Sobre a importância dos quintais, cada vez mais desaparecidos e, com isso, as nossas raízes também.
sábado, 25 de agosto de 2018
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
Abricó possui ação antioxidante?
Texto: Engenheiros agrônomos Beatriz Garrido Boffette e Marcos Roberto Furlan
As regiões Norte e Nordeste do Brasil são ricas em frutíferas nativas e também receberam outras introduzidas de outros estados ou de diferentes, como o abricozeiro. Esta espécie ficou tão famosa na região, que acabou recebendo o nome abricó-do-pará, o que gera confusão, assim como o coco-da-bahia, que é asiático.
O abricozeiro pertence à família Clusiaceae e possui a denominação científica Mammea americana. Cavalcante (1991) observa que foi introduzido na Amazônia Brasileira no início do século XIX, sendo inicialmente cultivado no Jardim Botânico da capital da Província do Pará para ser utilizado na arborização de ruas. Segundo o autor, somente em 1980 surgiram os primeiros pomares da frutífera.
Os frutos do abricozeiro possuem formato de drupas globosas e volumosas. Possuem até 18 cm de diâmetro, peso com até 1,0 kg e com uma a quatro sementes. A sua casca é rugosa, com cor pardo-alaranjada, A parte comestível é uma polpa brilhante e fibrosa, com coloração alaranjada e aroma perfumado. Pode ser consumido cru e também como conservas, doces e pastas.
Pesquisa relacionada ao seu potencial antioxidante
Os radicais livres, moléculas altamente instáveis, quando em excesso podem danificar diversas substâncias (proteínas, lipídeos, carboidratos e DNA), e por este motivo, precisam ser inativadas por meio de antioxidantes.
Muitas frutas nativas são consideradas como fornecedoras de substâncias com ação antioxidante. Quanto ao abricó, Vasconcelos (2015) verificou que o abricó possui quantidade significativa de ácidos graxos insaturados e de tocoferóis, contudo demonstra reduzida capacidade antioxidante, dependendo do método, e baixo teor de compostos fenólicos.
https://en.wikipedia.org/wiki/Mammea_americana
Referências
CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. 5.ed. Belém: CEJUP, 1991.
VASCONCELOS, P. S. P. M. Compostos bioativos do abricó (Mammea americana), fruta da região amazônica brasileira. 2015. 143 f. Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015.
Unha-de-gato combate efeitos da obesidade em camundongos
22/08/2018
Extrato de planta amazônica melhora sensibilidade à insulina e reduz inflamação em modelo animal
A Uncaria tormentosa é um cipó que cresce em florestas tropicais e tem propriedades anti-inflamatórias – Foto: Vangeliq.petrova via Wikimedia Commons – CC
Uma pesquisa realizada pelo grupo da professora Carla Carvalho, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, mostrou que o consumo de extrato da planta amazônica unha-de-gato (Uncaria tormentosa) melhora os sintomas da obesidade em camundongos. O trabalho, que faz parte da tese doutoral da pesquisadora Layanne Araújo, foi publicado na revista Scientific Reports.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o número de pessoas com obesidade no mundo tem quase triplicado desde 1975, atingindo os 650 milhões no ano 2016. Hoje em dia a obesidade é responsável por mais mortes do que a desnutrição ou os acidentes de trânsito.
Além dos próprios efeitos prejudiciais para a saúde, como o entupimento dos vasos sanguíneos, a obesidade também está estreitamente ligada ao desenvolvimento de duas outras condições patológicas: a diabetes de tipo 2 e a resistência à insulina – o hormônio que regula o uso de nutrientes pelas células do organismo após as refeições.
Embora os especialistas concordem em que a melhor forma de combater a obesidade é a prevenção, existe uma grande demanda por tratamentos que melhorem a saúde e qualidade de vida das pessoas que já padecem obesidade. Porém, as drogas que existem atualmente no mercado são poucas e apresentam efeitos colaterais.
Com esse cenário na cabeça, a professora Carla Carvalho voltou-se para a Renisus, a lista de fitoterápicos – plantas com propriedades terapêuticas – aprovados pelo SUS, na procura de alguma planta que pudesse.
“É conhecido que o diabetes tipo 2, associado à obesidade, tem como base uma condição inflamatória subclínica (sem apresentar sintomas). A ideia então foi muito simples: usar um anti-inflamatório dos fitoterápicos da lista e ver se ele poderia ter algum efeito na resistência à ação da insulina associada a obesidade”, explica.
O fitoterápico escolhido foi a unha-de-gato (Uncaria tormentosa), um cipó presente em florestas tropicais. Considerada uma erva medicinal por algumas populações tradicionais, já era sabido que a unha-de-gato contém substâncias com propriedades anti-inflamatórias. Porém, ninguém tinha estudado ainda os seus efeitos na obesidade.
Camundongos obesos
O extrato de unha-de-gato foi testado em dois modelos de obesidade em camundongos. No primeiro, camundongos comuns de laboratório foram alimentados com uma dieta gordurenta durante 12 semanas, de forma a produzir animais obesos. No segundo caso foram utilizados os chamados camundongos ob/ob, que possuem uma mutação no gene responsável pela produção da leptina, um hormônio que inibe a fome. Ao carecer de leptina, os camundongos ob/ob estão sempre famintos, comem em excesso e ficam obesos poucas semanas após nascer, mesmo com uma dieta normal.
