Consciência Negra: mais valor à agricultura familiar de comunidades quilombolas

Fonte: CONSEA - Segunda-feira, 28 de Novembro de 2016 


Este mês de novembro marca as comemorações pelo Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro). A data lembra a morte de Zumbi dos Palmares, ocorrida no ano de 1695. Zumbi foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares, que lutou pela libertação dos negros escravizados durante o período colonial no Brasil.

Além de importantes na luta e resistência à escravidão, os quilombos também foram espaços de preservação da cultura afro-brasileira, inclusive na área alimentar. E muitos não acabaram com a morte de Zumbi, persistindo até os dias atuais.

Atualmente existem mais de 2.600 comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura. Os estados brasileiros com a maior quantidade de comunidades são Maranhão, Bahia, Pará, Minas Gerais e Pernambuco. 

Agricultura familiar

A agricultura familiar representa uma importante fonte de renda para os quilombolas. Artesanato, extrativismo, produção cultural, turismo social e venda de produtos feitos pelas comunidades também são alternativas para complementar a renda. Na comunidade rural quilombola Chácara Buriti, localizada a 27 quilômetros de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, a economia local vem da produção de hortaliças. Alface, salsinha, cebolinha, coentro, rúcula, repolho, almeirão, pimentão, tomate, berinjela, milho, mandioca e quiabo são alguns dos alimentos produzidos pelo quilombo.

“Com mais de 76 anos de existência e reunindo 20 famílias, a comunidade Quilombola Chácara Buriti está em pleno desenvolvimento por meio de sua agricultura familiar. Hoje, a produção da comunidade é comercializada por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), em mercados e em fazendas da região”, afirma o coordenador-geral das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Estado e morador da comunidade, Antônio Borges dos Santos.

As comunidades quilombolas brasileiras contam com uma série de ações do Governo Federal para fortalecer a valorização e preservação cultural, a produção regional e o desenvolvimento sustentável. Entre elas, está o Selo Quilombos do Brasil que identifica os produtos agrícolas, artesanais e alimentícios produzidos por essas comunidades tradicionais. 

De acordo com Antônio Borges, a comunidade Chácara Buriti foi a primeira a receber do então Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que passou a ser a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), o selo Quilombos do Brasil. “Com o selo, ficou muito mais fácil a comercialização das mercadorias, além de agregar valor ao produto também é um instrumento importante para o reconhecimento da identidade quilombola”, destaca.

Identidade cultural

O Selo Quilombos do Brasil, criado no âmbito do Programa Brasil Quilombola (PBQ), é um certificado de origem que tem como objetivo atribuir identidade cultural aos produtos de procedência quilombola. Para o presidente da Fundação Palmares, Erivaldo Oliveira, a certificação agrega valor aos produtos e resgata a cultura quilombola. “O selo é de fundamental importância porque a gente quer transformar todas as comunidades quilombolas em autossustentáveis. O certificado de origem vai fortalecer cada vez mais e beneficiar os grupos de produção agrícola familiar”, reforça. 

Erivaldo comenta que em suas viagens pelo Brasil ele tem observado que muitas comunidades quilombolas estão perdendo as suas características. “Com este selo, queremos valorizar a produção e resgatar a identidade étnica e cultural dessas comunidades. O certificado também estimula os quilombolas que ainda não estão organizados a se organizarem para incorporarem o selo na sua produção”. Segundo ele, uma das vantagens é a possibilidade de aumentar a renda dessas famílias. 

Acordo de cooperação

Com o intuito de promover e consolidar o Selo Quilombos do Brasil está previsto a assinatura de um acordo de cooperação técnica entre a Fundação Palmares e a Sead. “Este acordo de cooperação é de grande importância para o desenvolvimento agrícola do nosso país. A previsão é que a assinatura seja realizada nos próximos dias. Vamos divulgar o selo na Virada Cultural, em Salvador (BA), que acontece entre os dias 9 e 11 de dezembro”, frisa. 

Para requisitar o selo Quilombos do Brasil, o solicitante precisa comprovar que o produto é sustentável, agrega valores étnicos e culturais, além de ser feito com matérias-primas locais. A partir da solicitação, a Sead terá até 60 dias para se manifestar quanto à aprovação. A certificação terá validade de cinco anos e será permitida para a identificação de produtos como verduras, legumes, polpas de frutas e laticínios, artesanato, geleias e doces, entre outros. 

Dia da Consciência Negra 

O presidente Erivaldo Oliveira aproveitou a ocasião para destacar que o Dia da Consciência Negra para a Palmares são todos os dias. “A gente luta diariamente pela valorização da nossa cultura, a salvaguarda de nossas manifestações culturais, a produção de nossas culturas. 

No dia 20 de novembro é dia de celebração ao nosso herói maior, que foi Zumbi dos Palmares. Precisamos cada vez mais fortalecer essa luta pelos direitos quilombolas. E a Fundação Palmares conta com o apoio de todos os ministérios para implementar políticas públicas em benefício das comunidades quilombolas”, finaliza.

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Vai uma latinha aí?

Fonte: Jairo Bouer para Estadão - Quarta-feira, 30 de Novembro de 2016 

Você tem ideia de quantas latinhas de refrigerante seus filhos consomem em um ano? Consegue calcular a quantidade de açúcar que essas bebidas adicionam na vida deles? Um trabalho divulgado na última semana revela que os adolescentes britânicos bebem o suficiente para encher uma banheira por ano! Será que por aqui nossos jovens seguem o mesmo padrão de comportamento?

A pesquisa, realizada pelo Instituto de pesquisa Cancer Research UK, no Reino Unido, mostra que na faixa etária de 11 a 18 anos os jovens consomem, em média, 77 litros de líquidos adoçados (sucos, energéticos, refrigerantes) por ano. Isso significa cerca de 234 latas desses produtos! 

Até as crianças pequenas, de 4 a 10 anos, estão ingerindo cerca de 111 latinhas, mais de duas por semana. Os dados foram divulgados pelo jornal inglês Daily Mail.

Os adolescentes estão consumindo o triplo do limite diário de açúcar (30 gramas) recomendado pelas autoridades de saúde. A maior parte desse açúcar vem justamente das bebidas doces. Esse excesso está contribuindo, segundo especialistas, para a “epidemia” de obesidade, que está crescendo entre crianças e jovens. 

Em março deste ano, o governo inglês anunciou planos para taxar em cerca de 20% esse tipo de bebida, uma medida que levou a protestos por parte da indústria e de alguns setores da sociedade. Só para se ter uma noção, cada 100 ml de refrigerante tem cerca de 10 g de açúcar. 

Como uma lata tem 350 ml, uma única delas já alcança os valores diários recomendados. Cada lata de refrigerante traz de seis a sete colheres de chá de açúcar. Já uma lata de suco adoçado tem cinco colheres. 

Há duas semanas, durante as eleições presidenciais nos Estados Unidos, algumas cidades americanas também votaram em plebiscitos que definiram pela elevação dos impostos sobre as bebidas adoçadas. Agora Oakland, São Francisco e Albany (na Califórnia), além de Boulder (Colorado) vão ter refrigerantes mais caros. Berkeley foi a primeira cidade do país a taxar esses produtos já em 2014. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem defendido a taxação das bebidas adoçadas há alguns anos. Dinamarca, Hungria e México, além do Reino Unido, já adotaram leis nesse sentido. 

No Brasil, dados do último Vigitel (inquérito nacional sobre saúde, feito por telefone) mostram que mais da metade da população adulta enfrenta excesso de peso. Dessa, quase 20% estão obesos, um aumento de 10% nos últimos oito anos. Entre as crianças, uma em cada três tem excesso de peso no País. Crianças obesas correm um risco muito maior de se tornarem adultos obesos. Sem medidas que mudem essa tendência, o Brasil pode se tornar em breve um país tão ou até mais “obeso” do que os EUA. 

