ONU: Preservar oceanos é fundamental para a manutenção da vida em todo o planeta

Foto: NOAA

Nesta quarta-feira (8), as Nações Unidas celebraram o Dia Mundial dos Oceanos e chamaram atenção para os perigos enfrentados pela vida marinha. Cerca de 20 milhões de toneladas de plástico são despejadas anualmente nos mares, ameaçando animais aquáticos e também humanos que se alimentam de frutos do mar.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alertou nesta quarta-feira (8) – Dia Mundial dos Oceanos – que a preservação dos mares é fundamental para a manutenção da vida na Terra. O chefe da ONU destacou que os oceanos contribuem para a regulação do clima, além de oferecerem recursos naturais e alimentos para bilhões de pessoas.

“Embora os oceanos pareçam infinitos, sua capacidade de resistir às atividades humanas é limitada, particularmente porque eles também enfrentam as ameaças colocadas pelas mudanças climáticas”, destacou Ban Ki-moon.

Em 2016, as celebrações do Dia Mundial contam com o tema “Oceanos saudáveis, planeta saudável”. Atividades na sede das Nações Unidas em Nova York e em outras partes do mundo vão chamar atenção para os riscos associados ao despejo de cerca 20 milhões toneladas de plástico nos mares por ano.

A poluição provocada por esse tipo material ameaça não apenas os animais aquáticos – que confundem as micropartículas de plástico com alimento –, mas também as pessoas que comem essas espécies e podem acabar ingerindo o poluente.

Ban Ki-moon também destacou a importância da pesquisa científica, que fornece informações importantes sobre os perigos enfrentados pela vida marítima. O secretário-geral lembrou que, em dezembro do ano passado, a Assembleia Geral da ONU recebeu a primeira Avaliação Mundial do Oceano – relatório que foi publicado em janeiro de 2016 contendo um panorama sobre o atual estado dos mares.

‘Oceano é chave para nova Agenda Global’

Também por ocasião do Dia Mundial, a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, ressaltou que os oceanos “são parte integral de nosso planeta e um componente absolutamente essencial das vidas humanas, dos meios de subsistência e do meio ambiente que nos sustenta”.

“Da pesca e do turismo ao transporte e à regulação climática, o oceano é chave para implementar a nova Agenda Global”, enfatizou a dirigente, que lembrou que um dos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é dedicado à conservação da vida na água.

“Seja no litoral ou no alto-mar longe de todos, a salvaguarda de sítios marinhos ricos em biodiversidade é essencial para se garantir o uso sustentável e de longo prazo de recursos naturais preciosos.”

Bokova lembrou ainda que a UNESCO possui uma Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI), responsável por apoiar os Estados-membros na implementação das metas relativas à vida marinha da Agenda 2030. “A COI está comprometida com o incentivo ao desenvolvimento de políticas nacionais que promovam o crescimento sustentável ambientalmente consciente.”

Da ONU Brasil, in EcoDebate, 09/06/2016

Brasil registra 41% de energias renováveis em 2015

Relatório mostra aumento de 4,6% na base energética renovável; uso coloca País entre os cem menores indicadores de emissão de CO2

A oferta interna de energia no Brasil registrou, em 2015, o equivalente a 299,2 milhões de toneladas de petróleo. Desse total, 41,2% correspondem à energia renovável – como energia eólica, biocombustíveis (etanol e biodiesel), biomassa, hidroelétricas, entre outros. Em relação a 2014, essa base energética era de 39,4% da capacidade do País. O indicador é superior ao verificado nos países desenvolvidos, que têm apenas 9,4% de renováveis.

Os dados são da Resenha Energética Brasileira de 2016, documento organizado pelo Ministério de Minas e Energias e publicado recentemente. A pesquisa mostra, também, as vantagens comparativas do Brasil na oferta de energia elétrica, com uma proporção de 75,5% de renováveis. Nos países desenvolvidos, o indicador é de 23,1%, e nos demais países, 22,5%.

Renováveis

O alto nível de renováveis permite ao Brasil um outro destaque, o de baixo indicador de emissões de CO2 por unidade de energia consumida. Em tCO2/tep (tonelada equivalente de petróleo), o indicador do Brasil é de 1,56, contra 2,25 nos países desenvolvidos, e de 2,35 na média mundial.

