sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

UFC cria Núcleo de Medicina Integrativa, que propõe novos paradigmas no tratamento

Sexta-Feira, 29/01/2016

Foi criado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará o Núcleo de Medicina Integrativa (Numi), aprovado pelo Departamento de Medicina Clínica em reunião realizada na terça-feira (26), que passa a constituir importante espaço de formação para os alunos daquela unidade acadêmica.

O Numi ficará sob a coordenação da Profª Paola Tôrres, médica onco-hematologista com formação em Medicina Integrativa pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, com mestrado e doutorado em Farmacologia pela UFC.

O Núcleo reunirá uma série de projetos de extensão e de pesquisa desenvolvidos desde 2013 na Universidade, como o de Práticas Somaestéticas Integrativas do Corpo Pentelementar (P5INCO), criado pelo Núcleo de Integração Somaestética (NISE), sob a coordenação do Prof. Francisco Silva Cavalcante Júnior, do Instituto de Educação Física e Esportes (Iefes), e o Projeto Transdisciplinaridade, Ecologia de Saberes, Currículo, Educação e Resistência (TECER), coordenado pela Profª Patrícia Limaverde, do Departamento de Biologia da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

MUDANÇA DE PARADIGMA – Organizada como movimento de pesquisa dentro de universidades americanas desde meados dos anos 1970, a Medicina Integrativa propõe uma mudança de paradigma no tratamento médico, que deixa de ter a doença como ponto principal da atenção e passa a compreender o adoecimento do paciente em suas relações causais interdependentes de mente, corpo e espírito.

Na Medicina Integrativa o paciente (nesse paradigma, denominado de pessoa) é visto como agente responsável por sua melhora e o conceito da cura é ampliado para o restabelecimento do bem-estar físico, mental e social, conforme preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Na definição do Consortium of the Academic Health Centers for Integrative Medicine, “a Medicina Integrativa é a prática que reafirma a importância da relação entre médico e paciente, com foco na pessoa como um todo, embasada em evidências, e que usa de todas as abordagens terapêuticas apropriadas para alcançar saúde e cura”.

O médico Andrew Weil, um dos pioneiros da Medicina Integrativa e diretor do programa na Universidade do Arizona, explica a prática “como aquela que utiliza todos os tipos de terapias consagradas cientificamente, sejam oriundas da medicina convencional ou de sistemas médicos não tradicionais, para prevenir e tratar doenças e promover o bem-estar do paciente”.

COMPLEMENTARES – No Brasil, uma portaria do Ministério da Saúde criou em 2006 a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PIC), normatizando a oferta de tratamentos complementares no Sistema Único de Saúde (SUS) com os serviços de acupuntura, homeopatia, termalismo, plantas medicinais e fitoterapia. Atualmente, dados do Ministério da Saúde mostram que o SUS faz, em média, 385 mil procedimentos de acupuntura e mais de 300 mil de homeopatia por ano. A oferta desses serviços está disponível em cerca de 1.200 municípios brasileiros.

EXTENSÃO E PESQUISA – A principal atividade do Numi consiste nas ações de extensão e de pesquisa do Programa Intensivo Integrativo de Apoio e Revitalização (PRIINTAR) para pacientes em tratamento oncológico, que utilizam práticas integrativas e complementares, como meditação, ioga, terapias corporais e aconselhamento, na promoção da saúde de pacientes portadores de câncer.

Desse modo, os estudantes de Medicina e de outros cursos passam a ter contato com novas abordagens de tratamento centrado na pessoa, além do modelo biomédico classicamente ensinado.

O PRIINTAR é oferecido gratuitamente, em Fortaleza, no Instituto Roda da Vida, uma organização não governamental de caráter filantrópico e a primeira clínica de Medicina Integrativa do Brasil reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e pelo Conselho Nacional de Saúde. Tem como presidente a médica Paola Tôrres.

Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional – Universidade Federal do Ceará

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Agrotóxico interfere na expansão da população de libélulas

Por Júlio Bernardes - jubern@usp.br

Publicado em 27/janeiro/2016

O uso de agrotóxicos na cultura da soja interfere na expansão da população de libélulas em áreas agrícolas no leste do Estado de Mato Grosso. A conclusão é feita em pesquisa do Instituto de Biociências (IB) da USP. O pesquisador Daniel Din Betin Negri comparou o desempenho das larvas dos insetos e de girinos (anfíbios), que vivem em ambientes aquáticos, em regiões agrícolas e em áreas preservadas de cerrado. Entre as libélulas, houve coincidência entre os eventos de aplicação de pesticidas e o aumento das taxas de mortalidade das larvas.
População de libélulas sofre interferência do uso de agrotóxicos na cultura da soja

O estudo verificou a hipótese do uso e manejo da terra para a produção intensiva de soja resultarem numa redução significativa no desempenho de organismos aquáticos, de acordo com as indicações de sobrevivência, crescimento ou desenvolvimento. “A área de estudo está situada na região das cabeceiras do Rio Xingu, no leste do Estado de Mato Grosso”, aponta Negri. “Trata-se de uma das mais ativas fronteiras de expansão agrícola do mundo, no chamado ´arco do desmatamento´ da amazônia”.

Segundo o pesquisador, as características ideais para o desenvolvimento das larvas de anfíbios e libélulas podem mudar de acordo com a espécie ou família. “Na pesquisa foi considerado como ambiente de referência uma área de cerrado preservado, uma vez que, as espécies e famílias manipuladas estão amplamente distribuídas no cerrado”, observa. “O ambiente agroindustrial pode interferir de diversas maneiras o desempenho dos organismos aquáticos. Basta dizer que nele ocorre o uso intensivo de insumos (agrotóxicos), uma das principais características da lavoura de soja”.

As larvas de libélulas são muito utilizados para determinar o estado de integridade do ambiente aquático, principalmente devido à sua maior sensibilidade às alterações. “Dentro da cadeia alimentar das poças temporárias, elas são predadoras de topo, que costumam ser os primeiros a serem afetados por processos de impacto ambiental, como a produção agrícola”, afirma Negri. “Isso leva a um efeito cascata sobre a comunidade de seres vivos e a redução da riqueza de espécies, podendo prejudicar processos de controle biológico de pragas, menos dependentes de agrotóxicos”.

Importância dos anfíbios

O desempenho de larvas de libélulas foi significativamente influenciado pelo uso e manejo da terra. “A mortalidade de larvas transplantadas para ambientes de cerrado e de pastagens variou entre 50% e 60%, enquanto as larvas em plantações de soja foram rapidamente erradicadas”, ressalta Negri. “A sincronia entre os eventos de aplicação de pesticidas e os padrões temporais de mortalidade sugere que os pesticidas são o principal vetor de alteração ambiental impedindo a colonização efetiva de campos agrícolas por libélulas”.

O desempenho de girinos da espécie Physalaemus cuvieri também foi significativamente influenciado pelo uso e manejo da terra. “Os anfíbios são particularmente importantes para estudo de impacto ambiental, pois apresentam importância trófica, ao mudarem de posição na cadeia alimentar e passarem de herbívoros aquáticos para predadores terrestres, sensibilidade ambiental e risco de extinção”, afirma o pesquisador. “Porém, as respostas de girinos foram em geral menos fortes e menos consistentes que aquelas observadas para libélulas”, afirma o pesquisador. A pesquisa foi orientada pelo professor Luis Schiesari, do IB.

De acordo com Negri, a única forma de criar um sistema agrícola mais permeável aos organismos é por meio da adoção de práticas menos danosas ao ambiente. “Essas práticas visam um uso mais racional e consciente dos agrotóxicos”, observa, “uma vez que os dados experimentais obtidos no estudo sugerem que os organismos aquáticos são rapidamente erradicados da matriz após aplicação de agrotóxicos”.

