Sobre a importância dos quintais, cada vez mais desaparecidos e, com isso, as nossas raízes também.
sábado, 9 de março de 2019
sexta-feira, 8 de março de 2019
quinta-feira, 7 de março de 2019
quarta-feira, 6 de março de 2019
Alimentos funcionais na salada
Texto:
Nutricionista e Consultora Alimentar Valesca Karina Migotto, CRN46003.
Blog Elite da Nutrição http://elitedanutricao.com/
A busca da saúde por meio da alimentação é conhecida desde a Antiguidade, como citado pelo filósofo grego Hipócrates em sua famosa frase: “que seu alimento seja seu medicamento e o medicamento seja o seu alimento” (BLOCH JÚNIOR, 2012, p. 129).
No Japão, no início dos anos 80, surge o conceito de alimentos funcionais, a partir da preocupação com o problemas de saúde associados ao aumento da expectativa de vida da população (GARCIA, 2004). Garcia, no mesmo texto, complementa que a intenção era adicionar à dieta alimentar, ingredientes naturais que deveriam apresentar determinadas funções no organismo, como, por exemplo, melhora dos mecanismos de defesa biológica; prevenção e tratamento de algumas doenças; melhora das condições físicas e mentais do estado geral de saúde e retardo do envelhecimento orgânico.
Atualmente, esse termo ficou muito conhecido, e cada vez mais tem se falado em alimentos funcionais, e a sua promessa de vários benefícios à saúde.
De acordo o Ministério da Saúde (2009), alimentos funcionais são alimentos ou ingredientes que oferecem benefícios à saúde, além de suas funções nutricionais básicas.
Esses benefícios fornecidos pelos alimentos funcionais garantem a manutenção da saúde, modulando a fisiologia do organismo e promovendo efeitos hipocolesterolemiante, hipoglicêmico e hipotensivo, reduzindo riscos de aterosclerose, como anticancerígenos, estimulantes do sistema imune, dentre outros (GOMES, 2002).
Dessa maneira, muitas das doenças crônicas, como o Diabetes e a Hipertensão podem ser prevenidas com o consumo diário de alimentos funcionais, ou para os que já apresentam a doença, podem reduzir danos consequentes, como a prevenção de doenças cardiovasculares, ou ainda prevenir contra degenerações das artérias causadas pela hiperglicemia (GOMES, 2002).
Porém, mesmo com uma grande variedade de produtos naturais disponíveis no mercado, sendo muitos desses alimentos funcionais, o consumo diário desses alimentos ainda é baixo no Brasil. Principalmente por desinformação da população.
Para que os benefícios desses alimentos sejam aproveitados pelo nosso organismo, é preciso consumi-los de maneira regular, como nas saladas, e incluir frutas e cereais integrais na alimentação.
No caso dos alimentos funcionais industrializados, é preciso ficar atento e procurar saber se o produto em questão teve sua eficácia avaliada em pesquisas. E para que eles produzam resultados eficazes, é importante seguir as instruções dos rótulos, utilizando-os da forma recomendada pelo fabricante.
Abaixo alguns dos principais compostos funcionais de acordo com o Ministério da Saúde (2009):
Ácido graxo - ômega-3
Para que serve: redução do LDL – colesterol; ação anti-inflamatória; indispensável para o desenvolvimento do cérebro e da retina de recém nascidos;
Onde encontrar: peixes marinhos como sardinha, salmão, atum, anchova e arenque, dentre outros.
Ácido alfa-linolênico
Para que serve: estimula o sistema imunológico e tem ação anti-inflamatória;
Onde encontrar: óleos de linhaça, colza, soja; nozes e amêndoas.
Catequinas
Para que servem: reduzem a incidência de certos tipos de câncer, reduzem o colesterol e estimulam o sistema imunológico;
Onde encontrar: chá verde, cerejas, amoras, framboesas, mirtilo, uva roxa e vinho tinto.
Licopeno
Para que serve: antioxidante, reduz níveis de colesterol e o risco de certos tipos de câncer, como de próstata;
Onde encontrar: tomate e seus derivados, goiaba vermelha, pimentão vermelho e melancia.
Luteína e zeaxantina
Para que servem: antioxidantes; protegem contra degeneração macular;
Onde encontrar: folhas verdes (luteína). Pequi e milho (zeaxantina).
Indóis e Isotiocianatos
Para que servem: indutores de enzimas protetoras contra o câncer, principalmente câncer da mama;
Onde encontrar: couve-flor, repolho, brócolis, couve-de-bruxelas, rabanete e mostarda.
Flavonoides
Para que servem: atividades anti-câncer, vasodilatador, anti-inflamatório e antioxidante;
Onde encontrar: soja, frutas cítricas, tomate, pimentão, alcachofra e cereja.
