Como se faz chocolate


O processamento do cacau a chocolate se inicia com a colheita e a quebra dos frutos, separando-se as cascas e a polpa branca e mucilaginosa que envolve as amêndoas. As amêndoas passam então pelo processo denominado "cura", que basicamente envolve reações fermentativas, enzimáticas, reações químicas e secagem (aqui resumimos como "fermentação e secagem das amêndoas). Durante a "cura", essas reações facilitarão a separação da polpa e das amêndoas e também produzirão substâncias precursoras de cor, aroma e sabor que estarão presentes no produto final. O tempo de fermentação pode variar de acordo com a variedade de cacau, temperatura do ambiente, aeração e quantidade de amêndoas a serem fermentadas. Após a fermentação (realizada geralmente durante 5 dias), as amêndoas devem ser secas para reduzir a umidade e desenvolver as substâncias responsáveis pela cor, aroma e sabor do produto final.

Após a secagem tem-se a classificação e armazenamento das amêndoas que serão posteriormente torradas. A torrefação eliminará a umidade restante, diminuirá a acidez e desenvolverá as características próprias dos já mencionados atributos sensoriais. Em seguida, as amêndoas são trituradas, obtendo-se os chamados "nibs" de cacau. Quando moídos, os "nibs" dão origem ao líquor de cacau, também conhecido como massa de cacau. O líquor é utilizado nas etapas seguintes do processamento do chocolate, no entanto, esta fração ainda pode dar origem à manteiga de cacau (a partir de sua prensagem) e ao pó de cacau (que pode ser natural ou alcalinizado, dependendo das características sensoriais finais desejadas).

Para dar origem ao chocolate, o líquor passa pela etapa de malaxação, cujo objetivo é misturá-lo bem a outros ingredientes que compõem o chocolate (como o leite e o açúcar), formando uma pasta. Esta pasta deve ser refinada para melhoramento da textura, reduzindo a granulometria e assim promovendo uma textura mais "lisa" e homogênea. Após o refino, segue a conchagem, principal etapa responsável pela textura do produto final, devendo ser realizada de 12h a 48h. A conchagem contribuirá na "maciez" e homogeneidade do chocolate, além de desenvolver o aroma e sabor característicos do produto final. Na conchagem, a temperatura pode variar de 46 a 52°C para chocolate ao leite, e de 60 a 70°C para chocolates que serão moldados em forma de tablete. É nesta etapa que obteremos um produto fluido, brilhante, de textura fina e aroma agradável.

Após a conchagem, vem a temperagem, responsável pela capacidade de solidificação do chocolate através da formação de cristais tipo "beta", estáveis e que possuem Ponto de Fusão entre 34 e 35°C. Esta etapa deve ser muito bem controlada pois é a responsável por garantir que o chocolate derreta em nossa boca (hummmm...), por garantir um "ponto de quebra" ideal, brilho, impedir o fenômeno "fat bloom" , além de assegurar que o chocolate não derreta quando exposto à temperatura ambiente (em torno dos 25°C).

Depois da temperagem, o chocolate é moldado e passa por uma esteira vibratória para remoção de ar, seguindo então para um resfriamento controlado, embalagem, armazenamento e expedição ao consumidor. Daí em diante, é só aproveitar e degustar!! 

Referências consultadas:

EFRAIM, P.; PEZOA-GARCÍA, N.H.; JARDIM, D.C.P.; NISHIKAWA, A.; HADDAD, R.; EBERLIN, M.N. Influência da fermentação e secagem de amêndoas de cacau no teor de compostos fenólicos e na aceitação sensorial. Ciência e Tecnologia de Alimentos , v. 30, supl. 1, Campinas, São Paulo, pp.142-150, maio 2010.

FERREIRA, A.C.R.; AHNERT, D.; NETO, B.A.M.; MELLO, D.L.N. Guia de beneficiamento de cacau de qualidade. Instituto Cabruca, Ilhéus, Bahia, 2013. 52p.

OETTERER, M., REGITANO-D'ARCE, M.A.B., SPOTO, M.H.F. Fundamentos de Ciência e Tecnologia de Alimentos. Manole, 2006.

Natureza violentada, artigo de Marcus Eduardo de Oliveira

[EcoDebate] Por qualquer ângulo que se lance o olhar, a crise ambiental pode ser vista como a expressão máxima de que a Terra é um organismo vivo que se baseia em equilíbrios extremamente sutis que, face a presença humana, foram acintosamente violentados tendo em vista fins produtivistas, condicionados, obviamente, à conquista de lucros.

Por essa perspectiva, a natureza, violentada pelo padrão capitalista de produção industrial global, não suporta um modelo de economia elaborado para atender uma ideologia consumista, em que parte da humanidade – especialmente os 20% mais ricos que abocanham 76% de toda a produção mundial -, mergulhou na era do “compre cada vez mais”.

Modelo torpe em que o “ter” se sobressai ao “ser”, essa prática consumista em escala global tem sido redutora do mundo à medida em que os recursos naturais e os ecossistemas são usados à serviço dos “organizadores” da atividade produtiva, justamente para o atendimento a esse excessivo consumo.

Esses “organizadores”, por sua vez, não reconhecem a finitude física da Terra; por isso estimulam à produção industrial, menosprezando as consequências, ou seja, os impactos ambientais decorrentes.

Para fazer “funcionar” esse modelo, a todo momento se procura estimular o consumo – por exemplo facilitando a concessão de crédito, ocasionando um brutal nível de endividamento das famílias – em lugar da moderação e, principalmente, da prática de reciclagem.

Esse último fato, ademais, além de economizar recursos naturais, diminuindo assim a pressão exercida sobre o meio ambiente, de modo análogo diminui, metaforicamente, o tamanho da “lixeira” do planeta destinada a receber os rejeitos da produção; por sinal, característica emblemática das sociedades de consumo, emolduradas pela atual economia linear que extrai, produz, consome e descarta com muita facilidade.

Insistindo nesse assunto da reciclagem, é lamentável perceber que o modelo de produção global ora em curso, implantado com a finalidade de expandir fisicamente as economias, ignora por completo a relevância de se reaproveitar materiais e produtos usados que tinham o lixo como destino final.

Cada tonelada, (t) a partir de agora, de papelão reciclado poupa-se 1,4 (t) de madeira; uma (t) de latas de alumínio evita a extração de duas (ts) de bauxita. Sabe-se que é de 300 anos o tempo médio que uma lata de alumínio leva para se decompor na natureza, e, para cada (t) de alumínio reciclado, economiza-se 95% de energia e 5 (ts) de minério.

No caso brasileiro, estudos indicam que somos campeões mundiais em reciclagem de latas de alumínio. Para esse produto, gastamos 5% menos de energia, e emitimos 5% de gás carbônico para extrair a bauxita da natureza. Para cada (t) de plástico chega-se a economizar 650 quilos de petróleo bruto. O aço é outro produto que merece destaque. Sua produção libera 25% das emissões industriais de CO2 do mundo, apresentando 67% de economia de energia. Nesse caso, a relação na economia de emissão de carbono é de 3,7 (t) de CO2 por uma (t) de aço.

Por fim, convém apontar que, permanecendo a ilusão dominante de que o crescimento econômico reduzirá os níveis de pobreza e “ajustará” para melhor a vida dos mais necessitados, continuaremos a presenciar a intensiva agressão e exploração ao meio ambiente, expondo assim a natureza cada vez mais a uma frenética violência em dois específicos momentos: na extração de recursos e na devolução dos rejeitos pós-produção.

Ademais, insistindo na prática de outro erro comum, o de ocultar a finitude física da Terra, e, de modo análogo, incentivando o estímulo ao aumento quantitativo da capacidade de produção e consumo, facilitar-se-á mais ainda a transformação já em curso do mundo num imenso hipermercado.