Pesquisa de 2015 do Ministério da Saúde mostrou que 21% das pessoas consomem refrigerantes cinco vezes por semana. Já o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes mostra que mais da metade dos jovens consomem bebidas adoçadas, principalmente refrigerantes. Os dados são do site da BBC Brasil.

Para resultados mais impactantes no controle do sobrepeso e da obesidade das crianças, além de eventuais taxações, o ideal seria educação alimentar, em casa e nas escolas, e um maior controle dos pais sobre o padrão alimentar dos filhos, criando hábitos mais saudáveis de consumo. Em paralelo, estratégias de combate ao sedentarismo são centrais. 

Além disso, seria importante que a indústria, voluntariamente, reduzisse a quantidade de açúcar em seus produtos. A publicidade de alimentos e bebidas calóricas também poderia passar por um maior controle, até mesmo nas mídias digitais. Seria mais produtivo que todos os atores envolvidos no processo trabalhassem para uma mudança na percepção dos mais novos sobre o que é um padrão saudável de consumo de açúcar. Como quase tudo na vida, moderação é a alma do negócio.

Nem diet se salva? Novo estudo divulgado na última semana não “absolve” nem mesmo os refrigerantes diet. O aspartame, adoçante artificial presente na maior parte deles, interferiria em enzimas centrais do nosso metabolismo, podendo dificultar o processo de emagrecimento ou, em alguns casos, poderia até levar ao ganho de peso. A alteração é semelhante à que acontece no diabete tipo 2.

O trabalho foi feito por pesquisadores do Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, e divulgado também pelo Daily Mail. Eles testaram o efeito do aspartame em ratos e concluíram que, apesar de reduzirem o consumo de açúcar, eles acabam interferindo na ação de enzimas (IAP) essenciais para nossa saúde. Como é um estudo isolado, que vai contra o resultado de outros que “inocentam” essa categoria de refrigerante, seria importante novas investigações desse eventual impacto na população humana.

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Alimento é saúde | Cuidados com o consumo de carne

Fonte: BrasildeFato - Quarta-feira, 30 de Novembro de 2016 


Em outubro de 2015, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, da Organização Mundial da Saúde, avaliou o potencial cancerígeno do consumo de carne vermelha e de carnes processadas.

Depois de fazer uma revisão exaustiva da literatura científica, um Grupo de Trabalho de 22 especialistas de 10 países, classificou o consumo de carne vermelha como provavelmente cancerígeno para os humanos.

A associação foi observada principalmente com o câncer que se desenvolve no intestino grosso e no reto, mas também há evidências sobre o câncer de pâncreas e o de próstata.

O que isso significa? Segundo Kurt Straif, chefe do programa que conduziu o estudo, o risco de desenvolver esses tipos de câncer é pequeno consumindo carne processada, mas esse risco aumenta com a quantidade consumida.

Ele afirma que o estudo confirmou que as carnes processadas produzem maiores riscos em termos de saúde.

O estudo não conseguiu diferenciar entre os subtipos de carne processada ou pelos possíveis contaminantes que possam conter.

Mas a própria OMS tem advertido sobre o uso indiscriminado de antibióticos no setor de criação animal. Na indústria da carne, os antibióticos são empregados para que os animais resistam às condições em que vivem até serem abatidos.

Embora a União Europeia tenha proibido a prática em 2006, não conseguiu reduzir significativamente o seu uso nas granjas. Estima-se que na China os animais criados em currais recebam mais de 100 mil toneladas de antibióticos a cada ano, a maioria sem monitoramento.

Nos Estados Unidos, a produção pecuária consumiu 13 mil toneladas de antibióticos até 2009, o que representa quase 80% de todos os antibióticos utilizados no país.

O uso imprudente de antibióticos na produção de gado, aumenta o problema da resistência das bactérias. “Superbactérias” (agentes patogênicos como a salmonella) podem surgir destes problemas.

O que é pode ser feito? Muitas organizações civis e movimentos de agricultores estão reivindicando um sistema agrícola e alimentar diferente do industrial – que respeite tanto as pessoas como os animais.

A recomendação da OMS é reduzir o consumo principalmente das carnes processadas, mas também das carnes vermelhas, em até 70 gramas por dia. Para isto, é preciso garantir ter uma fonte de proteínas diárias de fontes vegetais, como lentilhas, feijão ou grão-de-bico.

O consumo de frutas, vegetais, grãos, nozes também reduz os riscos de doenças cardíacas.


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Menos de 1% das propriedades agrícolas detém quase metade da área rural no país

Fonte: Flávia Villela - Agência Brasil - Sexta-feira, 02 de Dezembro de 2016 


Quase metade da área rural brasileira pertence a 1% das propriedades do país, de acordo com o estudo inédito Terrenos da desigualdade: terra, agricultura e desigualdades no Brasil rural divulgado hoje (1º) pela organização não governamental (ONG) britânica Oxfam. Os estabelecimentos rurais a partir de mil hectares (0,91%) concentram 45% de toda a área de produção agrícola, de gado e plantação florestal.

Por outro lado, estabelecimentos com menos de 10 hectares representam cerca de 47% do total das propriedades do país, mas ocupam menos de 2,3% da área rural total. Esses pequenos produtores produzem mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa do brasileiro, já que as grandes monoculturas exportam a maior parte da produção.

O estudo mostra a cidade de Correntina, na Bahia, como exemplo emblemático dessa realidade, onde os latifúndios ocupam 75,35% da área total dos estabelecimentos agropecuários. Nessa cidade, a pobreza atinge 45% da população rural e 31,8% da população geral. Os municípios com maior concentração de terra apresentam os menores índices de Desenvolvimento Humano e aqueles com a menor concentração tinham os melhores indicadores sociais. A diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, explicou que a concentração de terra gera desigualdade em todos os setores vinculados à produção da terra.

“Quanto maior a concentração de terra, maior a concentração de investimento, de maquinário, que vai se expandindo para diferentes setores. A modernização da agricultura não demonstrou melhora na condição de vida da população”, comentou Katia. “Números preliminares mostram que os municípios com maior concentração têm nível maior de pobreza”.

As grandes propriedades rurais com mais de mil hectares concentram 43% do crédito rural, enquanto para 80% dos menores estabelecimentos esse percentual varia entre 13% e 23%.

A reforma agrária é fundamental para reverter o quadro, mas não basta, argumentou a diretora da ONG. “O governo pode assumir medidas e políticas no mundo rural para incentivar maior distribuição, especialmente na área de investimentos, apoio técnico e programas, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar e o Programa Nacional de Alimentação Escolar”, acrescentou.

A concentração de terra também contribui para a incidência de trabalho escravo, alerta o estudo. De 2003 a 2013, 82% das autuações do Ministério do Trabalho e Emprego por trabalho análogo ao de escravo ocorreram no oeste da Bahia, com grande concentração de terra. Somente em Correntina, 249 trabalhadores foram encontrados nessas condições.

O estudo agrupou os municípios de acordo com a relevância agropecuária: 1% com maior concentração de terras, os 19% seguintes e os 80% restantes, com base no último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2006, e o IBGE Cidades, de 2010.

Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) indicam que 729 pessoas físicas e jurídicas se declaram proprietárias de imóveis rurais com dívidas à União de mais de R$ 50 milhões cada, aproximadamente R$ 200 bilhões. Esse grupo, segundo a pesquisa, tem propriedades de área suficiente para assentar quase 215 mil famílias, quase duas vezes o número de famílias que estão acampadas hoje no Brasil esperando por reforma agrária.