Além das mudanças no manejo, imprescindíveis para garantir a qualidade e a permeabilidade da matriz, o pesquisador salienta que também há necessidade da elaboração de um plano de longo prazo, focado na construção de uma paisagem com maior heterogeneidade. “Um ambiente heterogêneo é aquele que tem área para conservação e outra para a produção. Isso pode ser conseguido pelo ‘compartilhamento da terra’, adotando-se práticas agrícolas menos impactantes, ou por meio da ‘economia de terra’, que segrega áreas para conservação”, diz. “Ambas as estratégias permitem a formação de ambientes heterogêneos, mas resta discutir em que grau um ambiente é permeável para o movimento da fauna e a persistência dos organismos.

Foto: Wikimédia Commons

Mais informações: email danieldin@hotmail.com

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Fazendinha Orgânica: Unidade de Produção Orgânica - UPPO


Esse é nosso segundo post do ‪#‎LivroNaCesta‬. E, conforme anunciamos na semana passada, vamos atender ao pedido dos seguidores que querem livros sobre "produção orgânica de frutas". Viu, aí, Antônio Marchiori? Já pode comemorar!!! ✌✌✌

A cartilha "Fazendinha Orgânica: Unidade de Produção Orgânica - UPPO", foi produzida pela Embrapa Mandioca e Fruticultura durante a experiência da produção orgânica em uma área reservada. Na cartilha estão especificadas formas eficientes de cultivo do solo, manejo de pragas e aplicação de composto para o desenvolvimento de diversas frutas dentro desse sistema. Baixe em: http://bit.ly/1V5bhJT

O que é biodiversidade?



A maioria da população latino-americana já ouviu falar sobre‪ #‎biodiversidade‬. Mas apenas uma parcela dá a correta definição. Acesse o infográfico (em PDF) ➡ http://goo.gl/7Ow5OZ e saiba mais sobre a importância da biodiversidade no dia a dia de cada um.

Fique sabendo ❗

A biodiversidade é fonte de ingredientes para a fabricação de produtos alimentícios, cosméticos, farmacêuticos;

7 mil diferentes espécies são utilizadas mundialmente como
matéria-prima;

70% da população pobre mundial vive em área rural e depende da biodiversidade para a sua subsistência e bem-estar;

A sua conservação e o seu uso sustentável podem garantir a
existência das futuras gerações;

A biodiversidade é afetada por fatores como aumento da população, poluição e espécies invasoras;

O seu mau uso pode acarretar problemas climáticos, perda de
espécies e falta de recursos.

5 trampolins para uma mudança pessoal e coletiva ambiental


Psicólogos identificaram que quando a conversa pede por mudança de comportamento, os comentários variam entre negação, indiferença e até derrotismo. Esses sentimentos estariam ligados às barreiras pessoais de lidar com algo complexo, difícil de imaginar, mas que exige uma reviravolta no nosso jeito de viver a vida. Mudar hábitos é difícil. Que fale quem já parou de fumar, precisou parar de comer açúcar ou gordura, sair do sedentarismo. É necessário força de vontade e motivação pessoal, identificar e romper obstáculos psicológicos de auto-sabotagem. Com vocês, os 5 trampolins para uma mudança pessoal e coletiva ambiental:

ACONTECE PERTO - tá acontecendo no nosso nariz: cidades sem água, enchentes, secas, fumaça, lama tóxica… 

TEM JEITO - tem muito trabalho sendo feito nessa direção, abrindo caminho para um modelo de economia sustentável;

PODEMOS MUDAR - vamos falar de uma vida e alimentação saudável e comer no fast-food correndo até quando?;

AFIRMAÇÃO - as nascentes jorravam água! os rios eram limpos! só existe vida! Emoticon smile

SOMOS, LOGO NATUREZA - sem rótulos, sem religiões, sem raças, sem classe social: todos humanos na Terra.

Aleitamento materno reduz mortalidade infantil

Fonte: Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York. - Sexta-feira, 29 de Janeiro de 2016 


Conclusão consta de estudo de especialistas do Unicef publicado na revista médica britânica Lancet; documento diz que mulheres que amamentam seus bebês reduzem taxas de câncer de mama e ovário.

Um estudo publicado na revista médica britânica Lancet afirma que o aleitamento materno reduz a mortalidade infantil.

O documento faz parte de uma série sobre o assunto preparado por especialistas do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.

Diarreia

Eles disseram que se houver uma melhora na prática da amamentação, 820 mil crianças poderão ser salvas por ano, 90% delas são bebês com até seis meses de idade.

Além disso, será possível prevenir quase metade dos casos de diarreia e mais de 60% das infecções respiratórias, as duas principais causas de morte de crianças com menos de cinco anos.

Há também uma queda de 36% em relação às mortes repentinas. As crianças amamentadas pela mãe reduzem o risco de se tornarem obesas quando crescerem.

Câncer

O aleitamento materno também ajuda a reduzir as taxas de câncer de mama e ovário.

Segundo o estudo, "cada ano que as mulheres amamentam seus bebês, elas reduzem em 6% o risco de desenvolver câncer de mama".

Atualmente, o aleitamento materno evita a morte de quase 20 mil mulheres por este tipo de doença, todos os anos. Os médicos afirmam que esse número pode dobrar se houver uma melhora dessa prática.

A amamentação também está ligada à redução dos casos de câncer no ovário.

Impacto Econômico

O impacto econômico é grande. O estudo calcula que as perdas associadas ao baixo aleitamento materno podem chegar a US$ 302 bilhões anuais, o equivalente a mais de R$ 1,2 trilhão.

Para o chefe de nutrição do Unicef, Werner Schultink, o investimento no aleitamento materno tem um impacto significativo na saúde de mulheres e crianças e nas economias de países ricos e pobres".

Ele afirmou que "o estudo fornece prova crucial mostrando que o aleitamento materno representa o pilar para a sobrevivência, a saúde, o crescimento e o desenvolvimento das crianças, como também contribui para um futuro mais próspero e sustentável".

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O pecado do excesso: desinformação e mau uso reduzem a eficácia dos antibióticos

Consea pede fim da gordura hidrogenada em produtos

Fonte: CFN - Sexta-feira, 29 de Janeiro de 2016 


Em documento encaminhado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – Consea, recomendou que seja proibido o uso da gordura vegetal hidrogenada na formulação de produtos alimentícios, bem como sua substituição por outras substâncias que cumpram suas atuais funções e sejam prejudiciais à saúde das populações, em prol da melhoria das condições de saúde da população brasileira.

Segundo avaliação do Consea, as ações voluntárias de redução de gordura trans artificial em alimentos processados não garantiram sua eliminação e os consumidores têm dificuldades de compreender a informação sobre a presença da gordura trans na rotulagem de produtos alimentícios. Também aponta que as gorduras vegetais hidrogenadas são a principal fonte de gordura trans artificial nos alimentos industrializados e que, desde 2004, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a eliminação total da gordura trans artificial da alimentação, tamanho são os seus malefícios à saúde, principalmente em relação aos riscos de doenças cardiovasculares, o que já foi, inclusive, efetivado por vários países, como Argentina, Dinamarca e Estados Unidos.

Vale destacar que, de acordo com dados levantados por pesquisa do governo para traçar o perfil de saúde da população brasileira, mais da metade dos adultos e um terço das crianças apresentam excesso de peso e crescimento no número de pessoas – cada vez mais jovens – com doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão, doenças cardiovasculares e diabetes.

Além disso, o Consea detalha na recomendação que houve significativo aumento da participação de produtos alimentícios ultraprocessados na alimentação do brasileiro (27,8% no Brasil como um todo em 2008/09), que em geral, possuem perfil nutricional desfavorável à saúde, ou seja, com teores elevados de gordura, açúcar, sódio e densidade de calorias.