Com isso, acirrar-se-á a impossibilidade de os ecossistemas responderem de forma adequada as demandas da humanidade. As consequências? A crise ambiental se agravará e o planeta Terra continuará doente, mantendo aceso o sinal de alerta.

Nesse momento já são alarmantes os dados que denunciam como a natureza foi e tem sido violentada: 10% da terra fértil do planeta já se transformou em deserto; 43% dos ecossistemas terrestres são utilizados a exaustão; 60 dos 227 maiores rios do mundo foram “torturados” apenas nos últimos 30 anos. No mundo, as florestas estão encolhendo mais de 9 milhões de hectares ao ano. O gelo do Mar Ático, desde os anos 1970, reduziu-se em mais de 40%. Aproximadamente 25% das reservas marinhas estão super-exploradas. Nos oceanos abertos, onde os barcos que praticam pesca de arrastão se movimentam sem restrições, sabe-se hoje que mais de 90% dos estoques de peixes como o atum, peixe espada e o bacalhau já foram capturados.

É longa a lista dos desequilíbrios ambientais. Os que aqui foram mencionados são apenas alguns dos problemas causados ao meio ambiente à medida que a humanidade violenta a natureza para “justificar” o avassalador modo de produção econômica global.

Marcus Eduardo de Oliveira, Articulista do Portal EcoDebate, é economista e ativista ambiental prof.marcuseduardo@bol.com.br

in EcoDebate, 21/03/2016
"Natureza violentada, artigo de Marcus Eduardo de Oliveira," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 21/03/2016, http://www.ecodebate.com.br/2016/03/21/natureza-violentada-artigo-de-marcus-eduardo-de-oliveira/.

Radiações eletromagnéticas, parte V (Final), artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] RIBEIRO et. al. (2007) ressaltam que o direito ambiental busca a defesa do ambiente ameaçado, imaginando possíveis sistemas de prevenção e reparação para a defesa contra as agressões provocadas por nossa sociedade, sendo assim, um direito da antecipação, do futuro, da precaução.

A precaução é a ação antecipada diante de um determinado risco sobre o qual não há, ainda, uma certeza científica. Podemos dizer que enquanto a prevenção se dá em relação ao perigo concreto, já comprovado, a precaução é dirigida ao perigo provável, hipotético.

Este Princípio da precaução se dá em virtude de assuntos que necessitam de um estudo para a aquisição de conhecimento acerca dos efeitos a longo prazo de determinada atividade que está ligada entre a ciência e o direito. Por falta da precaução, muitos morreram em função do uso do cigarro, e muitos sofreram mutações através do uso da talidomida.

Na época, a propaganda só apresentava aspectos positivos. Nos Estados Unidos, muitos usuários intensivos de celulares que contraíram cânceres no cérebro já entraram com processos contra as operadoras. O princípio da precaução está contemplado na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/91), principalmente em seus artigos 4º, I e VI, e 9º, III, que tratam da necessidade de uma avaliação dos impactos ambientais de atividades potencialmente poluidoras.

No art. 4º determina que a política nacional do meio ambiente visará a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico e ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais.

No art. 9º determina que são instrumentos da política nacional do meio ambiente a avaliação de impactos ambientais. Essa opinião preventiva também é amparada pela nossa Carta Magna, em seu art. 225, que trata do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações.

E, ainda, é importante lembrar que o Brasil é signatário da Declaração sobre o Meio Ambiente, oriunda da RIO 92, cujo princípio 15 consagra o princípio da precaução, com o objetivo de proteção ambiental e garantindo que, quando houver perigo de dano ambiental irreversível e a falta de certeza científica absoluta, não deverá ser utilizado o pretexto da não adoção de medidas eficazes em função dos custos para impedir a degradação ambiental.

A Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) também se refere à medida de precaução inserida no tipo penal da poluição do art. 54, § 3º, que manifesta causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

A legislação brasileira recomenda que em caso de dúvida se faça uso da cautela a fim de conciliar o desenvolvimento e a proteção do meio ambiente com a saúde das pessoas, para que possa haver um desenvolvimento sustentável e centrado no aspecto humano.

RIBEIRO et. al. (2007) determinam que o risco provocado pelas atividades e produtos tecnológicos está sob a constante égide do medo, e devemos utilizar instrumentos que possibilitem um estudo mais aprofundado sobre a radiação eletromagnética, evitando, desta maneira, desastres envolvendo a qualidade de vida de todos os seres vivos.

A sociedade contemporânea está envolvida em atividades que, apesar de extremamente sedutoras, ocultam diferentes tipos de riscos que podem ser irreversíveis. As entidades ambientalistas, a sociedade e seus dirigentes devem se comprometer na busca do cumprimento da legislação ambiental.

A sociedade tem o direito de exigir que se estabeleçam medidas de preservação do meio ambiente, através do estudo prévio do impacto ambiental sempre que necessário.

Da mesma forma, todo cidadão tem o direito ao ambiente ecologicamente equilibrado como condição de uma melhor qualidade de vida, de ser informado sobre o quadro ambiental e sobre a atuação do poder público em sua defesa, de receber informações e obter a reparação aos danos causados ao meio ambiente, direito de viver em condições dignas.

RIBEIRO et. al. (2007) ressaltam que quanto aos deveres, todo cidadão tem o dever de defender o meio ambiente junto com o Poder Público, de preservar o patrimônio ambiental, de observar a defesa ambiental na condução de qualquer atividade econômica, de recuperar o meio ambiente degradado, bem como o dever de agir, pelas vias legais, em situações de ameaça ou danos ao meio ambiente.

A sociedade, uma vez organizada, pode participar diretamente de órgãos colegiados de defesa ambiental, como ocorre com o CONAMA, bem como os Conselhos Estaduais e Municipais.
Utilizando-se da participação coletiva, podemos reivindicar, através de um requerimento assinado por, pelo menos, cinquenta cidadãos, a realização de uma audiência pública para o exame dos Estudos e Relatórios de Impactos sobre o Ambiente (EIA-RIMA), com o objetivo de conhecer quais serão as consequências da execução de uma determinada obra em relação ao meio ambiente natural, social, econômico e cultural.

E também por meio do Ministério Público, órgãos ambientais ou associações civis, que tenha um mínimo de representatividade, com, pelo menos, um ano de existência e que tenham a defesa do meio ambiente incluída em seus estatutos, podem propor uma Ação Civil Pública em defesa do meio ambiente.

Referências:

BRASIL. Constituição Federal, coletânea de legislação de direito ambiental. Org. Odete Medauar. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. (RT-mini-códigos). Lei 6.938/1981 – Política Nacional do Meio Ambiente. p. 564 e566.

_______. Constituição Federal, coletânea de legislação de direito ambiental. Org. Odete Medauar. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. Crimes Ambientais – Lei 9.605/1998. p. 371.

ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações. Campos eletromagnéticos e saúde pública: Efeitos de EMF no meio ambiente. Folha de Informação. Fevereiro de 2005. Disponível em: . Acesso em: 27 de jun. 2007.

ABRANTES, Paulo César Coelho. Imagens de natureza, imagens de ciência. Campinas: Papirus, 1998. 247 p.

BRASIL. Constituição Federal, coletânea de legislação de direito ambiental. Org. Odete Medauar. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

BRAGA, Benedito; HESPANHOL, Ivanildo; CONEJO, João G. L. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. 287 p.

DÉOUX, Suzanne; DÉOUX, Pierre. Ecologia é a saúde. O impacto da deterioração do ambiente na saúde. Lisboa : Instituto Piaget, p. 329 – 378,1996.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 1ª 31 revista tecnologia e sociedade ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, p. 527 -568 -1192. 1975.

FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 8.ed. ver., atual. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2007. 554 p.

LANFREDI, Geraldo Ferreira. Política ambiental: busca de efetividade de seus instrumentos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. 300p.