América Latina

A mesma realidade ocorre na América Latina, em que 1% concentra 51,19% de toda a superfície agrícola da região. O dado está no relatório Terra, Poder e Desigualdade na América Latina, também divulgado hoje, que analisa o cenário de concentração das propriedades rurais em 15 países da região com base nos censos agropecuários locais.

O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking da região do coeficiente de Gini - que mede a desigualdade na distribuição de terra, em que 0 corresponde à completa igualdade e 1 corresponde à completa desigualdade. A nota brasileira é 0,87. O Paraguai aparece com o pior índice de Gini (0,93), seguido do Chile (0,91) e da Venezuela e Colômbia (0,88), onde 0,4% das propriedades concentram mais de 67% da terra produtiva.

Conflitos no campo

A modernização da agricultura e os assentamentos e demarcações de terras indígenas não foram capazes de aplacar os conflitos, que já mataram 2.262 pessoas entre 1964 e 2010, de acordo com o estudo. A violência no campo pela disputa da terra ocasionou 50 mortes no ano passado e 1.217 conflitos, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O Brasil está no topo da lista dos países onde mais ativistas ambientais e da terra foram mortos em 2015, segundo outra pesquisa divulgada em junho deste ano pela ONG Witness.

Os estados mais violentos são Rondônia e o Pará. No período, foram registrados momentos de pico, em especial na década de 80, quando aumentaram as mobilizações sociais e as lutas por terra, década que também marcou a fundação do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Um novo pico foi registrado durante o primeiro governo Lula, de 2003 a 2006. Apenas em 2003 ocorreram 496 ocupações – em 2010 foram 180.

Incra

De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mais de 1,3 milhão de famílias já foram assentadas desde o início do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). O programa foi criado em 1996. Ao todo, 977 mil famílias vivem atualmente em assentamentos e áreas reformadas.

As titulações estão sendo efetivadas, informou o instituto, por meio de trabalhos de revisão ocupacional em campo, “o que está sendo feito com maior expressão neste último bimestre do ano, a partir do desbloqueio de recursos destinados ao órgão”, diz a nota. “Todas as 30 superintendências estão mobilizadas neste sentido, já que foi estabelecida como meta a emissão de cerca de 70 mil títulos de propriedade até o fim do próximo ano”.

Ainda segundo o Incra, as metas para os próximos anos dependem da aprovação do orçamento a ser destinado à autarquia no início de 2017. O instituto ressaltou que o contingenciamento de gastos deste ano reduziu em cerca de 40% os recursos destinados à reforma agrária. Além disso, informou o Incra, houve alteração de diretrizes e um passivo ocasionado pelo bloqueio determinado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que paralisou o acesso de famílias beneficiárias às políticas públicas asseguradas pelo Programa Nacional da Reforma Agrária.

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Nenhum direito a menos em nossa comida

Fonte: Campanha Permanente - Segunda-feira, 05 de Dezembro de 2016 


No mundo inteiro, celebra-se neste dia 3 de dezembro o Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos. Nesta data, em 1984, em pleno auge da Revolução Verde na Índia, um vazamento na fábrica de agrotóxicos da empresa estadunidense Union Carbide provocou a morte de mais de 15.000 moradores da cidade de Bhopal, e a intoxicação de mais de 300.000.

Mas o que significa lutar contra os agrotóxicos hoje, 32 anos após a tragédia de Bhopal?

Não há dúvidas de que há uma profunda crise no sistema de alimentação mundial. Por um lado, a subnutrição atinge 11% da população, enquanto 8% sofre de obesidade, o que representa 1,4 bilhões de pessoas doentes por má alimentação.

Por outro lado, o sistema alimentar dominado pelas corporações faz com que 78% da produção agrícola mundial se concentre em apenas 7 culturas: cana de açúcar, milho, arroz, trigo, batata, soja e palma. Milhares de alimentos ligados à cultura dos povos são ignoradas, pelo simples fato de não serem comercializados nas bolsas de valores.

A sustentação deste modelo se dá a partir de uma série de elementos, entre ele o domínio privado das sementes e a produção de agrotóxicos. Neste sentido, Bhopal ainda está presente.

A Union Carbide, responsável pela tragédia, cuja área até hoje não foi descontaminada, foi comprada pela Dow Chemical, que acaba de se fundir com a Dupont. Ainda em 2016, Monsanto e Bayer, e Syngenta e ChemChina comunicam suas fusões, tornando o mercado de agrotóxicos e sementes mais concentrado do que nunca.

Sofrem os trabalhadores da fábricas de veneno, agricultores forçados a aplicar agrotóxicos, camponeses pulverizados e a Humanidade com suas sementes roubadas e sabedoria tradicional destruída. Sofre a população mundial, com a monotonia alimentar, o veneno no seu prato, e a soberania alimentar cada vez mais distante.

No Brasil, o golpe sofrido este ano vem acelerar drasticamente a movimentação ruralista para retirada de direitos e flexibilização das leis. A extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário atingiu em cheio os avanços que vinham ocorrendo no campo de agroecologia, e o PL do Veneno pode ferir gravemente nosso Direito Humano à Alimentação Saudável, facilitando ainda mais o registro e uso de agrotóxicos no Brasil. Os transgênicos, mais do que nunca, estão sendo aprovados de forma quase instantânea pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

A resistência é nossa principal arma de luta. O desenvolvimento da agroecologia é um caminho sem volta, com ou sem apoio do governo, e a população já sabe disso. No campo legislativo, é urgente a implementação da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA), proposta por diversas organizações da sociedade. Ao mesmo tempo, entendemos como fundamental o trabalho que vem sendo realizado pelas organizações de base no desenvolvimento da reforma agrária e agroecologia.

No dia 3 de dezembro de 2016, a campanha foi para as ruas em várias cidades do Brasil, exigindo:

Não à PEC55 e nenhum direito a menos para nossa saúde e alimentação;

Suspensão da aprovação de sementes transgênicas;

Arquivamento do PL do Veneno (PL6299/2002); e

Implementação imediata da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos.

Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida é assinada por 198 organizações.

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Bancos de alimentos aproveitam o que será desperdiçado com quem precisa, explica coordenadora

Fonte: Ascom/Consea - Terça-feira, 06 de Dezembro de 2016 


Os bancos de alimentos, considerados fundamentais para combater a insegurança nutricional do país, são estruturas que consistem em retirar alimentos de onde há sobras e leva-los para quem não tem o que comer. A definição, simples e concisa, foi dada nesta terça-feira (29/11) por Kathleen Machado, coordenadora de Equipamentos Públicos de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA). 

A coordenadora falou sobre os avanços para a formação de uma rede para integrar bancos de alimentos, públicos ou não, que já estão em funcionamento ou sendo criados no Brasil. Segundo Kathleen, é importante conhecer e trocar experiências sobre as diferentes formas de trabalho de cada instituição, compartilhar os processos e, com isso, melhorar as políticas públicas. 

A palestra ocorreu durante a realização de várias reuniões das Comissões Permanentes do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), nesta terça-feira em Brasília. 

Trabalho das Comissões

Durante toda a tarde, as comissões se debruçaram sobre vários temas e propostas. A Comissão Permanente 5, por exemplo, que tem como tema Populações Negras e Povos e Comunidades Tradicionais, fez uma avaliação de sua atuação na gestão 2014-2016, que se encerra neste mês. 

Os integrantes da comissão também avaliaram os desafios para o próximo biênio e a necessidade de valorização do Sistema Alimentar dos Povos Tradicionais do Brasil. 

Outra comissão que atrai a atenção dos conselheiros foi a Comissão Permanente 3, que discutiu os processos do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), também conhecido como Compra Direta, prevê a compra de alimentos da agricultura familiar e a sua doação as entidades sociais que atendam pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional.