Cinco dias de consumo do extrato de unha-de-gato foram suficientes para que alguns efeitos positivos fossem detectáveis, especialmente no caso dos camundongos sujeitos à dieta gordurenta. Dentre outras coisas, quando a dieta gordurenta foi acompanhada do extrato de unha-de-gato, os animais engordaram menos apesar de ingerir a mesma quantidade de comida. Além disso, o consumo de unha-de-gato também melhorou a sensibilidade à insulina nesses animais. No caso dos camundongos ob/ob, o tratamento com unha-de-gato não alterou o peso dos animais e teve um efeito menor sobre os parâmetros relacionados à insulina. Porém, em ambos modelos o tratamento produziu grandes melhorias no fígado, principal órgão metabólico do organismo. Tanto a inflamação como o acúmulo de gordura (esteatose), dois efeitos caraterísticos da obesidade no fígado, foram reduzidos após o tratamento.
“A Uncaria, por só cinco dias nos animais, foi capaz de transformar uma esteato-hepatite incipiente em uma esteatose sem inflamação. Diminui o grau da doença gordurosa hepática”, explica a professora Carla.
O grupo está agora à procura de colaboradores para poder levar esses resultados para um contexto clínico em humanos.
Mais informações: e-mail croc@icb.usp.br, com a professora Carla Carvalho
Link:
quarta-feira, 22 de agosto de 2018
Cannabinoid improves survival rates of mice with pancreatic cancer
Date: July 30, 2018 Source: Queen Mary University of London Summary: Mice with pancreatic cancer that were treated with a naturally occurring constituent of medicinal cannabis alongside chemotherapy, survived almost three times longer than those treated with chemotherapy alone, a new study reports.
Mice with pancreatic cancer that were treated with a naturally occurring constituent of medicinal cannabis alongside chemotherapy, survived almost three times longer than those treated with chemotherapy alone, a new study reports.
The study is published in the journal Oncogene and was led by Queen Mary University of London and Curtin University, Australia. It tested the impact of the cannabinoid Cannabidiol (CBD) on the use of the commonly used chemotherapy medication Gemcitabine as a treatment for pancreatic cancer in mice.
Each year around 9,800 people in the UK are diagnosed with pancreatic cancer. The disease is particularly aggressive and has one of the lowest survival rate of all cancers.
Lead researcher Professor Marco Falasca from Queen Mary University of London said: "This is a remarkable result. We found that mice with pancreatic cancer survived nearly three times longer if a constituent of medicinal cannabis was added to their chemotherapy treatment.
"Cannabidiol is already approved for use in clinics, which means we can quickly go on to test this in human clinical trials. If we can reproduce these effects in humans, cannabidiol could be in use in cancer clinics almost immediately, compared to having to wait for authorities to approve a new drug.
"The life expectancy for pancreatic cancer patients has barely changed in the last 40 years because there are very few, and mostly only palliative care, treatments available. Given the five-year survival rate for people with pancreatic cancer is less than seven per cent, the discovery of new treatments and therapeutic strategies is urgently needed."
The cannabinoid CBD does not cause psychoactive effects, as opposed to tetrahydrocannabinol (THC) -- the cannabinoid known to cause the psychoactive effects in cannabis. As such, CBD is already cleared for use in the clinic, and does not face the same challenges as products including cannabis oil, which contain controlled substances such as THC.
The researchers add that CBD is also known to improve the side effects of chemotherapy, including nausea, diarrhea, vomiting, meaning it could also improve the quality of life of patients undergoing chemotherapy.
The research was supported by the UK charity Pancreatic Cancer Research Fund and the Avner Pancreatic Cancer Foundation and also involved researchers from The Beatson Institute for Cancer Research in Scotland.
The study only looked at the effect of this treatment in mice, and clinical trials in humans are needed to confirm whether or not CBD improves survival rates of pancreatic cancer patients.
Story Source:
Materials provided by Queen Mary University of London. Note: Content may be edited for style and length.
Journal Reference:
R. Ferro, A. Adamska, R. Lattanzio, I. Mavrommati, C. E. Edling, S. A. Arifin, C. A. Fyffe, G. Sala, L. Sacchetto, G. Chiorino, V. De Laurenzi, M. Piantelli, O. J. Sansom, T. Maffucci, M. Falasca. GPR55 signalling promotes proliferation of pancreatic cancer cells and tumour growth in mice, and its inhibition increases effects of gemcitabine. Oncogene, 2018; DOI: 10.1038/s41388-018-0390-1
Cite This Page:
Queen Mary University of London. "Cannabinoid improves survival rates of mice with pancreatic cancer." ScienceDaily. ScienceDaily, 30 July 2018. <www.sciencedaily.com/releases/2018/07/180730160618.htm>.
Using mushrooms as a prebiotic may help improve glucose regulation
Date: August 16, 2018 Source: Penn State Summary: Eating white button mushrooms can create subtle shifts in the microbial community in the gut, which could improve the regulation of glucose in the liver, according to a team of researchers. They also suggest that better understanding this connection between mushrooms and gut microbes in mice could one day pave the way for new diabetes treatments and prevention strategies for people.
Eating white button mushrooms can create subtle shifts in the microbial community in the gut, which could improve the regulation of glucose in the liver, according to a team of researchers. They also suggest that better understanding this connection between mushrooms and gut microbes in mice could one day pave the way for new diabetes treatments and prevention strategies for people.
