Texto presente de meu ídolo, amigo, colega das plantas medicinais e ex-aluno Daniel Garcia
publicado no
Pode parecer simples a tarefa de escolher uma ou mais
plantas coloridas e encantadoras com o intuito de embelezar ambientes como
jardins públicos, particulares ou até mesmo nossas casas. No entanto,
observamos em alguns parques e jardins da cidade de São Paulo, que não se leva
em consideração o potencial de toxicidade que algumas plantas podem apresentar
às pessoas e aos animais se ingeridas ou simplesmente em contato direto com a
pele, olhos, mucosa.
No Brasil, 60% dos casos de intoxicação por plantas tóxicas
ocorrem com crianças menores de nove anos, e 80% deles são acidentais (1). Esses
acidentes representam a quarta causa de intoxicação no Brasil com perdas de
vidas humanas (2).
Uma planta é considerada tóxica quando possui em sua
composição química uma ou mais substâncias que são capazes de encobrir o sabor
original dos alimentos, tais como: taninos, lactonas sesquiterpênicas,
alcalóides e iridóides. Naturalmente essas substâncias são importantes para as
plantas se protegerem do ataque de patógenos, herbívoros entre outras razões.
Além disso, o fato de causar problemas de saúde para quem entra em contato
direto, já são fatores suficientes para ser considerada uma planta tóxica (3).
Não é de hoje que plantas são usadas com intuito
paisagístico. Há uma infinidade de referências históricas e bíblicas sobre
diversos locais do mundo que utilizavam as plantas com essa finalidade. Alguns
exemplos são:Jardim
do Éden (Jardim do Paraíso), Jardins
Suspensos da Babilônia, Jardins Botânicos entre outros.
Em seguida, estão cinco exemplos de plantas tóxicas
comumente encontradas em locais públicos da cidade de São Paulo, seus
respectivos nomes populares, nome científico e imagem:
- Nomes populares: comigo-ninguém-pode, nananeira-d’água,
cana-de-imbé, aninga-para.
- Nome científico: Dieffenbachia seguine
- Nomes populares: Espirradeira, oleandro, rododendro.
- Nome científico: Nerium oleander
- Nomes populares: coroa-de-cristo, coroa-de-espinho,
colchão-de-noiva, dois-irmãos, martírios.
- Nome científico: Euphorbia milii
- Nomes populares: alamanda-amarela, quatro-patacas,
carolina, dedal-de-dama.
- Nome científico: Allamanda cathartica
- Nomes populares: bico-de-papagaio, poinsétia,
folha-de-sague, flor-de-páscoa.
- nome científico: Euphorbia pulcherrima
Apesar de toda cautela no planejamento de um jardim, ou até
mesmo em colocar uma planta dentro de casa, a melhor forma de prevenir
intoxicações é uma orientação adequada à população sobre o potencial tóxico que
as plantas podem causar e medidas preliminares que devem ser tomadas caso
ocorram intoxicações.
Qualquer acidente que ocorra com a ingestão ou contato
direto com a pele ou mucosa de plantas tóxicas, a pessoa intoxicada deve ser
imediatamente encaminhada a um pronto socorro. É importante levar para o médico
uma parte da planta (folhas, frutos, flores …) que causou a intoxicação e/ou
fornecer uma descrição detalhada sobre ela. Ainda é possível entrar em contato
com o “disque-intoxicação” pelo
telefone 0800 722 6001 (SINITOX – Sistema Nacional de Informações
Tóxico Farmacológicas), que redireciona a ligação para o RENACIAT (Rede
Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica) mais próximo.
Este último analisa o problema e aconselha medidas para o devido registro e
providências pertinentes.
Agora que a visão do leitor está mais atenta em relação às
plantas tóxicas, observe em sua casa ou mesmo quando andar nas ruas e parques
públicos, dentre outros lugares, as plantas citadas neste artigo entre outras
e, contribua com uma discussão em nosso blog sobre o que notou.
Referências
1 Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas
(SINITOX), 2012.
2 Abreu Matos, F. J. de; Lorenzi, H.; dos Santos,
L.F.L.; Matos, M.E.O.; Silva, M.G.V.; de Souza, M.P. Plantas tóxicas: estudo de
fitotoxicologia química de plantas brasileiras. Editora Plantarum, 247 p., Nova
Odessa – SP, 2011.
3 Rejane Barbosa de Oliveira, Silvana Aparecida Pires
de Godoy e Fernando Batista da Costa. Plantas tóxicas: Conhecimento e prevenção
de acidentes. Holos Editora, 64 p., Ribeirão Preto – SP, 2003.
Fonte das fotos: wikipedia.org
Links e telefones úteis:
- SINITOX
- CEATOX (Centro de Assistência Toxicológica), fone: 0800
014 8110
Daniel Garcia é graduado em Engenharia Agronômica
pela Faculdade Cantareira (SP), com iniciação científica em Etnofarmacologia
pela UNIFESP e Agronomia pela USP. Atualmente é mestrando em Horticultura pela
UNESP.
Gostei do texto! E anotei o telefone.
ResponderExcluirNo meu jardim, o meu cachorro comeu Kalanchoe, teve que fazer tratamento por vários dias internado...
Saber plantar e cuidar da plantas do jardim é importante, mas é importante saber dessas informações, e principalmente para quem tem crianças e animais em jardim com plantas tóxicas.
Também é importante floricultura ou casa de plantas, quando venderem orientar o consumidor sobre a planta se ela é tóxica ou não, mas às vezes nem os profissionais do estabelecimento sabem. Seria bom a descrição vir do produtor já anotado no vaso, mas também as vezes nem o produtor sabe.
Foi importante esse texto, vai ajudar muitas as pessoas!
Obrigada, professor Furlan
Olá, Grace!
ResponderExcluirSeus comentários sempre fornecem informações úteis.
Seu alerta é importante, pois muitos desconhecem os cuidados que devem tomar quanto à planta tóxica. Eu que agradeço.