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Slow Food Brasil na linha de frente da defesa da biodiversidade

Fonte: Slow Food Brasil - Terça-feira, 06 de Dezembro de 2016 


Se há um país que respondeu com entusiasmo ao apelo lançado há cerca de um ano para relançar o projeto da Arca do Gosto e que indicou o maior número de produtos alimentares tradicionais em risco de extinção, esse país é o Brasil. Uma chuva de produtos caiu sobre a Arca, demonstrando um entusiasmo sem precedentes

Entre abril e julho deste ano, a rede brasileira indicou mais de 300 produtos para a Arca: essa urgência de assinalar a biodiversidade em risco é reflexo da ameaça constante que afeta as produções artesanais, a diversidade cultural e os ecossistemas naturais.

O patrimônio ecogastronômico brasileiro é imenso, fruto de uma biodiversidade extraordinária e de um vasto território, caracterizado por uma variedade de biomas (da Amazônia ao Cerrado, passando pela Mata Atlântica, o Pampa, o Pantanal e o Bioma Marinho), frutos espontâneos e cultivos autóctones sem igual, exceto nas migrações e cruzamentos realizados pela própria história do país.

Imenso, mas em risco. É o paradoxo desse país e a razão profunda dessa mobilização coletiva: a Floresta Amazônica, assim como o Cerrado, um dos maiores biomas do Brasil, todo ano perdem superfície devido ao desmatamento selvagem para dar lugar a hectares de monocultura de soja, destinada à produção de ração para criações intensivas. Mais de 50% da cobertura vegetal do Cerrado já desapareceu.

Quanto às produções artesanais, normas sanitárias extremamente rígidas e a padronização industrial penalizam os agricultores familiares e camponeses que resistem para defender a tradição dos queijos de leite cru, transmitida pelas comunidades de imigrantes europeus.

É por isso que o Slow Food Brasil está na linha de frente da defesa da biodiversidade. Como parte do projeto financiado pela SEAD – Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, coordenado pela Universidade Federal de Santa Caterina (UFSC) e no âmbito da parceria com o Slow Food Brasil e com a rede de universidades, entre as quais a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi realizado um trabalho de pesquisa liderado pelos Facilitadores regionais do Slow Food Brasil sobre os produtos indicados, para permitir o desenvolvimento da Arca do Gosto brasileira: em 2016, embarcaram 75 produtos novos!

Queijos tradicionais de leite cru; peixes capturados de forma artesanal, mas ameaçados pela sobrepesca industrial; frutas silvestres do Cerrado, da Mata Atlântica e da Amazônia que, há séculos, são parte integrante do patrimônio e da cultura alimentar das comunidades indígenas e dos povos tradicionais, mas que hoje estão desaparecendo de seu habitat: boa parte desses produtos foram presentes no Festival da Arca do Gosto, organizado pela segunda vez pela Coentro, agência de comunicação especializada em gastronomia, e o Slow Food Brasil, de 20 de outubro a 6 de novembro em São Paulo.

Durante o Festival, que aconteceu em São Paulo, agricultores familiares e cozinheiros da Aliança dos Cozinheiros no Brasil ofereceram ao público experiências únicas de degustação, piquenique e oficinas de educação do gosto à base de produtos da Arca do Gosto da região sudeste. Ouvir a história de um produto, tocá-lo, cheirá-lo, degustá-lo em todas as suas formas: que forma melhor para dar novo impulso à missão da Arca, para que os produtos indicados saiam do catálogo para valorizar e defender a diversidade de um território?

Você também pode se comprometer a proteger a biodiversidade e os produtos de sua região, ajudando o Slow Food a continuar o seu trabalho de forma independente.


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FAO: consumo e produção de leguminosas têm perdido espaço na América Latina

Fonte: ONU BR - Terça-feira, 06 de Dezembro de 2016 


Na América Latina e no Caribe, as leguminosas têm competido com cultivos mais comerciais e de exportação que ocupam áreas com melhores solos e de mais fácil irrigação, afirmou na semana passada (30) a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Segundo uma pesquisa feita pela FAO na região, nas últimas décadas a produção de leguminosas migrou para as regiões mais secas, o que gerou uma queda em seus rendimentos, competitividade, volumes produzidos e no número de produtores que as cultivam.

O consumo de leguminosas também diminuiu. Atualmente, existe certo estigma social, que associa esse alimento aos extratos mais pobres da sociedade, fato reforçado pela falta de educação e informação sobre benefícios alimentares e grande potencial agrícola.

“As novas gerações estão perdendo o conhecimento sobre as formas de produção, consumo e preparação de leguminosas. Trata-se de um tesouro latino-americano que está em risco”, disse Allan Hruska, da FAO, destacando a importância de defender os alimentos nativos e nutritivos frente à pressão comercial das comidas processadas na América Latina e no Caribe.

Durante este ano, a FAO trabalhou com governos e associações de produtores para revalorizar e reposicionar as leguminosas como alimentos estratégicos para a segurança alimentar e a superação da pobreza rural.

Tremoço: um tesouro nutricional, ambiental e estético

O governo do Equador e a FAO impulsionaram a pesquisa científica sobre o tremoço, uma leguminosa originária dos Andes, através de um simpósio regional em Quito, no Equador, na semana passada (1), com a participação de produtores e profissionais de Peru e Bolívia.

O cultivo do tremoço ocorre em diferentes sistemas de produção do Equador ao Chile e no nordeste da Argentina, já que tem alta tolerância a solos pobres, secas e baixas temperaturas, além de produzir flores de grande beleza e valor decorativo.

Junto a outros cultivos de origem andina, o tremoço teve um papel importante nos sistemas de produção andinos e na alimentação da população indígena antes da conquista espanhola.

Do ponto de vista agronômico, é reconhecido como uma das leguminosas mais eficientes na fixação do nitrogênio atmosférico — e, portanto, um dos melhores adubos verdes.

Na alimentação, o tremoço pode ser utilizado de diferentes formas, tanto em grão inteiro como processado em saladas e doces. Seu conteúdo nutricional inclui proteínas, fibras, cálcio, ferro, zinco e gorduras.

Agricultores familiares: guardiões das leguminosas

Segundo a FAO, os agricultores familiares são os que ainda preservam o saber e os costumes que os governos precisam para recuperar as leguminosas da região.

A agricultura familiar não perdeu o hábito de produzir leguminosas, mantendo redes de troca de sementes no nível dos produtores e práticas ancestrais de manejo, as quais requerem apoio estatal para continuar.

O clima em muitas partes da região possibilita a produção de leguminosas com qualidade e diversidade em pouco tempo, o que permite aos agricultores gerar renda de forma mais rápida.

As leguminosas têm um papel importante como uma alternativa produtiva para as regiões com terrenos marginais e de seca, permitindo a recuperação de solos degradados.

Graças à sua capacidade de adaptação a todo tipo de solos e à relativa falta de cuidados que requerem, as leguminosas são um insumo chave para os agricultores, já que como fixadoras de nitrogênio, aportam adubos verdes que permitem a recuperação e conservação dos solos.

As leguminosas contam também com uma grande diversidade genética e podem ser muito atraentes para os consumidores se estes tiverem a informação necessária, tornando necessário ampliar a divulgação de suas propriedades, preparações e benefícios nutricionais.

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Idec critica relatório da Anvisa sobre resíduos de agrotóxico em alimentos

Fonte: IDEC - Terça-feira, 06 de Dezembro de 2016 

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou, em 25 de novembro, o relatório que apresenta os resultados do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) de 2013 a 2015. Foram analisados mais de 12 mil amostras de 25 tipos de alimentos provenientes de todo o País. O último relatório do PARA havia sido divulgado em 2012. 