In the study, the researchers showed that feeding white button mushrooms to mice changed the composition of gut microbes -- microbiota -- to produce more short chain fatty acids, specifically propionate from succinate, according to Margherita T. Cantorna, Distinguished Professor of Molecular Immunology in Penn State's College of Agricultural Sciences. Previous research has shown that succinate and propionate can change the expression of genes needed to manage glucose production, she said.
"Managing glucose better has implications for diabetes, as well as other metabolic diseases," said Cantorna.
Normally glucose is provided from the food people eat. Insulin moves glucose out of the blood and into the cells. Diabetes occurs when either there is not enough insulin or the insulin that is made is not effective, resulting in high blood glucose levels.
Diabetes and pre-diabetes contribute to severe life threatening diseases including heart disease and stroke. According to the Centers for Disease Control, 100 million Americans have diabetes or pre-diabetes in 2017.
The researchers, who reported their findings in a recent issue of the Journal of Functional Foods, available online now, used two types of mice in the study. One group
of mice had microbiota, the other group did not have microbiota and were germ-free mice.
"You can compare the mice with the microbiota with the germ-free mice to get an idea of the contributions of the microbiota," said Cantorna. "There were big differences in the kinds of metabolites we found in the gastrointestinal tract, as well as in the liver and serum, of the animals fed mushrooms that had microbiota than the ones that didn't."
The researchers fed the mice about a daily serving size of the mushrooms. For humans, a daily serving size would be about 3 ounces.
According to the researchers, consuming the mushrooms can set off a chain reaction among the gut bacteria, expanding the population of Prevotella, a bacteria that produces propionate and succinate, said Cantorna. These acids can change the expression of genes that are key to the pathway between the brain and the gut that helps manage the production of glucose, or gluconeogenesis.
According to the researchers, the mushrooms, in this case, serve as a prebiotic, which is a substance that feeds beneficial bacteria that are already existing in the gut. Probiotics are live beneficial bacteria that are introduced into the digestive system.
Beyond the possible beneficial benefits of mushrooms as a prebiotic, Cantorna said that this study also shows more evidence that there is a tight connection between diet and microbiota.
"It's pretty clear that almost any change you make to the diet, changes the microbiota," said Cantorna.
Cantorna said that the study was done with lean mice, but they are interested in what the reaction would be in obese mice. Eventually, the team would like to see how this works in obese mice and, eventually, in humans, she added.
Story Source:
Materials provided by Penn State. Note: Content may be edited for style and length.
Journal Reference:
Yuan Tian, Robert G. Nichols, Pratiti Roy, Wei Gui, Philip B. Smith, Jingtao Zhang, Yangding Lin, Veronika Weaver, Jingwei Cai, Andrew D. Patterson, Margherita T. Cantorna. Prebiotic effects of white button mushroom ( Agaricus bisporus ) feeding on succinate and intestinal gluconeogenesis in C57BL/6 mice. Journal of Functional Foods, 2018; 45: 223 DOI: 10.1016/j.jff.2018.04.008
Cite This Page:
Penn State. "Using mushrooms as a prebiotic may help improve glucose regulation." ScienceDaily. ScienceDaily, 16 August 2018. <www.sciencedaily.com/releases/2018/08/180816105524.htm>.
Living close to urban green spaces is associated with a decreased risk of breast cancer
Residential proximity to agricultural areas is associated with an increased risk of breast cancer, study shows
Date: August 21, 2018 Source: Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal) Summary: A new study examines the relationship between exposure to green spaces and breast cancer. The study, which analyzed data from more than 3,600 women in Spain, concluded that the risk of breast cancer was lower in the women who lived closer to urban green spaces, like parks or gardens.
An increasing number of studies are reporting health benefits of contact with urban green spaces. A new study from the Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal), an institute supported by the "la Caixa" Banking Foundation, has examined, for the first time, the relationship between exposure to green spaces and breast cancer. The study, which analysed data from more than 3,600 women in Spain, concluded that the risk of breast cancer was lower in the women who lived closer to urban green spaces, like parks or gardens.
Previous research has identified an association between contact with green spaces and several health benefits, including better general and mental health and increased life expectancy. In the older population, contact with green spaces has recently been linked with slower cognitive decline. In children, exposure to greenness has been associated with improvements in attention capacity, behaviour, emotional development, and even beneficial structural changes in the brain. To date, few studies have focused on the relationship between exposure to natural green spaces and the risk of cancer, more specifically breast cancer, the most common malignant disease among women and the one that causes the most cancer deaths in the female population. The new study, published in the International Journal of Hygiene and Environmental Health, was carried out in the framework of the Spanish multicase-control study (MCC-Spain), co-financed by the CIBER of Epidemiology and Public Health (CIBERESP). The authors collected and analysed data from 1,738 patients with breast cancer and 1,900 participants with no history of the disease living in ten Spanish provinces (Asturias, Barcelona, Cantabria, Girona, Guipuzcoa, Huelva, Leon, Madrid, Navarre and Valencia).
Data on lifetime residential history, socio-economic level, lifestyle factors and levels of physical activity were obtained during interviews with each one of the participants. Information on proximity to urban green spaces or agricultural areas, air pollution levels, and population density was obtained by geo-codding the residential address of each participants.