LORRAIN, Paul; Dale Corson e François Lorrain. Campos e ondas eletromagnéticas. 3 ed. Fundação Calouste Gulbenkian, USA, p. 539 – 562, 1988.

MARCHESAN, Ana Maria Moreira. Implicações jurídicas das radiações eletromagnéticas emanadas das estações de rádio-base de telefonia celular. Revista de Direito Ambiental. Nº. 24. Coord. Antônio Herman V. Benjamin e Édis Milaré. Ano 6. Publicação Oficial do Instituto “O Direito por um Planeta Verde”. Ed. Revista dos Tribunais. p. 247-256,2001.

RIBEIRO, Edson Leite e PESSOA, Martha Bulcão OS EFEITOS DA RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA NA VIDA DO SER HUMANO : UMA ANÁLISE DO PARADIGMA AMBIENTAL Revista tecnologia e sociedade, v. 3, n. 5 (2007)

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 24/03/2016

NAC disponibiliza para download livro "Agroecologia na Convivência com o Semiárido"

14 Março 2016
O Núcleo de Agroecologia e Campesinato (NAC) da UFRPE apresentamos e disponibiliza para download o livro Agroecologia na Convivência com o Semiárido: Sistematização de Experiências Vividas, Sentidas e Aprendidas, organizado por Alzira Medeiros, Ana Dubeux e Maria Virginia de Almeida Aguiar. A publicação reúne reflexões realizadas por professores e estudantes no âmbito do Curso de Especialização Convivência com o Semiárido na Perspectiva da Segurança e da Soberania Alimentar e da Agroecologia. O livro envolve pesquisadores do Departamento de Educação e o Departamento de Ciências Domésticas da UFRPE.


Historicamente a formação profissional realizada por instituições de ensino superior vincula seus projetos pedagógicos a uma perspectiva desenvolvimentista em que predomina um enfoque tecnicista e economicista orientado para a modernização da atividade produtiva no meio rural. Tais instituições também desconsideram as diferentes formas de existência do campesinato, bem como seus conhecimentos e suas formas de resistência e mobilização.

Contrapondo-se a esse processo, se buscou adotar referenciais teórico-metodológicos fundados na educação popular por meio da sistematização de experiências que propiciassem a interpretação e a problematização das trajetórias de convivência com o semiárido e, ao mesmo tempo, potencializassem ações sociais em andamento.

Este livro registra a riqueza dos processos educativos vivenciados pelo curso de especialização como uma experiência diferenciada de educação em agroecologia no âmbito da educação superior. Está composto por oito sistematizações realizadas pelos estudantes e grupos de agricultores e agricultoras que revelam múltiplos sentidos para a construção da agroecologia, pois há um caminho sendo construído no fazer cotidiano com o envolvimento de homens e mulheres agricultoras e de jovens e adultos das mais diversas faixas etárias e em lugares e tempos diferentes de maturação.

A Introdução e o Capítulo 1 apresentam as concepções teóricas e metodológicas da proposta de sistematização de experiências adotada no curso, além de uma reflexão sobre a construção de conhecimentos no âmbito da academia e dos movimentos populares.

Esperamos que este rico material seja uma ferramenta útil para reflexões sobre agroecologia e segurança alimentar no Semiárido e seja motivador para novas experiências voltadas para a convivência com a região e para a conquista de sua soberania alimentar, bem como para a implementação de novas experiências de educação em agroecologia no País.

Link:

Projeto incentiva a produção de medicamentos com ervas

18 Março, 2016
Foto: Ascom/MDA

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) articularam uma programação no município de Óbidos, no Oeste do Pará, para conhecer uma experiência de plantio e beneficiamento de plantas medicinais. A apresentação do projeto, que é da Diocese local, ocorreu ontem (17) e foi acompanhada pela diretora de Políticas para Mulheres Rurais do MDA, Célia Watanabe; pelo superintendente do Incra no Oeste do Pará, Claudinei Chalito; e por Dom Bernardo Johannes Bahlmann, bispo de Óbidos. 

A visita de gestores do MDA e do Incra faz parte do planejamento para a execução do acordo de cooperação técnica assinado entre a autarquia e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em outubro do ano passado. A parceria prevê o fomento à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias e inovações no uso sustentável da biodiversidade, em especial, de plantas medicinais e fitoterápicos, em associação com o público beneficiário da reforma agrária.

Na visita a Óbidos, Célia Watanabe e Claudinei Chalito conheceram o grupo de mulheres que atuam na Pastoral da Criança. Lá, ao menos, 100 mulheres trabalham diretamente com o plantio e o beneficiamento de ervas medicinais. Uma mini farmácia foi apresentada aos gestores do MDA/Incra.

Adriana do Carmo Soares, coordenadora da Pastoral da Criança, explicou que o trabalho com plantas medicinais envolve mulheres urbanas e rurais, que atendem em torno de três mil famílias anualmente. “A gente recomenda que cada voluntária tenha ervas medicinais em seu quintal para o momento da capacitação sobre remédios alternativos”. “A gente trabalha com hortelã, gengibre, eucalipto, folha da algodoeira, sucuba, mastruz”, complementou a coordenadora. 

Célia Watanabe disse que foi um momento de conhecer as diferentes experiências dos biomas brasileiros com plantas medicinais. “Na parceria entre o Incra e a Fiocruz, buscamos potencializar o trabalho das mulheres rurais, sobretudo, das que estão em assentamentos da reforma agrária, mas do entorno também. O intuito é incentivar a produção de plantas medicinais em seus quintais produtivos. Da parte do MDA, acompanhamos a participação das mulheres rurais, de forma geral, para possibilitarmos alternativas que ampliem sua capacidade de produção e a autonomia econômica”, acrescentou.

Claudinei Chalito reforçou que o objetivo da visita a Óbidos foi identificar o potencial de trabalhos pré-existentes com plantas medicinais. Uma das alternativas discutidas pelo MDA/Incra para incrementar a parceria com a Fiocruz é a operacionalização do crédito Fomento Mulher, no valor de até R$ 3 mil, destinado à implantação de projeto produtivo sob responsabilidade da mulher titular do lote da reforma agrária.

“Para nós, é um trabalho muito importante, sobretudo, para fortalecer as mulheres e as famílias que vivem em nossas comunidades. Nós precisamos olhar com mais carinho para estas populações que vivem no meio rural. Estamos diante de possibilidades. Temos a vontade de trabalharmos juntos e vamos analisar, aos poucos, como podemos desenvolver”, comentou Dom Bernardo.

Toda a agenda de Célia Watanabe e Claudinei Chalito foi acompanhada por Dom Bernardo. Na oportunidade, ele apresentou os atuais projetos da Diocese de Óbidos, dentre os quais, aqueles com foco em populações rurais, como a Casa Familiar Rural, a Pastoral Social e a manutenção de uma área rural para fins de reflorestamento.