O Idec notou que neste ano os resultados foram apresentados de forma diferente dos anos anteriores, dificultando a comparação dos dados. Além disso, pela primeira vez, foi incluído o risco de intoxicação aguda, ou seja, o risco de ocorrerem problemas de saúde até 24 horas após a ingestão do alimento. “Tivemos de recalcular diversos resultados para chegar aos indicadores de irregularidades e podermos comparar com os resultados anteriores”, diz Mariana Garcia, nutricionista do Idec. 

Se a quantidade de resíduos de agrotóxicos em um alimento exceder o Limite Máximo de Resíduos (LMR) e/ou se houver resíduos de agrotóxicos não autorizados para aquele alimento, existe uma irregularidade. O relatório afirma que se há irregularidades, não necessariamente o consumidor estará em risco. “Doenças como câncer, distúrbios endócrinos, distúrbios neurológicos, malformações fetais, entre outros, são de natureza crônica. Portanto, não apresentar risco agudo não significa que o alimento não possa causar problemas à saúde. Dessa forma, o relatório pode confundir o consumidor”, critica Garcia. 

Principais resultados

Ao comparar os resultados atuais com os de 2012, o Idec constatou que as irregularidades permanecem preocupantes: o pimentão continua o mais “problemático”, com 89% das amostras irregulares (agrotóxicos acima do limite permitido e/ou proibido para essa cultura). Depois vem a abobrinha, com 78% (em 2012 eram 48%), e a uva, com 75% (em 2012 eram 29%). Já quando se considera apenas a presença de resíduos de agrotóxicos acima do LMR, o morango é o “campeão”, seguido do abacaxi e da uva. 

Outro resultado que merece ser destacado é o número de agrotóxicos diferentes presente em um mesmo alimento. Nas amostras de pimentão foram encontrados 88 tipos, nas de abobrinha, 78, e nas de uva, 72. Isso é muito preocupante, porque entre os agrotóxicos encontrados, muitos não são permitidos para o cultivo daquele alimento. E em todos os alimentos foram encontradas essas substâncias não autorizadas. O agrotóxico mais utilizado indevidamente foi o acefato, encontrado em 18 dos 25 alimentos testados. A própria Anvisa afirmou em 2009 que essa substância possui acentuada neurotoxicidade e que há suspeitas de que seja cancerígena, tanto que é proibido em vários países.

Orientações insuficientes

A Anvisa disponibilizou uma síntese do documento na qual orienta os consumidores a higienizar bem os alimentos com água corrente, escovinha ou uma bucha, sem mencionar, como fez na síntese do relatório anterior, que vários agrotóxicos penetram no interior das folhas e na polpa de frutas e hortaliças, de modo que a simples lavagem não é capaz de eliminá-los. “Essa orientação para higienização dos alimentos pode causar ao consumidor uma falsa impressão de segurança. Além disso, sentimos falta da recomendação do consumo de alimentos orgânicos, como já foi feita anteriormente”, diz Mariana Garcia. 

Medidas a serem tomadas

O Idec defende que é fundamental avançar no monitoramento do uso de agrotóxicos e na transparência na divulgação dos resultados do estudo para os consumidores, já que a maioria dos brasileiros os consome diariamente. O Ministério da Saúde lançou em setembro um relatório que confirma o uso ostensivo de agrotóxicos no Brasil e aponta que entre 2007 e 2013 houve um aumento desproporcional da comercialização em comparação com a área plantada. Os dados sugerem que houve uma intensificação na aplicação de agrotóxicos na produção e, consequentemente, maior risco de exposição de quem trabalha no campo e da contaminação do meio ambiente, da água e dos alimentos. “Além da transparência e da adoção de medidas para reduzir o uso de agrotóxicos no País, deve-se estimular os modelos alternativos, como a agroecologia e a produção orgânica, como é proposto no Projeto de Lei que institui a Política Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos, entregue recentemente, pela sociedade civil, à Câmara dos Deputados”, finaliza a nutricionista do Idec. 

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Movimentos repudiam recomendação da Anvisa sobre como tirar agrotóxicos dos alimentos

Fonte: Rute Pina para o Brasil de Fato - Terça-feira, 06 de Dezembro de 2016 


"Órgão afirma que, para reduzir os resíduos de defensivos, basta lavar a casca do alimento com água e uma escovinha"

Para diminuir níveis residuais de agrotóxicos, basta que o consumidor lave a casca do alimento com água corrente e uma escovinha ou bucha. Esta foi a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no novo relatório do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), divulgado na última sexta-feira (25).

Foram analisados mais de 12 mil amostras de 25 tipos de alimentos entre 2013 a 2015. O Para também concluiu que há "segurança alimentar aceitável" no Brasil— os dados indicam que apenas 1% dos alimentos analisados representa risco agudo à saúde.

Entretanto, as entidades que compõem a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos repudiaram, em nota, o novo relatório da agência. Para as organizações, o estudo apresenta "uma clara tentativa de ocultar os problemas causados pelos agrotóxicos no Brasil".

O professor de Engenharia Agrônoma da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coordenador do Grupo de Trabalho sobre Transgênicos e Agrotóxicos da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Leonardo Melgarejo, considerou a orientação da agência "assustadora".

"A maior parte dos venenos agrícolas não é utilizada para matar os insetos e as plantas pelo contato. Eles são produtos sistêmicos que matam através de circulação interna. Nestes casos, não se pode tirar estes produtos lavando a casca", disse.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) também publicou uma nota criticando o estudo. Para o órgão, a orientação para higienização dos alimentos pode causar ao consumidor uma falsa impressão de segurança. "Além disso, sentimos falta da recomendação do consumo de alimentos orgânicos, como já foi feita anteriormente”, disse Mariana Garcia, nutricionista do instituto .
Estudo viesado

O Idec ponderou ainda os resultados foram sistematizando de forma diferente de anos anteriores, o que dificulta a comparação dos dados.

Em 2010, o estudo apontava que em 37% dos alimentos não foram encontrados resíduos de agrotóxicos. Desde então, o consumo de agrotóxicos no Brasil subiu 11%, atingindo 914 mil toneladas em 2014. As intoxicações por defensivos agrícolas notificadas aumentaram em 17%, chegando a 4423 registros em 2014. Mas o novo relatório indica que apenas 1% destes alimentos representa risco agudo à saúde.

Segundo Melgarejo, a Anvisa supervaloriza os problemas agudos quando a maioria dos problemas acarretados pelos agrotóxicos são crônicos. Para ele, os resultados causam "estranheza" e são "surpreendentes", já que não foram adotadas práticas de diminuição do uso de pesticidas e outras substâncias químicas no País desde o último estudo.
Contraponto

O Ministério da Saúde lançou em setembro um relatório que confirma o uso ostensivo de agrotóxicos no Brasil e aponta que entre 2007 e 2013 houve um aumento desproporcional da comercialização em comparação com a área plantada. Os dados sugerem que houve uma intensificação na aplicação de agrotóxicos na produção e, consequentemente, maior risco de exposição de quem trabalha no campo e da contaminação do meio ambiente, da água e dos alimentos.

"Se não mudaram os métodos, a realidade não mudou, se o volume aplicado [de agrotóxicos] cresceu, como entender essa redução nos resultados identificados?", questiona o professor. "Se isso fosse um teste em uma universidade, um estudo de campo, nós pediríamos que os testes fossem repetidos", adicionou.