“A recomendação do conselho mostra que a sociedade está se mobilizando para definir, juntamente com os órgãos reguladores do governo, os rumos da utilização da gordura trans em nosso país”, analisa a vice-presidente da Asbran, Ana Maria Bartels, que também é conselheira suplente do Consea, representando a Associação. Ela acrescenta que no próximo mês de março está prevista pela Anvisa audiência pública para tratar do tema, oportunidade em que a Asbran manifestará sua posição.

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Especialista aponta que secas na Amazônia poderão ser mais longas e frequentes no futuro

Seca no rio Solimões. Foto: EBC

Peruano Jahn Carlo Espinoza palestrou em workshop promovido pelo Inpa. Evento discute as áreas de hidrologia, climatologia, dendrocronologia e análises de isótopos na bacia amazônica.

Recentemente, a Amazônia passou por longos períodos de seca, especialmente entre os anos de 2005 e 2010. Para discutir este tema, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) organizou um workshop com especialistas de várias partes do mundo nas áreas de hidrologia, climatologia, dendrocronologia e análises de isótopos na bacia amazônica.

As previsões indicam que eventos como as secas extremas serão mais frequentes e longas no futuro. Além disso, os modelos climáticos, que permitem avaliar as mudanças no clima, apontam que, por volta de 2050, pode ocorrer uma transição na vegetação na Amazônia de bosque tropical para savana.

Para o pesquisador do Instituto Geofísico do Peru, Jhan Carlo Espinoza, esses eventos são resultados da temperatura da região do Atlântico Norte, próximo à costa do Brasil até a África. “Quando esta região está mais quente do que o normal, produz mais precipitações no Atlântico e reduz as chuvas na Amazônia, causando secas extremas com os níveis dos rios mais baixos”, explicou.

Segundo ele, as secas têm sido mais intensas nas últimas décadas, porém, as inundações passaram a ser mais frequentes, especialmente a partir da década de 1970. O pesquisador destacou que, até aquele período, havia apenas cinco registros de grandes inundações. Após, os estudiosos observaram 18 acontecimentos deste porte – causados, principalmente, pelo evento La Niña, mas também pelas condições de temperatura do Atlântico Tropical Sul.

“Quando ocorre o fenômeno, existe mais fluxo de umidade que ingressa na Amazônia, permanecendo nesta região, ocorrendo precipitações de chuvas. Isto incrementa o nível dos rios, causando inundações”, assinalou Espinoza. “O clima da Amazônia está controlado em grande medida com o que ocorre nos oceanos. Cercada pelo Pacífico, por um lado com o El Niño, mas também com condições de temperatura no Atlântico”, completou.

Outras participações

O pesquisador da Universidade de Leeds (Reino unido), Manuel Gloor, falou sobre as recentes mudanças no clima da bacia amazônica e o impacto na floresta. Já o pesquisador do Laboratório de Ciência do Clima e Meio Ambiente da França, Jonathan Barichivich, falou sobre as perspectivas de longo prazo no ciclo hidrológico da Amazônia. O especialista do Inpa, Jochen Schongart, abordou sobre os anéis das árvores das regiões alagada e central da Amazônia: o que eles nos falam sobre o crescimento do clima e a relação das condições climáticas do passado.

Fonte: INPA/MCTI

in EcoDebate, 29/01/2016

O meu nome é Bel, Beldroega (www.stopcancerportugal.com)

2.11.2012


O meu nome é Beldroega. Os especialistas em botânica chamam-me de Portulaca oleracea e sou uma planta selvagem comestível. Mas, para maioria dos humanos, sou considerada uma espécie de erva daninha, daquelas indesejáveis, que parecem brotar espontaneamente pelos quintais e hortas.

Nos anos 80 fui alvo de alguns estudos bioquímicos e, entre todos os vegetais de folha escura até hoje examinados, sou considerada a melhor fonte de ómega-3.

Ora, o ómega-3 é um dos ácidos gordos essenciais com um papel fundamental, não só no crescimento e desenvolvimento normal do corpo humano, mas também na prevenção e tratamento de determinadas doenças como as cardiovasculares, hipertensão, diabetes, artritee outros distúrbios inflamatórios e autoimunes e ainda no cancro.

Atualmente posso considerar que a minha notoriedade está em franca progressão. Ainda este ano, a revista científica International Journal of Molecular Sciences reconheceu-me outros efeitos benéficos devido aos níveis elevados que apresento de vitamina C, α-tocoferol, β-caroteno e glutationa.

Os efeitos benéficos da glutationa foram demostrados em estudos clínicos: é capaz de proteger as células dos processos carcinogénicos através da sua ação antioxidante e ligação a compostos químicos mutagénicos, atuando direta ou indiretamente, mantendo os níveis funcionais de outras substancias antioxidantes como as vitaminas C e E, envolvendo-se na síntese e reparação do DNA e aumentando a resposta imune.

Possuo ainda cálcio, magnésio, potássio, ferro e zinco em concentrações que aumentam com a maturação das folhas. Todo este valor nutricional providencia uma ampla atividade biológica, com uma capacidade antioxidante marcada. Portanto, sou um vegetal excelente para incluir na alimentação.

Os que já me conhecem sabem fazer de mim um bom esparregado ou uma sopa deliciosa quando me combinam com outros vegetais. O meu nome é Bel, Beldroega, um vegetal que deixou de ser secreto, ao serviço da sua saúde!

Referências: 

Simopoulos AP. Omega-3 fatty acids and antioxidants in edible wild plants.Biol Res. 2004;37(2):263-77.; Uddin MK, Juraimi AS, Ali ME, Ismail MR. Evaluation of Antioxidant Properties and Mineral Composition of Purslane (Portulaca oleracea L.) at Different GrowthStages. Int J Mol Sci. 2012;13(8):10257-67.; Ivo Oliveira, Patrícia Valentão, Rosário Lopes, Paula B. Andrade, Albino Bento, José Alberto Pereira, Phytochemical characterization and radical scavenging activity of Portulaca oleraceae L. leaves and stems, Microchemical Journal, Volume 92, Issue 2, July 2009:129-134.

Link:
http://www.stopcancerportugal.com/2012/11/02/o-meu-nome-e-bel-beldroega/

Insetos elevam produtividade agrícola

Fonte: CARLOS FIORAVANTI - Pesquisa Fapesp - Segunda-feira, 25 de Janeiro de 2016 


Estudo em 12 países indica que abelhas e outros polinizadores respondem por 24% do ganho em pequenas propriedades

Embora estejam mais escassos no campo, por causa da redução da área das matas e do uso intensivo de fertilizantes químicos, as abelhas e outros insetos polinizadores respondem em média por 24% do ganho em produtividade agrícola em pequenas propriedades rurais (até 2 hectares). Os outros 76% estão associados à irrigação e a nutrientes e técnicas de cultivo, de acordo com estudo publicado na revistaScience no dia 22 de janeiro. Segundo esse trabalho, quanto maior o número de polinizadores, maior tende a ser a produtividade agrícola, principalmente nas pequenas propriedades.

A pesquisa foi financiada pelo Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), integra-se ao Projeto Polinizadores do Brasil, do Ministério do Meio Ambiente e foi coordenado por Lucas Garibaldi, da Universidade Nacional de Rio Negro e diretor do Instituto de Investigaciones en Recursos Naturales, Agroecología y Desarrollo Rural, da Argentina, com a participação de 35 pesquisadores de 18 países, incluindo o Brasil, por meio de 12 instituições de pesquisa de oito estados.

Estudos anteriores já haviam ressaltado a importância dos polinizadores para a agricultura (ver Pesquisa FAPESP nº 171) e fornecido uma estimativa dos ganhos de produtividade com polinização por abelhas, equivalente a 10% do valor da produção agrícola mundial (ver Pesquisa FAPESP nº 218). Não existiam, no entanto, análises numéricas tão detalhadas sobre os benefícios econômicos dos polinizadores auferidas pelos mesmos critérios em escala mundial.

