Flora apícola - 1

Texto: 

Alana Cristina de Oliveira – Acadêmica de Engenharia Agronômica – UNITAU

A flora apícola é um conjunto de plantas de interesse para as abelhas. É essencial para garantir a sua sobrevivência, pois é de onde elas extraem todo o néctar, o pólen e a resina, os quais serão utilizados em sua colmeia.

Essa flora pode ser caracterizada conforme a sua região. Pode estar presente em grandes matas e até mesmo em seu quintal. É importante ressaltar que cada planta desse conjunto floral, tem uma época de florada, e, portanto, é necessário o conhecimento prévio, e ter plantas com épocas de floradas diferentes, garantido alimento o ano todo.

É indispensável abordar o assunto do desmatamento ou devastação, pois contribuem para a diminuição de oferta nutritiva às abelhas. Logo, é fundamental o incentivo na propagação de plantas que constituem esse conjunto floral.

Alguns exemplos de plantas habituais em jardins e quintais que compõem uma flora apícola, e o que pode ser extraído delas:

Plantas Apícolas para Nativas/ Exóticas

 Astrapeia-rosa - néctar/ pólen (foto 1)
 Pinhão-roxo - néctar/ pólen e resina
 Coroa-de-cristo - néctar/ pólen e resina
 Sabugueiro – néctar/ pólen (mamangavas edificam-no)
 Babosa - pólen
 Onze-horas - néctar/ pólen
 Iris-da-praia - néctar/ pólen
 Flor-de-santa-luzia – néctar/pólen
 Palmeira Jerivá – néctar/ pólen
 Manjericões – néctar/ pólen
 Urucum - néctar/ pólen e resina
 Pau-de-incenso – néctar/ pólen
 Resedá – néctar/ pólen
 Ora-pro-nóbis - néctar/ pólen
 Aroeira-pimenteira - néctar/ pólen e resina (foto 2)
 Odontonema - néctar
 Ipê-de-jardim – néctar/ pólen
 Dorme-dorme - pólen
 Quaresmeira - néctar/ pólen
 Feijão-guandu – néctar/ pólen

Referência da lista:
20 plantas para abelhas nativas
https://www.youtube.com/watch?v=2SaQ6g2dUj0

Foto 1. Astrapeia-rosa

Foto 2. Aroeira-pimenteira

Cajá e ação anti-inflamatória

Texto: 
Engenheiros agrônomos Beatriz Garrido Boffette e Marcos Roberto Furlan

No Brasil, o Gênero Spondias, da família Anacardiaceae, oferece frutos comestíveis, como, por exemplo, o caja (Spondias mombin), a cajarana (Spondias cytherea), o umbu (Spondias tuberosa) e a seriguela (Spondias purpurea).

Com relação ao cajá (foto), essa espécie ocorre nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Dependendo da região, pode receber outras denominações, tais como cajá-mirim, cajazinho e taperebá (1). 
S. mombin frutificando perto de Fô, em Burquina Fasso.
Cajá. 

Além da importância nutricional, com destaque para o alto teor de vitamina A nos frutos, há pesquisas que comprovam ações medicinais, inclusive das folhas. 

Cabral et al. (2016) demonstraram o potencial anti-inflamatório do extrato de folhas do cajá, no modelo de peritonite induzida por carragenina, e propriedades antioxidantes associadas à ausência de citotoxicidade em cultura de células. O ácido clorogênico e o ácido elágico contribuem para a ação farmacológica da espécie. Os autores destacam que há necessidade de mais pesquisas para confirmar a ação e seus possíveis mecanismos de ação anti-inflamatória. 

Os autores observam que foi a primeira vez que é relatada a propriedade antioxidante / anti-inflamatória (in vitro / in vivo) do extrato de folhas de S. mombin, juntamente com a caracterização de sua composição química. 

Segundo Silva e Macedo (2011), o processo inflamatório ou inflamação caracteriza- -se como uma resposta de defesa do organismo frente a um agente agressor, cujo objetivo é promover a cura/reparo. 

Na medicina tradicional, as folhas e casca do caule da cajazeira são utilizadas para tratamento de desordens infecciosas, principalmente diarreias e disenterias (SILVA et al., 2014). 