A Campanha Permanente contra os Agrotóxicos apontou também que o estudo não considerou os herbicidas glifosato e 2,4-D, que correspondem a mais da metade das substâncias usadas nas lavouras brasileiras, de acordo com dados do Ibama de 2014.
Motivações

O docente da UFSC disse que o relatório parece mais "marketing do agronegócio" do que um estudo de "uma equipe responsável por proteger a sociedade contra danos à saúde", e teme que episódios como este contribuam para a falta de confiança nas instituições públicas.

"A Anvisa é uma instituição importante. Ela perder credibilidade porque apresenta dados contraditórios com relação à sua história não é algo que nos agrada e não serve aos interesses da sociedade brasileira", afirmou.

Ele pontua que o episódio está em sincronia com inúmeras peças publicitárias que fazem campanha para excluir negócio da palavra agronegócio, e ocorre também no momento em que tramita o Projeto de Lei (PL) 3200/2015 na Câmara dos Deputados. De autoria de Covatti Filho (PP-RS), o texto pode substituir a palavra "agrotóxico" por "produtos fitossanitários".

"É uma série de coincidências que procuram beneficiar os interesses do agronegócio, e essa matéria da Anvisa, por gosto ou sem querer, contribui neste sentido", declarou.

O Idec propõe estimular os modelos alternativos, como a agroecologia e a produção orgânica, como é proposto no Projeto de Lei que institui a Política Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos, entregue recentemente pela sociedade civil à Câmara dos Deputados.

O Brasil de Fato questionou a agência sobre a metodologia da pesquisa e as críticas feitas pelas entidades. A assessoria de imprensa respondeu apenas que "a metodologia utilizada pela Anvisa é compatível com a de países de todo mundo e segue referência internacionais".
Dia de Luta Contra os Agrotóxicos

Nesta semana, as entidades realizam debates e atividades em todas as capitais e coordenadas internacionalmente para marcar o Dia Internacional de Luta Contra os Agrotóxicos neste sábado (3). Melgarejo explica que as campanhas pretendem dar visibilidade e conscientização a respeito dos riscos dos agrotóxicos.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, movimentos populares e entidades realizam, nesta sexta-feira (2), um “abraço ao Rio Gravataí”, na região metropolitana de Porto Alegre. O objetivo é chamar atenção para a Área de Preservação Ambiental (APA) Banhado Grande e pedir a prorrogação da medida que veta a pulverização de agrotóxicos em parte da área.
Origem da data

No dia 3 de dezembro de 1984, um acidente industrial de grandes proporções em Bhopal, na Índia, acarretou no vazamento de 40 toneladas de gás tóxico metil isocianato, químico utilizado na elaboração de um praguicida da Corporación Union Carbide, em uma zona densamente povoada. A principal causa do desastre foi negligência com a segurança.

Cerca de 30 mil pessoas morreram, 8 mil nos três primeiros dias. Aproximadamente 560 mil pessoas continuam com sequelas do acidente. Após a tragédia, a data foi estabelecida pela Pesticide Action Network (PAN) como o Dia Internacional de Luta Contra os Agrotóxicos.

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Alimento é Saúde | Entenda porque é necessário evitar alimentos ultraprocessados

Fonte: Redação - Saúde Popular - Quarta-feira, 07 de Dezembro de 2016 


Em setembro de 2015 a Organização Mundial da Saúde publicou o relatório Alimentos e bebidas ultraprocessados na América Latina: tendências, impacto sobre a obesidade e implicações para as políticas públicas.

Segundo a publicação, de 2000 a 2013, a venda per capita desses produtos, como biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerantes ou macarrão instantâneo, aumentou na América Latina e há uma associação direta com o aumento do peso corporal da população. Fabricados por grandes indústrias, estes produtos possuem níveis excessivos de ingredientes pouco saudáveis, como sal, açúcar e gorduras, além de conservantes e sabores e cores artificiais.

O Ministério da Saúde do Brasil recomenda evitar o consumo de alimentos ultraprocessados. Em geral, segundo o Ministério, eles “são muito pobres em fibras, vitaminas, minerais e outras substâncias com atividade biológica em função da ausência ou da presença limitada em sua formulação de alimentos in natura, ou minimamente processados, que naturalmente apresentam esses nutrientes”.

Neste ano, no Dia Mundial da Saúde, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde Carissa Etienne recomendou políticas de desincentivo ao consumo de alimentos ultraprocessados para combater a diabetes:

“Os governos têm um papel fundamental: tornar, através de políticas públicas, a opção saudável na opção mais fácil. Bons exemplos disto são: proibições de propaganda de ultra-processados para crianças; etiquetas nas embalagens para identificar facilmente alimentos não saudáveis; mais legumes e frutas na merenda escolar; maiores impostos para bebidas açucaradas, e garantir espaços para incentivar atividades físicas”

Além de diabetes, o consumo de ultra-processados favorece doenças do coração e vários tipos de câncer, e ainda contribui para aumentar o risco de deficiências nutricionais.

Outro problema apontado pelo Ministério é que “eles tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos naturais ou minimamente processados como frutas, verduras e água.


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ONU e agências internacionais de saúde vão promover compra de produtos de saúde sustentáveis

Fonte: OPAS/OMS - Sexta-feira, 09 de Dezembro de 2016 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) se uniu nesta quarta-feira (7) a outras agências internacionais na assinatura de uma declaração de intenção para alinhar e tornar mais “verde” a compra de commodities (produtos) de saúde, em um esforço para proteger o meio ambiente e contribuir para o desenvolvimento sustentável.

"Precisamos garantir que, quando as organizações internacionais forem adquirir commodities de saúde, nós promoveremos padrões de consumo e produção responsáveis e apoiaremos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", afirmou Margaret Chan, Diretora-Geral da OMS, ao assinar a declaração conjunta na sede da OMS em Genebra.

A OMS e suas agências irmãs da ONU adquirem coletivamente cerca de US$ 3 bilhões em commodities a cada ano. Agências da ONU adquirem quantidades significativas de terapias antirretrovirais genéricas, medicamentos anti-malária e mosquiteiros impregnados com inseticidas, medicamentos contra a tuberculose e preservativos, bem como determinadas vacinas. Outros produtos de saúde adquiridos são equipamentos médicos e de laboratório e consumíveis.

O novo acordo envia uma mensagem importante aos fornecedores e fabricantes de commodities de saúde, a de que os compradores estão cada vez mais à procura de produtos de origem ambiental e social, particularmente aqueles dentro do setor de desenvolvimento de saúde internacional.

A OMS e os outros signatários concordaram em refletir sobre esse compromisso comum para avançar na aquisição ambiental e socialmente responsável como parte de seu compromisso padrão com fornecedores e fabricantes. Também o incluirão em suas estratégias e políticas institucionais.

Também estavam presentes na cerimônia Mark Dybul, diretor-executivo do Fundo Global; Aurélia Nguyen, diretora de Política e Formação de Mercado da GAVI; Jan Dusik, chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente na Europa; Maria Luisa Silva, diretora do Escritório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Genebra; e Marilena Viviani, diretora do escritório de ligação do UNICEF em Genebra. UNITAID, Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS) foram outras organizações signatárias.

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Unicef incentiva informação nutricional na parte frente do rótulo

Fonte: IDEC - Sexta-feira, 09 de Dezembro de 2016 


O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Instituto Nacional de Saúde Pública do México (INSP) divulgaram em novembro um relatório defendendo a implementação da rotulagem nutricional na parte da frente da embalagem de alimentos para facilitar a compreensão do consumidor e prevenir a obesidade em crianças e adolescentes. 

O IDEC apoia a iniciativa e defende que ela seja incluída nas normas de rotulagem nutricional no Brasil, em revisão pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O relatório contempla uma análise feita pelas organizações com mais de dois mil produtos alimentícios em quatro países da América Latina (Argentina, Chile, Costa Rica e México). A pesquisa constatou que 49% dos alimentos continham pelo menos uma alegação nutricional (uma frase no rótulo que destaca características positivas do produto) e 21% tinham personagens infantis. 