Nesse trabalho, os pesquisadores analisaram o número de polinizadores, a biodiversidade e o rendimento de 33 cultivos dependentes de polinizadores (maçã, pepino, caju, café, feijão, algodão e canola, entre outras) em 334 propriedades pequenas e grandes da África, Ásia e América do Sul durante cinco anos (2010-2014), por meio de métodos padronizados e uniformes. Nos 12 países analisados, o rendimento agrícola cresceu de acordo com a densidade de polinizadores, indicando que, inversamente, populações reduzidas de abelhas e outros insetos poderia ser parcialmente responsável pela queda de produtividade.

“Demonstramos o potencial do aumento da densidade de polinizadores como forma de aumentar a produtividade agrícola”, disse Antonio Mauro Saraiva, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Computação (Biocomp) e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), que participou do trabalho de organização, registro e análise dos bancos de dados. “Nesse trabalho testamos duas hipóteses, o efeito do aumento da densidade de polinizadores e da riqueza de espécies”, disse ele. Para as pequenas propriedades, o ganho de produtividade dependeu da quantidade de polinizadores e não esteve ligado à diversidade desses animais na propriedade. Para as grandes fazendas, em contrapartida, a única forma de se tornarem mais produtivas seria aumentar tanto a quantidade de polinizadores quanto a diversidade de plantas e animais na área cultivada.

“O que mais contribuiu para a diferença entre as taxas de produção mais altas e mais baixas foi o aumento na densidade de polinizadores”, disse Leandro Freitas, pesquisador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e um dos autores do trabalho. “O incremento no uso de técnicas convencionais de intensificação agrícola, como o uso de fertilizantes sintéticos e monoculturas, apresentou uma contribuição equivalente à dos polinizadores.”

Freitas examinou o cultivo de tomates no norte do estado do Rio de Janeiro com a equipe de Maria Cristina Gaglianone, da Universidade Estadual do Norte Fluminense. “O grau de informação técnica dos produtores era muito baixo”, ele observou. “Muitos não sabiam que a visitação das flores por abelhas estava relacionada à produção dos tomates.” Um estudo recente da equipe de Breno Freitas, professor da Universidade Federal do Ceará e também coautor do estudo da Science, indicou que a soja, como o tomate e outros cultivos, não depende de polinizadores, mas pode aumentar sua produtividade com eles.

Garibaldi, o coordenador do trabalho, percorreu as plantações de framboesa da Patagônia e observou: “A visão dos agricultores tem mudado nos últimos anos, mas ainda não dão muita importância aos polinizadores. A prioridade é o retorno econômico de curto prazo, sem uma visão de longo prazo.” Ele ressaltou: “Existem alternativas ao modelo mais adotado de produção agrícola, com base em monocultura e fertilizantes”.

Os autores do artigo da Science ressaltam o conceito de intensificação ecológica, que consiste em adotar medidas de promoção da biodiversidade capazes de aumentar a produtividade agrícola, sem abandonar as práticas convencionais. Essas medidas podem oferecer condições de vida mais amigáveis aos polinizadores, como o plantio de plantas com flores em faixas dos terrenos ou à margem das estradas, a construção de cercas-vivas, a redução do uso de pesticidas e a recuperação das matas nativas próximas aos cultivos. Em um artigo de 2014 na Frontiers in Ecology and the Environment, Garibaldi e sua equipe detalham as possibilidades de implantar essas e outras medidas para ampliar a densidade de polinizadores nas propriedades rurais.

“O próximo passo é implementar essas práticas agroecológicas”, disse Garibaldi. “Aproveitamos todas as oportunidades para apresentar essas possibilidades, para escutar e aprender.” A próxima oportunidade será na quarta reunião da Plataforma Internacional para Biodiversidade e Serviços Ambientais (IPBES), um órgão intergovenamenal criado em 2012 e aberto a todos os países membros das Nações Unidas, marcada para os dias 22 a 28 de fevereiro em Kuala Lumpur, Malásia.

Artigos
GARIBALDI, L. A. ?et al. Mutually beneficial pollinator diversity and crop yield outcomes in small and large farms. Science, v. 351, n. 6271, 22 jan. 2016, p. 388-391.
GARIBALDI, L. et al. From research to action: enhancing crop yield through wild pollinators. Frontiers in Ecology and the Environment, v. 12, n. 8, p. 439–447, 2014.
MILFONT, M. de O et al. Higher soybean production using honeybee and wild pollinators, a sustainable alternative to pesticides and autopollination.Environmental Chemistry Letters, v. 11, n. 4, p. 335-341, 2013.

Brasileiros estão entre os maiores consumidores de ‘fast food’ do mundo

Fonte: Dora Luz Romero - EL PAÍS - Terça-feira, 26 de Janeiro de 2016 


Na América do Sul, ninguém gasta mais em fast food do que os brasileiros. Aliás, segundo um estudo realizado pela EAE Business School, que analisa os hábitos de consumo nesse setor em 2014, apenas Estados Unidos (290,2 bilhões de reais), Japão (162,3 bilhões de reais) e China (130,2 bilhões de reais) estão à frente do Brasil (53,7 bilhões de reais) em gastos no setor.

De acordo com o levantamento, o gasto com fast food por habitante no Brasil em 2014 foi de 265 reais, e o consumo deve crescer em 30,88% até 2019 — uma das maiores expectativas entre os países estudados, junto com Espanha (48,61%) e China (23,99%). Os espanhóis, aliás, estão entre os europeus que menos gastam com fast food. Cada habitante investe em média 42,6 euros por ano (190 reais). Essa cifra os situa somente atrás dos italianos.

Apesar dos percalços, o McDonald's segue sendo o líder do setor em nível global, com 18.710 pontos de venda, seguido pelo KFC, com 11.798 estabelecimentos, e o Subway, com 10.109 restaurantes. Segundo a pesquisa, parte do sucesso da rede norte-americana está em seu novo enfoque no café da manhã e em suas campanhas de publicidade.

Para 2019, segundo o estudo, os mercados de fast food mais importantes por volume de gasto serão EUA, China e Japão, com um total de 74,7 bilhões de euros (331 bilhões de reais), 45,4 bilhões de euros (201 bilhões de reais) e 31.6 bilhões de euros (140 bilhões de reais), respectivamente. Esse estudo foi desenvolvido pela Strategic & Research Center da EAE Business School com base em dados procedentes do Euromonitor International, que analisa as tendências de mercado e do consumidor em mais de 80 países.

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Alerta da OMS: número de crianças obesas mais que dobra em 15 anos

Fonte: Agência Estado - Terça-feira, 26 de Janeiro de 2016 


Na América Latina, a taxa de obesidade entre as crianças é superior à média mundial (6,1%) e chega a 8%.

A taxa de obesidade entre crianças de menos de cinco anos de idade sofre uma expansão sem precedentes e a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta recomendações drásticas para frear a tendência. Dados divulgados nesta segunda-feira (25/01) em Genebra revelam que, entre 1990 e 2014, pelo menos 41 milhões de crianças nessa faixa de idade estão acima do peso.

Em apenas 15 anos, o número de casos registrados aumentou em 10 milhões de crianças. Hoje, a taxa é de 6,1% de toda a população na faixa etária estudada. Em 1990, ela era de apenas 4,8%. Mas a maior preocupação é com os registros nos países em desenvolvimento. Em 15 anos, o número de crianças obesas dobrou: de 7,5 milhões para 15,5 milhões. Ao final de 2014, quase metade de todas as crianças obesas estavam na Ásia, contra 25% na África, o mesmo continente com o maior número de má-nutrição aguda.

Na América Latina, a taxa de obesidade entre as crianças é superior à média mundial e chega a 8%. "Muitas crianças estão crescendo em ambientes que incentivam ganhar peso e obesidade", alerta o informe da OMS. "Levados pela globalização e urbanização, a exposição a comidas não-saudáveis é cada vez maior", indicou.