The first author of the study, ISGlobal researcher Cristina O'Callaghan-Gordo, explains, "We found a reduced risk of breast cancer among women living in closer to urban green spaces. By contrast, women living closer to agricultural areas, had a risk higher. This findings suggests, that the association between green space and a risk of breast cancer is dependent on the land use."
Mark Nieuwenhuijsen, the study coordinator and Director of ISGlobal's Urban Planning, Environment and Health Initiative, goes on to explain that the researchers "found a linear correlation between distance from green spaces and breast cancer risk. In other words, the risk of breast cancer in the population declines, the closer their residence is to an urban green space. These findings highlight the importance of natural spaces for our health and show why green spaces are an essential component of our urban environment, not just in the form of isolated areas but as a connective network linking the whole urban area and benefitting all its inhabitants."
"We still don't know which characteristics of natural spaces are the most beneficial and nor do we understand the mechanisms underpinning these beneficial health impacts," explains ISGlobal researcher Manolis Kogevinas, coordinator of the MCC-Spain project. "Other studies have shown that the mechanisms that might explain the health benefits of green spaces include higher levels of physical activity in the population and a reduction in air pollution, an environmental hazard clearly linked to the onset of cancer. However, we did not observe these associations. We believe that other mechanisms -- including lower levels of stress among people living close to green spaces -- could play a role, but more research is needed to confirm this hypothesis," he adds. The results of earlier studies have suggested that the association between a higher risk of breast cancer and residential proximity to agricultural land may be due to the use of pesticides. O'Callaghan-Gordo concludes: "We didn't analyse levels of exposure to agrochemicals in our study, but they should be taken into account in future research to provide more insight into the mechanism underlying this negative association."
Story Source:
Materials provided by Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal). Note: Content may be edited for style and length.
Journal Reference:
Cristina O'Callaghan-Gordo, Manolis Kogevinas, Marta Cirach, Gemma Castaño-Vinyals, Nuria Aragonés, Josu Delfrade, Tania Fernández-Villa, Pilar Amiano, Trinidad Dierssen-Sotos, Adonina Tardon, Rocio Capelo, Rosana Peiró-Perez, Víctor Moreno, Aina Roca-Barceló, Beatriz Perez-Gomez, Juana Vidan, Antonio José Molina, Madalen Oribe, Esther Gràcia-Lavedan, Ana Espinosa, Antònia Valentin, Marina Pollán, Mark J. Nieuwenhuijsen. Residential proximity to green spaces and breast cancer risk: The multicase-control study in Spain (MCC-Spain). International Journal of Hygiene and Environmental Health, 2018; DOI: 10.1016/j.ijheh.2018.07.014
Cite This Page:
Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal). "Living close to urban green spaces is associated with a decreased risk of breast cancer: Residential proximity to agricultural areas is associated with an increased risk of breast cancer, study shows." ScienceDaily. ScienceDaily, 21 August 2018. <www.sciencedaily.com/releases/2018/08/180821094308.htm>.
A switch to turn fragrances on and off
Key to mass-producing beneficial plant compounds
Date: August 21, 2018 Source: Salk Institute Summary: Scientists have discovered the switch in plants that turns off production of terpenoids -- carbon-rich compounds that play roles in plant physiology and are used by humans in everything from fragrances and flavorings to biofuels and pharmaceuticals.
Salk Institute and Purdue University scientists have discovered the switch in plants that turns off production of terpenoids -- carbon-rich compounds that play roles in plant physiology and are used by humans in everything from fragrances and flavorings to biofuels and pharmaceuticals.
Credit: Salk Institute
Plant terpenoids are found in nutritional supplements, natural insecticides, and drugs used to treat malaria and cancer. The chemotherapy drug Taxol, which is used to treat breast, ovarian, lung, bladder and prostate cancers, is a plant terpenoid. But plants often make them in such low quantities that extracting them for such uses is costly and often impractical.
The findings were reported in the journal Nature Plants on August 20, 2018.
"Several years ago my laboratory discovered a new enzyme found in all plants called isopentenyl phosphate kinase (IPK) that regulates the ebb and flow of living, carbon-based molecules called terpenoids. As is often the case in science, we first unraveled the role of this enzyme in completely different organisms, bacteria and a very ancient group of life called Archaea," says Professor Joseph P. Noel, director of Salk's Jack H. Skirball Center for Biology and Proteomics, Howard Hughes Medical Institute investigator and the paper's co-corresponding author. "By elucidating the three-dimensional structure and chemistry of this enzyme reported in ACS Chemical Biology and eLife in 2010 and 2013, respectively, we revealed that a previously unknown gene found in all plants encoded the very same enzyme as originally discovered in microbes."
Because terpenoids use up considerable amounts of carbon and energy in plants, it had been recognized that their formation must be under tight control so that they are produced only when important for the bacterium or plant hosts.
For the paper, the Noel lab teamed up with the laboratory of co-corresponding author Natalia Dudareva, Purdue distinguished professor in the Department of Biochemistry and researcher in the Purdue Center for Plant Biology, to unravel how plants switch on and off metabolic pathways controlling the ebb and flow of terpenoid production by regulating the availability of their chemical starting materials.
The Salk-Purdue team had earlier determined how plants turn on terpenoid production, but having an understanding of both the "on" and "off" -- the yin and yang switches -- as well as the bottlenecks for flux are essential for understanding and ultimately tuning up terpenoid yield.
