Experiências que tentam simular o impacto do aquecimento global nas plantas subestimam o que acontece no mundo real, revelou um estudo publicado na edição desta quarta-feira (2) da revista científica britânica Nature. A pesquisa apoia observações feitas por fazendeiros e jardineiros, especialmente no hemisfério norte, segundo os quais plantas sazonais estão florescendo muito mais cedo do que no passado.
Experimentos artificiais sobre o aquecimento global costumam consistir no encerramento de uma planta em uma câmara similar a uma estufa sem tampa ou em uma tenda com um pequeno aquecedor no telhado, de forma a replicar os efeitos do aumento da temperatura. Estes experimentos determinaram que a florada e a folheação ocorrem entre 1,9 e 3,3 dias antes para cada grau Celsius de elevação da temperatura.
Mas o estudo diz que o número exato é muito maior.
As plantas começam a desenvolver folhas e flores entre 2,5 e 5 dias mais cedo a cada 1ºC mais quente, destacou a pesquisa, baseando-se em uma comparação entre experimentos sobre aquecimento em 1.634 espécies de plantas e observações de longo prazo destas espécies na natureza, realizadas por 20 instituições de América do Norte, Japão e Austrália.
"Até agora, presumia-se que sistemas experimentais responderiam da mesma forma que os sistemas naturais respondem, mas não é o que acontece", explicou em um comunicado o co-autor da pesquisa, Benjamin Cook, do Observatório Terrestre Lamont-Doherty da Universidade de Columbia, em Nova York. Os métodos experimentais podem falhar porque reduzem luz, vento ou umidade do solo, que afetam a maturidade sazonal da planta, destacou o artigo.
Segundo o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em 2007, as temperaturas da superfície do globo subiram 0,74ºC entre 1906 e 2005. De acordo com as tendências atuais de emissões de carbono, responsáveis pelo aumento da temperatura no globo, a Terra encaminha-se para um aquecimento adicional de 2ºC ou mais, segundo estimativas publicadas por outras fontes no ano passado.
Para alguns especialistas, estas estimativas são conservadoras. Eles afirmam que muitos locais estão esquentando muito mais rápido do que a média do planeta. "A floração das cerejeiras, em Washington, DC, um fenômeno meticulosamente registrado e celebrado, se antecipou em cerca de uma semana desde os anos 1970", destacou o comunicado, publicado pelo Instituto da Terra, da Universidade de Columbia. "Se a tendência se mantiver, algumas projeções recentes dizem que elas estarão saindo em fevereiro por volta de 2080", concluiu.
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