O principal fator do aumento do número de crianças obesas, porém tem sido o marketing sem restrição para refrigerantes e outras bebidas.

Para inverter a tendência, a OMS alerta que governos terão de adotar medidas concretas. Uma delas é a de aumentar os impostos para refrigerantes, além de limitar a publicidade para alimentos não-saudáveis. Para a entidade, a quantidade de calorias ingeridas por dia precisa cair.

Uma segunda proposta é a de implementar de forma generalizada programas de atividades físicas em escolas e mesmo jardins de infância, com a meta de evitar que crianças sejam sedentárias.

As propostas também incluem uma mudança na preparação das mães e pais, com o foco na amamentação, em práticas saudáveis de alimentação, além de padrões rígidos para as cantinas escolares. Nutrição deve ainda entrar no currículo das escolas, assim como a proibição da venda nos colégios de chocolates, balas ou qualquer outro alimento que possa contribuir para obesidade.

"As medidas que estamos propondo vão exigir vontade política dos governos", alertou Margaret Chan, diretora-geral da OMS. "São iniciativas que vão contra interesses econômicos poderosos", admitiu.

No ano passado, a OMS já alertou para o consumo de açúcar no mundo e sugeriu maiores impostos sobre os produtos. Mas as entidades de produtores reagiram de forma dura, criticando o informe e apontando que o combate à obesidade vai muito além do consumo de alimentos.

Link:

Quilombolas vão fornecer alimentos para programas do Governo Federal

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Incra/GO - Ascom/MDA - Quarta-feira, 27 de Janeiro de 2016 


A comunidade Nossa Senhora Aparecida - localizada no município de Cromínia (GO), distante cerca 80 km da capital Goiânia -, será o primeiro grupo quilombola do estado a vender alimentos para programas do Governo Federal. O documento que permite tal comercialização, a Declaração de Aptidão (DAP) ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), já foi expedido pela Superintendência Regional do Incra em Goiás.

O representante da comunidade Valdivino Alves da Silva foi quem recebeu as 27 DAPs entregues pelo superintendente substituto do Incra/GO, Alberto Filho. “Esse é o primeiro de muitos sonhos que ainda realizaremos. Agora que temos garantia de que o Poder Público poderá ser comprador da nossa produção, iniciaremos, ainda em janeiro, o plantio de arroz e continuaremos as outras culturas”, afirma o líder comunitário.

Valdivino Alves da Silva ressalta que o projeto maior é ingressar, já em 2017, como fornecedor de produtos para os programas de Alimentação Escolar (Pnae), voltado à produção de uma merenda escolar saudável, e de Aquisição de Alimentos (PAA) – modalidade compra direta da agricultura familiar com doação simultânea a grupos em situação de insegurança nutricional.

Os projetos técnicos da comunidade serão feitos pelo Serviço Brasileiros às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Goiás, que acompanhará todo o processo produtivo até a comercialização da safra. A assistência técnica de campo, diz Valdivino, será prestada por profissionais da Emater/GO.

Área de cultivo

Atualmente, os quilombolas cultivam 40 hectares, entre terras cedidas pelo estado, por particulares e também quintais das próprias residências. A diversidade produtiva inclui hortaliças, fruticultura, grãos (milho e arroz) e verduras variadas, além de farinha, polvilho e panificados. Com assessoria do Sebrae/Goiás, montaram uma feira livre no centro de Cromínia para vendas diretas. “Muitos de nós vive somente da agricultura, da culinária e do artesanato quilombola”, conta Valdivino.

A antropóloga do Incra em Goiás, Cristiana Fernandes, explica que o pedido de regularização da comunidade Nossa Senhora Aparecida foi aberto no Instituto em 2011. No momento, a fase é a de elaboração do relatório antropológico da comunidade pela equipe de pesquisadores do Campus Catalão/Universidade Federal de Goiás (UFG), de acordo com parceria firmada pelo Termo de Cooperação Técnica Incra/UFG em agosto de 2013.

Acesse aqui mais informações sobre processo de regularização de comunidades quilombolas.

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ONU pede aos governos medidas efetivas para reverter epidemia mundial de obesidade infantil

Fonte: ONU BR - Quarta-feira, 27 de Janeiro de 2016 


Número de crianças com menos de cinco anos com sobrepeso tende a aumentar de 42 milhões para 70 milhões na próxima década. ONU pede a governos promoção de alimentos saudáveis e atividades físicas.

O número de crianças abaixo de cinco anos que estão acima do peso tem tendência a aumentar de 42 milhões para 70 milhões na próxima década. Diante da epidemia global de obesidade infantil, as Nações Unidas apelaram aos governos na segunda-feira (25) a reverter esse quadro por meio da promoção de alimentos saudáveis e de atividades físicas.

A publicidade de comidas não saudáveis e bebidas não alcoólicas é um grande fator que contribui para o aumento vertiginoso de casos de obesidade, que saltaram de 31 milhões em 1990 para 41 milhões em 2014, segundo a Comissão para o Fim da Obesidade Infantil (ECHO, em inglês).

O relatório divulgado pela entidade ainda alerta que os países de baixa e média renda foram os que mais apresentaram crescimento nesta direção.

“A Organização Mundial da Saúde (OMS) precisa trabalhar com os governos para implementar uma extensa gama de medidas que se dirijam para as causas ambientais da obesidade e do sobrepeso, e ajudem a dar às crianças o começo saudável para a vida que elas merecem”, afirmou o copresidente da Comissão, Peter Gluckman, que apresentou relatório sobre o tema à diretora-geral da OMS, Margaret Chan.

Entre as recomendações para o combate à obesidade apresentadas no relatório estão a atividade física e dieta saudável já no início da infância, com estímulo a amamentação materna; o limite do consumo de alimentos ricos em gordura, açúcar e sal, garantindo disponibilidade de comidas saudáveis; o estabelecimento de padrões nas refeições escolares, acabando com a venda de bebidas e alimentos não saudáveis; e inclusão da saúde, nutrição e educação física de qualidade no currículo escolar.

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Delegação da Índia estuda abrir centro de excelência contra a fome similar ao do Brasil

Fonte: ONU Brasil - Quinta-feira, 28 de Janeiro de 2016 


No Brasil, delegação indiana conheceu o Bolsa Família, o Programa Nacional de Alimentação Escolar e as estratégias de apoio à agricultura familiar e de compras públicas de alimentos.

Nos dias 18 e 19 de janeiro, o Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) participou de uma visita de estudos do governo da Índia ao Brasil, organizada pela agência de cooperação alemã GIZ.

O objetivo foi conhecer as iniciativas do governo brasileiro na área de segurança alimentar e nutricional e o trabalho do Centro da ONU. O governo indiano espera aprimorar suas iniciativas na área de segurança alimentar e está planejando a criação de um centro de excelência similar ao do Brasil.

Apesar do intenso crescimento econômico da Índia e de sua capacidade de produzir alimentos suficientes para toda a população, altos níveis de pobreza, insegurança alimentar e má nutrição persistem. O governo tem um dos maiores programas de distribuição de alimentos do mundo, conhecido como Sistema Público de Distribuição Dirigida. O programa fornece grãos para populações pobres.

Em 2013, o país aprovou o Ato de Segurança Alimentar Nacional, que garante em lei que 75% da população rural e 50% da população urbana têm direito a adquirir alimentos a preços subsidiados.

No Brasil, a delegação indiana, composta por membros do governo e representantes da GIZ, conheceu o Bolsa Família, o Programa Nacional de Alimentação Escolar e as estratégias de apoio à agricultura familiar e de compras públicas de alimentos. Eles conversaram com oficiais do governo brasileiro sobre a participação da sociedade civil, a articulação entre os diversos ministérios e entre o governo federal e os governos estaduais e municipais.