See more at: 

Revista Brasileira de Farmacognosia


Sumário

Microscopic and UV/Vis spectrophotometric characterization of Cissampelos pareira of Brazil and Africa

Structure and histochemistry of medicinal species of Solanum

Comparative HPTLC analysis of bioactive marker barbaloin from in vitro and naturally grown Aloe vera

Simultaneous determination of epicatechin and procyanidin A2 markers in Litchi chinensis leaves by high-performance liquid chromatography 

UPLC–QTOF–MS and NMR analyses of graviola (Annona muricata) leaves

Antileishmanial metabolites from Lantana balansae

Ethanol extract of Prunus mume fruit attenuates hydrogen peroxide-induced oxidative stress and apoptosis involving Nrf2/HO-1 activation in C2C12 myoblasts 

Metanolic extract of Malpighia emarginata bagasse: phenolic compounds and inhibitory potential on digestive enzymes

Antiviral activity of Myracrodruon urundeuva against rotavirus 

Evaluation of the orofacial antinociceptive profile of the ethyl acetate fraction and its major constituent, rosmarinic acid, from the leaves of Hyptis pectinata on rodents 

Neuropharmacological effects of the ethanolic extract of Sida acuta 

Casinga-cheirosa organic extract impairment over Balb-c male mice behavioral phenotype 

Anti-inflammatory activity and acute toxicity studies of hydroalcoholic extract of Herissantia tiubae

Hypolipidemic and antiatherogenic effects of Cynara scolymus in cholesterol-fed rats 

Schinus terebinthifolius administration prevented behavioral and biochemical alterations in a rotenone model of Parkinson's disease

Determination of the regulatory properties of Yucca schidigera extracts on the biochemical parameters and plasma hormone levels associated with obesity

In vitro and in vivo evaluation of efficacy and safety of photoprotective formulations containing antioxidant extracts

Isoflavone-aglycone fraction from Glycine max: a promising raw material for isoflavone-based pharmaceutical or nutraceutical products

Ethnobotanical study of medicinal flora utilised by traditional healers in the management of sexually transmitted infections in Sesheke District, Western Province, Zambia 

Primeiro capítulo da Cartilha de Agroecologia

No primeiro capítulo da Cartilha de Agroecologia você vai conhecer uma nova versão da história da agricultura que, para muitos de nós, foi contada de forma diferente. Falamos da cruel e desmedida exploração da terra e da mão-de-obra escrava dos primeiros anos do Brasil colônia.

Relatamos as dificuldades dos imigrantes e da agricultura familiar que sofreram com as políticas que favoreceram a agricultura de grande escala e de exportação. Falamos da “Revolução Verde” e de suas terríveis conseqüências sob a natureza e a família agricultora, causando o endividamento e a migração de milhões de pessoas para as grandes cidades. Vamos fazer esta breve viagem no tempo para que, assim, possamos começar a escrever uma outra história...

Plantas medicinais nos biomas brasileiros: a pesquisa da Embrapa


A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, através de suas 45 unidades distribuídas por todo o Brasil, desenvolve pesquisas de coleta, caracterização e conservação de plantas medicinais em todos os biomas brasileiros.

O Brasil possui seis biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrados, Mata Atlântica, Pantanal e Pampas. A definição de bioma é: conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.

Essas pesquisas são realizadas em parceria com outras instituições de pesquisa e ensino brasileiras e têm como objetivo conhecer e caracterizar, através de modernas técnicas de análise genética, o DNA dessas plantas de forma a comprovar o seu potencial para uso medicinal. Nesse sentido, o conhecimento tradicional é fundamental, pois é a base para o desenvolvimento das pesquisas. Na Embrapa, os saberes tradicionais e as tecnologias de ponta caminham juntos. É a associação entre o conhecimento ancestral e as inovações tecnológicas que garante a excelência do conhecimento.

Especialmente em relação às plantas medicinais, preservar o conhecimento popular é essencial, pois as informações sobre os usos das plantas são passadas pelos povos tradicionais de geração para geração. Unindo saberes de povos tradicionais a modernas ferramentas biotecnológicas, como transgenia, genômica e nanotecnologia, o grupo de cientistas da Embrapa busca na riqueza genética da biodiversidade brasileira a base para o desenvolvimento de tecnologias e produtos que possam melhorar a qualidade de vida da população.

Essa publicação apresenta a diversidade de plantas medicinais e aromáticas em todas as regiões brasileiras e o trabalho da Embrapa para desenvolver pesquisas e metodologias de coleta, caracterização e conservação desse material genético de forma a contribuir para a sustentabilidade da agricultura no Brasil.

Publicação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,
Parque Estação Biológica - PqEB, Av. W5 norte (final) - CEP: 70770-917, Brasília, DF.sac@cenargen.embrapa.br

Brasil possui a maior diversidade de plantas do mundo

Botânicos registram 46 mil espécies e identificam em média 250 por ano no Brasil

Depois de sete anos de trabalho, um grupo de 575 botânicos do Brasil e de outros 14 países concluiu a versão mais recente de um amplo levantamento sobre a diversidade de plantas, algas e fungos do Brasil, agora calculada em 46.097 espécies. Quase metade, 43%, é exclusiva (endêmica) do território nacional. O total coloca o Brasil como o país com a maior riqueza de plantas no mundo – a primeira versão do levantamento, publicada em 2010, listava 40.989 espécies. Esse número não vai parar de crescer tão cedo porque novas espécies são identificadas e descritas continuamente em revistas científicas. Em média, os botânicos apresentam cerca de 250 novas espécies por ano.

Os cinco artigos detalhando a segunda versão da Lista de espécies da flora do Brasil foram publicados em dezembro do ano passado na Rodriguésia, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), como forma de prestigiar a revista, que completou 80 anos em 2015. Dali também brota um alerta para as perdas contínuas de variedades únicas de plantas. Enquanto o levantamento era feito, um grupo de botânicos identificou uma espécie nova de bromélia com uma inflorescência vermelha, a Aechmea xinguana, em uma área de mata já coberta pela água do reservatório da usina de Belo Monte, em construção no norte do Pará. “Alguns exemplares dessa espécie foram resgatados e estavam na casa de vegetação do reservatório, mas as populações naturais se perderam na área alagada”, disse Rafaela Campostrini Forzza, pesquisadora do JBRJ e coordenadora do levantamento.

O trabalho não terminou. Neste mês de março os especialistas em cada grupo de plantas devem começar a incluir as descrições, distribuição geográfica detalhada e outras características de cada espécie no banco de dados on-line Flora do Brasil (floradobrasil.jbrj.gov.br) para servir de base para o Flora do Brasil Online, que deve estar concluído até 2020 para integrar o World Flora Online, com informações sobre todas as plantas conhecidas do mundo. Na trilha dos botânicos, os zoólogos se organizaram e apresentaram também em dezembro de 2015 a primeira versão do Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil (CTFB), resultado do trabalho de cerca de 500 especialistas, que começaram a detalhar as informações sobre 116.092 espécies, a maioria artrópodes, com quase 94 mil espécies ou 85% do total (fauna.jbrj.gov.br/fauna/listaBrasil).

Elaborado a pedido do Ministério do Meio Ambiente, com financiamento do governo federal, instituições privadas e fundações estaduais como a Fapesp, o Flora do Brasil indica que a Amazônia abriga a maior diversidade do grupo das plantas sem frutos e com sementes expostas, as gimnospermas, que predominaram de 300 milhões até 60 milhões de anos atrás, quando os dinossauros circulavam pela Terra. Seus representantes mais conhecidos são árvores em formato de cone típicas do clima frio do sul do País, como a araucária, com uma única espécie no Brasil, e quatro espécies de Podocarpus. Dispersas nas matas da região Norte, porém, vivem seis espécies de cipós de folhas largas do gênero Gnetum, que crescem sob o clima quente e úmido ao redor de árvores. Suas sementes vermelhas ou lilases são tão parecidas com frutos que já confundiram até os botânicos.

Os quase 50 mil exemplares de espécies nativas colocam o Brasil como o país continental com maior diversidade de espécies do mundo, seguido por China, Indonésia, México e África do Sul. Em número de espécies endêmicas, perde apenas para grandes ilhas como Austrália, Madagascar e Papua Nova Guiné, cujo isolamento favorece a formação de variedades únicas, e para apenas uma área continental, o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul. O total de espécies não chega aos 60 mil das estimativas mais otimistas, mas é maior que o da Colômbia, antes vista como o país da América do Sul com maior diversidade, e é mais que o dobro das 22.767 espécies descritas na monumental Flora brasiliensis, coleção de 15 volumes e 10.367 páginas escrita por 65 botânicos de vários países sob a coordenação de Carl Friedrich Philipp von Martius, August Wilhelm Eichler e Ignatz Urban, e publicada de 1840 a 1906.