"This is important basic knowledge that opens new targets for engineering of terpenoid metabolic pathways," says Dudareva. "Plants produce these compounds already, but the amounts are small. It might have taken hundreds or thousands of plants to get enough of a compound to use it for something like a pharmaceutical. This new set of unanticipated discoveries will lead to faster, more efficient ways way to obtain sufficient amounts of these products for the benefit of humans."
IPKs convert chemical pools of inert monophosphate terpenoid building blocks into readily used diphosphate building blocks. Using a multipronged approach that includes structural biology, biochemistry, plant genetics and synthetic biology, the research team determined that two Nudix enzymes were the missing links responsible for the removal of a phosphate group to return the active terpenoid diphosphates back to the inert pool of terpenoid monophosphates.
"The Nudix hydrolase family of enzymes are conserved in all organisms, yet their biological roles are largely undefined. Here we uncover an unexpected and new function for members of this family in plants," remarks co-first author Suzanne Thomas, a postdoctoral researcher in the Noel lab.
"We have shown that IPK and Nudix are working together to regulate downstream terpenoid product formation," says co-first author Laura Henry, a recent doctoral graduate of Dudareva's lab who is now an analytical chemist for Heritage Research Group. "Some of these products may be toxic to the plants if the plants make too much of them. This is how the plants regulates their output."
Other authors included Joshua R. Widhalm, Joseph H. Lynch, Thomas C. Davis and Sharon A. Kessler of Purdue; and Jörg Bohlmann of the University of British Columbia.
The work was funded by the USDA National Institute of Food and Agriculture, Purdue University, the Howard Hughes Medical Institute and the Arthur and Julie Woodrow Chair at the Salk Institute.
Story Source:
Materials provided by Salk Institute. Note: Content may be edited for style and length.
Journal Reference:
Laura K. Henry, Suzanne T. Thomas, Joshua R. Widhalm, Joseph H. Lynch, Thomas C. Davis, Sharon A. Kessler, Jörg Bohlmann, Joseph P. Noel, Natalia Dudareva. Contribution of isopentenyl phosphate to plant terpenoid metabolism. Nature Plants, 2018; DOI: 10.1038/s41477-018-0220-z
Cite This Page: Salk Institute. "A switch to turn fragrances on and off: Key to mass-producing beneficial plant compounds." ScienceDaily. ScienceDaily, 21 August 2018. <www.sciencedaily.com/releases/2018/08/180821185242.htm>.
terça-feira, 21 de agosto de 2018
Sobre a pirâmide alimentar - 3 (http://outraspalavras.net)
Texto completo: http://outraspalavras.net/ojoioeotrigo/2018/08/apos-26-anos-de-trabalho-piramide-dos-alimentos-nao-quer-se-aposentar/
Após 26 anos de trabalho, pirâmide dos alimentos não quer se aposentar
Texto: João Peres
Reformulação
Depois daquele estudo, o USDA decidiu reformular a pirâmide. E a emenda saiu pior que o soneto. Os pesquisadores haviam alertado: só com uma campanha muito forte de informação a pirâmide poderia se tornar um instrumento útil. O que o Departamento de Agricultura fez foi criar uma página na qual você poderia entrar, colocar seus dados e receber uma orientação nutricional individualizada. A situação só se complicou.
Não faltaram pesquisadores gritando: “Parem as máquinas! A pirâmide já fez muitos estragos.”
– Carol S. Johnston, professora de Nutrição da Universidade do Arizona, afirmou já em 2005 que a pirâmide revisada continuava a não diferenciar gorduras saturadas de insaturadas, e não alertava que o excesso de carboidratos é nocivo. Para ela, sem uma mudança nas políticas agrícolas, a pirâmide não teria como dar conta da epidemia de obesidade.
– Meir J. Stampfer e Walter C. Willett, professores de Saúde Pública de Harvard, consideram um erro ter acreditadoque as pessoas fariam por conta própria uma diferenciação de tipos de gordura e avaliam que a adoção de uma fórmula genérica se mostrou altamente problemática. A nova pirâmide continuava a dar pouca atenção ao açúcar e aos refrigerantes, e não fazia distinção entre as carnes. Além disso, era “imprudente” continuar recomendando um alto consumo de lácteos. Por fim, cobraram que o USDA deixasse de fazer orientações nutricionais oficiais, que deveriam ser repassadas a algum órgão menos sujeito a pressões econômicas.
– O cardiologista Sylvan Lee Weinberg, que era do Hospital do Coração de Daytona, nos EUA, defendeu em artigo de 2014 que é tempo de parar com a recomendação de uma dieta alta em carboidrato. Para ele, a pirâmide pode ter desempenhado um papel negativo na epidemia de obesidade e doenças crônicas.
– Um grupo de pesquisadores da Universidade de Boston e da Escola de Saúde Pública de Harvard comparou a aplicação prática das pirâmides de 1992 e de 2005. A conclusão é de que o ícone revisado funcionava melhor em termos de obtenção de 16 nutrientes, mas ainda era fraco em termos de vitamina E e potássio, e de alta ingestão de sódio.
E esse é um dos problemas desse paradigma: você pode isolar N nutrientes e promover pesquisas ao infinito: sempre ficará faltando ou sobrando alguma coisa. Quanto mais mexe, mais difícil fica. Imagine uma pessoa que decide aplicar isso na prática. Não é trivial.