Os técnicos do Centro de Excelência apresentaram à delegação o trabalho de cooperação Sul-Sul que o Centro vem desenvolvendo desde 2011. Nesse período, quase 40 países visitaram o Brasil com apoio do Centro para conhecer políticas e programas de segurança alimentar e nutricional e combate à pobreza e desenvolver suas próprias soluções de combate à fome.

Os indianos estavam interessados em entender como o Centro de Excelência compartilha os conhecimentos acumulados pelo Brasil para o desenvolvimento de capacidades de outros governos de países em desenvolvimento. A Índia está discutindo atualmente a criação de um Centro de Excelência em segurança alimentar, em parceria com o PMA, e as experiências do Centro de Excelência contra a Fome no Brasil são um exemplo a ser seguido.

No dia 12 de janeiro, o ministro dos Direitos do Consumidor, Alimentação e Distribuição Pública da Índia, Ram Vilas Paswan, e a diretora executiva do PMA, Ertharin Cousin, assinaram uma carta de intenções para preparar a proposta de trabalho desse Centro de Excelência.

“Até o final deste ano, estamos planejando estabelecer os papéis e modalidades que esse centro de excelência deve desempenhar na Índia. Nos próximos sete ou oito meses estamos decidindo onde será o Centro, qual será o orçamento, qual deve ser sua contribuição e qual será o papel dos governos estaduais, do governo da Índia e do PMA”, contou Deepak Kumar, secretário adjunto do Departamento de Alimentação e Distribuição Pública do governo da Índia, que liderou a delegação em visita ao Brasil.

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Especialista esclarece mitos e verdades sobre amamentação e doação de leite humano

‘O que posso comer durante a amamentação?’, ‘A doação pode interferir na amamentação do meu filho?’, ‘Será que o meu leite é fraco para a nutrição do meu bebê?’: questionamentos como esses são comuns durante a amamentação do bebê, principalmente, quando é o primeiro filho, e podem pesar na decisão sobre a doação de leite materno. Porém, muitas das respostas popularmente dadas a essas perguntas são mitos.

Diante dessas questões, a psicóloga do Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Eliane Caldas, esclarece alguns mitos e verdades sobre o tema e enfatiza a importância da doação de leite humano no período de férias – de dezembro a fevereiro –, quando as doações diminuem em cerca de 40%. A psicóloga ressalta que, nesse período, a queda no estoque é a nível nacional.

“A única exigência para doar leite é que a mãe esteja amamentando seu próprio filho. No caso de ela estar tomando algum medicamento, isso deve ser informado para que seja verificado se é possível fazer a doação. A mulher que procura o BLH também recebe orientações e, se necessário, tratamentos para solucionar alguma dificuldade que tenha em relação à amamentação”, explicou Eliane Caldas.

O leite materno pode ser congelado?

Eliane Caldas: Verdade. O leite materno pode ser congelado por até 15 dias, sem a perda de suas características e qualidade nutricional. A mãe pode ordenhar o leite na sua casa – tomando os devidos cuidados para manter a qualidade –, deixá-lo na geladeira e dar ao bebê enquanto estiver fora de casa. Caso o leite não seja consumido, pode doá-lo para um BLH. Além disso, o mesmo processo pode ser feito em um Banco de Leite Humano, onde o leite será coletado congelado para então ser processado e distribuído às crianças.

A alimentação da mãe reflete no leite?

Eliane Caldas: Verdade. O recomendado é que a mãe tenha uma alimentação saudável e equilibrada. Ela não deve ingerir bebida alcoólica, café em excesso e alimentos muito gordurosos, como o chocolate. No caso do café e do chocolate, a questão não é comer, mas a quantidade que se consome. Um café, pela manhã, faz parte do nosso hábito alimentar e isso não faz diferença ao bebê; porém, pode afetá-lo caso o consumo seja feito em maior quantidade.

Quando a mãe produz muito leite, a doação pode interferir na amamentação do filho?

Eliane Caldas: Mito. Pelo contrário, quanto mais a mãe estimular o peito a produzir leite, mais ela o terá e não faltará para o bebê. O leite é produzido na hora em que o bebê está sugando, mas se a mãe demorar muito tempo para ordenhar, ela vai sentir a mama mais cheia. O leite para de ser produzido, quando não há estímulo, quando o bebê não mama.

Algumas mães produzem leite mais fraco?

Eliane Caldas: Mito. Nenhum leite materno é fraco, nem de uma mulher desnutrida. A qualidade do leite da mulher desnutrida é tão boa quanto a de uma mulher nutrida. Há também a concepção de que o leite industrializado é mais forte porque o bebê dorme e engorda mais. O bebê acorda mais rápido quando toma o leite materno porque a sua digestão é mais rápida do que a do leite de vaca, mas isso não quer dizer que o leite materno é mais fraco.

Se a mãe não estiver com muito leite, pode deixar outra mulher amamentar o seu filho?

Eliane Caldas: Mito. Cada mãe tem que amamentar o seu bebê. O melhor leite para o filho é o da sua mãe. O leite carrega as características de quem amamenta. Assim a criança cria os anticorpos necessários para a sua saúde tomando o leite da mãe. Na amamentação cruzada há o risco de uma doença infecciosa ser transmitida pelo leite. A saída para a mãe que não consegue amamentar é procurar orientação no banco de leite humano.

As fórmulas atuais são quase como o leite materno?

Eliane Caldas: Mito. Leite materno é singular. O colostro que sai na primeira mamada pode considerado a primeira vacina do bebê. A fórmula atual tem suas qualidades, mas é feita com leite de vaca, que não traz os benefícios do leite materno, como o aumento da imunidade.

Mamadeira e chupeta interferem no aleitamento?

Eliane Caldas: Verdade. Mamadeira e chupeta interferem na amamentação pelo posicionamento da língua do bebê. A sucção do leite no peito requer um esforço maior do que a da mamadeira e da chupeta. Com isso, quando a mãe oferece o peito e os dois apetrechos, o bebê rapidamente descobre que a mamadeira é mais fácil do que o peito. Isso pode implicar na diminuição do estímulo da produção do leite e, consequentemente, a mãe pode não ter a quantidade necessária de leite para a nutrição do bebê.

Estresse e nervosismo podem atrapalhar a produção do leite?

Eliane Caldas: Verdade. O estresse e o nervosismo podem diminuir a quantidade de leite. Em momentos como este, a mãe modifica o seu sistema endócrino-imunológico e, com isso, a quantidade de leite pode diminuir. O recomendado é que a mãe descanse sempre que possível. Em caso extremo, para dormir bem uma noite, ela pode deixar que outro responsável dê o leite materno ao bebê em um copinho. Algumas pessoas acreditam que o estresse pode empedrar o leite, mas não é verdade. Isso acontece quando a quantidade de leite é maior do que o bebê necessita ou consegue sugar e se não for ordenhado, o leite fica alojado na mama e acaba empedrando ou até originando uma mastite.

A compressa de água quente ajuda na situação do leite empedrado?

Eliane Caldas: Mito. A indicação nesses casos é massagem e ordenha do leite. A compressa de água quente piora a situação, pois aumenta a quantidade de leite retido na mama. Consequentemente, a mãe terá mais leite empedrado.

Como doar leite

A mãe que deseja doar leite humano deve entrar em contato pelo telefone gratuito 08000-268877 ou procurar o Banco de Leite Humano mais próximo da sua casa. A partir desse contato, é feito um cadastro e uma inscrição no BLH do IFF. Uma vez cadastrada como doadora, não há necessidade de ir ao Banco de Leite periodicamente. A coleta pode ser feita em casa, uma vez por semana. O leite, nesse caso, deve ficar armazenado no recipiente fornecido pelo próprio banco: pote de vidro com tampa de plástico. O leite materno coletado e processado é destinado a alimentar bebês prematuros e/ou de baixo peso internados em UTIs Neonatais durante seis meses.

in EcoDebate, 27/01/2016

Comissão de Agricultura da Câmara rejeita projeto sobre conservação do Cerrado

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural rejeitou o Projeto de Lei 25/15, do deputado Sarney Filho (PV-MA), que estabelece uma série de ações para conservar a vegetação nativa e estimular o uso sustentável do Cerrado.

