

Além disso, quando vão construir uma nova colmeia, as abelhas levam o cerume da colmeia-mãe para a colmeia-filha para construir células de cria, transmitindo o fungo de um ninho para o outro, que só começa a crescer em contato com o alimento larval depositado pelas abelhas operárias.

“Também ainda não sabemos se são esporos ou partes dormentes do próprio micélio [hifas emaranhadas, como fios] do fungo que estão presentes no cerume e transportados de uma célula de cria para outra”, disse Menezes.

O pesquisador observou a mesma relação de dependência de fungos para completar o ciclo de nascimento em outras espécies de abelhas sem ferrão do gênero Scaptotrigona e também de Tetragona, Melipona e Frieseomelitta.

“Essas descoberta de simbiose entre abelhas e microrganismos parece ser muito mais frequente do que imaginamos e aumenta a preocupação sobre o uso de fungicidas na agricultura”, apontou Menezes.

Estudos realizados nos últimos anos nos Estados Unidos e Europa identificaram que os fungicidas estão entre os pesticidas mais encontrados no pólen das abelhas, indicou.

“A preocupação é em relação aos efeitos que esses fungicidas podem ter sobre microrganismos benéficos às abelhas, como o fungo identificado no ninho de mandaguari. Se esses produtos químicos estão presentes no pólen de abelhas, inevitavelmente chegarão até as células de cria”, estimou.

Descoberta acidental

O pesquisador fez a descoberta da simbiose entre a mandaguari e o fungo Monascus acidentalmente.

Durante sua pesquisa de doutorado em entomologia na Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto, realizado com bolsa da FAPESP, Menezes tentou produzir em laboratório rainhas de mandaguari com o intuito de aumentar o número de colônias dessa espécie polinizadora de diversas culturas para atender à demanda dos agricultores.

Para produzir rainhas, o pesquisador suplementou a alimentação de larvas fêmeas de mandaguari, uma vez que o que determina se uma larva fêmea dessa espécie de abelha sem ferrão vai se tornar operária ou rainha é a quantidade de alimentos que ela ingere durante a fase larval (leia mais em: agencia.fapesp.br/18371)

Ao manter células artificiais com larvas fêmeas de mandaguari e com grandes quantidades de alimento em uma câmara úmida, Menezes percebeu que, após alguns dias, um fungo branco começou a crescer rapidamente e todas as larvas morriam.

“Em um primeiro momento eu achei que o fungo estava causando alguma doença para as abelhas e tentei exterminá-lo, ao aplicar produtos químicos, e removê-lo mecanicamente, mas nada funcionou”, relembrou Menezes.

Algum tempo depois, contudo, o pesquisador começou a observar o fungo em células de crias naturais, crescendo de forma menos intensa. “Parecia que algo no ambiente natural das abelhas estava mantendo o fungo sob controle”, disse.

Ao tentar criar as larvas fêmeas da abelha em um ambiente menos úmido, o pesquisador observou que o fungo cresceu intensamente por alguns dias e depois desapareceu.

Com isso, mais de 90% das abelhas sobreviveram. “Suspeitei que as larvas fêmeas estava se alimentando do fungo e dependiam dele para sobreviver”, disse Menezes.

A fim de testar essa hipótese, os pesquisadores realizaram experimentos em que criaram em laboratório um grupo de larvas de abelha mandaguari suplementadas só com alimento estéril e outro com alimento estéril suplementado com filamentos do fungo.

O grupo de larvas de abelha criada com alimento estéril suplementado com filamentos do fungo teve um índice de sobrevivência de 76%.

Já as que foram criadas nas mesmas condições, mas sem o fungo, apenas 8% completaram o ciclo de desenvolvimento.

“Isso mostra que há uma relação de dependência muito forte das abelhas pelo fungo”, afirmou Menezes.

Em contrapartida, para o fungo a vantagem de ser cultivado no ninho dessa espécie de abelha sem ferrão é garantir sua multiplicação ao longo de gerações, ponderou o pesquisador.

“Aparentemente, o benefício maior dessa simbiose é para as abelhas. Mas o fungo também depende delas para se reproduzir”, avaliou.