Na matriz dos transportes, o País registrou a participação de 21,4% de etanol e biodiesel. Nos países desenvolvidos, a bioenergia participava com apenas 4,1% em 2015, e nos demais países, a participação era ainda menos expressiva: 0,8%.

Na indústria, as vantagens comparativas do Brasil são também expressivas, mostrando uma participação de bioenergia sólida de 39,2% em 2015, contra 9,9% nos países desenvolvidos, e de 5,3% nos demais países. Os usos de bagaço de cana para calor de processo na produção de açúcar, da lixívia na produção de celulose, do carvão vegetal na produção de ferro-gusa e de lenha na indústria de cerâmica são os principais indutores do alto indicador brasileiro.

Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério de Minas e Energia

in EcoDebate, 08/06/2016

Enlace de sustentabilidade, Parte II, Final, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] SILVA et. al. (2014) explicitam que a transição agroecológica deste assentamento passa por um processo importante através das atividades agrícolas desenvolvidas no assentamento, em que a maioria dos assentados se mostra conscientes em quanto ao enlace da sustentabilidade de uma maneira empírica.

Se percebe que por se tratar de um assentamento com mais de 20 anos existem poucos jovens envolvidos na continuação da agricultura, isso pode ser atribuído ao fato de que o campo seja visto como um local de atraso para eles e por oferecer poucas oportunidades para que eles cresçam em virtude da agricultura.

A fragilidade do processo organizacional e talvez de um planejamento mais especializado gere um pequeno atraso quando a formulação de um processo de educação no campo de maneira que, fosse facilitado o desenvolvimento da Transição Agroecológica.

Além disso, a produção sem uso de insumos agrícolas (herbicidas, fungicidas, inseticidas) e o manejo da vegetação remanescente, Caatinga, ao assentamento é outra circunstância relevante.

Os agricultores familiares são marginalizados, diante da necessidade da soberania alimentar não podendo garantir suas necessidades, alimentares no campo. A política pública de reforma agrária, de crédito, de investimento e de comercialização deve ir contra essa tendência à concentração da produção.

Isto, por sua vez, induziu a mudanças na estrutura produtiva a favor dos produtos com maior demanda no mercado (frutas, hortaliças, sementes, oleaginosas, produtos florestais e carnes de aves) e em detrimento de produtos tradicionais da região como trigo, café, açúcar, algodão e banana.

Neste pressuposto quanto à soberania alimentar observada no assentamento Soledade em suas realidades, nas famílias acompanhadas há disparidades quanto à produção, sendo que em parte do assentamento ainda se encontra em avanço no processo de desenvolvimento, de suas atividades produtivas, podendo ainda ser ampliado em grande parte o quintal produtivo, quanto à disponibilidade de produtos, fazendo assim, com que haja maior diversificação dos alimentos produzidos.

Em contrapartida outra área do mesmo assentamento acaba se sobressaindo com uma maior variedade de alimentos produzidos em seu quintal produtivo, dando margem à percepção da importância de se consumir um alimento saudável e de procedência, porém alguns agricultores ainda resistem à produção desses alimentos em suas terras, tornando claro uma falha na transição agroecológica.

O processo para o desenvolvimento da economia solidária, presente no Assentamento Soledade, ainda não abrange o assentamento como um todo. Para que o processo se desenrole é necessário o estabelecimento da transição agroecológica e da soberania alimentar, pilares do enlace da sustentabilidade.

Nas realidades vivenciadas no, entanto, é notável que há uma queda, no que diz respeito a comercialização dos produtos, por não existir políticas que incentivem a venda de forma justa e solidária, onde os assentados não dispõe de uma feira agroecológica para o escoamento da produção e outros projetos e políticas que estimulem o consumo de alimentos saudáveis, que venham a influenciar na ampliação de uma economia sustentável que cresça no assentamento, de forma positiva.

Assim como os produtos derivados ou secundários como a polpa e corante, que não funcionaram por falta de organização tanto do grupo em questão, quanto da dificuldade de levar esses produtos para outros centros de comercialização, evidenciando a falta de políticas públicas que agreguem valor, facilitando e motivando a atividade.

A partir do que foi observado no Soledade, evidencia-se o potencial da região, no desenvolvimento de uma agricultura de base agroecológica, Porém é de suma importância à consolidação de políticas, que estimulem a produção e a permanência de agricultor no campo, permitindo assim a conservação de sua identidade e o estabelecimento de um novo viés para a transição da agricultura familiar moderna, para uma agricultura de base agro-ecológica que acarrete inúmeros benefícios ao produtor e ao consumidor do produto final.

