Amanda Sanches- Acadêmica de Medicina Veterinária da Universidade de Taubaté
Introdução
A moxabustão é uma modalidade terapêutica da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que utiliza o calor gerado pela combustão da erva Artemisia vulgaris (artemísia) sobre pontos de acupuntura ou áreas específicas do corpo. Essa técnica tem como objetivo aquecer, tonificar e promover o livre fluxo de sangue na região aplicada, sendo amplamente reconhecida na Medicina Humana.
Na Medicina Veterinária (MV), a moxabustão tem ganhado relevância como terapia complementar no manejo da dor, na reabilitação neuromotora e no estímulo à regeneração tecidual em diversas espécies, especialmente cães, equinos e bovinos.
Revisão de literatura
A moxabustão, frequentemente associada à acupuntura, apresenta resultados promissores no tratamento de condições que afetam a locomoção e o sistema nervoso animal. Estudos indicam sua eficácia na reabilitação de cães com Doença do Disco Intervertebral (DDIV), promovendo redução da dor e melhora da função locomotora. Avaliações neuromotoras em cães com afecções da coluna vertebral submetidos à técnica demonstram progressão funcional, sugerindo que o tratamento combinado de agulhamento e moxabustão é uma ferramenta valiosa nos protocolos de fisiatria veterinária.
O efeito térmico da moxabustão estimula o fluxo sanguíneo local, essencial para a cicatrização. Relatos de caso evidenciam sucesso da técnica na cicatrização por segunda intenção em cães, acelerando o processo e promovendo granulação saudável do tecido. Em equinos, a moxabustão também foi avaliada, sendo considerada um tratamento complementar acessível e de fácil aplicação para feridas cutâneas. Além disso, há registros de uso em fauna silvestre, como serpentes, incluindo a Eunectes murinus (anaconda), para auxiliar na cicatrização de lesões.
Conclusão
Conclui-se que a moxabustão se consolida como um recurso relevante da MTC na Medicina Veterinária. A literatura científica respalda seu uso complementar em diversas áreas, incluindo manejo da dor crônica, reabilitação neuromotora (especialmente em cães) e estímulo à cicatrização tecidual em diferentes espécies. Sua eficácia clínica, associada à natureza minimamente invasiva e ao baixo custo, justifica a crescente incorporação nos protocolos terapêuticos veterinários. Contudo, pesquisas adicionais são necessárias para elucidar completamente seus mecanismos de ação e padronizar as melhores práticas de aplicação.
Referências
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