Salsinha como alimento funcional

Texto:
Elisa Akemi Yokoyama - Acadêmica de Nutrição - UNITAU
Marcos Roberto Furlan - Engenheiro Agrônomo - Professor Universitário
 

Alimentos funcionais, de acordo com o Ministério da Saúde (1), "são alimentos ou ingredientes que produzem efeitos benéficos à saúde, além de suas funções nutricionais básicas", e são caracterizados "por oferecer vários benefícios à saúde, além do valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas degenerativas, como câncer e diabetes, dentre outras."

De origem europeia, a salsinha, Petroselinum crispus, é considerada um alimento funcional, pois fornece nutrientes para o organismo humano e previne doenças, como as relacionadas ao aparelho urinário. Seu uso mais comum é na culinária, como condimento.

Seus usos medicinais ocorrem desde a antiguidade, como, por exemplo, por gregos e romanos. A espécie era usada principalmente como diurética. E com pesquisas mais atuais, demonstrou que também possui potencial como antimicrobiana e antioxidante.

Do ponto de vista nutricional e de acordo com a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (2), a salsinha se destaca nos seguintes nutrientes: 117 mg de cálcio, 51,7 mg de Vitamina C, 3,2 mg de ferro e 711 mg de potássio por 100 gramas de parte comestível. É importante ressaltar que possui 1743 μg de equivalente retinol e 872 μg de equivalente de atividade de retinol.

Os alimentos de origem vegetal são um grupo de compostos, conhecidos como carotenoides, fontes indiretas de vitamina A, contendo carotenoides pró-vitamina A. Após serem consumidos são convertidos em vitamina A (moléculas lipossolúveis). No organismo uma das formas ativas desta vitamina é o Retinol. (3)
 
Apesar de existirem vários carotenoides antioxidantes nos alimentos, apenas alguns possuem atividade de vitamina A significativa, pois dependem da absorção e conversão em retinol. 
 
O fígado desempenha papel importante no armazenamento da vitamina A. O retinol no fígado possui três destinos: I. Ao ser ligado a proteína celular fixadora de retinol (CRBP) controlando concentrações livres de retinol que podem ser tóxicas. II. Pode ser armazenado em 50 a 80% no fígado. III. Ligado a proteína transtirretina, o retinol deixa o fígado e vai para a corrente sanguínea sendo transportado para os tecidos periféricos (3).

A vitamina A possui papel essencial no auxílio da função visual, crescimento, desenvolvimento, funções imunológicas e reprodutivas.

Na Referência de Ingestão Diária (DRI), a Ingestão Diária Recomendada (RDA) de vitamina A para adultos, dependendo do sexo, é de RDA= 700 - 900 RAE /dia. A quantidade de atividade de retinol encontrada na salsinha consegue suprir a RDA de vitamina A (retinol)/dia, em 100 gramas de parte comestível.

1. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/220_alimentos_funcionais.html

2. http://www.unicamp.br/nepa/taco/

3. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia / L. Kathleen Mahan, Sylvia Escott – Stump, Janice L. Raymond – Rio de Janeiro, 2012.

Resenha do artigo: Radicais livres e os principais antioxidantes da dieta

Resenha:


Leticia Tiemi Saito - Nutricionista - tiemi.le@gmail.com
Marcos Roberto Furlan - Engenheiro Agrônomo

Alimentos funcionais são aqueles que previnem doenças e fornecem nutrientes. Uma das principais justificativas para a prevenção de doenças é a presença de antioxidantes que combatem os radicais livres.

Na excelente revisão realizada por Bianchi e Antunes (1999), os autores explicam como e onde ocorrem a formação dos radicais livres no organismo e como são controlados pelos antioxidantes.

De acordo com os autores, os radicais livres são moléculas altamente instáveis, que podem danificar diversas substâncias (proteínas, lipídeos, carboidratos e DNA), e por este motivo, precisam ser inativadas permanentemente. Quando nós temos um desbalanço entre os níveis de radicais livres presentes no organismo e os mecanismos antioxidantes, nós temos o que chamamos de estresse oxidativo, responsável por ocasionar dano celular.

Os antioxidantes vão agir impedindo a formação dos radicais livres, interceptando-os ou reparando os danos causados. 

Os principais antioxidantes indicados pelos autores são: 

- vitamina C e E (presentes na laranja, morango, abacate, acerola, inibindo peroxidação lipídica e conferindo proteção à membrana de DNA). 

- vitamina A tem papel protetor contra tumores, está amplamente presente nos alimentos ricos em beta caroteno, como o mamão e a cenoura. 

- ácido elágico (presente na uva, morango e nozes, prevenção contra cânceres relacionados ao tabagismo) 

- curcumina (presente na cúrcuma, inibe peroxidação lipídica e confere proteção ao dano celular)

- epicatequina e epigalocatequina (presentes no chá verde e preto, inibidores do processo de carcinogênese)

- minerais como zinco, cobre e selênio também são importantes para um sistema antioxidante eficaz

Ou seja, uma dieta rica em antioxidantes reduz o risco de desenvolvimento de diversas doenças.

Referência
BIANCHI, Maria de Lourdes Pires and ANTUNES, Lusânia Maria Greggi. Radicais livres e os principais antioxidantes da dieta. Rev. Nutr. [online]. 1999, vol.12, n.2 [cited 2017-08-15], pp.123-130. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52731999000200001&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1678-9865. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52731999000200001.