Agricultura familiar e reforma agrária são os maiores produtores de orgânicos no Brasil

Fonte: RBA - Segunda-feira, 27 de Março de 2017 


São Paulo – Agricultores familiares e assentados da reforma agrária são os dois principais grupos responsáveis pelo aumento da produção de alimentos orgânicos no Brasil, que neste ano deve ultrapassar os 750 mil hectares registrados em 2016. Segundo a Coordenação de Agroecologia (Coagre) da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no ano passado foram registradas 15,7 mil unidades com plantio orgânico no país, mais do que o dobro das 6,7 mil computadas em 2013.

“Os assentados da reforma agrária têm uma clara preferência em incentivar a produção orgânica. A ideia deles é produzir alimento com qualidade e preço acessível, não é uma visão elitista”, afirma Suiá Kafure da Rocha, especialista em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead). Segundo ela, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está para se tornar o maior produtor de orgânicos do país, tendo como companhia a agricultura familiar. “O perfil dos agricultores familiares se encaixa com a agricultura orgânica. Junto com os assentados, são os dois pilares da revolução orgânica, é o público que mais produz.”

Criado em 2013, o Cadastro Nacional de Agricultores Orgânicos (CNPO) conta com cerca de 15 mil produtores inscritos, sendo quase 80% deles classificados como agricultores familiares. O sistema, entretanto, não permitir diferenciar quais são ligados a assentamentos da reforma agrária. “O cadastro dos produtores melhorou o acesso às informações sobre o número existente. Muitos agricultores vinham num processo de transição e adequação para a produção orgânica e agroecológica, e o aumento no número foi consequência do alcance do objetivo”, avalia a agrônoma Inês Claudete Burg, vice-presidente Regional Sul da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA).

Além dos assentados e dos agricultores familiares, completam o perfil dos produtores de alimentos orgânicos no Brasil os integrantes de ecovilas, normalmente formadas por jovens urbanos que vão para o meio rural, e a agricultura urbana e periurbana, desenvolvida por grupos que promovem hortas urbanas. Os diferentes perfis são unidos pelo desejo da alimentação saudável, combinada com uma visão de mundo comum. “Há também o discurso de voltar à terra, contra a semente transgênica e a agricultura industrializada, uma produção muito diferente do agronegócio, que é de monocultura, degrada a terra e os recursos naturais”, explica Suiá da Rocha.

De acordo com a Coagre, a região Sudeste é a que mais produz alimentos orgânicos, totalizando 333 mil hectares e 2.729 registros de produtores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO). Na sequência estão as regiões Norte (158 mil hectares), Nordeste (118,4 mil), Centro-Oeste (101,8 mil) e Sul (37,6 mil). 

As razões do crescimento

Na opinião da especialista em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), a explicação do grande aumento da produção de alimentos orgânicos no Brasil é consequência de uma série de ações, sendo a principal a preocupação com a alimentação saudável. “O principal fator é a saúde, tanto do trabalhador rural quanto dos consumidores. Do trabalhador, pelo uso de agrotóxicos; para os produtores, há esse estímulo, e os consumidores também passaram a ter uma desconfiança dos alimentos produzidos de modo tradicional e que causam uma série de doenças”, afirma Suiá da Rocha.

Para a agrônoma Inês Claudete Burg, o aumento é fruto de um longo trabalho, tanto em relação à prestação de assistência técnica especializada, como também às conquistas de políticas públicas que incentivam a produção orgânica e agroecológica. “Os consumidores de forma geral têm sido alertados da importância do consumo de alimentos produzidos em sistemas orgânicos e agroecológicos, pelos benefícios à saúde e ao meio ambiente, contribuindo assim com o aumento do consumo e da demanda na produção e diversificação da oferta”, explica a agrônoma.

A lei 10.831/2003, sancionada ainda no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, regulamenta a produção orgânica no país. A partir da lei, diversas ações começaram a ser colocadas em prática para estimular a produção de alimentos orgânicos, como a criação, em 2007, do Sistema Brasileiro de Avaliação da Agricultura Orgânica e, principalmente, a instituição da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo), em 2012, já no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff.