Em 2011 os Estados Unidos aposentaram a pirâmide e criaram o MyPlate. O lobby dos produtores de lácteos continuou lá, com a orientação de que as pessoas tomassem um copinho de leite em meio às refeições.
Aparentemente, a pirâmide decidiu migrar ao Sul e aproveitar nosso clima generoso.
Novo foco
O Brasil publicou ao final de 2014 o Guia Alimentar para a População Brasileira. A orientação-chave do documento do Ministério da Saúde é fazer de alimentos in natura e minimamente processados a base da dieta, e evitar ultraprocessados.
Essa premissa reflete o posicionamento do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP (Nupens), responsável pela elaboração do texto inicial, depois submetido a consulta pública. O Nupens ganhou destaque mundial ao propor a classificação dos alimentos pela extensão e pelo propósito de processamento, e não mais pelo perfil nutricional. Isso significa valorizar alimentos tal como os conhecíamos desde sempre, e deixar de lado a abordagem por nutrientes separados.
Já na fase de consulta pública surgiram questionamentos: onde estavam as porções usadas por nutricionistas em consultórios e hospitais? Encontramos 71 vezes a palavra “pirâmide” ao longo das sugestões apresentadas. Algumas citavam especificamente o trabalho de Sonia Tucunduva, a professora da USP que trouxe esse ícone do Brasil. Vários lados dessa história se mobilizaram numa disputa de terreno que foi além do interesse científico.
“Com clara tentativa de romper com o todo o guia alimentar anterior, e com a proposta dos grupos alimentares de acordo com a pirâmide alimentar proposta por Tucunduva, a nova proposta deste guia se esvazia, pois não consegue deixar claro nem a parte quantitativa, nem qualitativa dos grupos alimentares”, dizia um dos participantes.
Mas os responsáveis pela elaboração do novo Guia entenderam que não faria sentido incorporar a pirâmide, portadora exatamente da lógica que se tenta desfazer. “Você não tem o cuidado de agrupar o alimento segundo seu uso culinário, quando você coloca na base da pirâmide um cereal, o arroz, e ao mesmo tempo você coloca um pão, você coloca um ultraprocessado, você coloca um biscoito”, critica Patricia Jaime, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP. “Também não tem a preocupação com o que é a cultura da composição de refeições, quanto mais de onde é que esse alimento vem.”
Ela comandava a Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde quando o novo documento foi elaborado. Cogitou-se fazer uma representação gráfica que resumisse a nova orientação oficial, mas havia dois problemas. Primeiro, o timing político. As eleições presidenciais estavam chegando e era preciso garantir o lançamento até o fim de 2014 devido ao cenário incerto. Segundo, como criar um símbolo que não colocasse a perder justamente a dimensão cultural, social e ambiental que o Guia preconiza?
“Quem precisa trabalhar com porcionamento em situações específicas pode repensar os materiais gráficos usados na comunicação com a população. Mas as pessoas precisam entender do que a gente está falando, precisam ter domínio e autonomia sobre a alimentação”, analisa Camila Maranha, professora da UFF.
Ela é autora da tese de doutorado “Processo de construção do Guia Alimentar para a População Brasileira de 2014: consensos e conflitos”, defendida em 2017 no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O trabalho aborda justamente a movimentação dos diferentes grupos de interesse em torno da definição dos rumos da orientação alimentar oficial. “É papel do nutricionista esclarecer muitas das questões envolvidas com a alimentação para além de ser capaz de definir nutrientes. É entender aquela pessoa como alguém que pode se empoderar para mudar a realidade”, completa.
Em alguns países, a pirâmide caiu em desuso, mas não a lógica de separar os alimentos por macro e micronutrientes.
Esse é o símbolo da Venezuela.
Esse, do Japão.
E esse, da Austrália.
Onipresente
Outros países tentaram remodelar a pirâmide. Caso da Bélgica, que de certo modo colocou os ultraprocessados na posição daquilo que deve ser evitado, e inverteu o ícone, de cabeça para baixo, de modo que fiquem no topo os alimentos que devem ser priorizados.
O fato é que a pirâmide continua por aí. Mas ninguém sabe ao certo quão presente ela é. E por isso resolvemos circular um questionário entre estudantes de Nutrição. Tivemos 346 respostas que mostram que esse ícone segue entrando em sala de aula. 93,9% disseram ter visto a pirâmide durante a graduação. Desses, 20,8% contaram que ela foi discutida apenas uma vez, 47,1% em até cinco vezes ao ano, e 26,9% com muita frequência.
A maioria, 56,1%, entende que a pirâmide foi recomendada pelos docentes como ferramenta de orientação nutricional. E, o mais interessante, 47,1% avaliam que ela e o Guia obedecem a lógicas complementares.
Em tempo: a turma do Nupens não tem nenhuma dúvida de que se trata de lógicas conflitantes, tanto que ficou famoso um slide que coloca um X sobre a pirâmide.
Quando passamos a olhar por extenso as respostas dos estudantes ao nosso questionário fica mais fácil entender a diferença de pontos de vista. Ou alguns professores resistem ao Guia de 2014 e seguem a defender o paradigma de nutrientes, ou fizeram uma interpretação peculiar da diretriz oficial brasileira.
