sexta-feira, 12 de abril de 2019

O que tem no quintal – 2 - Olhai as serralhas no quintal

Marcos Roberto Furlan

Vamos passear em um quintal, onde há liberdade de expressão para a natureza e crescem à vontade as plantas que aguardam ansiosamente por um espaço no qual possam esbanjar suas belezas, utilizando as mais diferentes e belas vestimentas. E o mais importante, um local para sobreviver e continuar a sua espécie. 

No caminhar, ao longo deste texto, a atenção dos olhares fica para as plantas que possuem as folhas serrilhadas. 

Por trás da geometria dessas folhas ou das flores dessas espécies, há mecanismos de defesa ou, simplesmente, uma ação para se diferenciarem umas das outras. Neste último fato, a serralha-crespa se destaca. Suas folhas realmente são ásperas, devido à presença de “espinhos”, inibindo a ação de um predador herbívoro. 

No entanto, os pulgões aproveitam o ponto fraco de quase todas as serralhas, que são o caule e os ramos tenros, e sugam, sem, contudo, espertamente, dizimar as populações dessas espécies. O dente-de-leão, porém, escapa porque não tem caule. Suas folhas saem em forma de roseta. Lembrei-me de que a serralha-crespa tem caule tenro, mas não tem ramos. 

A competição entre as cores das flores da serralha quase transforma o quintal em um arco-íris, e mesmo que esse arco-íris não seja tão bem delineado como a natureza gosta de fazer, por trás das cores das flores está o charme lançado para atrair polinizadores. Como exemplo, temos o vermelho da serralhinha, o cor-de-rosa da outra serralhinha, o amarelo vivo da serralha, do dente-de-leão, da serralha-crespa e de uma outra serralha não muito comum nos quintais brasileiros. 

Para propagar a espécie e aumentar o número de cores, a inflorescência fica com a cor branca das serralhas (às vezes, quase creme) e se espalha com o vento. 

Nem todas andam juntas, como amigas, porém, é comum observarmos a serrallha de mão dadas com as serralhinhas. Dependendo da região, a dupla é composta pela serralha e pela serralhinha de flor cor-de-rosa. Em outras regiões, pela serralha e pela serralhinha de flor vermelha. O dente-de-leão prefere andar sozinho, até porque, ao contrário das outras, é exigente quanto à fertilidade do solo. 

A beleza da inflorescência também traduz em nomes curiosos, mas fieis ao que querem transmitir. As serralhinhas têm variações nominais, como pincel, brocha ou pincel-de-estudante. O dente-de-leão vira paraquedas, quando as sementes se espalham, ou cabeça-de-monge, quando todas as sementes já saíram. A serralha-crespa tem outros apelidos, como serralha-espinhenta ou serralha-de-espinho. 

Além das folhas serrilhadas, elas têm em comum pertencerem à família Asteraceae e serem comestíveis, apesar de haver algumas ressalvas, as quais serão comentadas no próximo texto. 

Nos próximos textos, também trataremos dos significados dos nomes científicos e começaremos a falar sobre seus usos. 

Nomes científicos, no meio do texto, é como ler com soluços. Por isso, eles somente surgem no final. 

Serralha – Sonchus oleraceus 

Serralhinha da flor vermelha – Emilia fosbergii 

Serralhinha da flor cor de rosa – Emilia sonchifolia 

Dente-de-leão – Taraxacum officinale 

Serralha da folha crespa – Sonchus asper 

Serralha - Sonchus arvensis

Em regiões litorâneas, pode ainda aparecer a Emilia coccinea, e nos campos e pastos, plantas de folhas serrilhadas do gênero Hypochoeris. As mais comuns, aquelas que estão espalhadas em boa parte do Brasil, essas estarão no próximo texto.
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Sonchus oleraceus

Emilia fosbergii

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Emilia sonchifolia
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Taraxacum officinale
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Sonchus asper
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Sonchus arvensis
https://species.wikimedia.org/wiki/Sonchus_arvensis

“Por que andais ansiosos pelo que haveis de vestir? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam, contudo vos digo que nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. ” 



Mateus 6:28,29 

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