Cereais matinais e produtos lácteos, que contêm grande quantidade de açúcar, foram os que mais utilizam alegações nutricionais positivas, com 70% e 73%, respectivamente, de acordo com o levantamento. 

Para as entidades, a rotulagem de alimentos e bebidas ultraprocessados dirigidos a crianças e adolescentes deveria enfatizar os nutrientes que contribuem para o excesso de peso e para doenças crônicas não-transmissíveis, como açúcares adicionados, gorduras, sódio e energia.

Além disso, elas defendem que os países devem regular os diferentes elementos da embalagem que podem influenciar na escolha de um produto, como personagens, alegações e ofertas promocionais.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, a prevalência de sobrepeso e obesidade infantil na América Latina é de 25% em crianças e adolescentes. “A promoção e publicidade de alimentos e bebidas contribuem significativamente para o aumento da obesidade nessa faixa etária e para o desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis na idade adulta”, destaca Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec.

Melhorias no rótulo

As organizações também avaliaram a preferência dos consumidores entre modelos diferentes de apresentação da informação nutricional do rótulo. O relatório aponta que mais de 95% dos entrevistados com menor escolaridade preferiram o sistema de “semáforo”, que indica por meio de cores o teor de nutrientes críticos para a saúde (açúcar, sódio e gorduras).

Durante os meses de junho e julho deste ano, o Idec realizou uma pesquisa semelhante com consumidores brasileiros que apontou que 93,3% apoiavam a proposta de rotulagem frontal, e 71,2% dos consumidores preferiram o sistema de “semáforo”, em relação aos outros.

O Idec defende que a revisão das normas de rotulagem de alimentos seja realizada o mais rápido possível, e apoia a adoção de informações frontais que destaquem os riscos que o alimento oferece à saúde. “O Brasil precisa avançar urgentemente na revisão das normas de rotulagem nutricional para que essa informação possa de fato ser utilizada para a promoção da alimentação adequada e saudável”, afirma Bortoletto.

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Prato Cheio: Doação de Alimentos x Segurança de Alimentos

Fonte: Daniele Parra - Food Safety Brasil - Terça-feira, 13 de Dezembro de 2016 

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Nós do Blog Food Safety Brazil tivemos a oportunidade e o prazer de entrevistar a Presidente da Associação Prato Cheio, Dafna Kann, e conhecer um pouco mais sobre o trabalho dessa Associação, bem como conhecer quais são os cuidados e medidas tomadas com relação à doação de alimentos x segurança de alimentos.

Qual é a atuação da Associação Prato Cheio?

A base de atuação da Associação Prato Cheio (APC) é a Rota Solidária. A rota consiste em identificar locais em que ocorra frequentemente o desperdício de alimentos, instituições que tenham carência de alimentos e fazer esta ponta. A ideia é fazer uma ponta entre quem tem para doar e quem precisa receber.

Quando foi fundada a Associação Prato Cheio?

A APC foi fundada em 2001.

Como nasceu a ideia de fundar a Associação?

A ideia nasceu no mercado municipal de São Paulo, quando uma de nossas diretoras identificou que aos sábado o desperdício de alimentos era muito grande, pois o mercado fechava aos domingos e todos os alimentos que não “aguentariam” até a segunda-feira eram jogados fora.

Quais são os alimentos ou tipo de alimentos que podem ser doados para a Associação?

O maior volume de arrecadação é de Frutas, verduras e legumes, mas também recebemos produtos não perecíveis próximos a data de validade, pães e produtos de panificação.

Como é a logística entre o doador e o receptor da doação?

A APC cuida de toda a logística fazendo o contato e a coleta dos alimentos para na sequência entrega-los às instituições.

Como a Associação atua com relação à segurança dos alimentos que são doados, desde o armazenamento no local do doador até o consumo pelas pessoas que receberão os alimentos doados, uma vez que a legislação sanitária permite a doação de alimentos classificados como “sobras” desde que tenham sido elaborados conforme o estabelecido pelas legislações vigentes de boas práticas de fabricação?

Todo o trabalho é acompanhado por uma equipe de nutrição. Os motoristas e auxiliares que fazem a logística são treinados periodicamente, assim como as responsáveis pelas instituições.

Mensalmente as cozinheiras das instituições participam de cursos dados na Faculdade de Saúde Pública da USP, pela equipe de nutrição da APC, para elas aprenderem como se deve usar os alimentos e também os controles de qualidades a serem implantados em suas cozinhas.

No caso de haver um produto ou uma suspeita de um produto potencialmente inseguro a ser doado, quais são as tratativas adotadas pela Associação?

Caso o produto não seja seguro nós não fazemos a arrecadação.

Vocês possuem tratativas implementadas para gerenciar e evitar sabotagens, como, por exemplo, no caso do receptor da doação sabotar o produto doado?

As Frutas, verduras e legumes são doados sempre in natura e a instituição precisa higieniza-las ou cozinha-las para poder usar.

Os produtos industrializados muitas vezes são doados sem as embalagens originais para evitar que se conheça a origem do alimento.

Além disso temos contrato com todas as instituições garantindo que elas se comprometam com a manipulação adequada dos produtos doados.

Quem quiser doar alimentos para a Associação Prato Cheio, como deve proceder?

Para doação de alimentos basta falar com a Claudia através do nosso telefone ou no e-mail nutrição@pratocheio.org.br. Ou através do nosso site.

Quem quiser ser um voluntário da Associação Prato Cheio, como deve proceder?

Para ser voluntário propomos apoio nas seguintes ações listadas na página de voluntários do nosso site.

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Brasília implementa horta pública para moradores de rua cultivarem alimentos e ervas medicinais

Fonte: Razões Para Acreditar - Quarta-feira, 14 de Dezembro de 2016 


Já ouviu falar no projeto Equinócios: Atividades em Comunidade? Criado em Brasília, ele realiza uma série de atividades com moradores em situação de rua – como oficinas de agroecologia, fotografia, arte urbana circo e música.

A iniciativa é um sucesso por lá, mas segundo a equipe do projeto a queridinha dos sem-teto é a oficina de agroecologia. Isso porque, segundo eles, graças à produção orgânica, “temos hoje ervas medicinais, aromáticas e comestíveis para oferecer a essa população”.

A horta fica no Centro Pop, um centro público de especialização que atende a população em situação de rua em Brasília, e recebe ajuda financeira da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura desde 2014.

Mas, como os recursos estão em escassez, foi criada uma campanha de financiamento coletivo no Catarse para dar continuidade às atividades com os moradores em situação de rua. Curte a ideia? Ajude-a! Assista ao vídeo e conheça mais sobre a iniciativa.

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Estudo mostra que obesidade atinge quase 9% dos adolescentes

Fonte: Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil - Quinta-feira, 15 de Dezembro de 2016 


A obesidade atinge cerca de 8,6% dos jovens entre 12 e 17 anos, sendo maior entre os meninos (9,2%) do que entre as meninas (7,8%). A hipertensão atinge 9,6% dos jovens – a maior parte deles é menino. Já o excesso de peso (soma do sobrepeso com a obesidade) chega a 25,4% dos jovens, dos quais 25,2% são meninas e 25,8% são meninos. A conclusão é do Estudo de Risco Cardiovascular em Adolescentes (Erica) apresentado hoje no 2º Simpósio Internacional em Epidemiologia Cardiovascular, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Segundo uma das coordenadoras do estudo, Katia Vergetti Bloch, o estudo foi feito com alunos da rede pública e privada em municípios com mais de 100 mil habitantes para traçar um perfil do risco cardiovascular desses adolescentes. Alguns dados do estudo que começou a ser feito em 2013 já foram publicados em revistas especializadas.