“Eu faço essa dieta desde então, e meu metabolismo melhorou bastante! Pretendo sim usá-la com meus futuros pacientes.”
“É um pouco complicado explicar a quantidade e volume de porções para o paciente; pois cada pessoa tem um entendimento sobre porções.”
“A pirâmide tem a função de entender a população de maneira geral, e conscientizar as necessidades de macro e micronutrientes. Cair na falácia que que ela é culpada pela obesidade é ir para o mesmo raciocínio raso de que carboidratos engordam e devem ser evitados a todo custo.”
“Acredito que a pirâmide é um método ultrapassado de orientação alimentar. Ela padroniza grupos de alimentos e quantidades, não citando a qualidade dos mesmos, questão essa que também é importante. Se trata de um método reducionista que foca no que é mais ou menos recomendado consumir, deixando de lado o ‘como comer’, ‘quando comer’, ‘onde comer’.”
“Com o aumento da produção e consumo de alimentos ultraprocessados e de estudos que associam o consumo desse tipo de alimentos com o aumento das taxas de sobrepeso e obesidade e também com doenças crônicas não transmissíveis, não considero o esquema da pirâmide o mais recomendado.”
“Deixei de usar. Uso apenas a recomendação do novo Guia. Já sou formada há um ano e meio e durante a faculdade teve o lançamento do novo Guia, que a princípio não parecia tão bom, principalmente por estar acostumada com as porções. Hoje vejo com outros olhos. É um material excelente e que permite que a população tenha maior liberdade de escolha.”
Pesquisas futuras talvez nos contem mais sobre a resistência ao Guia de 2014 dentro da universidade. Egos entram em jogo? Sem dúvida, mas não sabemos quanto.
A classificação baseada na extensão do processamento desperta a ira da indústria e de pesquisadores próximos a ela? Muito.
A falta de um ícone capaz de condensar as informações do Guia dificulta o compartilhamento? É possível. Marina Vilar Geraldi, na época uma estudante da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, fez uma representação gráfica em discos. O maior, verde, para os alimentos in natura e minimamente processados. Em azul, os processados, que devem ter o consumo limitado. Em laranja, os ultraprocessados, que devem ser evitados.
A sugestão de Marina é de que o material seja usado na orientação nutricional, “de forma que promova autonomia do paciente, para possibilitar escolhas e práticas alimentares saudáveis, resultando assim, melhor interação e resultados durante o acompanhamento nutricional”.
Falta só convencer a pirâmide de que é hora de descansar.
Sobre pirâmide alimentar - 2 (http://outraspalavras.net)
Texto completo: http://outraspalavras.net/ojoioeotrigo/2018/08/apos-26-anos-de-trabalho-piramide-dos-alimentos-nao-quer-se-aposentar/
Após 26 anos de trabalho, pirâmide dos alimentos não quer se aposentar
Texto: João Peres
Mas o que a pirâmide fez? Determinou que se consumisse muito carboidrato, que as proteínas ficassem num nível intermediário e que se evitasse a ingestão de gorduras.
Dali por diante a pirâmide se tornou a mais difundida e clássica ferramenta de representação alimentar. No Brasil, chegou em 1999, numa adaptação feita pela professora Sonia Tucunduva Philippi, da Faculdade de Saúde Pública da USP. Embora não tenha sido adotada oficialmente pelo governo, constou de vários documentos públicos e é de certo modo uma tradução iconográfica do Guia Alimentar de 2006.
“Após todos esses anos, a figura da pirâmide alimentar é facilmente reconhecida e apresenta fixação de conceitos importantes como variedade dos grupos alimentares e tamanho das porções de alimentos, peso em gramas e medidas usuais como xícara, colher, fatia”, defende Sonia. Em 2013, quando a pirâmide havia sido aposentada nos Estados Unidos e em outros países, a professora promoveu uma adaptação aos novos tempos, com mudanças nas proporções e um estímulo à atividade física (é a imagem que está em destaque na abertura dessa reportagem). “As informações apresentadas não são teóricas e trazem uma leitura próxima do dia a dia da população.”
Porém, sucessivas pesquisas mostraram que a pirâmide não é tão fácil de entender.
Chile, 2003. Um levantamento com 898 consumidores deixou claro que algumas pessoas pensavam que os alimentos do topo eram os prioritários, e que os da base deveriam ser evitados. Essa interpretação apareceu em outros estudos.
Estados Unidos, 2002 a 2004. Pesquisadores foram convocados pelo USDA para avaliar a eficácia da pirâmide. Realizaram 18 grupos focais, que são entrevistas em conjunto voltadas a uma análise qualitativa. Apresentados à pirâmide, 80% dos participantes erraram ao menos um dos grupos de alimentos – 12% erraram tudo. As pessoas tampouco entendiam o conceito de “porção”, e no geral chutavam quantidades maiores que as da recomendação oficial. Um caso clássico de “decifra-me, ou te engordo”.
Europa, 2015. Pesquisadores revisaram as orientações nutricionais oficiais na região. De 34 países, 22 tinham a pirâmide como ícone, mesmo sem avaliações sobre a eficácia. Os autores concluíram que o símbolo não dá conta de representar diferenças culturais. “Em nossa opinião, é necessária uma distinção mais clara entre alimentos frescos e processados.”
É aí que a coisa se complica. A pirâmide coloca numa mesma caixa alimentos muito diferentes. Não é preciso ser especialista para saber que existe uma diferença grande entre o Miojo e a mandioca.