O artigo A brazilian social bee must cultivate fungus to survive (doi: 10.1016/j.cub.2015.09.028), de Menezes e outros, pode ser lido na Current Biology em www.cell.com/current-biology/abstract/S0960-9822(15)01108-2
Pupa de rainha com fungo ao redor (foto: Cristiano Menezes)

Link:
http://agencia.fapesp.br/abelha_sem_ferrao_nativa_do_brasil_cultiva_fungo_para_sobreviver/22113/

Alimentação saudável na adolescência

20 de outubro de 2015

Por Noêmia Lopes | Agência FAPESP – Dispostos em roda, alunos de Ensino Médio jogam uma espécie de “supertrunfo”. Mas em vez de comparar modelos de carros ou poderes de heróis, eles conversam sobre cartas com tabelas nutricionais de diferentes tipos de lanches, mais ou menos saudáveis: qual é o teor de açúcar, sal, gordura, fibras e vitaminas de cada alimento? O que cada uma dessas informações significa? Como a escolha do que consumimos afeta nossa saúde?

A disputa faz parte de um conjunto de oficinas promovido mensalmente, desde abril de 2014, pelo Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC, da sigla em inglês), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP.

Os encontros ocorrem no anfiteatro e nas arenas da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e, a cada mês, reúnem em média 92 convidados (88 alunos e quatro professores) de duas escolas da rede pública de ensino.

“Buscamos mostrar aos jovens que uma dieta balanceada ajuda a prevenir o aparecimento de doenças como diabetes, hipertensão e obesidade. E, mais do que isso, que a ciência e particularmente a química dos alimentos não estão apenas nos livros – elas estão vivas e tocam permanentemente nossas vidas”, disse Ronaldo Aloise Pilli, coordenador de Educação e Difusão do Conhecimento do OCRC, à Agência FAPESP.

As oficinas começam sempre com uma palestra introdutória, ministrada por pós-graduandos vinculados aos pesquisadores do CEPID OCRC. Na última edição, realizada em 11 de setembro, a palestrante foi Vanessa Bóbbo, aluna de doutorado na Escola de Enfermagem da Unicamp.

“Adolescentes costumam associar os cuidados com o corpo somente à aparência. Queremos chamar a atenção deles para o fato de que, desde cedo, as escolhas do cardápio também têm influência sobre algo muito mais importante – nossa saúde e qualidade de vida”, afirmou Bóbbo.

A apresentação inclui recursos como imagens de tumblrs, gifs animados e memes, tornando a linguagem mais descontraída, mas o intuito é o de que esse momento sirva como pontapé inicial para discussões mais profundas que virão a seguir, nas oficinas propriamente ditas.

“Depois de falarmos rapidamente sobre a composição dos alimentos, algo que o estudante dessa faixa etária já conhece, conversamos sobre o quê, quanto e quando consumir, o papel da insulina no corpo humano, o que os rótulos revelam, a importância dos exercícios físicos, entre outros temas.”

Também é objetivo da equipe do OCRC que os alunos retransmitam as informações às suas famílias, incentivando-as a adotar hábitos mais saudáveis. “Quase todos têm um parente ou conhecido que é diabético, hipertenso ou obeso. Procuramos trazer essas experiências para o debate e dar dicas relacionadas a novos hábitos”, disse Bóbbo.

Depois da palestra inicial, os estudantes participam de quatro a cinco oficinas, divididos em grupos que se revezam nas atividades, também conduzidas por pós-graduandos. Além do “supertrunfo” dos alimentos, há rodas dedicadas aos assuntos pressão arterial, aterosclerose, infarto e AVC; IMC (índice de massa corporal), massa magra versus massa gorda, alimentação e exercício físico; doação de sangue, antígenos e anticorpos, esta última promovida por profissionais do Hemocentro da Unicamp.

Parceria com os educadores

O modelo atual das oficinas foi inspirado em um antigo projeto do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Obesidade e Diabetes, financiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Até 2013, as atividades de educação do INCT já eram voltadas a estudantes de Ensino Fundamental e Médio. Quando o CEPID OCRC entrou em vigor, adotamos o projeto e priorizamos o atendimento a escolas que se propuseram a difundir o conhecimento adquirido nas oficinas a outros alunos, ampliando ainda mais o alcance de nossas ações”, disse Cristina Vidrich, gestora de Educação e Difusão do Conhecimento do OCRC.

Hoje, já há escolas públicas de Campinas que procuram a equipe do centro de pesquisa a fim de entrar para o calendário das oficinas. Mas inicialmente a iniciativa partiu do OCRC, que procurou as duas diretorias de ensino da cidade, solicitando indicações dos dirigentes sobre quais comunidades necessitavam desse tipo de atenção e divulgação científica.