As folhas são usadas contra as dores de estômago, complicações do parto e enfermidades dos olhos e laringe (FILGUEIRAS et al., 2000) 

Além de Cabral et al. (2016), de acordo com estudo realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, a engenheira de alimentos Jackeline Cintra Soares aponta que o cajá é uma das frutas com maior atividade antioxidante e anti-inflamatória. Neste estudo, o extrato de cajá apresentou bons resultados em testes realizados com foco em ações anti-inflamatórias. 

Como alimento, o cajá pode ser consumido in natura e também sendo base para a produção de suco, néctares, geleias, doces, sorvetes, bebidas fermentadas e destiladas ou consumida apenas a polpa congelada que tem ganhado grande espaço no mercado. 

Além da ação anti-inflamatória do cajá existem muitos outros estudos de benefícios em diversas outras doenças e auxilio em vários tratamentos como por exemplo; tratamento de feridas, desordens neurológicas e ação antiparasitária. 

Referências

CABRAL, Bárbara et al. Phytochemical study and anti-inflammatory and antioxidant potential of Spondias mombin leaves. Revista Brasileira de Farmacognosia, [s.l.], v. 26, n. 3, p.304-311, maio 2016. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.bjp.2016.02.002. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0102695X16300011>. Acesso em: 20 jul. 2019.

1. Spondias in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB4404>. Acesso em: 20 Jul. 2019 

SOARES, Jackeline Cintra. Composcao fenólica e atividade biológica in vitro e in vivo de frutas nativas brasileiras. Piracicaba: ESALQ, 2018. 157 p. Tese (doutorado). 




quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Algas apresentam potencial antiviral e antioxidante, mostra estudo

30/05/2019

Pesquisa identificou nas algas propriedades que podem ter aplicações nas áreas da saúde, alimentícia e de cosméticos
Por Rebecca Gompertz - Editorias: Ciências Biológicas, Ciências da Saúde - URL Curta: jornal.usp.br/?p=247343
 
A pesquisa analisou quatro espécies de alga parda e uma de alga verde, todas originárias do litoral do Espírito Santo – Foto: Fungyi Chow

Fora dos oceanos, as algas estão por aí nas situações cotidianas: em volta do sushi, anunciadas por seus benefícios cosméticos em alguma embalagem na farmácia ou mesmo trazidas pelo mar para a areia da praia. Mas a aplicação delas pode ir muito além. Estudo do Instituto de Biociências (IB) da USP constatou que algumas algas apresentam potencial para tratar doenças causadas por vírus, como o HIV, e também na conservação de alimentos e cosméticos.
 
Em sua dissertação de mestrado, a bióloga Ana Maria Pereira Amorim analisou o potencial bioativo de quatro espécies de algas pardas e de uma espécie de alga verde (Codium isthmocladum), abundantes na costa do Espírito Santo. O objetivo foi aprofundar o conhecimento que se tem sobre esses organismos.

Os resultados quanto à aplicação de algumas dessas espécies no combate de doenças virais e como conservantes para alimentos e cosméticos foram considerados promissores pela pesquisadora. Ana Maria ressalta que se trata de de um estudo de prospecção, que pode servir de base para pesquisas futuras: “Seria necessário aplicar estudos mais aprofundados para colocar esses potenciais em prática, seja como medicamentos, tratamentos terapêuticos ou conservantes naturais”, pondera.

Potencial bioativo

O potencial bioativo está ligado às atividades biológicas, processos em que o organismo reage a determinados compostos químicos. No caso do estudo, foram medidos os potenciais antioxidante, antiviral, antibacteriano e citotóxico dos extratos.

Para medir o potencial antioxidante foram realizados ensaios in vitro com cada uma das algas. Eram medidas a propriedade de “inativar” a ação de metais que catalisam reações de oxidação, conhecida como capacidade quelante de metal, e a capacidade de transferência de hidrogênio e elétrons, todos processos ligados à oxidação.

A alga parda Padina gymnospora apresentou os melhores resultados antioxidantes. Ana Maria explica que isso pode estar relacionado a essa ser a espécie que apresentou maior concentração de substâncias fenólicas: “Já existe na literatura relação entre os florotaninos [substância fenólica exclusiva das algas pardas] e uma maior atividade antioxidante”.