Na Flora brasiliensis, o grupo predominante, com 32.813 espécies, são as plantas com sementes protegidas por frutos carnosos ou secos, as chamadas angiospermas. Nesse grupo estão as árvores como o ipê e o jacarandá, a roseira e outras espécies ornamentais, o feijão, o amendoim, o milho e a maioria dos vegetais usados na alimentação. Somente de feijões, pertencentes aos gêneros Vigna, Canavalia e Phaseolus, a flora brasileira registra cerca de 30 espécies nativas e naturalizadas, “a maioria delas com um potencial para a alimentação humana ainda pouco investigado”, comentou Vinicius Souza, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) que participou da produção e organização das informações desse trabalho.

As angiospermas se espalharam quando o clima se tornou quente e úmido, depois da extinção dos dinossauros. As mudanças do clima eliminaram a maioria das gimnospermas, hoje raras em todo o mundo: os botânicos encontraram apenas 30 espécies, sendo 23 nativas, desse grupo no Brasil. Por sua vez, as samambaias e as licófitas – plantas sem sementes e sem flores, que se reproduzem por esporos, também com origem antiga – estão representadas por 1.253 espécies no Brasil?; algumas ?delas ?atingem 20 metros de altura, lembrando as variedades gigantes que marcavam a paisagem terrestre há 300 milhões de anos.

Alegria e inquietação

Os botânicos agora convivem com a satisfação de ver mais uma etapa do projeto concluída e, ao mesmo tempo, uma desagradável inquietação, porque eles sabem que a distribuição geográfica das coletas de amostras de plantas, sobre as quais o trabalho foi feito, não era equilibrada: havia muito mais informações sobre as regiões Sul e Sudeste, onde se concentram as coletas, os grupos de especialistas e as instituições de pesquisa, do que nas outras partes do País. Enquanto no Rio de Janeiro havia 5,8 coletas por quilômetro quadrado (km2) e no Espírito Santo, 3,9 por km2, no Pará e no Amazonas essa relação era de 0,10 e 0,17 por km2.

Provavelmente por causa do número de coletas aquém do desejado pelos botânicos, o estado do Amazonas aparece em terceiro lugar entre os estados com maior diversidade, seguindo Minas Gerais, em primeiro, e Bahia. Os botânicos não estão satisfeitos com esse resultado. “No Amazonas poderia haver pelo menos mais 20 mil espécies ainda não amostradas”, disse Souza.

São Paulo encontra-se em quarto lugar de diversidade. Além de ser um espaço bastante percorrido por expedições botânicas, o estado apresenta uma variedade de relevos, com planícies a oeste e montanhas a leste, e de tipos de vegetação que favorecem a formação de novas espécies. “Tanto as formações vegetais de clima frio que vêm do sul quanto as de clima quente, como o Cerrado, param em São Paulo”, disse José Rubens Pirani, professor do Instituto de Biociências (IB) da USP (ver tabela).

“Infelizmente, mantivemos a distorção do trabalho de Von Martius, que coletou principalmente na Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado e andou pouco pela Amazônia”, comentou Rafaela. “Precisamos de um plano nacional de mapeamento das espécies de plantas da Floresta Amazônica para resolver o problema da subamostragem do maior bioma brasileiro, que representa metade do território nacional.”

Elaborado com informações mantidas em herbários e em bases on-line como o Reflora, atualmente com 1.390.218 registros de plantas nativas (ver Pesquisa Fapesp nº 229), o levantamento apontou a Mata Atlântica como o bioma com maior diversidade de angiospermas, samambaias, licófitas e fungos, em razão de coletas mais numerosas e da variedade de altitudes, climas e latitudes. Em segundo lugar está a Amazônia e em terceiro, o Cerrado.

“Ainda estamos longe dos prováveis números reais”, observou Souza. “Quanto maior o número de coletas por região ou estado, maior o número de espécies.” Uma evidência de sua afirmação é que, por causa das coletas mais numerosas, a diversidade de plantas do Tocantins aumentou 70% e a do Piauí, 40%, em relação ao registrado na primeira versão da Flora, de 2010. “Não estávamos trabalhando lá e as plantas não apareciam”, comentou Pirani. Em 2013, com sua equipe, ele identificou uma espécie nova de arbusto, Simaba tocantina, em uma área de Cerrado pouco conhecida no interior e nas proximidades do parque do Jalapão, leste do Tocantins, marcada por vastos areais como os descritos no livro Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

Na região Norte, as áreas menos estudadas são as mais propícias ao avanço das novas plantações de soja e cana-de-açúcar. “O desmatamento é muito mais rápido do que nossa capacidade de conhecer a floresta”, queixou-se a botânica paulista Daniela Zappi, pesquisadora do Kew Gardens, de Londres. “É um desespero. Parece que não vai dar tempo de chegar nessas áreas, principalmente no Arco do Desmatamento, entre o norte do Mato Grosso e o sul do Pará.”

As cactáceas, um dos grupos em que ela é especialista, apresentam uma elevada diversidade no Brasil – em Minas vivem 103 espécies e na Bahia, 98 –, mas 32% das 260 espécies desse grupo encontram-se em grau variável de risco de extinção. As áreas que ocupam são continuamente substituídas por plantações de eucalipto, agricultura ou mineração. Os cactos são explorados como plantas ornamentais e colhidos para servir como alimento para o gado ou para pessoas, que também os usam como fonte de medicamentos, geralmente sem se preocupar em repor as populações originais. Outro problema é que muitas espécies crescem apenas em áreas específicas. É o caso do Arrojadoa marylaniae, um cacto colunar com anéis de flores vermelhas que cresce apenas sobre uma jazida de quartzo branco de valor comercial no interior da Bahia.

O trabalho de identificação e estudo da distribuição geográfica de cada espécie está atrelado a um plano de ação, de modo a estudar e favorecer a polinização e germinação de espécies em maior risco de extinção. As ações de preservação incluem a participação de pesquisadores não acadêmicos. Gerardus Oolstrom, um criador de cactos comerciais em Holambra, interior paulista, trabalhou com botânicos acadêmicos na identificação de uma espécie nova, a Rhipsalis flagelliformis, que ele viu pela primeira vez cultivada em um sítio que havia sido do paisagista Roberto Burle Marx no bairro de Guaratiba, na cidade do Rio de Janeiro. “Os colecionadores, quando integrados com os grupos de pesquisa, podem ajudar muito no trabalho de localização e preservação das espécies”, observou Daniela.

Rafaela também trabalha com o advogado Elton Leme, um botânico não profissional, na caracterização de três novas espécies do gênero Encholirium, que vivem entre rochas em morros da Bahia e de Minas Gerais. Por sua vez, pesquisadores da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte espalharam cartazes com o título “Procura-se” e fotos e informações sobre o faveiro-de-wilson, uma árvore rara, e conseguiram localizar muitos exemplares com a ajuda de moradores do interior de Minas (ver Pesquisa Fapesp no 235).

“Não precisamos plantar apenas rosas e azaleias”, propôs Pirani enquanto caminhava pelos corredores amplos e ensolarados do herbário do IB-USP no início de janeiro. “Cultivar plantas ornamentais nativas em nossas casas, nas ruas e nas margens de estradas é uma forma de preservar a diversidade.” Em seguida ele apresentou um arbusto de flores azuis, a canela-de-ema, duas bromélias, o gravatá e a macambira, e outras plantas coletadas na serra de Grão Mogol, norte de Minas Gerais, que ele procura adaptar ao clima da capital. “Aqui chove mais do que em Minas, mas, mesmo assim, algumas delas florescem todo ano.”

Artigos científicos

COSTA, D. P. e PERALTA, D. F. Bryophytes diversity in Brazil. Rodriguésia. v. 66, n. 4, p. 1063-71. 2015.

