Dez fatos sobre o jenipapo

Engenheira Agrônoma Beatriz Garrido Boffette - Faculdade Integral Cantareira

1. O nome jenipapo, cuja origem é no Tupi-guarani como nhandipab ou jandipap, significa fruto para pintar ou tatuar o corpo (BOLZANI, 2015).

2. Genipa americana “foi mencionada na primeira carta escrita por Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, Dom Manuel, em 1500, no trecho em que ele destaca a cor da pele dos habitantes da terra recém-descoberta e da pintura avermelhada e preta que sobressaía de seus corpos” (BOLZANI, 2015).

3. O corante violeta ou azul-escuro extraído da casca e dos frutos verdes da G. americana é denominada genipina. Esta substância também é encontrada em outros vegetais. Apesar de ser solúvel na água ou no álcool, a genipina, quando em contato com ar, se torna preta.

4. O corante de jenipapo também é empregado, por exemplo, para marcação de peças de roupas e pintura de tecidos de palha (ALMEIDA, 1993).

5. Com relação ao uso medicinal, o extrato das folhas apresentou atividade anti-inflamatória nas doses 50, 100, 200 e 300 mg/kg, observada por meio da inibição da migração de leucócitos para o local da inflamação (ALVES, 2014).

6. O jenipapeiro se adapta a altas temperaturas, mas deve ser evitado seu plantio onde ocorrem geadas.

7. Apesar de não ser comumente consumido in natura, é servido passado na frigideira com manteiga e depois adoçado com bastante açúcar e pó de canela. O fruto maduro presta-se para compotas, cristalizados, sorvetes e refrescos; se colocado em infusão de álcool, prepara-se dias depois um saboroso licor; e, se submetido à fermentação, tem-se um vinho também muito saboroso (GOMES, 1982).

8. A utilização de G. americana como anti-helmíntico pode representar uma alternativa viável aos produtos sintéticos, embora sejam necessários mais estudos para verificar sua eficácia in vivo e avaliar sua toxicidade em ovinos (NOGUEIRA et al., 2014).

9. Pesquisa in vitro demonstrou o potencial inibitório do extrato aquoso de jenipapo sobre o desenvolvimento larval de trichostrongilídeos de ovinos (SOUZA, 2009).

10. Madeira do tronco do jenipapeiro é utilizada na construção civil, marcenaria e na confecção de móveis (BOLZANI, 2015).

Referências 

ALMEIDA, E.R. Plantas medicinais brasileiras: conhecimentos populares e científicos. São Paulo: Hemus, 1993. p.215-216.

ALVES, Jovelina Samara Ferreira. Estudo químico e biológico de Genipa americana L. (jenipapo), 2014. Dissertação de pós graduação em ciências farmacêuticas - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2014. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/22388/1/JovelinaSamaraFerreiraAlves_DISSERT.pdf

GOMES, R.P. Fruticultura brasileira. 8.ed. São Paulo: Nobel, 1982. p.278-281. 

NETA, Lindanor Gomes Santana; MIRANDA, Maria da P. Spínola. Processamento de frutas tropicais: Jenipapo, 2013. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/nit/article/view/11429


NOGUEIRA, Flávia Aparecida et al. Efficacy of aqueous extracts of Genipa americana L. (Rubiaceae) in inhibiting larval development and eclosion of gastrointestinal nematodes of sheep, 2014. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/09712119.2013.845103

SOUZA, Patrícia Nery Silva. Eficácia de extratos vegetais para o controle de helmintose ovina, no norte de Minas Gerais, 2009. Dissertação de mestrado - Universidade Federal de Minas Gerais, 2009. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/NCAP-89YNB8/disserta__o_patr_cia_nery_silva_souza.pdf?sequence=1


VANDERLAN, Bolzani. A beleza invisível da biodiversidade: Genipina, o princípio ativo do preto das pinturas no corpo de índios brasileiros, 2016. Disponível em: 

Carqueja como bioacumuladora

Texto: 
Engenheiras Ambientais Helenice Maria Sardinha Lemos e Glenda Silva Nascimento - Mestrandas no Programa de Pós-graduação em Ciência Ambientais da UNITAU 
Engenheiro Agrônomo Marcos Roberto Furlan 

Do ponto de vista do monitoramento ambiental, uma espécie biocumuladora é importante, pois pode indicar a presença ou reduzir a concentração de substâncias tóxicas no ambiente, como, por exemplo, os metais pesados. 

No entanto, haverá riscos significativos à saúde quando se trata de consumir na forma de chás ou em outro tipo de extrato, uma espécie medicinal bioacumuladora que se desenvolve em locais contaminados. 

A carqueja (foto), cientificamente conhecida como Baccharis trimera, é uma espécie medicinal de amplo e diversificado usos na medicina popular. Sua utilização como medicinal já ocorria pelos indígenas, os quais usavam esta planta medicinal para auxiliar alguns tratamentos, tais como: má digestão, diarreia, anemia, amigdalite, anorexia, azia, bronquite e má circulação do sangue. 

Importante destacar que há pesquisas que comprovam algumas de suas atividades farmacológicas, tais como: anti-inflamatória, digestiva, hepatoprotetora e hipoglicemiante (KARAM et al., 2013) 

Moraes (2014) observa que a carqueja tem facilidade em acumular metais pesados. Após cultivar espécimes de carqueja cultivados e expostos à solução de metal e controles por 30 dias e prepar extratos das partes vegetativas trituradas e secas em estufas, concluiu que o extrato etanólico da planta interfere no índice mitótico e tem capacidade de promover atividade genotóxica em células meristemáticas de raiz de Allium cepa

Referências: 

Baccharis trimera. Disponível em: https://www.tudosobreplantas.com.br/asp/plantas/ficha.asp?id_planta=51. Acesso em: 26 ago. 2018. 

KARAM, T.K.; DALPOSSO, L.M.; CASA, D.M.; DE FREITAS, G.B.L. Carqueja (Baccharis trimera): utilização terapêutica e biossíntese. Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v.15, n.2, p.280-286, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbpm/v15n2/17.pdf. Acesso em: 16 de ago 2018. 

MORAES, Vanessa Marques de Oliveira. Avaliação do potencial mutagênico e bioacumulador de metais pesados de Baccharis trimera Less e Equisetum hyemale L. 2014, 48 f. Dissertação (Mestrado em Biociências). Área de Conhecimento: Caracterização e Aplicação da Diversidade Biológica. Faculdade de Ciências e Letras de Assis - Universidade Estadual Paulista, 2014. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/115994/000810674.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 16 de ago 2018.