“Estamos trabalhando mais intensamente com três unidades: a Escola Estadual Barão Geraldo de Rezende, próxima à Unicamp; a Escola Estadual Miguel Vicente Cury [a cerca de 15 quilômetros do campus]; e a Escola Estadual Barão Ataliba Nogueira [distante cerca de 13 quilômetros]”, contou Pilli.

A equipe orienta os educadores a, na medida do possível, conciliar as demandas do conteúdo trabalhado na escola com o conteúdo ofertado nas oficinas, estendendo-o também a novas ações e desdobramentos. Segundo Pilli, “cabe a eles selecionar qual faixa etária e turma devem vir aos encontros, de acordo com as necessidades de aprendizagem dos estudantes”.

Aos poucos, chegam notícias sobre como os professores têm feito a transposição entre oficina e sala de aula. “Soubemos de um professor de Matemática que incentivou seus alunos a replicar a oficina sobre cálculo do IMC para colegas da escola que não tinham vindo à Unicamp. Um docente de Geografia e um de Inglês travaram uma parceria para investigar costumes alimentares e aumento da obesidade em países de língua inglesa”, exemplificou Vidrich.

Joander Rodrigues, professor de Física da Escola Estadual Miguel Vicente Cury, acompanhou seus alunos na oficina de 11 de setembro. “Eles têm a chance de absorver e multiplicar esse conteúdo a que têm acesso aqui. E, mais do que isso, podem sentir despertar o desejo de entrar também para o time acadêmico, como estudantes e pesquisadores”, disse.

De acordo com Pilli, fomentar esse interesse está sempre entre as metas do OCRC. “Afinal”, questiona ele, “como o aluno pode se interessar por Ciência se ela não o encanta?”

Em 2014, as oficinas contaram com 848 participantes, entre alunos e docentes. Em 2015, estima-se que serão 880 até o mês de novembro.

As escolas integram ainda outras atividades esporádicas, como visitas a museus e laboratórios da universidade, excursões ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e orientações para montagem de feiras de ciências.

Surpresas e descobertas

Apesar do fácil acesso que os estudantes têm à informação, Pilli e Vidrich contam que as turmas ainda se surpreendem com a quantidade de açúcar presente nos refrigerantes, o teor de gordura de certos biscoitos ou o fato de que barras de cereal e sucos de caixinha nem sempre são as melhores escolhas, dependendo dos ingredientes que os compõem. Há surpresas, contudo, que agregam novas opções ao cardápio.

Na última parada das oficinas, e depois de todas as informações recebidas, as turmas são convidadas a montar lanches saudáveis, com direito à inclusão de salada e suco natural – escolhas distantes do biscoito recheado com achocolatado ou da batata frita com refrigerante que tanto aparecem, ao longo do dia, no discurso dos adolescentes.

“Hoje escutei um garoto elogiando o sanduíche que montou adicionando tomate, cenoura e alface. Quanto ao suco, em geral as turmas já chegam perguntando pelo açúcar, mas acabam convencidas a provar a bebida apenas com o adocicado natural da fruta”, contou a nutricionista Carla Bueno, oficineira e doutoranda da FCM.

“É uma questão de desconstruir pré-conceitos, por vezes criados há anos, há gerações. Quando os pais dizem ‘coma a salada senão ficará sem sobremesa’, a percepção que se cria é a de que salada é ruim, mas obrigatória para ganhar a recompensa, ou seja, o doce”, disse Bueno.

“Mas o saudável custa caro, não custa?”, ouviu-se, enquanto isso, numa das rodas de conversa. “Depende”, responderam os oficineiros, que exemplificavam: os mesmos R$ 3 que compram uma barra de chocolate que termina depressa compram um pacote de aveia que dura por dias; frutas como banana, maçã ou mamão são mais acessíveis que o kiwi, o morango ou o maracujá.

“Também trabalhamos nesse sentido, de desfazer equívocos”, contou Pilli. “Ainda existe muita confusão sobre o que é alimentação saudável, em públicos de todas as idades. Há quem pense que se trata de consumir produtos dietéticos – o que só é necessário em casos específicos. Ou que refrigerantes e chocolates não possuem sal – basta conferir os rótulos para verificar que possuem, sim. São más interpretações que buscamos resolver junto aos estudantes, professores e, se possível, suas famílias.”