O relator na comissão, deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), recomendou a rejeição da matéria com o argumento de que o Brasil ainda está implementando o novo Código Florestal (Lei 12.651/12) e também o Cadastro Ambiental Rural (CAR), previsto no código.

O cadastro, obrigatório para todos os imóveis rurais, tem a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.

“Ainda estamos fazendo o cadastro ambiental rural no Brasil e já estamos remendando o código”, observou Heinze.

Parecer vencedor

O deputado Luis Carlos Heinze foi relator do parecer vencedor, uma vez que o parecer original, do deputado Carlos Henrique Gaguim (PMB-TO), pela aprovação do projeto com emendas, foi rejeitado pela comissão. O parecer de Gaguim tornou-se, então, voto em separado.

Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado ainda pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; de Finanças e Tributação, inclusive quanto ao mérito; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA: PL-25/2015

Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Mônica Thaty

Da Agência Câmara Notícias, in EcoDebate, 27/01/2016

A força dos agrotóxicos legais e ilegais no Brasil, por Graça Portela e Raíza Tourinho

A economia do Brasil preocupa, mas, mesmo com queda no primeiro semestre de 2015, a indústria de agrotóxicos no país segue firme. Conforme dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal – Sindiveg, no Brasil foram comercializadas 708 mil toneladas de insumos em 2010; 730 mil toneladas, em 2011; e 823 mil toneladas em 2012. Em dólares, isto representa respectivamente US$ 7.303.918, US$ 8.487.944 e US$ 9.710.014. Já em 2013, apesar do crescimento reduzido, o setor movimentou US$ 11,454 bilhões e em 2014, atingiu US$ 12,249 bilhões. O que mostra que, independentemente da valorização do dólar, o setor segue em crescimento. Mas não só a produção de agrotóxicos legais.

Embora enquadrados nas leis dos Crimes Ambientais (Lei 9605/1988) e dos Agrotóxicos (Lei 7.802/1989), e também no Código Penal (artigos 334 e 334-A), a produção, o transporte, a compra e venda, e a utilização de agrotóxicos contrabandeados ou falsificados só fazem crescer. Segundo o Sindiveg, somente em 2013, as apreensões de agrotóxicos falsificados totalizaram 34,6 toneladas. Desse total, mais de 18 toneladas foram confiscadas no estado do Rio Grande do Sul, seguido por São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. “Até 2013, o total apreendido pela Campanha Contra Defensivos Agrícolas Ilegais foi de 496,4 toneladas”, afirma Silvia Fagnani, vice-presidente executiva do Sindicato. A maioria do produto apreendido vem do Paraguai. Para combater o problema, o Sindiveg lançou há mais de 13 anos, a Campanha Contra Defensivos Agrícolas Ilegais, que já recebeu mais de 12 mil ligações. Todas, feitas para um número gratuito – 0800-940-7030, e que são repassadas diretamente às autoridades policiais.

O Sindicato mostra-se apreensivo sobre como “os produtos falsificados ganharam mercado na comercialização ilegal e se equipararam aos de contrabando”. Por que isto ocorre? Silvia Fagnani acredita que “o aumento da fiscalização nas fronteiras, pelas autoridades policiais e fiscalizatórias, fez com que as quadrilhas migrassem de contrabando para falsificação. Além desse fator, a falsificação permite maior lucro”.

O impacto da falsificação de agrotóxicos também se fez sentir nas vendas do primeiro semestre (janeiro a junho) de 2015. Segundo a vice-presidente do Sindicato: “O crescimento do mercado de ilegais teve forte influência na queda de vendas no primeiro semestre, além de altas temperaturas e seca prolongada, que reduziram significativamente a infestação de pragas, a alta do dólar e o número elevado de produtos em estoque nos canais de distribuição”. A queda a que Silvia Fagnani se refere foi de 25%, e conforme nota divulgada à imprensa, se deveu também “ao câmbio, estoques, menor nível de infestação, crédito que chega ainda de forma lenta no mercado e também ao produtor se adequando a preços de soja bem menores se comparados a 2014”.
País dos agrotóxicos

Enquanto a indústria se preocupa com a invasão dos agroquímicos falsificados, os números de comercialização de agrotóxicos seguem crescendo ano a ano. A maior parte das vendas agrotóxicos em 2014 foram de inseticidas (utilizados para o controle de infestações de insetos nocivos às lavouras e combater gravas) – 40%, seguidos pelos herbicidas (usados para o controle das ervas daninhas) – 32% e fungicidas (que combatem doenças causadas por fungos) – 24%, conforme os dados do Sindiveg. Entre as culturas, os agrotóxicos se destinaram principalmente as de soja, com 56%. As demais ficam com fatias pequenas das vendas dos insumos: milho – 9%, algodão – 8%, cana – 8%, trigo – 3%, café, feijão e pastagem, 2% cada um; e as restantes ficaram com 10%.

Junte-se a isso a questão dos agrotóxicos ilegais e dos contrabandeados, e o quadro é aterrador para a saúde dos agricultores e dos consumidores. A Anvisa, como mostra o Relatório de Atividades de 2011 e 2012 do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), coletou em 25 estados e no Distrito Federal 1.628 amostras de produtos agrícolas. Desse total, no ano de 2011, 36% apresentavam inúmeras irregularidades, como ingredientes químicos não autorizados, ou agrotóxicos permitidos, mas com limites acima do determinado pela Agência, ou ainda os que reuniam essas duas irregularidades (veja a tabela abaixo).
A situação preocupa os pesquisadores. Karen Friederich, do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (CESTEH) da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP)/Fiocruz e da Abrasco – Associação Brasileira de Saúde Coletiva, explica que o programa é importante para demonstrar ao consumidor que ele também está exposto, uma vez que um prato pode conter “algumas dezenas de diferentes agrotóxicos, às vezes em um único alimento”: “O que temos visto no PARA é que alguns alimentos chegam a ter mais de dez agrotóxicos… Houve uma amostra de São Paulo, cujo laudo avaliamos em um estudo, que tinha 14 agrotóxicos”, destaca.
Risco para saúde

Uma amostra estar dentro dos limites aceitos pelo PARA e, portanto, constar como satisfatória, não quer dizer muito, segundo explica Karen. A presença de tantas substâncias com efeitos diferentes em um único prato pode invalidar a comprovação científica de segurança do alimento, a chamada Ingestão Diária Aceitável (IDA). Esse indicador é baseado no Limite Máximo de Resíduos (LMR) de agrotóxicos presente no alimento, estabelecido de acordo com testes laboratoriais realizados em ambiente controlado e com uma única substância. “Essa situação experimental que a indústria apresenta [são os próprios fabricantes que apresentam os estudos utilizados para definir o LMR] não condiz com a realidade da condição humana. Então, se estabelece aquele limite de segurança e na realidade estamos expostos a várias misturas (de agrotóxicos)”, afirma Karen Friederich.

A pesquisadora alerta que há no país diversos agrotóxicos que estão proibidos na Europa e EUA, principalmente, como são os casos do próprio glifosato, “o herbicida dos quatro dedos, o herbicida paraquate, a atrazina… Essa é a primeira questão que nos leva a divulgar que o uso de agrotóxicos no Brasil não é seguro”.