Quanto ao potencial antiviral, foi utilizado um teste de inibição da transcriptase reversa, uma enzima necessária para a replicação do vírus HIV, com resultados positivos para as algas Sargassum cymosum e Codium isthmocladum. Além disso, o teste de citotoxicidade também foi promissor: foram utilizadas linhagens de células tumorais, sugerindo uma possível aplicação contra o câncer.

Entretanto, o teste antibacteriano, no qual se testou a capacidade dos extratos de inibir o crescimento de três espécies de bactérias, não apresentou atividade interessante.

A dissertação de mestrado de Ana Maria Pereira Amorim, Estudo de antioxidantes, potencial bioativo e composição química de Chnoospora minima, Dictyopteris plagiogramma, Padina gymnospora, Sargassum cymosum (Ochrophyta) e Codium isthmocladum (Chlorophyta) está disponível no Banco de Teses e Dissertações da USP.

Mais informações: e-mail abarretoamorim@gmail.com, com a pesquisadora Ana Maria Pereira Amorim
 
Link:
https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/algas-apresentam-potencial-antiviral-e-antioxidante-mostra-estudo/

Fruto do coqueiro-da-bahia tem substância promissora contra vírus HSV-1

01.08.2019

Composto extraído das fibras do fruto impede multiplicação do vírus HSV-1, causador de lesões pelo corpo 
Substância extraída do coco-da-bahia, palmeira abundante no Brasil, impede multiplicação do Herpes Simplex Vírus Tipo 1 (HSV-1) – Foto: Filo gèn’ via Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0

Nos frutos do coqueiro-da-bahia, uma palmeira muito comum no litoral do Norte e Nordeste do Brasil, está uma opção promissora para combater o Herpes Simplex Vírus Tipo 1 (HSV-1), causador de infecções e lesões pelo corpo. Por meio de testes em laboratório, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP descobriram que uma substância extraída das fibras do fruto impede a multiplicação do vírus, com eficiência similar à do medicamento antiviral aciclovir, usado contra infecções causadas pelo HSV-1. A descoberta poderá auxiliar no desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento de doenças provocadas pelo vírus.

O vírus HSV-1 é uma causa comum de lesões orais e genitais, e possui a capacidade de reativação da infecção latente. “Ele é responsável por um amplo espectro de doenças, incluindo infecções primárias ou recorrentes das mucosas, como, por exemplo, gengivoestomatite, herpes labial ou genital, ceratoconjuntivite, infecção neonatal, infecção visceral em hospedeiros imunodeprimidos, encefalite herpética e associação com eritema multiforme”, conta o médico Fernando Borges Honorato, que realizou a pesquisa.

“Entre os medicamentos antivirais eficazes para tratamento das infecções sintomáticas por HSV, o mais utilizado é o aciclovir, o qual inibe a replicação viral, porém proporciona apenas diminuição da duração e da gravidade das lesões recorrentes”, aponta Borges Honorato. “O estudo investigou a presença de atividade antiviral in vitro de extratos brutos e fracionados da espécie Cocos nucifera L. em cultura de células infectadas com o HSV-1”.

A Cocos nucifera L. é uma espécie de palmeira conhecida como coco, coco-da-bahia, coqueiro-da-bahia ou coqueiro-comum, sendo muito comum no Brasil, especialmente no litoral do Norte e Nordeste. “Após a secagem e moagem da parte fibrosa do fruto, o mesocarpo, foram preparados dois extratos, o aquoso, tendo como solvente a água, e o hidroetanólico, cujos solventes são etanol e água”, descreve o médico. “Posteriormente, foram preparadas frações destes extratos, nos quais foram usados como solventes hexano, acetato de etila, metanol e água”.
 
Efeito antiviral 
  
Vírus HSV-1, causa comum de lesões orais e genitais, possui capacidade de reativar infecção latente, que não é impedida pelos medicamentos existentes – Foto: Micrograph via Wikimedia Commons

Inicialmente, foram determinadas as concentrações dos extratos que não eram tóxicas para as células, que foram selecionadas para testar o efeito inibitório da droga sobre a infecção pelo HSV, avaliado pela redução do efeito citopático. “As células foram infectadas com HSV em diversas multiplicidades de infecção (MOI)”, relata Borges Honorato. “Algumas delas foram tratadas com diferentes doses dos extratos, enquanto outras não foram tratadas (controle negativo). Ao final do experimento, foi realizada a quantificação da quantidade de vírus presentes em cada amostra.”