No ano seguinte, o lançamento do 1º Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo 2013-2015) investiu cerca de R$ 2,5 bilhões, com 125 ações e beneficiando em torno de 600 mil agricultores. “O Plano é a concretização de muita luta e representa a articulação das diversas frentes que trabalham com a produção agroecológica e orgânica no país”, afirma a representante da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA).

Atualmente, está em execução o 2º Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, que abrangerá o período de 2016 a 2019, com programas e ações que tem como objetivo contribuir para o aumento da oferta. A meta é alcançar até um milhão de produtores agroecológicos, com assistência técnica e extensão rural.

“Os consumidores a cada dia têm mais preocupação com a qualidade de vida e uma alimentação saudável”, analisa Suiá da Rocha, destacando a relação entre oferta e demanda, responsável por existir hoje em torno de 600 feiras semanais de produtos orgânicos no país todo, além da maior entrada dos alimentos nos mercados. “Existem várias formas de comercialização, esse produto não fica parado, inclusive falta mais oferta, porque a demanda é muito grande.”

Compra garantida

Além do crescimento das feiras e do aumento das vendas nos mercados, os grandes incentivos à produção de alimento orgânico no Brasil são o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Ambos consistem em sistemas de compras institucionais do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDS) e os produtos orgânicos podem ter um acréscimo de até 30% em seu valor. O PAA é exclusivo para agricultores familiares, enquanto no Pnae esse índice é de 30%. “São programas que privilegiam a agricultura familiar e, portanto, a produção de base agroecológica”, explica Suiá da Rocha, especialista em políticas públicas e gestão governamental da Sead. “É a garantia da venda. Esses produtos vão para bancos de alimentos e pessoas com insegurança alimentar, tendo como destino creches, orfanatos, asilos, restaurantes populares.”

Apesar da importância dos dois programas no estímulo à produção de alimento orgânico no Brasil, o governo de Michel Temer efetuou um corte de 30% no orçamento de ambos para 2017, em comparação com o orçamento de 2016. “É uma pena que o PAA tenha tido um corte de 30% na lei orçamentária desse ano”, avalia Suiá da Rocha, lembrando que já havia ocorrido corte em 2015, mas o de agora foi superior. Antes de 2015, o valor investido vinha sendo maior a cada ano.

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quinta-feira, 30 de março de 2017

Does Vitamin D decrease risk of cancer?

Date: March 28, 2017

Source: Creighton University

Summary:
In a new study, women who were given vitamin D3 and calcium supplements had 30% lower risk of cancer than women taking placebos. The difference did not quite reach statistical significance. However, in further analyses, blood levels of vitamin D were significantly lower in women who developed cancer during the study than in those who remained healthy.

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Curcumina e curcuminoides

Texto:  Juliana Tomas
Farmacêutica, formada pela FMU e especialista em em plantas medicinais pela Faculdades Oswaldo Cruz


A Curcuma longa L. pertence à família Zingiberaceae. Originária da Índia, é utilizada há milhares de anos por povos da Antiguidade na alimentação e para a cura de enfermidades. A raiz desta planta é usada amplamente pela medicina Ayurvédica, por suas propriedades digestivas, auxiliando em processos inflamatórios e imunológicos, bem como em cicatrizações ou em alergias do sistema respiratório. Atualmente, está sendo muito estudada também como antimicrobiana, anticarcinogênica e antimalárica. 1, 2

O rizoma desta espécie é mais comumente utilizado desidratado e moído. Seu pó é denominado turmérico e utilizado em outras aplicações além das medicinais. O corante extraído deste pó visa à substituição de corantes artificiais em preparações alimentícias, além de seu óleo poder ser utilizado como flavorizante.3

