João Fernandes é doutorado em Biotecnologia e, em conjunto
com David Pereira, e Henrique Nascimento, ambos da área das ciências
farmacêuticas, desenvolveu o projeto “InPhytro”.
Este tem como objetivo aliar a agricultura à ciência na produção in vitro de
plantas medicinais e aromáticas.
A produção in vitro de plantas não é novidade, existe
normalmente em estufas para contrariar a sazonalidade das culturas. Contudo,
David Pereira salienta o que torna o seu projeto inovador: o recurso à
biotecnologia na produção, ou seja, ao conhecimento da composição química e da
forma de atuação da planta.
“Agredir” a planta para apurar características
O objetivo é apurar as características medicinais, que, na
maior parte dos casos, resultam de uma defesa perante agentes externos.
Primeiro, as plantas crescem em laboratório e são identificados os estímulos
que desencadeiam essas características. De seguida, controlam-se os estímulos,
mudando o meio que envolve a planta. “Agredimo-la um pouquinho mais, ou
damos-lhe um ambiente que não é o ideal”, explica David Pereira.
“O resultado são plantas com um teor de moléculas bioativas
(com interesse para a saúde) 100, 200, ou 300% superior ao que encontramos nos
modelos tradicionais de agricultura”, destaca. Assim, para produzir a mesma
quantidade de um dado medicamento, por exemplo, será necessária muito menos
matéria-prima.
É importante esclarecer que embora estas plantas sejam
criadas em ambiente controlado, o que se passa com elas não é modificação
genética. “Enquanto que se por algum motivo um organismo geneticamente
modificado sair de laboratório acaba por contaminar o meio ambiente, estas
plantas retornam as características originais, pois tudo o que fazemos não
passa para a próxima geração”, clarifica David.
Inovação científica em tempo de crise
O projeto “InPhytro” foi integrado na UPTEC, Parque de
Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, estando a ser desenvolvido nas
suas instalações. David, João e Henrique planeiam agora rechear um laboratório
próprio e começar brevemente a produzir, usando parte do prémio arrecadado no
maior concurso de empreendedorismo nacional (“Realize o seu Sonho").
Num projeto como este, iniciado numa época de crise, a falta
de financiamento é a primeira grande barreira a ultrapassar, mas estes
investigadores não baixaram os braços. Começar em Portugal não é uma missão
impossível, “tendo em conta que todas as semanas há um concurso de
empreendedorismo”, garante João Fernandes. “Este é o momento certo para os
jovens empreendedores apresentarem os seus projetos”, reforça.
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