As mulheres camponesas receberam capacitação sobre a utilização de plantas medicinais, aromáticas e alimentícias, com farmacêutica e nutricionista.
28 de agosto de 2015
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
Cerca de 40 camponesas do MST do Rio Grande do Sul participaram da quarta etapa do projeto “Organização Produtiva de Mulheres e Promoção de Autonomia por Meio do Estímulo à Prática Agroecológica”, realizado em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), de Chapecó (SC).
As atividades aconteceram de 25 a 27 de agosto, no Centro de Formação Sepé Tiarajú, localizado no Assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS).
Nesta etapa do projeto, as mulheres camponesas receberam capacitação sobre a utilização de plantas medicinais, aromáticas e alimentícias, com a farmacêutica Juliana Costa e a nutricionista Cristina Araújo, ambas da Cooperativa de Prestação de Serviços Técnicos (Cooptec), do MST.
Em oficinas, as Sem Terra foram orientadas para o reaproveitamento integral dos alimentos e aprenderam a fazer sucos e pratos doces e salgados, como pizza de farinha de arroz, beijinho de arroz, e brigadeiro de mandioca.
“Queremos que as famílias tenham uma alimentação mais saudável por meio da sua própria horta, aproveitando todo o alimento, inclusive, talos e folhas, que também são ricos em nutrientes”, explicou a nutricionista Cristina.
Além disso, a farmacêutica Juliana ensinou a confeccionar bonequinhas de ervas e a fazer tintura de plantas medicinais e velas de massagem.
“Trabalhamos a valorização dos saberes populares em cima das plantas medicinais e a importância de resgatar e levar adiante esse conhecimento tradicional e os valores que vem com ele”, argumentou Juliana.
Nas etapas anteriores do projeto, as camponesas trabalharam as temáticas “Agricultura familiar e camponesa: as questões de gênero na organização da produção”; “Produção de autossustento, quintais produtivos na agricultura familiar e camponesa: o papel historicamente desempenhado pelas mulheres”; e “Feminismo, agroecologia e sustentabilidade”.
Nas duas últimas etapas, a serem realizadas nos próximos meses, serão estudados a organização produtiva e economia feminista, e o acesso a políticas públicas pelas mulheres, com foco em políticas agrárias e agrícolas.
Incentivo à alimentação saudável
Para a assentada de Filhos de Sepé, Maria de Lourdes Ribeiro, as oficinas realizadas na quarta etapa do projeto ajudarão a fomentar a prática da alimentação saudável dentro de casa, além de enriquecer o autoconhecimento sobre os benefícios das ervas medicinais.
“Nós crescemos com a mãe dando cházinhos de poejo e marcela, então não tínhamos muito conhecimento sobre as outras ervas. Mas agora aprendemos outros chás que para nós que moramos longe da cidade é muito importante, já que não temos doutor perto de casa. Outras práticas e receitas saudáveis que compartilhamos também são excelentes e ajudarão a melhorar a qualidade de vida e produção nos nossos lotes”, disse Maria.
Já Silvana Krupinski, do Assentamento das Palmeiras, de Hulha Negra, afirmou que a capacitação representa um momento de grande aprendizado, que vai ao encontro da luta das mulheres do MST contra o modelo o uso dos agrotóxicos.
“Estamos levando para casa um leque de conhecimentos. Isso é fundamental no nosso dia a dia porque o veneno vem tomando conta e prejudicando a saúde das nossas famílias. E o que aprendemos nas oficinas será compartilhado com as companheiras que ficaram nos assentamentos, para que elas também possam se organizar e se defenderem dos prejuízos que vem com o agronegócio. Essa bandeira que as mulheres do movimento agarrou contra os venenos nunca cai, ela é em defesa da vida”, declarou.
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