MAIA, L. C. et al. Diversity of Brazilian Fungi. Rodriguésia. v. 66, n. 4, p. 1033-45. 2015.

MENEZES, M. et al. Update of the Brazilian floristic list of Algae and Cyanobacteria.Rodriguésia. v. 66, n. 4, p. 1047-62. 2015.

PRADO, J. et al. Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia. v. 66, n. 4, p. 1073-83. 2015.

THE BRAZIL FLORA GROUP. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia. v. 66, n. 4, p. 1085-113. 2015.


in EcoDebate, 23/03/2016

Manifesto dos Povos do Cerrado no Dia Mundial da Água

O Cerrado, “berço das águas” do Brasil, não só está ameaçado, como tem sido assassinado dia após dia. E se ele for extinto levará consigo a água que chega às torneiras, usada para beber, banhar, cozinhar, molhar as plantações, dar de beber aos animais… Já imaginou a vida sem água? Impossível, não é? Então, se toda essa devastação continuar no Cerrado, terá fim o bioma e as principais fontes de água do Brasil e da América do Sul.

São originárias do Cerrado as nascentes que abastecem seis das oito bacias hidrográficas brasileiras, destaque para as bacias do Araguaia/Tocantins, São Francisco e Paraná/Paraguai. Devido às características do solo e vegetação do Cerrado, este bioma possui relevante importância na manutenção dos aquíferos, responsáveis por abastecer nossos rios.

A água que escorre pelos rios, córregos e veredas, alimenta culturas regionais e modos de vida baseados no extrativismo, na agricultura familiar e no artesanato, atividades que valorizam a exploração sustentável dos bens naturais. Os povos e comunidades tradicionais que vivem no Cerrado são os valorosos Guardiões de toda esta riqueza, pois sabem que é dela que dependem suas famílias. Mas este rico e estratégico bioma está sendo devastado, principalmente, pelo agronegócio e seu discurso de “desenvolvimento”, que, na verdade, está na contramão das iniciativas de conservação do bioma e da vida.

Nas últimas quatro décadas, esta incessante devastação do Cerrado se acentuou. Dados revelam que apenas 48% da vegetação original do bioma encontra-se total ou parcialmente conservada. E para piorar, o desmatamento só tem aumentado nos últimos dez anos, sendo maior até mesmo que o da Amazônia. Essa destruição desenfreada tem gerado impactos graves à biodiversidade, extinguido grandes e pequenos rios ano a ano – contribuindo também para o aumento do aquecimento global. E os impactos são sentidos no cotidiano: falta de água, chuvas fortes e contínuas que provocam enchentes e, em outro extremo, secas mais frequentes e severas.

Além disso, as áreas de recarga degradadas perdem, por exemplo, a capacidade de infiltração das águas das chuvas, reduzindo o volume de água dos aquíferos, responsáveis pelo armazenamento e distribuição das águas às bacias. Outro grave problema é o uso intensivo de agrotóxicos, responsável por poluir nossas águas, matar as árvores frutíferas e as plantas medicinais, além de ocasionar problemas gravíssimos de saúde aos humanos.

Com a degradação desse bioma, as áreas de recarga perdem a capacidade de infiltração das águas das chuvas, com isso reduz o volume dos aquíferos. Tudo isso afetará, por sua vez, as nascentes. Contudo, além do problema enfrentado quanto à diminuição das águas, há também outra preocupação: a qualidade de nossas águas. O uso intensivo dos agrotóxicos utilizados nas plantações polui as águas, mata as árvores frutíferas e as plantas medicinais, além de ocasionar graves problemas para a saúde humana.

Nesta lógica, para grupos econômicos e o Estado, o Cerrado é apenas um espaço a ser continuamente explorado por meio do agronegócio, de empresas multinacionais e da construção de grandes projetos de infraestrutura, como barragens, ferrovias, hidrovias, perímetros irrigados e outros. Prova disso é o recém-criado Plano de Desenvolvimento do MATOPIBA, que abrange áreas territoriais do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, espaço considerado como a última fronteira agrícola do país.

A principal intenção do MATOPIBA é ampliar as áreas de monocultura nesses estados, desconsiderando a realidade de quem ali vive, aumentando os conflitos e trazendo sofrimento e angústias aos povos e comunidades que dependem desse território que, em muitos casos, não foram ainda regularizados. Pesquisadores consideram o Cerrado em processo de extinção, por isso o MATOPIBA trará consequências irreversíveis à vida do bioma e dos seres humanos, impactando o Brasil e outros países da América do Sul.

“A proteção das águas tinha de ser questão de segurança nacional, porque se o Cerrado for extinto, leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água” (Altair Sales).

Preservar o Cerrado é conservar as águas e a vida! Por isso os Povos do Cerrado exigem e se posicionam pelo/a:
  • Reconhecimento do Cerrado como Patrimônio Nacional com aprovação da Lei 504/2010;
  • A proteção do Cerrado está intrinsecamente ligada aos Territórios dos Povos e Comunidades Tradicionais e a necessidade da Reforma Agrária – por isso é importante que o governo federal garanta a demarcação dos Territórios Indígenas, regularização e titulação das terras dos Quilombolas, Geraizeiros, Retireiros, Ribeirinhos, Pescadores, Vazanteiros e o assentamentos dos Sem Terra;
  • Somos contra a PEC 215 – que transfere ao Legislativo ao responsabilidade a responsabilidade pelas demarcações de Terras Indígenas, a titulação dos Territórios Quilombolas e a criação de Unidades de Conservação.
  • Cumprimento e a fiscalização da Legislação Ambiental – e Projeto de Lei que proteja e conserve as áreas de recarga;
  • Somos contrários ao licenciamento de novos projetos de irrigação – em especial novos perímetros irrigados e grandes propriedades, que quase sempre utiliza pivôs centrais e lineares, que hoje estão atrelados à construção de grandes lagos artificiais, os “Piscinões”;
  • Queremos nossas águas livres de agrotóxicos – pelo fim da pulverização aérea, da isenção de impostos aos agrotóxicos, não à criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos;
  • Exigimos políticas públicas que evitem novos desmatamentos e que defendam o que ainda resta do Cerrado;
  • É de responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente o monitoramento das áreas de vegetação nativa e o desenvolvimento de programas de recuperação das áreas degradadas e das nascentes;
  • Posicionamos contra o Plano de Desenvolvimento do MATOPIBA – é uma grande ameaça ao Cerrado, pois promoverá o aumento da grilagem de terras, expulsão dos camponeses/as de suas terras e territórios, aumentando a degradação ambiental.
  • Exigimos que o Direito dos Povos e Comunidades Tradicionais de serem consultados no caso de empreendimentos que afetem seus modos de vida, garantido pela Convenção 169 da OIT ratificada pelo Brasil seja cumprido.

Assinam:

Articulação das CPT’s do Cerrado / Comissão Pastoral da Terra – CPT

Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins – APA-TO

Articulação Nacional de Quilombos – ANQ

Actionaid

Articulação Popular São Francisco Vivo

Associação Comunitária da Escola Família Agrícola Rural de Correntina e Arredores – ACEFARCA/BA

Associação dos Advogados de Trabalhadores Rurais do Estado da Bahia – AATR/BA

Agência 10envolvimento

Cáritas Brasileira

Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Cerrado – CEDAC

Central do Cerrado

Conselho Indigenista Missionário – CIMI

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG

Coletivo de Fundos e Fechos de Pasto do Oeste da Bahia

Coletivo de Apoio e Assessoria Jurídica Popular do Oeste da Bahia

EFAPA/BA

Fase, MPA,

Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar – FETRAF

IBRACE

Instituto de Estudos Socioeconômicos – Inesc

Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN

Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB

Movimento de Mulheres Camponesas – MMC

Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA

Rede Cerrado

Rede de Mulheres Negras para Soberania Alimentar e Nutricional

RODA Bahia

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santa de Maria da Vitória – Bahia

Serviço Pastoral do Migrante – SPM

Fonte: Comissão Pastoral da Terra

in EcoDebate, 232/03/2016

Radiações eletromagnéticas, parte IV, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] RIBEIRO et. al. (2007) ressaltam que o direito ambiental busca a defesa do ambiente ameaçado, imaginando possíveis sistemas de prevenção e reparação para a defesa contra as agressões provocadas por nossa sociedade, sendo assim, um direito da antecipação, do futuro, da precaução.