Para Emile Chiareli, de 15 anos, a novidade foi descobrir quão importante é cuidar de cada refeição do dia. "Sempre comi aleatoriamente, quando sinto vontade, e agora vou tentar prestar mais atenção no que como e quando como, de manhã, à tarde e à noite”, disse ela.

Expansão e outras frentes de atuação

No mês de setembro, o OCRC promoveu sua primeira oficina fora de Campinas. O encontro ocorreu na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp em Limeira, cidade onde também atuam pesquisadores vinculados ao CEPID.

“Planejamos expandir ainda para Piracicaba, onde temos parceiros na Faculdade de Odontologia [FOP, também da Unicamp], e Diadema, onde um colega na Unifesp [Universidade Federal de São Paulo] manifestou o interesse de reproduzir nosso modelo de atividades”, afirmou Pilli.

“A ideia é que possamos capilarizar, espalhar as oficinas pelo maior número possível de cidades, atendendo cada vez mais jovens”, concluiu.

O OCRC também investe na produção de materiais de divulgação, como histórias em quadrinhos. A primeira delas, “Vivendo de bem com o diabetes”, teve tiragem de 9.850 exemplares, distribuídos em oficinas e demais eventos promovidos pelo centro de pesquisa, e também está disponível on-line.

Um fôlder ilustrado sobre alimentação saudável, "Como eu faço para comer bem?", foi lançado em 11 de outubro, dia mundial de combate à obesidade, com tiragem de 10 mil exemplares. Eles seriam distribuídos entre os participantes da corrida "VI Volta da Unicamp" e a comunidade da universidade – alunos, funcionários, pacientes e visitantes. 

Ainda na internet, o CEPID mantém um site institucional voltado a pesquisadores e a página SobrePeso, com notícias, dicas e receitas em linguagem de fácil entendimento.

Os dados consolidados para o período de setembro de 2014 a maio de 2015 mostram que o SobrePeso atingiu uma média de 210,2 mil pageviews por mês e 1,5 milhão de acessos totais, além de reunir quase 7 mil seguidores em sua página oficial no Facebook.

Os próximos planos da equipe envolvem criar uma gincana virtual, também destinada a alunos de escolas públicas, e ampliar o público-alvo das atividades educacionais do OCRC, envolvendo, por exemplo, grupos de idosos.

Exposição Cor da Luz

O OCRC é um dos três CEPIDs envolvidos na organização da exposição “Cor da Luz - O Código das Cores”, em cartaz no Museu Exploratório de Ciências (MC) da Unicamp desde agosto – os outros são o Centro de Pesquisa em Engenharia e Ciências Computacionais (CCES/eScience) e o Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (BRAINN).

“Sempre falamos sobre a importância de montar um prato com cores variadas. A clorofila, o licopeno e o caroteno são exemplos de pigmentos que estão presentes nos alimentos e têm propriedades nutricionais e funcionais. Esse tema permeou nossa contribuição na montagem na exposição”, contou Pilli.

Painéis interativos permitem ao visitante associar a cor de alimentos aos seus respectivos pigmentos; instalações abordam como a natureza se valeu, ao longo do processo evolutivo, de estruturas químicas semelhantes na garantia de processos vitais aos reinos vegetal e animal; outras revelam como os mecanismos da visão humana se desenvolveram de modo a assegurar melhores chances de se conseguir comida; e há também exemplos de como a luz é usada para diagnóstico e tratamentos médicos.

De acordo com Pilli, a receptividade do público tem sido muito positiva e a exposição deve se estender até o ano que vem. Mais informações podem ser encontradas em www.cordaluz.mc.unicamp.br.

Educação e difusão do conhecimento

Os 17 CEPIDs mantidos atualmente pela FAPESP têm como missão desenvolver investigação fundamental ou aplicada, com impacto comercial e social relevante, contribuir para a inovação por meio de transferência de tecnologia e oferecer atividades de extensão para professores e alunos dos Ensinos Fundamental e Médio e para o público em geral.

Para saber mais, acesse: http://cepid.fapesp.br
Alunos aprendem a medir a pressão arterial em oficina dedicada a discussões sobre aterosclerose, infarto e AVC (foto: Marcelo de Santa Rosa Oliveira - Audiovisual FCM/Unicamp).

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