Outra dimensão de elevada importância, trata-se do trabalho desenvolvido pela ponte formada entre as universidades e entidades não governamentais, para melhor comunicação entre os agricultores, formando um conhecimento que se adapte a cada realidade.

Não adianta trazer tecnologias relacionadas a uma agricultura convencional ou ainda que não haja formação entre os agricultores, se essas não se enquadrarem com a situação vivida em cada assentamento e comunidades rurais e subvertam a autonomia.

Uma outra cosmovisão do mundo é necessária para resgatar a dignidade e a qualidade de vida de todas as populações.

Referências:

ESTEVÃO, P., CASTELA, E. F. de, SOUSA, D. N. de, MILAGRES, C. S. F. A. Extensão rural e sua trajetória histórica. VIII Congresso Latino-americano de Sociologia Rural, Porto de Galinhas, 2010.

TEIXEIRA, G., O agronegócio é ‘negócio’ para o Brasil? Presidente da ABRA – Associação Brasileira de Reforma Agrária, 2013

SILVA, Maria Janaina Nascimento, AGUIAR Kalianne Carla de Souza , LEMOS, Marcílio de, COSTA, Paula Alinne de Almeida. O Enlace da Sustentabilidade no Assentamento Soledade: Vivenciando e Construindo saberes agroecológicos. Cadernos de agroecologia, v. 9, n. 4, 2014

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 08/06/2016
"Enlace de sustentabilidade, Parte II, Final, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 8/06/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/06/08/enlace-de-sustentabilidade-parte-ii-final-artigo-de-roberto-naime/.

Projeto ‘Rural Sustentável’ financiará interessados em propriedades rurais sustentáveis na Amazônia

Produtores e técnicos rurais de 70 municípios da Amazônia e da Mata Atlântica que tenham interesse em reduzir as emissões de carbono e aumentar a sustentabilidade de suas propriedades podem se inscrever no projeto Rural Sustentável até o dia 19 de agosto deste ano.

O projeto vai selecionar 3,5 mil pequenas e médias propriedades nos estados de Mato Grosso, do Pará, de Rondônia, da Bahia, de Minas Gerais, do Paraná e do Rio Grande do Sul e financiar a transformação dessas áreas em unidades demonstrativas de agricultura de baixo carbono, com tecnologias como a integração lavoura-pecuária-floresta, a recuperação de áreas degradadas, o plantio florestal comercial e o manejo sustentável de florestas nativas.

Os selecionados vão receber apoio técnico e financeiro para adotar tecnologias agropecuárias sustentáveis que promovam a restauração florestal. Também há apoio financeiro para assistência técnica, inclusive com transferência de conhecimentos para melhorar a capacidade técnica de produtores.

As propostas técnicas devem ser enviadas por meio do portal Rural Sustentável.

As propriedades devem ter até 15 módulos fiscais, estar em um dos municípios da lista, e o inscrito precisa ter posse legal da área. Além disso, para se inscrever, é preciso estar classificado como unidade de produção familiar rural, população tradicional, assentado da reforma agrária ou pessoa física ou jurídica que representem associações e cooperativas.

Entre os objetivos do Rural Sustentável está a redução da pressão para desmatamento de novas áreas, a diminuição da emissão de gases do efeito estufa e a conservação da biodiversidade. O projeto também visa facilitar o acesso dos agricultores selecionados ao crédito rural oficial em programas como o ABC, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, uma linha de crédito que financia sistemas produtivos que contribuem para mitigar a emissão de gases do efeito estufa, e os programas Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), entre outros, aumentando também a renda no meio rural.

O projeto é resultado de uma parceria entre os governos do Brasil, por meio do Ministério da Agricultura, e do Reino Unido, no âmbito de uma cooperação técnica entre os dois países de Agricultura de Baixo Carbono e Desmatamento Evitado para Reduzir a Pobreza no Brasi”, e é executado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A iniciativa é financiada pelo Fundo Internacional para o Clima (International Climate Fund (ICF) do Ministério da Agricultura, da Alimentação, da Pesca e dos Assuntos Rurais do Reino Unido.