“A literatura mostra cada vez mais a necessidade de prevenir o desenvolvimento da doença cardiovascular em estágios bem precoces, que tem muito mais impacto do que prevenir mais tarde, porque todos sabemos que é difícil mudar os hábitos já estabelecidos na vida adulta, que perder peso é difícil, que parar de fumar é difícil. Então queremos mostrar que o adolescente não é esse ser saudável em fase de conturbações emocionais. Tem muita coisa que está se construindo e que precisa ser vista com atenção do ponto de vista de saúde pública”.

Adoçantes

A coordenadora do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa) no Rio Grande do Sul, Maria Inês Schmidt, alertou ainda para uma novidade no campo das pesquisas que indica que o uso de adoçantes artificias para pessoas com peso normal pode não ser saudável para a prevenção de ganho de peso. “O uso desses adoçantes está associado a aumento de diabetes e de obesidade. Há uma grande reflexão no momento sobre o que fazer. Se a pessoa já tem diabetes ou já é obesa, talvez tenha fundamento usar o adoçante, mas para pessoas saudáveis ainda não seria justificado”.

A pesquisa mostrou também que o consumo do café está associado a menores chances de desenvolver diabetes. “Isso já é bem conhecido e os dados do Elsa apoiam essa posição . Se é o café que faz bem ou alguma coisa associada ao café, nós ainda não sabemos, Ainda não sabemos porque, mas é um dado bem concreto e bem consistente em termos de prevenção”, disse Maria Inês.

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Banco Mundial ajuda 40 mil agricultores de Santa Catarina a aumentar produtividade

Fonte: ONU BR - Sexta-feira, 16 de Dezembro de 2016 


Em Santa Catarina, 40 mil pequenos agricultores são atendidos por uma parceria entre o governo do estado e o Banco Mundial. Os beneficiários recebem capacitação para aumentar a produtividade dos negócios. Iniciativa também promove a inserção dos alimentos desses fazendeiros nos mercados regionais. Entre os produtores participantes, 4,8 mil são indígenas e 1,3 mil são jovens.

A agência da ONU lembra que, no mundo, 70% das pessoas pobres trabalham no campo. O cenário exige mais investimentos e políticas para retirar essa população da miséria.

Criada há 30 anos, a iniciativa SC Rural é resultado de uma cooperação entre as autoridades públicas e o Banco Mundial. O organismo financeiro considera o projeto uma experiência de sucesso, capaz de indicar caminhos de desenvolvimento para a agricultura em outras partes do mundo.

Uma recente avaliação de impacto revelou que, em cinco anos, a renda dos catarinenses atendidos pelo programa aumentou 118%, enquanto a dos agricultores não beneficiados subiu 56%. O números são fruto de uma combinação de investimentos, que se dividem entre a formação da juventude campesina e de novos empreendedores no campo e a melhoria da infraestrutura estadual.

Capacitação

Com o que aprendeu em oito meses num curso para jovens agricultores, Adriano Heerdt conseguiu aumentar a produção de leite, diminuir o custo, melhorar as pastagens e resolver alguns problemas de saúde das vacas de que cuida.

A capacitação, oferecida pelo SC Rural, combina aulas com atividades práticas, no campo, para levar informações de confiança a um público que nem sempre tem acesso a educação formal, televisão ou internet.

“Fui aplicando as técnicas que me ensinavam e via que dava certo. Hoje, cada vez mais procuro me aperfeiçoar porque tudo dá retorno para a gente”, conta Adriano.

O Banco Mundial aponta que o conhecimento sobre as melhores práticas produtivas, bem como o acesso a novas tecnologias e oportunidades de mercado são elementos-chave para que agricultores familiares possam competir no mercado de alimentos e aumentar a renda.

“Em Santa Catarina, o foco deixou de ser somente em produção agrícola e passou a incluir o agronegócio (ou seja, produção e processamento) e os jovens rurais. Isso deveria ser uma estratégia a seguir no resto do Brasil e no mundo em desenvolvimento”, comenta o economista do organismo financeiro, Diego Arias.

Juventude no campo

Atualmente, 9,6 milhões de jovens entre 15 e 29 anos vivem da agricultura nos 20 países latino-americanos. Somente no Brasil, eles somam 2,3 milhões. O total regional caiu 20% na última década, segundo o estudo Juventude Rural e Emprego Decente na América Latina, publicado este ano pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

O documento explica que, embora pareça haver um “fenômeno de jovens empreendedores rurais que conseguem fazer um negócio decolar”, tal conquista não é fácil e esbarra nas dificuldades de infraestrutura do campo. Uma das iniciativas apontadas como necessárias são incentivos na forma de programas de orientação e financiamento para a juventude.

No SC Rural, foi exatamente esse apoio que Jaqueline Grapiglia, de 25 anos, encontrou para expandir os negócios da família. Quando o pai conseguiu montar uma padaria em casa por meio do programa, a jovem viu a oportunidade de voltar para o campo.

Formada em administração e pós-graduada em gestão estratégica, ela também fez o curso de empreendedorismo para jovens, que financia as melhores ideias elaboradas pelos alunos. Como projeto final, criou uma loja de quitutes e agora sonha em abrir um café colonial. “O agricultor só vai ficar no campo se tiver perfil para empreender”, aposta Jaqueline.

Simplicidade inovadora

O Banco Mundial lembra que, com tecnologias simples, já dá para aumentar o rendimento, ter um produto de melhor qualidade, trabalhar menos tempo e poupar a saúde dos agricultores. Novas ferramentas, como radares e drones, também ajudam fazendeiros a enfrentar as mudanças climáticas e poupar recursos naturais.

Esses utensílios de ponta já são utilizados por grandes produtores, mas ainda são uma realidade distante para a agricultura familiar. Para reverter esse cenário, Santa Catarina criou o Núcleo de Inovação Tecnológica para Agricultura Familiar, organismo que cria pontes entre camponeses e startups locais para levar tecnologia ao campo a preço e escala acessíveis.

“Meu sonho é ver o pessoal usando a nossa tecnologia, que é nacional e nasceu na universidade”, comenta o diretor-executivo da Q Prime Engenharia, Vitor Miranda. A empresa foi criada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Atualmente, a companhia está adaptando para os pequenos produtores catarinenses uma máquina de secagem de alimentos, muito usada para erva-mate e outras. O equipamento deixa o produto mais homogêneo e economiza energia. “Como é complicado chegar até os agricultores porque é muita gente espalhada pelo estado, o SC Rural pode facilitar esse contato”, conclui Miranda.

Acesso a mercados

Quando Andreia Colle e o marido tiveram de fechar o próprio aviário por não terem condições de cumprir as exigências da grande empresa para a qual vendiam, encontraram no SC Rural a chance de recomeçar com um trabalho mais rentável.

Com apoio do programa, estruturaram e equiparam uma pequena agroindústria de embutidos de porco, de onde saem salames, torresmos, lombos e outros produtos oferecidos tanto no comércio local quanto na merenda escolar das escolas públicas.

Nos últimos quatro anos, também fizeram cursos que, segundo Andreia, ajudaram os Colle a encontrar seu público-alvo, produzir com mais qualidade e a gerenciar o negócio de forma profissional. O próximo desafio é aumentar a quantidade de pontos de venda, mas sem perder de vista o jeito colonial dos itens produzidos pela família.

Outro tema importante na discussão sobre acesso a mercados são os desafios da infraestrutura local. O SC Rural melhorou 400km de trechos de estradas rurais para que os agricultores possam escoar a produção com mais facilidade, além de aprimorar também as telecomunicações do campo.

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