quarta-feira, 23 de maio de 2012

Plantas tóxicas na ponta do nariz: prevenção de acidentes através do conhecimento

Texto presente de meu ídolo, amigo, colega das plantas medicinais e ex-aluno Daniel Garcia
publicado no 


Pode parecer simples a tarefa de escolher uma ou mais plantas coloridas e encantadoras com o intuito de embelezar ambientes como jardins públicos, particulares ou até mesmo nossas casas. No entanto, observamos em alguns parques e jardins da cidade de São Paulo, que não se leva em consideração o potencial de toxicidade que algumas plantas podem apresentar às pessoas e aos animais se ingeridas ou simplesmente em contato direto com a pele, olhos, mucosa.

No Brasil, 60% dos casos de intoxicação por plantas tóxicas ocorrem com crianças menores de nove anos, e 80% deles são acidentais (1). Esses acidentes representam a quarta causa de intoxicação no Brasil com perdas de vidas humanas (2).

Uma planta é considerada tóxica quando possui em sua composição química uma ou mais substâncias que são capazes de encobrir o sabor original dos alimentos, tais como: taninos, lactonas sesquiterpênicas, alcalóides e iridóides. Naturalmente essas substâncias são importantes para as plantas se protegerem do ataque de patógenos, herbívoros entre outras razões. Além disso, o fato de causar problemas de saúde para quem entra em contato direto, já são fatores suficientes para ser considerada uma planta tóxica (3).

Não é de hoje que plantas são usadas com intuito paisagístico. Há uma infinidade de referências históricas e bíblicas sobre diversos locais do mundo que utilizavam as plantas com essa finalidade. Alguns exemplos são:Jardim do Éden (Jardim do Paraíso), Jardins Suspensos da Babilônia, Jardins Botânicos entre outros.

Em seguida, estão cinco exemplos de plantas tóxicas comumente encontradas em locais públicos da cidade de São Paulo, seus respectivos nomes populares, nome científico e imagem:

- Nomes populares: comigo-ninguém-pode, nananeira-d’água, cana-de-imbé, aninga-para.



- Nome científico: Dieffenbachia seguine
- Nomes populares: Espirradeira, oleandro, rododendro.
- Nome científico: Nerium oleander
- Nomes populares: coroa-de-cristo, coroa-de-espinho, colchão-de-noiva, dois-irmãos, martírios.
- Nome científico: Euphorbia milii
- Nomes populares: alamanda-amarela, quatro-patacas, carolina, dedal-de-dama.
- Nome científico: Allamanda cathartica
- Nomes populares: bico-de-papagaio, poinsétia, folha-de-sague, flor-de-páscoa. 
- nome científico: Euphorbia pulcherrima

Apesar de toda cautela no planejamento de um jardim, ou até mesmo em colocar uma planta dentro de casa, a melhor forma de prevenir intoxicações é uma orientação adequada à população sobre o potencial tóxico que as plantas podem causar e medidas preliminares que devem ser tomadas caso ocorram intoxicações.

Qualquer acidente que ocorra com a ingestão ou contato direto com a pele ou mucosa de plantas tóxicas, a pessoa intoxicada deve ser imediatamente encaminhada a um pronto socorro. É importante levar para o médico uma parte da planta (folhas, frutos, flores …) que causou a intoxicação e/ou fornecer uma descrição detalhada sobre ela. Ainda é possível entrar em contato com o “disque-intoxicação” pelo telefone 0800 722 6001 (SINITOX – Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas), que redireciona a ligação para o RENACIAT (Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica) mais próximo. Este último analisa o problema e aconselha medidas para o devido registro e providências pertinentes.

Agora que a visão do leitor está mais atenta em relação às plantas tóxicas, observe em sua casa ou mesmo quando andar nas ruas e parques públicos, dentre outros lugares, as plantas citadas neste artigo entre outras e, contribua com uma discussão em nosso blog sobre o que notou.

Referências

1 Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), 2012.
2 Abreu Matos, F. J. de; Lorenzi, H.; dos Santos, L.F.L.; Matos, M.E.O.; Silva, M.G.V.; de Souza, M.P. Plantas tóxicas: estudo de fitotoxicologia química de plantas brasileiras. Editora Plantarum, 247 p., Nova Odessa – SP, 2011.
3 Rejane Barbosa de Oliveira, Silvana Aparecida Pires de Godoy e Fernando Batista da Costa. Plantas tóxicas: Conhecimento e prevenção de acidentes. Holos Editora, 64 p., Ribeirão Preto – SP, 2003.

Fonte das fotos: wikipedia.org

Links e telefones úteis:
- CEATOX (Centro de Assistência Toxicológica), fone: 0800 014 8110

Daniel Garcia é graduado em Engenharia Agronômica pela Faculdade Cantareira (SP), com iniciação científica em Etnofarmacologia pela UNIFESP e Agronomia pela USP. Atualmente é mestrando em Horticultura pela UNESP.

2 comentários:

  1. Gostei do texto! E anotei o telefone.
    No meu jardim, o meu cachorro comeu Kalanchoe, teve que fazer tratamento por vários dias internado...
    Saber plantar e cuidar da plantas do jardim é importante, mas é importante saber dessas informações, e principalmente para quem tem crianças e animais em jardim com plantas tóxicas.
    Também é importante floricultura ou casa de plantas, quando venderem orientar o consumidor sobre a planta se ela é tóxica ou não, mas às vezes nem os profissionais do estabelecimento sabem. Seria bom a descrição vir do produtor já anotado no vaso, mas também as vezes nem o produtor sabe.
    Foi importante esse texto, vai ajudar muitas as pessoas!
    Obrigada, professor Furlan

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  2. Olá, Grace!
    Seus comentários sempre fornecem informações úteis.
    Seu alerta é importante, pois muitos desconhecem os cuidados que devem tomar quanto à planta tóxica. Eu que agradeço.

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