Por Maiana Diniz, da Agência Brasil, in EcoDebate, 10/06/2016

Poluição do ar nas cidades aumenta 8% e mata 7 milhões de pessoas por ano, alertam agências da ONU

Aumento foi verificado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) entre 2008 e 2013, com apoio de dados da Organização Mundial da Saúde. Menos de 20% dos países avaliados pela agência da ONU regulam a queima a céu aberto de resíduos, que é uma das principais causas da poluição do ar. Brasil é citado por tentar promover eficiência energética e ampliar redes de transporte público.
Poluição no centro de Pequim. Foto: Greenpeace/Kuang Yin

Os níveis de poluição do ar nas zonas urbanas aumentaram em 8% de 2008 a 2013, advertiu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em relatório publicado no final de maio (24). O organismo internacional destacou a importância do uso de mais energias renováveis e de fogões ecológicos — ações vitais para o combate da situação de emergência da saúde pública.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar mata 7 milhões de pessoas a cada ano, com mais de 80% dos indivíduos que vivem em áreas urbanas sendo expostas a níveis de qualidade do ar que excedem os limites de segurança da OMS.

“A atual resposta global à má qualidade do ar é inadequada”, disse o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner.

“No entanto, apesar da falta de uma resposta global, numerosos países e regiões estão apresentando eficazes – e rentáveis – medidas destinadas a melhorar a qualidade do ar. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável proporcionam uma oportunidade para a implementação dessas melhorias a nível mundial e para um ar mais limpo, com benefícios sociais e econômicos em todo o mundo”, completou.

De acordo com o relatório, pelo menos 82 países dos 193 analisados têm incentivos que promovem o investimento na produção de energia renovável, em produção mais limpa, em eficiência energética e/ou equipamentos de controle de poluição.

No ano passado, pela primeira vez, as energias renováveis representaram a maioria da nova capacidade de geração de eletricidade adicionada em todo o mundo, com um investimento de 286 bilhões de dólares, de acordo com pesquisa realizada pelo PNUMA, pela Bloomberg e pela Escola de Frankfurt.

Porém, embora as políticas e normas sobre combustíveis limpos e veículos possam reduzir as emissões em 90%, apenas 29 % dos países do mundo adotaram padrões de emissões de veículos ‘Euro 4 ” ou acima. Enquanto isso, menos de 20 % dos países regulam a queima a céu aberto de resíduos, uma das principais causas da poluição do ar.

Apesar dos desafios, o levantamento destaca que 97 países aumentaram o percentual de domicílios que têm acesso a combustíveis de queima mais limpa para mais de 85% – um progresso fundamental para combater a poluição do ar que afeta ambientes fechados.

A sujeira presente no ar de espaços interiores é responsável por mais da metade das 7 milhões de mortes anuais associadas à poluição da atmosfera.

Brasil promove avanços

A rápida urbanização e industrialização brasileira têm tido impactos sobre a qualidade do ar nos grandes centros urbanos. No entanto, segundo o relatório do PNUMA, o Brasil tem implementado vários incentivos regulatórios, institucionais e econômicos que estimulam investimentos em energia renovável, especialmente eólica, solar e mini-hídrica.

O Programa de Eficiência Energética brasileiro, por exemplo, exige que produtores gastem, no mínimo, 5% em programas de eficiência energética.

Em relação ao transporte, mesmo ainda com grandes desafios, tais como o crescimento do número de veículos, frotas antigas, combustível sujo, pouca condução pública, o Brasil tem apresentado avanços.

A agência da ONU destaca que, como resultado dos protestos de junho de 2013, o governo federal aumentou os investimentos em transporte através do Pacto de Mobilidade — iniciativa que tem por objetivo oferecer maior qualidade ao transporte público e desafogar o trânsito nas cidades.

O levantamento do PNUMA ressalta também que, no Rio de Janeiro, uma série de ações estão sendo implementadas, incluindo um sistema rápido de ônibus, com novas linhas que estão sendo adicionadas para os Jogos Olímpicos de 2016, bem como a expansão do metrô.

Em Curitiba, corredores de trânsito de alta densidade foram integrados no plano da cidade para promover o desenvolvimento residencial e industrial em algumas áreas.

Como resultado dessa ação e de outras decisões de planejamento de trânsito inteligente, Curitiba usa cerca de 30% menos combustível per capita em comparação a outras oito cidades brasileiras de tamanho similar.