Fibras solúveis e insolúveis
Para que servem: reduzem risco de câncer de cólon; melhoram o funcionamento intestinal. As solúveis podem ajudar no controle da glicemia e no tratamento da obesidade, pois dão maior saciedade;
Onde encontrar: cereais integrais como aveia, centeio, cevada e farelo de trigo; leguminosas como soja, feijão e ervilha; hortaliças com talos e frutas com casca.
Prebióticos – frutooligossacarídeos, inulina
Para que servem: ativam a microflora intestinal, favorecendo o bom funcionamento do intestino;
Onde encontrar: extraídos de vegetais como raiz de chicória e batata yacon.
Sulfetos alílicos (alilsulfetos)
Para que servem: reduzem colesterol e pressão sanguínea, melhoram o sistema imunológico e reduzem risco de câncer gástrico;
Onde encontrar: alho e cebola.
Lignanas
Para que servem: inibição de tumores hormônio-dependentes;
Onde encontrar: linhaça e noz moscada.
Taninos
Para que servem: antioxidantes, anti-sépticos e vaso-constritores;
Onde encontrar: maçã, sorgo, manjericão, manjerona, sálvia, uva, caju e soja.
Estanóis e esteróis vegetais
Para que servem: reduzem risco de doenças cardiovasculares;
Onde encontrar: extraídos de óleos vegetais como soja e de madeiras.
Probióticos – Bifidobacterias e Lactobacilos
Para que servem: favorecem as funções gastrointestinais, reduzindo o risco de constipação e câncer de cólon;
Onde encontrar: leites fermentados, Iogurtes e outros produtos lácteos fermentados.
Muitos destes alimentos podem ser combinados e consumidos diariamente em forma de salada, o que seria muito interessante para prevenção de doenças e promoção da saúde.
Nesta série de Alimentos Funcionais na Salada, abrangeremos vários alimentos separadamente e veremos forma de consumo e seus benefícios.
Aguardem nosso próximo artigo!
FONTES:
BLOCH JÚNIOR, C.; A Embrapa em sua melhor idade. Rev. Ponto de vista, Ano XXI – N. 3, Jul./Ago./Set. 2012.
Blog Elite da Nutrição http://elitedanutricao.com/
GARCIA, A. P. M. Alimentos funcionais: contribuindo para a saúde e prevenindo doenças. Qualidade em Alimentação: Nutrição. São Paulo: Ponto Crítico, n. 19, jun./set. 2004.
GOMES, G. B. Alimentos funcionais e doença aterosclerótica. Qualidade em Alimentação: Nutrição. São Paulo: Ponto Crítico, n. 13, p. 16-17, ago. 2002. ISSN: 1519771-9.
Ministério da Saúde - http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/220_alimentos_funcionais.html
Cúrcuma: possibilidades terapêuticas
Texto e fotos:
Nathânia Sousa Frutuoso
Farmacêutica, aromaterapeuta e escritora.
Identificação botânica: Curcuma longa L.
Nomes populares: açafrão, açafrão-da-terra, açafroa, açafrão-da-índia, cúrcuma, gengibre amarelo, mangarataia, turmérico.
A Curcuma longa, também conhecida como açafrão-da-terra, é uma planta aromática de origem asiática, facilmente cultivada no Brasil e nos países tropicais. Popularizou-se em nosso país através de seu uso condimentar (corante alimentar e tempero), e, ultimamente, vem sido conhecida por suas finalidades medicinais. Na Índia e na China é utilizada há muitos anos como fitoterápico.
A parte da planta utilizada para uso terapêutico são os rizomas (estruturas que ramificam-se horizontalmente no nível subterrâneo, no caso da cúrcuma).
Fitoterapia
A cúrcuma, na fitoterapia, pode ser utilizada por uso interno, nas formas de decocção (chá), tintura hidroalcóolica, extratos secos ou fluidos e em uso externo na forma de pó para emplasto ou decocção para banho/compressa.
Usos terapêuticos:
-colerética (estimulante da secreção da bílis), por esse efeito pode ser indicado para tratamento de prisão de ventre e auxiliar a digestão;
-estimulante do apetite;
-antiflatulenta (evita a formação de gases intestinais);
-vermífuga;
-antiespasmódica (tratamento de cólicas);
-redução dos níveis de colesterol e glicose;
-anti-inflamatória (pode ser utilizada para tratamento das dores de garganta causadas por inflamação e de vários outros tipos de inflamação, como a artrite, por exemplo);
-antiagregante plaquetária;
-antisséptica;
-antidiarreica;
-hepatoprotetora;
-antioxidante (prevenção de câncer e outras doenças); e
-estimulante do sistema imunológico (aumenta a resposta das nossas células de defesa contra invasores, como vírus, bactérias e fungos). Por ser também imunomoduladora, previne reações alérgicas, como asma, por exemplo.
