Daniella Zanotti
dzanotti@redegazeta.com.br
Não é raro ouvir que determinado chá ajuda na digestão, no resfriado e até
mesmo para dormir melhor. As receitas de família, que são repassadas por
gerações para combater diversos males estão em alta e são alvos da ciência, que
investiga plantas e raízes para serem utilizadas no cuidado com a saúde.
O interesse sobre os recursos naturais tem aumentado no Brasil. Desde 2007, o
Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza fitoterápicos - ervas transformadas
em medicamentos pela indústria. Os postos de saúde oferecem hoje oito fármacos
produzidos à base de alcachofra, aroeira, cáscara sagrada, garra do diabo,
isoflavona da soja, unha de gato, espinheira santa e guaco, indicados para o
tratamento de problemas como prisão de ventre, inflamações, gastrites, úlceras,
tosses e gripes. E mais medicamentos estão a caminho.
O Ministério da Saúde – em parceria com serviços estaduais e
municipais de saúde e institutos de pesquisa – está analisando 71 espécies
vegetais utilizadas pela população. O estudo começou há três anos e a ideia é
que os cientistas proponham novas fórmulas medicinais.
O diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do
órgão, José Miguel do Nascimento Júnior, revela que três espécies da lista -
babosa, hortelã e plantago major (tancha) - foram aprovadas recentemente e vão
ampliar o número de fitoterápicos que são financiados com verba federal e
ofertados para a população gratuitamente. "A portaria será publicada em
breve, mas o governo vai dar um prazo de 90 dias para os municípios se
adequarem", afirma.
José Miguel explica que os estudos são importantes para avaliar qual parte da
planta deve ser utilizada para a obtenção do medicamento (caule, folha,
semente, fruto, etc.) e o estabelecimento dos parâmetros de toxicidade, já que,
como qualquer produto alopático, os fitoterápicos também apresentam efeitos
colaterais.
Uso orientado
A planta medicinal está cheia de substâncias químicas na casca, nas folhas e na
raiz. Isso não significa que a população tenha de abandonar as infusões, mas é
preciso cautela. Portadores de doenças crônicas - como as cardiovasculares, as
renais, as hepáticas, o diabete, o câncer e a epilepsia — não devem ingerir os
chás medicinais por conta própria, já que o consumo pode ser tóxico. O aval do
médico também é indispensável para as gestantes.
Ajuda que vem da natureza
DIGESTÃO
Pesquisadores da Unicamp reafirmaram as propriedades medicinais da carqueja
para problemas digestivos. Assim como o boldo-do-chile, a carqueja favorece a
produção da bile, facilitando a digestão. Também há registros de redução das
taxas de açúcar no sangue, além de propriedades antiúlcera e
anti-inflamatórias, que auxiliariam no tratamento de artrites. Não há indícios
de toxicidade renal ou hepática, mas há risco de queda na pressão arterial,
o que restringe seu uso a pacientes hipotensos ou com hipertensão. Grávidas não
devem utilizar
Como fazer
Infusão de 2,5 g
ou 2 colheres e meia de chá em 150 ml (xícara de chá). Tomar 1 xícara de 2 a 3 vezes ao dia
GRIPES, BRONQUITE, ASMA E TOSSE
As folhas de guaco têm efeito paliativo para casos agudos de doenças
respiratórias. A conclusão é de um estudo desenvolvido na Universidade do
Extremo Sul Catarinense. Os cientistas prepararam uma solução alcoólica de suas
folhas secas. Na sequência, administraram a bebida, durante sete dias, em ratos
com inflamação pulmonar induzida pela inalação de carvão. Além de não ocorrerem
efeitos tóxicos, houve diminuição do processo inflamatório, dilatação dos vasos
e ação antimicrobiana. O guaco já é base de fitoterápico oferecido pelo SUS
Como fazer
Infusão de 1 colher de sopa em 150 ml. Tomar 1 xícara três vezes ao dia
AZIA
O chá de hortelã (pimenta) é indicado para aplacar os sintomas da azia.
Bastante estudada atualmente e já aprovada pelo Ministério da Saúde para brevemente
ser utilizada como fitoterápico, a hortelã tem efeito anestésico leve, relaxa a
musculatura intestinal, facilita a digestão, combate problemas da vesícula
biliar e crises de vômito. Estudo da Universidade de Newcastle, Inglaterra,
também fez pesquisas com ratos e provou que a hortelã tem propriedades
analgésicas equivalentes às de alguns remédios vendidos comercialmente.
Como fazer
Infusão de 1,5 g
(3 colheres de café) em 150ml (xícara de chá). Tomar 1 xícara de duas a quatro
vezes ao dia
CÓLICA MENSTRUAL
Um chá forte de capim-limão (ou capim-santo) pode amenizar. No Projeto
Farmácias Vivas da Universidade Federal do Ceará, a planta é usada com sucesso
no alívio das cólicas menstruais.
Como fazer
Infusão de 1 a
3 colheres de chá) em 150 ml (xícara de chá). Tomar 1 xícara de 2 a 3 vezes ao dia
CONTUSÃO
Além do gelo nas primeiras 48 horas após o trauma, a arnica também ajuda quando
há hematomas, pois acelera a cicatrização. Sua eficiência foi confirmada por
uma pesquisa da Universidade Federal do Paraná e está sendo testada pelo
Ministério da Saúde. Se não tiver a pomada da erva, encontrada em muitas
farmácias, faça compressa: coloque 30 gramas de folha de arnica picada em meio
litro de água fervente. Abafe, espere esfriar e aplique-a, morna, de três a
quatro vezes por dia no local da contusão. Nunca use por via oral nem aplique
em feridas abertas. A arnica não deve ser usada por mais de sete dias
Como fazer
Infusão de 3g (1 colher de sopa) em 150 ml. Aplicar compressa na área a ser
tratada de 2 a
3 vezes ao dia
ANSIEDADE
A passiflora (folha do maracujá) entra na fórmula de fitoterápicos e é
receitada para tratar ansiedade. A Universidade Federal de São Paulo administrou, em roedores,
um medicamento à base de passiflora para avaliar não só seu impacto no
comportamento dos animais, como eventuais efeitos tóxicos. A capacidade da
passiflora de diminuir sintomas ansiosos foi confirmada e não houve efeitos
adversos
INFUSÃO
Além dos produtos fitoterápicos, distribuídos nos postos de saúde, a infusão é
uma das formas de utilizar as plantas medicinais. Atenção para o preparo:
entorne água fervente sobre as folhas e, em seguida, abafe o recipiente por cerca de cinco minutos. Coe e beba. A
recomendação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
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