Cerca de 80% dos curitibanos vão ao trabalho utilizando o sistema de ônibus mais rápidos, contribuindo para uma redução de aproximadamente 27 milhões no número totais de viagens dos veículos por ano. O conjunto de pessoas que usam transporte público aumentou 50 vezes nos últimos 20 anos, na cidade.

Da ONU Brasil, in EcoDebate, 10/06/2016

terça-feira, 7 de junho de 2016

Frugivorismo: você conhece os benefícios e riscos de uma dieta a base de frutas?

Foto: EBC

Nutricionista explica o que é uma dieta frugívora e quais são os benefícios e malefícios para o organismo.

Viver alimentando-se só de frutas pode parecer loucura para alguns, mas para outros isso é uma realidade. Para quem não sabe, existe uma dieta que é justamente a base de frutas frescas. É a chamada dieta frugívora. Para complementar a busca pelo emagrecimento são incluídas hortaliças como: brócolis, couve manteiga, alface, abobrinha entre outros. Além disso, o cardápio conta também com frutas oleaginosas (castanhas do Pará, castanha de caju, nozes, amêndoas).

Para a nutricionista comportamental, Patrícia Cruz, nessa dieta o detalhe está no preparo dos alimentos. Todos são minimamente processados, quase todos são consumidos na sua forma in natura. Sem cozimento nenhum. Alimentos de origem animal, como carnes, ovos e leites são excluídos totalmente.

CARDÁPIO

Vegetais tenros como alface, aipo, brotos verdes, flores, funcho, espinafre, rúcula, brotos de leguminosas entres outras folhas agradáveis ao paladar e levemente doces: são ricas em fibras, vitaminas e minerais. Agradáveis ao paladar mesmo sem passar por processos de cozimento;

Frutas vegetais (tomate, pepino, pimentões, quiabo, abobrinha, chuchu, berinjela, cenoura, beterraba): algumas delas, como o tomate e o pepino, são classificadas como frutas, por isso recebem esse nome. De modo geral são ricas em licopeno, vitamina A e fibras;

Vegetais crucíferos (aspargos, brócolis, couve de Bruxelas, repolho, couve-flor):o brócolis e couve de Bruxelas são boas fontes de cálcio vegetal. Os demais ricos em fibras;

Frutas (banana, caqui, jaca, fruta do conde, figo, abacaxi, laranja, limão, tangerina, kiwi, mamão, manga, uva, maça, amoras, mirtilos, morango) e frutas secas: todas são fontes de carboidratos, fibras, vitaminas, principalmente C, minerais como o potássio e antioxidantes com como resveratrol;

Frutas oleaginosas (nozes, amêndoa, avelã, macadâmia, castanha do Pará, pecan, pistache, pignoli, amendoim): fontes de gordura do “bem” monoinsaturada e polinsaturada. Protegem o coração;

Sementes (abóbora, girassol, gergelim): fontes de gordura monoinsaturada;

Frutas ricas em gordura (abacate, coco verde, azeitonas): são fontes de gorduras boas (monoinsaturadas) que combatem o colesterol. Além de apresentarem vitaminas como vitamina E de antioxidantes;

Cereais (milho) e leguminosas (ervilhas, feijões todos apenas quando recém colhidos e jovens): fonte de proteína de valor biológico, ferro e fibras;

Cogumelos comestíveis: fontes de proteínas.

Todas as categorias dos alimentos citados devem fazer parte do hábito alimentar diário.

BENEFÍCIOS

Devido ao grupo de alimentos que faz parte da dieta e o fato do seu consumo ser sem processos de cocção, a dieta passa a ser uma rica em fibras e pobre em gordura saturada, sódio. Para Patrícia Cruz, em um primeiro momento pode-se afirmar que é uma dieta de proteção para doenças cardiovasculares e crônicas não transmissíveis. Por outro lado, ao longo prazo ela pode trazer deficiências de outros nutrientes importantes para o bom funcionamento do organismo como: proteínas, ferro, vitamina B12, cálcio.