Como várias plantas medicinais, a cúrcuma, além de vários benefícios, também tem contraindicações. São elas: para portadores de úlcera gastroduodenal, crianças menores de 4 anos, gestantes, lactantes e durante a tentativa de concepção.
Precauções: portadores de cálculos biliares e obstrução dos ductos biliares devem utilizar a Cúrcuma apenas com orientação profissional (a planta auxilia no tratamento de cálculos biliares, mas deve ser utilizada com cautela nesses casos).
O uso em excesso pode causar enjoo, irritação gástrica, e toxicidade. Há a possibilidade de interação química com medicamentos anticoagulantes e alguns quimioterápicos.
Antes de associar essa ou outra planta a algum medicamento ou outra planta medicinal, e, ao iniciar um tratamento com plantas medicinais, oriente-se com um profissional da saúde que tenha capacitação em Fitoterapia.
É possível utilizar a Cúrcuma também na alimentação (respeitando as contraindicações dessa planta), como suplementação nutricional e prevenção de doenças. Podemos utilizar o pó da erva ou mesmo fragmentos dela em sua forma fresca nos alimentos (preferencialmente após o cozimento), associando-o à pimenta, Gengibre ou azeite de Oliva, para ter maior absorção no organismo. Outra forma de utilização é adicionar os rizomas em sucos ou fazer chás (decocção), seguindo a maneira correta de preparo e tendo cautela em relação à super dosagem.
Para garantir os efeitos medicinais de qualquer planta, é necessário utilizar uma planta que passou por boas condições de cultivo e secagem. Geralmente, encontramos em mercados o pó da cúrcuma, armazenado em embalagens transparentes, e desidratado em luz solar direta (é uma maneira muito comum de secagem dessa planta); esses fatores, no entanto, podem causar a perda dos ativos terapêuticos. Verifique as condições de cultivo (como exposição à contaminação e uso de agrotóxicos), secagem e armazenamento das plantas, antes de utilizá-las para finalidades medicinais.
Aromaterapia
Os óleos voláteis ou óleos essenciais, que raramente são encontrados em angiospermas monocotiledôneas, estão presentes nos rizomas da cúrcuma. Na aromaterapia, o óleo essencial extraído dessa planta é conhecido pelo nome de Turmérico.
Algumas de suas indicações terapêuticas são:
-estomáquica (estimulante do apetite);
-colagoga e carminativa (combate a formação de gases intestinais);
-antioxidante;
-anti-histamínica;
-antimicrobiana (para bactérias Gram-positivas, Gram-negativas e também para alguns fungos e germes envolvidos em colecistites);
-citotóxica (para células de linfomas);
-inibição da neurotoxina do veneno de jararaca (Bothrops jararaca); e
-diminuição do efeito letal causado pelo veneno de cascavel (Crotalus durissus terrificus).
Precauções: altas doses do óleo essencial de cúrcuma pode causar neurotoxicidade e aborto.
Atenção: os óleos essenciais raramente podem ser ingeridos ou utilizados puros sobre a pele. Esse tipo de administração deve ser feita apenas sob a orientação de um profissional aromaterapeuta.
Princípios ativos da Curcuma longa: pigmentos fenólicos (bisferulyol-metano): curcumina e seus isômeros. Sesquiterpenos: turmerona. E ainda α e β-pineno, canfeno, limoneno, terpineno, cariofileno, linalol, borneol, cineol, polissacarídos e glicídeos (RIBEIRO; DINIZ).
Outro princípio ativo encontrado: zingibereno.
Bibliografia
CORAZZA, Sônia. Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros. Editora Senac. São Paulo, 2002.
FIGUEIRA, L. W. Efeito do extrato de Curcuma longa L. sobre infecções in vitro por Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Candida albicans em macrófagos murinos. Dissertação (Mestrado em Biopatologia bucal). – Pós graduação em Biopatologia bucal – Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Ciência e Tecnologia, São José dos Campos, 2017.
GRANDI, Telma Sueli Mesquita. Tratado das plantas medicinais mineiras, nativas e cultivadas. AD/Equatio Estúdio. 2014.
LASZLO, Fabian. Óleos essenciais e seus usos. Laszlo aromaterapia. 2010.
LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2ª ed. Nova Odessa-SP: Instituto Plantarum. 2008.
MATOS. Francisco José de Abreu. Farmácias vivas: sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades. 4ª ed. Fortaleza: editora UFC. 2002.
PERES, et al. Propriedades funcionais da Cúrcuma na suplementação nutricional. Revista interdisciplinar do pensamento científico. 2015.
RIBEIRO, Paulo Guilherme Fereira; DINIZ, Rui Cépil. Plantas aromáticas e medicinais: cultivo e utilização. Londrina: IAPAR, 2008.
SIMÕES, Cláudia Maria Oliveira, et. al. Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto Alegre: Artmed, 2017.