Raquel Rigotto, pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFCE), vai mais além: “A avaliação de risco é baseada em estudos toxicológicos com animais de laboratório ou in vitro, extrapolando os resultados para a saúde humana; os estudos avaliam em separado cada ingrediente ativo (IA), desconsiderando os efeitos à saúde nas condições de múltipla exposição – que é o mais frequente na prática – e suas possíveis interações; e dos 527 ingredientes ativos registrados no Brasil, a Anvisa tem analisado apenas 235, excluindo até o glifosato, que responde por mais de 45% do consumo e que é provável cancerígeno”.

A preocupação dos pesquisadores é que a situação tome proporções que cada vez mais fogem do controle das indústrias e de todo o sistema de saúde que, mais cedo ou mais tarde, atenderá trabalhadores do campo ou da indústria de agrotóxicos, e cidadãos que apresentem os efeitos desses produtos químicos. “O que nos questionamos é se esses agrotóxicos interagem entre si? Um agrotóxico que seria seguro em uma determinada dose, na presença de outro ele não potencializaria a ação do outro? Acreditamos que sim”, declara Karen Friederich.

Na reportagem feita pelo jornalista Roberto Cabrini para o programa Conexão Repórter, da TV SBT (veja na íntegra nos links ao lado), são exibidos casos de intoxicação por agrotóxicos em trabalhadores rurais ocorridos na cidade de Limoeiro do Norte (Ceará). Destacamos, um trecho da reportagem em que médicos da região falam da incidência de diversos problemas de saúde possivelmente oriundos do uso/manuseio de agrotóxicos. Veja abaixo:

A opinião dos médicos entrevistados na reportagem só reforça o que foi divulgado no Dossiê Abrasco – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde e na nota divulgada pelo INCA – Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva: os agrotóxicos causam sérios riscos à saúde, além do meio ambiente. Conforme descrito no Dossiê Abrasco, “mesmo que alguns dos IAs (ingredientes ativos) possam – com base em seus efeitos agudos – ser classificados como medianamente ou pouco tóxicos, não se pode perder de vista os efeitos crônicos que podem ocorrer meses, anos ou até décadas após a exposição, manifestando-se em várias doenças como cânceres, más-formações congênitas, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais”.

Veja abaixo a tabela da OPAS – Organização Panamericana de Saúde/OMS, que está publicada no Dossiê Abrasco.
Por Graça Portela & Raíza Tourinho, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)

Esta é a quarta reportagem da série “Agrotóxicos: a história por trás dos números”, realizada pelo Icict, com matérias sobre uso de agrotóxicos no Brasil

in EcoDebate, 27/01/2016

Hábitos alimentares, contaminação dos alimentos e saúde pública, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] Reportagem de Raquel Casiraghi, começa refletindo sobre um ditado indiano diz que a gente é resultado do que ingere. A alimentação sempre ocupou lugar de destaque desde as sociedades milenares. As pessoas comiam para satisfazer as necessidades do corpo, mas também da mente. A comida também se encarregou de perpetuar culturas de povos, passando receitas e costumes de geração para geração, até os dias de hoje.

No entanto, se a gente é o que come, não temos muito o que comemorar. Em nome da correria do cotidiano, a alimentação variada de antigamente, com legumes, verduras e frutas, tudo cozido e até mesmo plantado em casa, deu lugar a pães, bolachas, comidas instantâneas e enlatados.

O resultado dos novos maus hábitos foi comprovado em agosto de 2010. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pesquisa em que mostra que a obesidade já é uma epidemia no país. Desde a década de 70, o déficit de alimentação diminuiu, mas o excesso e a obesidade cresceram. Tanto que o IBGE estima que, se for mantido o ritmo de crescimento de pessoas acima do peso, em apenas 10 anos, o Brasil terá se igualado aos Estados Unidos.

Ou seja, o brasileiro está comendo mais, no entanto com menos qualidade, como explica a nutricionista Regina Miranda, presidente na época do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul (CONSEA).

“Há exemplo do trigo, batata, derivados de trigo como pão e macarrão, são dominante numa dieta diária. Isto, sem sombra de dúvida, empobreceu a alimentação”.

A má alimentação não se restringe apenas a ter uma dieta empobrecida e com pouca variedade por causa da dita falta de tempo. Também é consequência de um novo padrão alimentar que vem sendo imposto com a industrialização dos alimentos.

As pessoas têm comida barata à disposição, mas com pouco valor nutritivo, carregado de açúcar, sal, conservantes e gordura hidrogenada. A mudança na alimentação, embora atinja toda a sociedade, é mais perversa entre os mais pobres, analisa Regina.

“O que faz com que as pessoas muito pobres, que têm uma renda baixa, acabam mais destes alimentos porque são mais baratos. Alimentam maior número de pessoas durante o mês. O resultado disso tudo uma humanidade obesa. É um sistema que ‘obesifica‘ as pessoas, que adoecem muito de doenças relacionadas a maus hábitos alimentares como diabetes, pressão alta, cardiopatia” complementa ela.

Para a nutricionista Regina Miranda, não é a aparência o que deve contar na hora de optarmos por uma alimentação mais saudável, e sim a sua essência.

“Não comemos mais alimentos, comemos mercadoria. Aquilo que vou comer estão embutidos outros valores em troca que não são necessariamente importantes para a minha saúde. Tem valor como uma mercadoria que tem que gerar lucro, tem que ter tempo de prateleira, estar maquiada”.

Muitas vezes, a comida mais bonita e que pode parecer mais apetitosa aos olhos não é necessariamente a melhor para a nossa saúde. Isso porque para deixarem o alimento com essa “boa” aparência, os agricultores usaram agrotóxicos na hora de plantar e produzir.

Em 2009, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o líder mundial no uso de veneno agrícola. Foram consumidos 1 bilhão de litros por ano no país. É como se cada brasileiro consumisse, em média, 5 litros de veneno por ano.

A pesquisadora Rosany Bochner coordena o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX). Ligado à Fundação Oswaldo Cruz, o sistema centraliza e divulga os casos de envenenamento e intoxicação registrados na rede nacional. Os casos mais registrados pelo sistema são de efeito agudo, que ocorre quando a pessoa apresenta reações logo após a intoxicação.

No entanto, os casos crônicos, em que os efeitos aparecem após a exposição por um longo período aos agrotóxicos, são em grande maioria e não se restringem mais aos agricultores, que lidam diretamente com o veneno. De acordo com Rosany, atinge toda a população, apesar das dificuldades para comprovar que doenças que hoje afetam a população, como câncer, estão relacionadas aos venenos agrícolas.

“Há 10 anos, com certeza não tinha o consumo que se tem hoje. E se você olhar em termos de câncer e tudo mais, essas doenças aumentaram bastante. Se olhar o mapa das doenças hoje, vê que algumas diminuíram com saneamento, vacinas e com algumas coisas que foram feitas. E outras que vêm aumentando. Até porque a vida média aumentou. Mas a questão do câncer chama muito a atenção. Não sei se é uma coincidência, mas se ouve muito”, diz ela.

A pesquisadora Rosany Bochner, da Fundação Oswaldo Cruz, desmistifica a ideia de que a quantidade de agrotóxicos utilizada é proporcional à escala de grãos produzidos no país.
“Em várias coisas o Brasil não é o maior produtor. É uma ilusão achar que o Brasil é o maior produtor de grãos e que precisaria ser o maior consumidor de agrotóxicos. E o Brasil passou de segundo para primeiro, não se iluda, foi exatamente quando os outros países proibiram o uso de alguns produtos e aqui não. Logicamente que se tinha uma oferta muito grande de produtos que vieram para cá. Com certeza vieram com preço menor, que se começou a consumir mais”

Referências:

* No EcoDebate, a tag Agrotóxicos

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 27/01/2016
"Hábitos alimentares, contaminação dos alimentos e saúde pública, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, 27/01/2016,http://www.ecodebate.com.br/2016/01/27/habitos-alimentares-contaminacao-dos-alimentos-e-saude-publica-artigo-de-roberto-naime/.