A precaução é a ação antecipada diante de um determinado risco sobre o qual não há, ainda, uma certeza científica. Podemos dizer que enquanto a prevenção se dá em relação ao perigo concreto, já comprovado, a precaução é dirigida ao perigo provável, hipotético.

Este Princípio da precaução se dá em virtude de assuntos que necessitam de um estudo para a aquisição de conhecimento acerca dos efeitos a longo prazo de determinada atividade que está ligada entre a ciência e o direito. Por falta da precaução, muitos morreram em função do uso do cigarro, e muitos sofreram mutações através do uso da talidomida.

Na época, a propaganda só apresentava aspectos positivos. Nos Estados Unidos, muitos usuários intensivos de celulares que contraíram cânceres no cérebro já entraram com processos contra as operadoras. O princípio da precaução está contemplado na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/91), principalmente em seus artigos 4º, I e VI, e 9º, III, que tratam da necessidade de uma avaliação dos impactos ambientais de atividades potencialmente poluidoras.

No art. 4º determina que a política nacional do meio ambiente visará a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico e ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais.

No art. 9º determina que são instrumentos da política nacional do meio ambiente a avaliação de impactos ambientais. Essa opinião preventiva também é amparada pela nossa Carta Magna, em seu art. 225, que trata do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações.

E, ainda, é importante lembrar que o Brasil é signatário da Declaração sobre o Meio Ambiente, oriunda da RIO 92, cujo princípio 15 consagra o princípio da precaução, com o objetivo de proteção ambiental e garantindo que, quando houver perigo de dano ambiental irreversível e a falta de certeza científica absoluta, não deverá ser utilizado o pretexto da não adoção de medidas eficazes em função dos custos para impedir a degradação ambiental.

A Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) também se refere à medida de precaução inserida no tipo penal da poluição do art. 54, § 3º, que manifesta causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

A legislação brasileira recomenda que em caso de dúvida se faça uso da cautela a fim de conciliar o desenvolvimento e a proteção do meio ambiente com a saúde das pessoas, para que possa haver um desenvolvimento sustentável e centrado no aspecto humano.

RIBEIRO et. al. (2007) determinam que o risco provocado pelas atividades e produtos tecnológicos está sob a constante égide do medo, e devemos utilizar instrumentos que possibilitem um estudo mais aprofundado sobre a radiação eletromagnética, evitando, desta maneira, desastres envolvendo a qualidade de vida de todos os seres vivos.

A sociedade contemporânea está envolvida em atividades que, apesar de extremamente sedutoras, ocultam diferentes tipos de riscos que podem ser irreversíveis. As entidades ambientalistas, a sociedade e seus dirigentes devem se comprometer na busca do cumprimento da legislação ambiental.

A sociedade tem o direito de exigir que se estabeleçam medidas de preservação do meio ambiente, através do estudo prévio do impacto ambiental sempre que necessário.

Da mesma forma, todo cidadão tem o direito ao ambiente ecologicamente equilibrado como condição de uma melhor qualidade de vida, de ser informado sobre o quadro ambiental e sobre a atuação do poder público em sua defesa, de receber informações e obter a reparação aos danos causados ao meio ambiente, direito de viver em condições dignas.

RIBEIRO et. al. (2007) ressaltam que quanto aos deveres, todo cidadão tem o dever de defender o meio ambiente junto com o Poder Público, de preservar o patrimônio ambiental, de observar a defesa ambiental na condução de qualquer atividade econômica, de recuperar o meio ambiente degradado, bem como o dever de agir, pelas vias legais, em situações de ameaça ou danos ao meio ambiente.

A sociedade, uma vez organizada, pode participar diretamente de órgãos colegiados de defesa ambiental, como ocorre com o CONAMA, bem como os Conselhos Estaduais e Municipais.

Utilizando-se da participação coletiva, podemos reivindicar, através de um requerimento assinado por, pelo menos, cinquenta cidadãos, a realização de uma audiência pública para o exame dos Estudos e Relatórios de Impactos sobre o Ambiente (EIA-RIMA), com o objetivo de conhecer quais serão as consequências da execução de uma determinada obra em relação ao meio ambiente natural, social, econômico e cultural.

E também por meio do Ministério Público, órgãos ambientais ou associações civis, que tenha um mínimo de representatividade, com, pelo menos, um ano de existência e que tenham a defesa do meio ambiente incluída em seus estatutos, podem propor uma Ação Civil Pública em defesa do meio ambiente.

Referências:

BRASIL. Constituição Federal, coletânea de legislação de direito ambiental. Org. Odete Medauar. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. (RT-mini-códigos). Lei 6.938/1981 – Política Nacional do Meio Ambiente. p. 564 e566.

_______. Constituição Federal, coletânea de legislação de direito ambiental. Org. Odete Medauar. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. Crimes Ambientais – Lei 9.605/1998. p. 371.

ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações. Campos eletromagnéticos e saúde pública: Efeitos de EMF no meio ambiente. Folha de Informação. Fevereiro de 2005. Disponível em: . Acesso em: 27 de jun. 2007.

ABRANTES, Paulo César Coelho. Imagens de natureza, imagens de ciência. Campinas: Papirus, 1998. 247 p.

BRASIL. Constituição Federal, coletânea de legislação de direito ambiental. Org. Odete Medauar. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

BRAGA, Benedito; HESPANHOL, Ivanildo; CONEJO, João G. L. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. 287 p.

DÉOUX, Suzanne; DÉOUX, Pierre. Ecologia é a saúde. O impacto da deterioração do ambiente na saúde. Lisboa : Instituto Piaget, p. 329 – 378,1996.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 1ª 31 revista tecnologia e sociedade ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, p. 527 -568 -1192. 1975.

FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 8.ed. ver., atual. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2007. 554 p.

LANFREDI, Geraldo Ferreira. Política ambiental: busca de efetividade de seus instrumentos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. 300p.

LORRAIN, Paul; Dale Corson e François Lorrain. Campos e ondas eletromagnéticas. 3 ed. Fundação Calouste Gulbenkian, USA, p. 539 – 562, 1988.

MARCHESAN, Ana Maria Moreira. Implicações jurídicas das radiações eletromagnéticas emanadas das estações de rádio-base de telefonia celular. Revista de Direito Ambiental. Nº. 24. Coord. Antônio Herman V. Benjamin e Édis Milaré. Ano 6. Publicação Oficial do Instituto “O Direito por um Planeta Verde”. Ed. Revista dos Tribunais. p. 247-256,2001.

RIBEIRO, Edson Leite e PESSOA, Martha Bulcão OS EFEITOS DA RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA NA VIDA DO SER HUMANO : UMA ANÁLISE DO PARADIGMA AMBIENTAL Revista tecnologia e sociedade, v. 3, n. 5 (2007)

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 22/03/2016
"Radiações eletromagnéticas, parte IV, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/03/2016, http://www.ecodebate.com.br/2016/03/22/radiacoes-eletromagneticas-parte-iv-artigo-de-roberto-naime/.

Cuidar das florestas significa cuidar da água

A América Latina possui uma enorme riqueza de recursos florestais e hídricos que devem ser protegidos para erradicar a fome e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
A América Latina e Caribe possui uma enorme riqueza de recursos florestais que devem ser protegidos para erradicar a fome e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, assinalou hoje a FAO durante o Dia Internacional dos Bosques, dedicado ao vínculo profundo e essencial entre as florestas e a água.

