Pedro Peduzzi - Agência Brasil
05.03.2013
Em termos mundiais, o estudo mostra um aumento de admissões em salas de emergência e de ligações para centros de toxicologia em decorrência de novas substâncias psicoativas (Tanjila/Creative Commons)
Brasília - Um relatório lançado hoje (5) pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) mostra de forma regionalizada a situação das drogas lícitas e ilícitas em diversas partes do mundo. O material, que corresponde ao ano de 2012, ajudará a entidade a cumprir seu papel de contribuir para implementação das convenções internacionais da Organização das Nações Unidas para o controle das drogas.
Em termos mundiais, o estudo mostra um aumento de admissões em salas de emergência e de ligações para centros de toxicologia em decorrência de novas substâncias psicoativas. Entre elas, muitas drogas legais e as chamadasdesigner drugs – drogas cujas fórmulas químicas são ligeiramente alteradas para evitar o enquadramento delas como substância ilícita, mas que mantêm o seu princípio ativo.
Há, segundo a Jife, centenas de design drugs sendo vendidas com facilidade na internet. A tendência é que esse tipo de droga cresça de forma constante. A Jife informa que essas substâncias representam uma ameaça à saúde pública e que são necessárias ações conjuntas dos países para prevenir sua fabricação, tráfico e uso.
Apesar de, nos últimos anos, o uso de drogas ilícitas ter se estabilizado na Europa, ele ainda se mantém em nível considerado alto e o grande desafio do continente é o consumo das novas substâncias psicoativas. O número de sites que vendem essas drogas para países da União Europeia aumentou mais de quatro vezes em dois anos. A Jife contabilizou 690 sites desse tipo em janeiro de 2012.
Segundo o relatório, a área total de cultivo de coca na América do Sul diminuiu em 2011 em comparação com o ano anterior. No entanto, a Jife considera “motivo de preocupação” o fato de as grandes apreensões de maconha indicarem “aumento significativo” da produção de cannabisna região.
América Central e Caribe continuam sendo grandes áreas de trânsito para o tráfico da cocaína sul-americana na direção da América do Norte, que permanece como o maior mercado de drogas ilícitas do mundo e a que tem maiores índices de mortes relacionadas a ela. Lá, aproximadamente uma em cada 20 mortes de pessoas entre 15 e 64 anos está relacionada a drogas.
O tráfico de drogas tem, segundo o relatório, “efeito desestabilizador” na segurança regional das áreas sob sua influência. É o caso do México, onde mais de 60 mil pessoas foram mortas desde 2006 como resultado da violência relacionada a elas.
A maconha se mantém como a droga mais cultivada, traficada e usada no continente africano, mas estimulantes do tipo anfetamina são considerados pela Jife como “a mais nova ameaça na região”. O relatório aponta também aumento no abuso de cocaína na África Ocidental. Nos últimos anos, a região passou a ser rota de narcóticos, com destaque à cocaína vinda da América do Sul, com destino à Europa.
De acordo com a Jife, o sudeste asiático é um centro de fabricação ilícita de estimulantes como anfetamina e metanfetamina. A região foi responsável por quase a metade das apreensões desse tipo de droga, feitas em todo o mundo.
Junto com o leste do continente, esta é a segunda maior área de cultivo de papoula de ópio, com um quinto de toda a produção global, atrás apenas da Ásia Ocidental. O maior produtor continua sendo o Afeganistão. A apreensão de estimulantes ilícitos como cocaína e metanfetamina aumentou 20 vezes, entre 2001 e 2010, na Ásia Ocidental.
Edição: Fábio Massalli
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