O extrato turmérico ou oleoresina contém compostos fenólicos denominados curcuminoides. O composto majoritário deste extrato é a curcumina, seguido da desmetoxi-curcumina e a bis-desmetoxi curcumina. Um dos grandes problemas para a utilização em alimentos e na produção farmacêutica é sua baixa solubilidade em água. A alternativa encontrada por pesquisadores é a técnica de microencapsulação utilizando carboidratos como a maltodextrina, o amido modificado e a goma arábica.4
Figura 1 Estrutura química dos pigmentos curcuminóides da Curcuma longa L.5

A ação antimicrobiana se deve principalmente aos componentes presentes no óleo volátil extraído do rizoma, no qual foram identificados limoneno, borneol e ar-tumerona.5 Já as propriedades anti-inflamatórias e antitumorais se devem aos curcuminoides, em especial a curcumina.6, 7, 8

Todas estas atividades biológicas dos compostos turméricos, porém, esbarram na sua biodisponibilidade. Além de possuir a baixa solubilidade em água dificultando sua absorção, os compostos sofrem metabolização de primeira passagem quando administrados por via oral, sendo que seus metabólitos não são bioativos. Uma das soluções para isto seria a administração intravenosa ou intraperitoneal.1

A cúrcuma e seus derivados há muito tempo utilizados tradicionalmente, vem também sendo amplamente estudado para fins medicinais e demonstra potencial promissor no desenvolvimento de novos medicamentos para diversos males.

Referências:

1- SUETH-SANTIAGO, Vitor et al . Curcumina, o pó dourado do açafrão-da-terra: introspecções sobre química e atividades biológicas. Quím. Nova, São Paulo , v. 38, n. 4, p. 538-552, May 2015 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422015000400538&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.5935/0100-4042.20150035.

2- SOUZA, Cyleni R. A.; GLORIA, Maria Beatriz Abreu. Chemical analysis of turmeric from Minas Gerais, Brazil and comparison of methods for flavour free oleoresin. Braz. arch. biol. technol., Curitiba , v. 41, n. 2, 1998 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-89131998000200008&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-89131998000200008.

3- CECILIO FILHO, Arthur Bernardes et al . Cúrcuma: planta medicinal, condimentar e de outros usos potenciais. Cienc. Rural, Santa Maria , v. 30, n. 1, p. 171-177, Mar. 2000 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782000000100028&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782000000100028.

4- CANO-HIGUITA, Diana Maria; VELEZ, Harvey Alexander Villa; TELIS, Vania Regina Nicoletti. Microencapsulation of turmeric oleoresin in binary and ternary blends of gum arabic, maltodextrin and modified starch. Ciênc. agrotec., Lavras , v. 39, n. 2, p. 173-182, Apr. 2015 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-70542015000200173&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-70542015000200009.

5- PERET-ALMEIDA, Lúcia et al . Atividade antimicrobiana in vitro do rizoma em pó, dos pigmentos curcuminóides e dos óleos e dos essenciais da Curcuma longa L. Ciênc. agrotec., Lavras , v. 32, n. 3, p. 875-881, June 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-70542008000300026&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-70542008000300026.

6- CARNEIRO, Marcella Lemos Brettas et al . Morphological alterations and G0/G1 cell cycle arrest induced by curcumin in human SK-MEL-37 melanoma cells. Braz. arch. biol. technol., Curitiba , v. 53, n. 2, p. 343-352, Apr. 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-89132010000200013&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-89132010000200013.

7- PIANTINO, Camila B. et al . An evaluation of the anti-neoplastic activity of curcumin in prostate cancer cell lines. Int. braz j urol., Rio de Janeiro , v. 35, n. 3, p. 354-361, June 2009 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-55382009000300012&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1677-55382009000300012.

8- GONCALVES, Gisele Mara Silva et al . Use of Curcuma longa in cosmetics: extraction of curcuminoid pigments, development of formulations, and in vitro skin permeation studies. Braz. J. Pharm. Sci., São Paulo , v. 50, n. 4, p. 885-893, Dec. 2014 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-82502014000400885&lng=en&nrm=iso>. access on 08 Feb. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1984-82502014000400024.

