Os produtos da Coopaflora, certificados pela Ecocert,
estarão disponíveis no estande do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
junto com os de outros oito empreendimentos da agricultura familiar brasileira.
A maior feira supermercadista do mundo acontece até 10 de maio no ExpoCenter
Norte, na capital paulista, e funciona como uma vitrine de negócios.
O cultivo de ervas, em princípio rudimentar e informal,
fazia parte da tradição das comunidades rurais da região central do estado do
Paraná. Um chá, uma compressa de ervas, um xarope ou uma pomada sempre
estiveram ali ao alcance das mãos, dispostos pela vegetação nativa ou plantados
nos espaços disponíveis nas propriedades familiares. Por meio de uma iniciativa
do Instituto Agroecológico Bernardo Hakvoort, que carrega o nome de seu
fundador, a plantação de ervas passou a ser organizada em grupos produtivos
localizados em oito municípios do estado.
No ano de 2006, no município de Turvo (PR), a Coopaflora foi
fundada unificando o trabalho dos produtores de ervas. Por meio dos
investimentos do Programa Nacional de Desenvolvimento Territorial (Pronat), no
ano de 2007, o empreendimento adquiriu fornos e secadores para o beneficiamento
dos produtos. Comercializadas com as marcas próprias Arvoredo Brasil e
Coopaflora, os produtos – que incluem plantas medicinais, condimentares,
aromáticos e erva-mate -, podem ser encontrados à granel e empacotados.
Alecrim, camomila, orégano, manjerona e sálvia são alguns dos 41itens que serão
expostos na Feira Apas 2012.
Embalados em caixas de 15 gramas e em pacotes de 5 e 10
gramas, o catálogo está disponível na ferramenta Rede Brasil Rural
que permite a aproximação entre produtores e consumidores. Para o diretor do Departamento de Agregação de Valor e
Geração de Renda do MDA, Arnoldo Campos, o crescimento do mercado de alimentos
funcionais representa um ramo importante dentro da inclusão produtiva. “Para o
agricultor familiar é uma oportunidade de abrir novos mercados com produtos que
exigem uma área pequena dentro do estabelecimento e com boa produtividade em
termos de renda por hectare” afirma Arnoldo.
A região sul, mais favorável à adaptação de plantas de
origem europeia, é o pólo brasileiro na cultura das ervas medicinais.
Atualmente, o Paraná é líder desse mercado que, somente no ano de 2011,
exportou 197 milhões de dólares em chá, mate e especiarias, segundo dados do
Estatísticas do Meio Rural (NEAD 2011). A Coopaflora exporta para Estados
Unidos e França e de acordo com o agente de mercado, Henrique Vinicius Eurich,
a participação na Feira Apas 2012 “é uma porta que se abre, uma grande
oportunidade para um empreendimento novo no mercado”.
Por meio do Pronaf Investimento, em 2008, a cooperativa
ampliou a capacidade produtiva. Em 2011, 98 toneladas foram comercializadas.
Com 112 cooperados, o presidente da Coopaflora, João Neri Kuashiaki, acredita
que participação no evento trará mais conhecimento e aumento da produtividade
no ano de 2012. “É muito bom pra nós ir a outras cidades como Brasília,
Curitiba e, agora, São Paulo. É importante pra Cooperativa” conta João.
Mulher, mãe e agricultora
A agricultora familiar, Silvia Maria Otuthkevipsek, de 44 anos,
viu no cultivo de plantas medicinais uma oportunidade de melhoria econômica. O
artesanato era a atividade principal desempenhada pelas mulheres da região e o
cultivo de plantas possibilitou o incremento na renda. “Só com crochê não tava
dando pra sobreviver”, conta. Na propriedade de dona Sílvia é possível
encontrar carqueja, orégano, melissa, hortelã, capim limão e alecrim. “Hoje a
gente pode comprar eletrodomésticos, roupa de cama ou o que for necessário
quando quisermos. Melhorou bastante com esse trabalho na Coopaflora”, ressalta.
Casada e mãe de duas jovens, de 17 e 25 anos, a agricultora
percebeu a possibilidade de manter a família unida por meio do cultivo das
plantas. As filhas passam o dia na propriedade ajudando na lavoura. No período
da noite, ambas estudam. “Sei que se não tivessem a possibilidade de trabalhar
na propriedade minhas filhas também já teriam buscado emprego na cidade”,
relata a agricultora.
A Cooperativa desempenha um trabalho educacional com os
cooperados e suas famílias, por meio da parceria com o Instituto Agroflorestal
Bernardo Hakvoort (IAF). Os cursos e oficinas oferecidos têm como objetivo
qualificar constantemente o trabalho da comunidade para o aperfeiçoamento,
manutenção da atividade na região e preservação do meio ambiente. “A
cooperativa não só promove a venda das plantas mas se preocupa em ajudar o
produtor a adquirir conhecimento para tornar-se um cidadão”, salienta dona
Silvia. Frequentadoras das atividades do IAF, as filhas da produtora pretendem
continuar trabalhando com agricultura familiar.
As ervas permitem o plantio ao longo de todo o ano e têm
alto poder de comercialização. A engenheira agrônoma Raquel Ivanicska, da
EMATER Brazlândia (DF), explica que o cultivo permite um maior aproveitamento
das ervas. “Dá pra plantar, geralmente, durante o ano todo. Mesmo em épocas de
seca é possível cultivar mantendo a irrigação”, explica Raquel. “Quando
ressecadas elas podem ser vendidas por várias semanas consecutivas”, completa a
agrônoma.
O trabalho com as plantas medicinais é uma satisfação
profissional e pessoal para dona Silvia. “Você consegue cuidar da família,
ficar na propriedade, fazer os deveres de mãe e arrumar a casa. Isso que é
legal no trabalho”, frisa. Hoje, no cargo de secretária da Coopaflora, a
produtora conclui que as plantas proporcionaram uma melhoria significativa na
vida dos agricultores familiares do centro do estado. “ Eu gosto muito do meu
trabalho. A agricultura familiar é a vida dessas pessoas”, resume.
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