sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Zika vírus: Que caminhos tomar para controlar a epidemia e como lidar com suas consequências?

Publicada em 03/02/2016 Link para esta matéria
Muitas são as opiniões a respeito da epidemia de microcefalia e das doenças vetoriais relacionadas ao Aedes aegypti, principalmente após a OMS declarar emergência mundial por microcefalia. Maiores ainda são as associações que vêm surgindo como consequências desse grave surto. Pesquisadores, instituições científicas e o governo correm contra o tempo em busca de soluções e estratégias eficientes para seu enfrentamento. No entanto, o que ficará quando a crise passar? Quem sofrerá suas consequências? Especialistas apontam caminhos, debatem possibilidades; a população sofre, e já se fala no comprometimento de uma geração inteira – os chamados filhos da zika. Complicações neurológicas como a síndrome de Guillan-Barré, o aborto, as consequências para a saúde e o ambiente, em especial na população mais vulnerável, e o desenvolvimento de uma vacina estão entre os pontos mais preocupantes. E, para completar, na cidade do Rio de Janeiro, que receberá os Jogos Olímpicos 2016, há preocupação com a chegada dos visitantes internacionais e delegações. A ENSP quer saber o que você pensa sobre o futuro do Brasil frente ao zika vírus. Responda à pergunta e participe do mais novo tema do Blog Saúde em Pauta. Escreva! Dê sua opinião!

Este debate foi suscitado pelos Grupos Temáticos (GTs) da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) - Saúde e Ambiente; Saúde do Trabalhador; Vigilância Sanitária; Promoção da Saúde e Desenvolvimento Sustentável; e Educação Popular em Saúde -, que publicaram nota técnica advertindo quanto aos perigos das abordagens com larvicidas e nebulizações químicas, como o fumacê, e defendendo ações socioambientais transformadoras contra o zika. O documento visa aprofundar reflexões, questionamentos e fazer proposições que possam orientar as políticas públicas na intervenção preventiva frente ao surto.

O manifesto da Abrasco destaca que “todas as medidas de controle vetorial devem ser realizadas com ampla mobilização social no sentido da proteção da Saúde Pública, priorizando-se as medidas de saneamento ambiental, e orientadas pelos princípios da Política Nacional de Educação Popular em Saúde”. A Associação alerta ainda que “não pode ser adotado um discurso de responsabilização unilateral das famílias pelo controle do Aedes, eximindo o poder público de seu dever de realizar ampla reforma urbana em curto espaço de tempo: Cidades saudáveis e sustentáveis: esse é o desafio urgente”.

A nota técnica fala, também, sobre alguns fatos que podem justificar a introdução e disseminação do vírus zika, mas ainda precisam ser questionados e investigados. Entre eles estão: aumento da degradação ambiental; utilização continuada de larvicidas químicos na água de beber; intensificação de processos migratórios pela atração de grandes empreendimentos; grandes eventos de massa, como a Copa do Mundo 2014; fragilidade da vigilância epidemiológica dos municípios e dos estados; e as dificuldades na condução da vigilância da zika e chinkungunya, ao tratá-las como ‘dengue branda’.


A Revista Radis, da ENSP, de fevereiro 2016, também aborda o tema destacando a tríplice epidemia viral - dengue, chikungunya e zika -, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O editorial da publicação comenta como a atual crise sanitária se tornou uma prioridade para além do campo da saúde e afirma que modelo “mata-mosquito”, utilizado com sucesso por Oswaldo Cruz no início do século 20, não dá conta da complexidade da realidade atual. A revista traz ainda diferentes debates sobre o tema, como a possibilidade de alguns casos de zika evoluírem para complicações neurológicas, como a síndrome de Guillan-Barré, e os jogos eletrônicos que podem auxiliar o processo de conscientização e prevenção na área da saúde.

Link:

Nenhum comentário:

Postar um comentário