ALERTA

Para a nutricionista, a dieta não pode ser tida como saudável por pregar uma restrição severa. “Não há necessidade de indicar esta dieta a um grupo da população específica. Pois, por ser muito extremista, excluindo grupos de alimentos, a médio e longo prazo, isso pode acarretar deficiências nutricionais importantes.” – explica.

in EcoDebate, 07/06/2016

Enlace de sustentabilidade, Parte I, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] SILVA et. al. (2014) asseveram que a agricultura passa por um processo transitório pelo qual os agricultores desenvolvem no campo uma forma sustentável de conduzir os recursos naturais com uma preocupação de preservação e ao mesmo tempo de aproveitamento para gerar uma maior qualidade de vida nos assentamentos.

Pode ser denominado este processo transitório de “Enlace da Sustentabilidade” que se compõe de três parâmetros, a transição agroecológica, a soberania alimentar e a economia solidária.

Para isso as vivências efetuadas no assentamento Soledade em Ipojucá, Pernambuco, no contexto da agricultura brasileira, em que a lógica do agronegócio predomina, é um exercício libertário.

Uma marcante transformação na agricultura foi a emergência de uma lógica que defendia o campo como um local de atraso desvalorizando o conhecimento do camponês, introduzindo a necessidade da aquisição de insumos agrícolas (sementes, fertilizantes, inseticidas, herbicidas) gerando um desequilíbrio social e ambiental gerados pela “Revolução Verde”.

Desta forma, a revolução verde agravou o potencial para a segurança alimentar no Brasil, principalmente através de programas de extensão que espalham essa lógica entre grande parte dos agricultores familiares, que em muitos casos deixaram de produzir por não conseguir se adequar a esta realidade (TEIXEIRA 2013).

Um fator importante é a forma como vem sendo produzida as pesquisas agropecuárias que não levam em consideração as características e conhecimentos dos agricultores, almejando um processo de artificialização da atividade, resultando numa crescente dependência de insumos agroquímicos, prejudiciais ao meio ambiente e a saúde dos agricultores e consumidores.

SILVA et. al. (2014) asseveram que o estudo e pesquisa estão distantes do campo sendo este voltado para meios artificiais de pesquisa, que se especializam em estudos teóricos gerado pelos médios e grandes produtores rurais desvalorizando o conhecimento do camponês e negligenciando sua vinculação com o campo.

Presencia-se também a fragilidade da formação agroecológica nos assentamentos pelos extensionistas, levando a uma agricultura um pouco distante dessa visão, onde a assistência técnica está pouco preparada para tal formação expondo para os agricultores uma lógica que retira a autonomia camponesa (ESTEVÃO, et al 2010).

Se percebe o andamento das dimensões, transição agroecológica, soberania alimentar e economia solidária. Planejando a construção de um novo paradigma formado da relação direta entre entidades, universidades e agricultores para que assim haja uma valorização adequada desta realidade.

Já foi organizado um grupo de mulheres que era denominado “Grupo de Mulheres Sertanejas” iniciado em 1997. Trabalhavam com a fabricação de corante feito do processamento do urucum e a produção de polpas de frutas como cajarana, goiaba, acerola, hoje existe a tentativa de reorganizar esse projeto que foi desenvolvido pelo Projeto Semeando Agroecologia/União Européia.

Desde 1998 esse assentamento deu prosseguimento ao trabalho de gênero até hoje. Já desenvolveram projetos que repercutiram de maneira positiva no assentamento, mostrando a importância da participação da assistência técnica nos assentamentos, para uma melhor formação e acompanhamento dos agricultores

Enlace de sustentabilidade requisita a união de transição agroecológica, soberania alimentar e economia solidária na construção de uma práxis agroecológica.

Referências:

ESTEVÃO, P., CASTELA, E. F. de, SOUSA, D. N. de, MILAGRES, C. S. F. A. Extensão rural e sua trajetória histórica. VIII Congresso Latino-americano de Sociologia Rural, Porto de Galinhas, 2010.

TEIXEIRA, G., O agronegócio é ‘negócio’ para o Brasil? Presidente da ABRA – Associação Brasileira de Reforma Agrária, 2013

SILVA, Maria Janaina Nascimento, AGUIAR Kalianne Carla de Souza , LEMOS, Marcílio de, COSTA, Paula Alinne de Almeida. O Enlace da Sustentabilidade no Assentamento Soledade: Vivenciando e Construindo saberes agroecológicos. Cadernos de agroecologia, v. 9, n. 4, 2014

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 07/06/2016
"Enlace de sustentabilidade, Parte I, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 7/06/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/06/07/enlace-de-sustentabilidade-parte-i-artigo-de-roberto-naime/.