Mas talvez você precise recorrer a um especialista para entender a diferença entre manteiga, margarina, azeite de oliva e óleo de soja. E onde colocamos a mandioquinha: vegetal ou carboidrato?
O iogurte que a pirâmide recomenda consumir é natural, sem aditivos, ou uma versão produzida a partir de leite em pó, com um bocado de açúcar? Um pão de forma é igual a uma torrada industrializada, que por sua vez é igual a um pão de fermentação natural e farinha integral?
Também é necessário ter paciência de Jó para fazer preparações alimentares complexas caberem dentro dos grupos. Uma sopa de legumes tem vários nutrientes diferentes. E você não é obrigado a saber quais: basta saber que é uma delícia e tem uma variedade de alimentos selecionados ao longo de séculos por nossos antepassados.
“A pirâmide não dá conta de abordar cultura alimentar. Você pode colocar alimentos de uma região na pirâmide, mas perde de vista o aspecto cultural, social e ambiental dos alimentos. Você desconsidera como o alimento foi produzido”, resume Camila Maranha Paes de Carvalho, professora adjunta da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense (UFF) e consultora da ACT Promoção da Saúde.
“Eu entendo que algumas pessoas queiram elementos gráficos para tentar ajudar a orientar as pessoas. Mas o que temos de acúmulo de experiência e de tempo de uso desse instrumento, muitos elementos negativos vêm se mostrando importantes.”
Sobre a pirâmide alimentar - 1 (http://outraspalavras.net)
Texto completo: http://outraspalavras.net/ojoioeotrigo/2018/08/apos-26-anos-de-trabalho-piramide-dos-alimentos-nao-quer-se-aposentar/
Após 26 anos de trabalho, pirâmide dos alimentos não quer se aposentar
Texto: João Peres
Um dos ícones mais onipresentes e discutidos de uma era controversa da alimentação humana continua vigente, embora a recomendação oficial do Brasil vá no sentido oposto
Ela já trampou bastante. O mundo mudou completamente nesses 26 anos, e os colegas acham que ela não dá mais conta de entender o que está rolando. O chefe já a declarou aposentada e pediu que vá para casa, mas não há meios de fazê-la desistir de bater o ponto religiosamente.
Numa era marcada por imagens, a pirâmide dos alimentos segue a arrebatar curtidores, seguidores e compartilhamentos. Ela nasceu em um mundo em que nem FHC, nem Lula haviam sido presidentes, em que desconhecíamos a existência de Bill Gates e Steve Jobs, e em que a fome assustava mais que a obesidade.
Se não está nem aí para a política nacional, e muito menos para bytes e smartphones, a pirâmide tem algo a nos contar sobre a obesidade. Ela se tornou o símbolo de um paradigma alimentar que separa tudo por nutrientes. O ícone de uma ideia que demandou, com fracasso, que as pessoas se tornassem especialistas da própria comida.
Se você tem menos de vinte anos, possivelmente cruzou com a pirâmide na escola. Ela segue presente em vários livros didáticos e paradidáticos, embora o Brasil tenha desde 2014 uma orientação oficial contrária. Tendo conhecido de outros carnavais ou não, vale a pena dar uma olhada por alguns segundos antes de continuar a conversa.
Nunca se endireita
A pirâmide nasceu em 1992, fruto de uma longa e turbulenta gestação. Desde a metade do século, e com mais força depois dos anos 1970, tivemos a era dos carboidratos. As gorduras foram demonizadas, e o açúcar e a farinha, onipresentes, ficaram de boa.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) começou a publicar guias alimentares a cada cinco anos. Note que a iniciativa não partiu de um órgão de saúde, mas da morada dos ruralistas. No final da década de 1980, o USDA decidiu criar um símbolo que resumisse as orientações oficiais. A pirâmide foi escolhida entre centenas de desenhos por apresentar melhor resultado em comunicar moderação e proporcionalidade. A essa altura, o rumo dos ventos já havia mudado nos países do Norte: em vez de “comer mais”, a mensagem era “comer menos”.
O lobby dos produtores de carnes e lácteos retardou por um ano o lançamento. E garantiu que a orientação oficial mantivesse um consumo elevado desses alimentos. As grandes corporações, aliás, jamais esconderam que gostam da pirâmide.
Alice Ottoboni, bioquímica e pesquisadora em saúde pública, foi uma das primeiras a levantar a lebre. “As diretrizes oficiais do USDA e sua pirâmide dos alimentos são nutricionalmente e bioquimicamente equivocados. Eles mudaram radicalmente os hábitos alimentares de dezenas de milhares de norte-americanos, num experimento humano massivo que deu errado. Hoje, há pouca dúvida de que há uma clara associação temporal entre a dieta ‘saudável para o coração’ e a corrente e crescente epidemia de doença cardiovascular, obesidade e diabetes tipo 2.”
Àquela altura, começo dos anos 1990, já havia muita evidência de que colocar todas as gorduras no mesmo balaio era um erro. E que o incentivo ao consumo dos carboidratos, sem distinções, era uma das explicações para as curvas ascendentes de obesidade.
Mas o que a pirâmide fez? Determinou que se consumisse muito carboidrato, que as proteínas ficassem num nível intermediário e que se evitasse a ingestão de gorduras.
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