Vitamin D, calcium supplementation among older women does not significantly reduce risk of cancer, study finds

Date: March 28, 2017

Source: The JAMA Network Journals

Summary:
Among healthy postmenopausal women, supplementation with vitamin D3 and calcium compared with placebo did not result in a significantly lower risk of cancer after four years, according to a study.

Among healthy postmenopausal women, supplementation with vitamin D3 and calcium compared with placebo did not result in a significantly lower risk of cancer after four years, according to a study published by JAMA.

About 40 percent of the U.S. population will have a cancer diagnosis at some point during their lives. Evidence suggests that low vitamin D status may increase the risk of cancer, and considerable interest exists in the potential role of vitamin D for prevention of cancer. Joan Lappe, Ph.D., R.N., of the Creighton University Schools of Nursing and Medicine, Omaha, and colleagues randomly assigned 2,303 healthy postmenopausal women 55 years or older (average age, 65 years) to the treatment group (n=1,156; 2,000 IU/d of vitamin D3 and 1,500 mg/d of calcium) or to the placebo group (n=1,147). Duration of treatment was four years. The researchers examined the incidence of all-type cancer (excluding nonmelanoma skin cancers).

A new diagnosis of cancer was confirmed in 109 participants, 45 (3.89 percent) in the vitamin D3 + calcium group and 64 (5.58 percent) in the placebo group (difference, 1.69 percent). Incidence over four years was 0.042 in the treatment group and 0.060 in the placebo group. There was no statistically significant difference between the treatment groups in incidence of breast cancer.

Adverse events potentially related to the study included kidney stones (16 participants in the treatment group and 10 in the placebo group) and elevated serum calcium levels (six in the treatment group and two in the placebo group).

The authors write that one explanation for lack of statistically significant differences between the treatment groups in all-type cancer incidence is that the study group had higher baseline vitamin D (serum 25-hydroxyvitamin D) levels compared with the U.S. population.

"Further research is necessary to assess the possible role of vitamin D in cancer prevention."

Story Source:

Materials provided by The JAMA Network Journals. Note: Content may be edited for style and length.

Journal References:
Joan Lappe, Patrice Watson, Dianne Travers-Gustafson, Robert Recker, Cedric Garland, Edward Gorham, Keith Baggerly, Sharon L. McDonnell. Effect of Vitamin D and Calcium Supplementation on Cancer Incidence in Older Women. JAMA, 2017; 317 (12): 1234 DOI: 10.1001/jama.2017.2115
JoAnn E. Manson, Shari S. Bassuk, Julie E. Buring. Vitamin D, Calcium, and Cancer. JAMA, 2017; 317 (12): 1217 DOI: 10.1001/jama.2017.2155

Cite This Page:
The JAMA Network Journals. "Vitamin D, calcium supplementation among older women does not significantly reduce risk of cancer, study finds." ScienceDaily. ScienceDaily, 28 March 2017. <www.sciencedaily.com/releases/2017/03/170328145246.htm>.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Plantas e usos tradicionais nas memórias de hoje

https://issuu.com/casapovoilha/docs/plantas_e_usos_tradicionaisnas_mem_rias_de_hoje

Pesquisa confirma ação farmacológica da própolis orgânica brasileira

09/03/2017

Própolis produzida no Sul tem substâncias com ação anti-inflamatória, antioxidante, antibacteriana e até anticancerígena
As 78 amostras de própolis utilizadas na pesquisa foram coletadas em apiários no sul do Paraná e norte de Santa Catarina – Foto: Wikimedia Commons

Além do seu sabor suave e alto valor comercial, a própolis orgânica produzida no sul do País possui propriedades químicas com potencial farmacológico para várias doenças. As substâncias agem como anti-inflamatório, antioxidante, antibacteriano e até como anticancerígeno. Estas foram as conclusões de um estudo de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba, feito em apiários no sul do Paraná e norte de Santa Catarina.

