sexta-feira, 13 de abril de 2012

Plantas no controle de doenças em plantas

Os pequenos produtores do município de Alta Floresta, localizado a 780km ao norte de Cuiabá, respondem por 87% da agricultura local. Diante da representatividade das mini e pequenas propriedades na cidade, o pesquisador Luiz Fernando Caldeira Ribeiro, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), doutor em Fitopatologia coordenou o projeto de identificação das principais doenças causadas por bactérias e fungos nas plantas da região para combatê-las com um método alternativo, barato e fácil de ser adotado pelos agricultores.

O antídoto sai do próprio quintal do produtor para ser pulverizado na lavoura. As plantas mais abundantes na região foram escolhidas pela equipe de pesquisadores: pimenta (malagueta, bode-vermelha e bode-salmão), mamona, alho, hortelã, óleo de copaíba, cebola, sementes de mamão, óleo de sucupira, babosa e as ervas medicinais terramicina (Alternanthera dentata), erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides), capim-cidreira (Cymbopogon citratus), boldo (Plectranthus barbatus), e neen (Azadirachta indica). Um extrato aquoso foi preparado a partir de cada uma delas. O grão, ou a folha, foi amassado e misturado com água destilada esterilizada, e posteriormente filtrado. A única ressalva é que a mistura deve ser aplicada imediatamente após a sua obtenção. 

Os resultados mostraram que os extratos tiveram desempenho igual ao de fungicidas e bactericidas sintéticos já existentes, no controle de seis doenças causadas por bactérias e seis doenças causadas por fungos, como murcha e podridão negra em vegetais, com a vantagem de não serem produtos que poluam o ambiente ou deixam resíduos nocivos à vida. “Mesmo que os resíduos permaneçam no campo, eles são naturais e não causam danos”, diz Luiz. Outros benefícios apontados pelo cientista é que o método onera pouco o custo de produção e que, por outro lado, o uso contínuo de agrotóxicos torna fungos e bactérias resistentes, levando ao surgimento de novos tipos de pragas.

Um dos casos expressivos observados na pesquisa foi o da laranja tratada com extratos de pimenta e de própolis. O fruto da planta pulverizado com o extrato, depois de colhido, chega a durar dez dias “na prateleira”, sem apodrecer. 

Os extratos aquosos naturais podem ser usados para a pulverização preventiva e também para a curativa. Como agente protetor, o extrato aplicado induz a planta a desenvolver resistência de forma exógena, ou seja, de fora pra dentro. O resultado é como o de uma vacina em animais. Com objetivo curativo, o extrato tem função de parar o crescimento da colônia de fungos ou bactérias que já se instalaram nas plantas, inibindo a esporulação (reprodução) dos microorganismos.

Além da laranja, eucalipto, palmeira, tomateiro, mamoeiro, mangueira, feijão guandu, plantas de alface, berinjela, batata, pimentão e maracujá foram tratados desta forma durante a pesquisa. Um caso exemplar de aproveitamento das plantas no seu próprio tratamento é o do mamoeiro. As sementes de mamão podem ser usadas em extratos de alta concentração para combater a podridão de frutos do mamoeiro, causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides.

O fungo responsável pela antracnose no mamoeiro cresce sem nenhum tratamento.

Já aqui, imerso no extrato aquoso de pimenta o mesmo fungo, tem seu crescimento inibido.

Esquema da avaliação da eficiência do extrato aquoso de pimenta em bactérias do gênero Xanthomonas campestris pv. Passiflorae. Da esquerda para a direta ocorre um aumento de concentração do extrato.

O extrato aquoso é preparado em laboratório.


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