“A água e as florestas estão inteiramente ligadas – explicou Jorge Meza, da Unidade Florestal da FAO – já que as árvores filtram a água, aumentam os níveis de umidade no ar e incorporam mais profundamente na terra, evitando a evaporação”.

A América Latina e Caribe recebe 29% das precipitações do planeta e possui 23,4% da área de florestas do mundo, recursos estratégicos para a segurança alimentar e a geração de serviços ecossistêmicos.

Em âmbito mundial, as bacias hidrográficas e as zonas úmidas florestais proporcionam até 75% dos recursos de água doce, por exemplo, mais de 70% da pluviometria da bacia do Rio de la Plata se origina a partir da evaporação e transpiração da selva amazônica.

De acordo com a FAO, as florestas também podem reduzir os efeitos das inundações, além de prevenir e reduzir a salinidade das terras áridas e a desertificação.

A seca é um dos sintomas mais negativos das mudanças climáticas. Por meio do armazenamento de água, as árvores e os bosques podem fortalecer a resiliência às secas.

Combater o desmatamento para cuidar da água

A FAO chama a atenção dos governos para acelerar a gestão das florestas e reduzir o desmatamento, como uma ferramenta para melhorar a quantidade e qualidade da água disponível.

Nas últimas décadas, caiu a perda da área de floresta na região. Entre 1990 e 2000, 4,5 milhões de hectares eram perdidos por ano. Já entre 2010 e 2015, essas perdas caíram para 2,18 milhões de hectares, principalmente por causa da diminuição de perdas no Brasil, Mesoamérica e no Cone Sul.

O Caribe vem registrando um aumento liquido nas áreas florestais em locais que antes eram plantações da cana de açúcar e outras terras agrícolas. Esse crescimento é visto principalmente na Cuba, República Dominicana, Porto Rico e em Trinidad e Tobago.

Fora do Caribe, o Chile, a Costa Rica e o Uruguai são os únicos países que mostraram um aumento na área de floresta durante 2010 e 2015.

No entanto, as perdas líquidas anuais na região continuam sendo superiores as perdas globais. “Quando o desmatamento é elevado, gera erosão do solo e altera a qualidade da água. As florestas regulam o regime hídrico, e quanto mais natural seja o ecossistema, mais efetiva será essa função”, explicou Meza.

“Cuidar das florestas da região significa também cuidar da água”, ressaltou Meza.

Meza também destacou que além de proteger o fornecimento de água de qualidade, o manejo florestal reduz a pobreza mediante a criação de empregos, a produção de alimentos, a prevenção de incêndios florestais, a proteção de bacias hidrográficas e a prestação de outros serviços, tais como a eliminação de dióxido de carbono do ar que respiramos.

O uso de água dobrou na América Latina

A situação dos recursos hídricos da região é dupla: alguns dos lugares mais áridos e dos mais úmidos do planeta estão na América Latina e Caribe.

Isso significa que a disponibilidade de água varia consideravelmente entre países e dentro de diferentes áreas de um mesmo país.

De acordo com a FAO, nas três últimas décadas a extração de água se duplicou na América Latina e Caribe a um ritmo muito superior da média mundial.

Nessa região, o setor agrícola e, especialmente, a agricultura irrigada usa a maior parte da água, uma média de 70% do uso, seguido pela extração para uso doméstico com 20% e a indústria com 10%.

As mudanças climáticas podem degradar as florestas e afetar a água

As mudanças climáticas estão modificando o comportamento de precipitações e temperaturas, o que vai alterar os agrossistemas atuais.

Na América Latina e Caribe, as mudanças nos padrões de chuvas e temperaturas vão afetar o rendimento de cultivos básicos como trigo, arroz e feijão, gerando uma pressão sobre as áreas não agrícolas, geralmente cobertas pelas florestas, para convertê-las em áreas produtoras de alimentos.

“As mudanças climáticas afetam a saúde e a qualidade das florestas e a disponibilidade de água, sendo que este efeito é ampliado pela degradação dos solos devido a expansão das áreas de cultivos em locais não apropriados e a intensificação da produção e do uso não apropriado de insumos agrícolas”, salientou Meza.

Entre possíveis efeitos das mudanças climáticas, se espera que no meio deste século ocorra uma substituição gradual das florestas tropicais por savanas no leste da Amazônia, e ainda da vegetação semiárida por vegetação de áreas áridas devido ao aumento da temperatura e da diminuição de água no solo.

Atualmente, a FAO está implementando uma iniciativa regional que trabalha com os governos para apoia-los no cuidado com os recursos naturais, enfrentar as mudanças climáticas e gerir os riscos de desastres.

Da FAO, in EcoDebate, 22/03/2016

domingo, 20 de março de 2016

Huã Karu Yuxibu


História sobre o surgimento das plantas medicinais usadas pelo povo kaxinawá que compõe a quinta fase do videogame Huni Kuin: Yube Baitana (os caminhos da jiboia). Filmado na aldeia São Joaquim/Centro de Memórias durante a segunda oficina de audiovisual "Cantos, desenhos e histórias do povo Huni Kuin", Jordão, Acre, 2015.
Narração: Manoel Vandique Kaxinawá (Dua Busẽ)

Plant-based alternative protein options emerge from the sea

Date: March 17, 2016

Source: Institute of Food Technologists (IFT)

Summary:
When one hears the term “alternative protein source” tofu, tempeh and seitan are what typically come to mind. Researchers discuss three lesser known, but just as nutritious and palatable alternative protein sources.

When one hears the term "alternative protein source" tofu, tempeh and seitan are what typically come to mind. In the March issue of Food Technology, Toni Tarver writes about three lesser known, but just as nutritious and palatable alternative protein sources.

Algae-Derived Proteins

Algae are a diverse group of photosyntehetic organisms that are chiefly aquatic, contain chlorophyll and generate oxygen -- in fact, algae are responsible for nearly half of the photosynthesis that occurs on Earth. Algae are categorized into two forms: macroalgae and microalgae. Macroalgae are seaweeds and are visible to the naked eye and grow in oceans, lakes, rivers and ponds. Microalgae are single-cell organisms that can only be seen with the aid of a microscope, and mostly occur in fresh and marine water. Both micro- and macroalgae are nutrient dense with varying amounts of vitamins A, C, E, folate, calcium, iodine, iron, omega-3 fatty acids, carbohydrates, protein and a variety of other nutrients. The protein content macroalgae range from 3 to 50 percent and microalgae's protein content is even higher, ranging up to 70 percent.

Super Seaweeds

Among seaweeds, red seaweed tends to have the highest protein content, and the red species nori, has the greatest amount: 100 grams of nori contains up to 50 grams of protein. Nori has an amino acid profile similar to that of peas or beans, contains a high amount of omega-3 fatty acid and is a good source of vitamin B12. Nori is commonly used to wrap sushi rolls and dried nori is sold in sheets that can be either cut into strips to wrap rice and fish or cut into small pieces to sprinkle onto soups and noodle dishes.

Duckweed

Duckweed, the smallest flowering plant in the world, has protein contents of up to 45 percent, which is among the highest protein levels in the plant kingdom. Although usually perceived as food sources for birds and fish, people in Laos, Thailand, Vietnam, and parts of Africa have been eating various duckweeds for centuries. Add in some info about legumes, whole grains, seeds

Story Source:

The above post is reprinted from materials provided by Institute of Food Technologists (IFT). Note: Materials may be edited for content and length.

Cite This Page:
Institute of Food Technologists (IFT). "Plant-based alternative protein options emerge from the sea." ScienceDaily. ScienceDaily, 17 March 2016. <www.sciencedaily.com/releases/2016/03/160317190038.htm>.