A qualidade da própolis produzida pelas abelhas varia de acordo com a origem botânica. No Brasil, já foram classificadas pelo menos 13 variantes. Para serem consideradas orgânicas, as flores, brotos e cascas de onde são coletadas as substâncias devem respeitar a ordem natural de produção, sem adição de agrotóxicos ou pesticidas. As 78 amostras utilizadas na pesquisa foram obtidas em áreas de preservação permanente e zonas de reflorestamento, o que garantiu que a própolis estivesse livre de agentes poluidores, de pesticidas, fertilizantes e metais pesados, conforme avaliação de certificadoras nacionais e internacionais.
Abelha operária (Apis mellifera) coletando própolis verde de alecrim-do-campo (Baccharis dracunculifolia) – Foto: Michel Stórquio Belmiro via Wikimedia Commons

Em laboratório, as amostras foram agrupadas em sete perfis químicos. Segundo o engenheiro agrônomo Severino Matias Alencar, professor associado da Esalq e orientador de Ana Paula Tiveron, que coordenou a pesquisa, todas as variantes apresentaram “alto poder sequestrante contra espécies reativas de oxigênio” — substâncias químicas que, quando presentes em excesso no organismo, causam diversos problemas às células humanas, resultando no desenvolvimento de várias doenças como as neurodegenerativas, cânceres, anemia, isquemia, além de oxidação da LDL (o mau colesterol ).

A pesquisa demonstrou também a eficácia da própolis como anti-inflamatória e antibacteriana. O composto apresentou ação contra diversos tipos de micro-organismos: o Streptococcus mutans e S. sobrinus — agentes associados ao desenvolvimento da cárie; o Streptococcus oralis — que induz ao surgimento da placa bacteriana e à endocardite (doença infecciosa do coração); o S. aureus — que pode causar acne, furúnculos, celulite e doenças graves como meningite e pneumonias; e o Pseudomonas aeruginosa — patogênico oportunista associado às infecções hospitalares.
Severino Alencar, orientador da pesquisa. A novidade deste trabalho foi encontrar propriedades farmacológicas importantes também na própolis orgânica brasileira – Foto: Gerhard Waller/Esalq

De acordo com Alencar, diferentemente da própolis europeia, rica em flavonoides, a própolis brasileira é caracterizada pela presença de derivados de ácido cinâmico prenilado, que possui atividade sequestrante de radicais livres e significativa ação anti-inflamatória e antimicrobiana. A novidade deste trabalho foi encontrar propriedades farmacológicas importantes na própolis orgânica brasileira, que não só se destaca pela suavidade mas também por seu alto valor econômico.

Exportação

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de própolis, exportando anualmente cerca de 160 toneladas, perdendo apenas para a China. O consumo de produtos orgânicos, além de fazer bem à saúde, incentiva produtores rurais a manterem boas práticas agrícolas para preservação ambiental, utilizando de forma responsável o solo, a água, o ar e demais recursos naturais.
Pesquisa investigou a eficácia anti-inflamatória e antibacteriana da própolis – Foto: Epukas via Wikimedia Commons

“O estudo também traz outros benefícios, como a garantia de patentes brasileiras com a geração de conhecimento em instituições nacionais”, lembra o engenheiro agrônomo. Há uma estimativa de que 44% das patentes mundiais com própolis tenham sido depositadas pelos japoneses, que importam cerca de 80% da própolis brasileira para consumo interno. Embora o Brasil seja um dos maiores produtores, possui um reduzido número de patentes concedidas em relação aos trabalhos publicados. A pesquisa feita na Esalq foi desenvolvida em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), MG.

Em novembro de 2016, o assunto Os benefícios farmacológicos da própolis orgânica produzida no sul do Brasil foi tema de um artigo publicado em revista científica internacional, a Plos One, da Public Library of Science, EUA. Assinaram o texto Ana Paula Tiveron, Severino Matias de Alencar e outros pesquisadores. Chemical Characterization and Antioxidant, antimicrobial, and anti-inflammatory activities of South Brasilian Organis Propolis.

Mais informações: e-mail smalencar@usp.br, com Severino Matias Alencar

Link:
http://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-agrarias/pesquisa-confirma-propriedades-farmacologicas-da-propolis-organica-brasileira/