Nos testes em laboratório, uma substância isolada das fibras do fruto da palmeira, chamada inicialmente de CN342B, foi capaz de inibir a replicação do HSV-1, com efeito antiviral comparável ao do aciclovir, enquanto que os extratos brutos, as quatro frações e uma outra substância, CN1A, não foram efetivas. “A substância CN342B isolada das fibras do fruto foi eficaz contra o HSV-1 in vitro’, destaca o médico. “Entretanto, por razões técnicas, ainda não foi possível determinar qual é a substância que foi isolada.”

Segundo Borges Honorato, os resultados do estudo apontam que a CN342B é promissora para o desenvolvimento de um novo medicamento para o tratamento das doenças causadas pelo HSV. “Os próximos passos seriam a identificação da substância e o início de estudos pré-clínicos em modelos animais”, ressalta.

A pesquisa foi orientada pelo professor Fabio Carmona, do Departamento de Puericultura e Pediatria da FMRP, e co-orientada pelos professores Eurico de Arruda Neto, da FMRP, e Ana Maria Soares Pereira, da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), que preparou os extratos usados no experimento. Os estudos foram realizados no Laboratório de Virologia da FMRP e no Laboratório de Química de Plantas Medicinais do Departamento de Biotecnologia Vegetal da Unaerp.

Mais informações: e-mails nandohonorato@yahoo.com.br, com Fernando Borges Honorato, e carmona@usp.br, com o professor Fábio Carmona 
 
Link:

Mamona nas pastagens


Texto:
Marcos Roberto Furlan – Engenheiro agrônomo – Prof. UNITAU/FIC
Riane Caroline Pinto – acadêmica de agronomia - UNITAU


São algumas subespécies, e dezenas de variedades e centenas de cultivares, mas todas têm algumas características em comum, como, por exemplo, serem exigentes quanto ao solo rico em matéria orgânica, terem crescimento rápido e produzirem a substância tóxica ricina. Além de serem chamadas de mamonas, receberem o nome científico Ricinus communis e pertencerem à família Euphorbiaceae.

As mamonas são versáteis quanto ao uso, pois podem ser utilizadas como adubo, fonte de energia, e até mesmo na área da saúde, com o famoso óleo de rícino ou para uso em prótese humana. Para alimentação animal a torta de mamona, muito utilizada como fonte de nitrogênio na adubação, não deve ser usada por causar também alergia. Pesquisas buscam a produção de cultivares que produzam óleo sem ricina.

No Brasil, vinda provavelmente do continente africano, se espalhou pois se adaptou às diferentes condições climáticas do país.

Como são inúmeras as cultivares, há grande diversidade de hábito de crescimento, de coloração das folhas e o conteúdo de óleo em suas sementes.

Apesar de suas aplicações em benefício do ser humano, no pasto pode causar intoxicação nos animais, tanto por meio do consumo de suas folhas quanto de suas sementes.

Se o animal está com fome, o que é mais comum na seca devido a falta de gramíneas no pasto, e encontra a mamona, ele poderá consumi-la. Pesquisas indicam que apenas o consumo de 20g de folha por quilo do animal pode ser fatal. A intoxicação por sementes pode ocorrer quando há ingestão pelos animais de alimentos que sofreram a adição acidental ou intencional de sementes ou de resíduos da mamona (1).

Após 3 a 6 horas do consumo da mamona surgem os sintomas, os quais são de ordem neuromuscular. Animais ficam desequilibrados, deitam-se, têm tremores musculares, apresentam, salivação excessiva, arrotos e recuperação ou morte rápida.

Quando ingerem sementes, os sintomas nos animais aparecem em algumas horas e em até 2 e 3 dias. A evolução é aguda ou subaguda. Nota-se perda de apetite, diarreia quase sempre sanguinolenta, fraqueza, apatia e morte (1).

Foto: mamona na pastagem.
Riane Caroline Pinto

Referência:
1. https://www.afe.com.br/noticias/intoxicacao-do-gado-por-mamona