quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Déficit de atenção tem solução, texto de Carin A.C.M. Primavesi Silveira

Carin A.C.M. Primavesi Silveira
Ex-engenheira civil, psicopedagoga, psicanalista, mantenedora de escola de educação infantil e autora do livro: “Déficit de atenção tem solução” 
A porcentagem de crianças, adolescentes e adultos que sofrem os efeitos do déficit de atenção com suas comorbidades está aumentando cada vez mais. Essas pessoas possuem baixa auto estima e baixa auto confiança, não conseguindo acompanhar a escola e as atividades exigidas ou só as conseguem com muita dificuldade.

Com uma experiência de 28 anos soluciona casos de hiperatividade, hipoatividade, dificuldade de raciocínio, falta de concentração e memorização, não só por meio de atitudes psicoeducativas, mas também com uma nova ferramenta: correção das deficiências minerais e vitamínicas relativas ao sistema nervoso, causa básica.

Muitos desses sintomas desaparecem ao se atentar a certas atitudes psicoeducativas:

1. Possuir sentimento de pertencer ao ambiente, de ser valorizado pelo educador. A aprendizagem é alterável pelo emocional. Aprende-se por amor a alguém, já dizia Freud. Necessitamos ser considerados. O déficit afetivo angustia, provoca um hiperestresse, aumentando o cortisol, inibindo os neurotransmissores benéficos à aprendizagem, podendo danificar células cerebrais e impedir armazenamento na memória. Um estado emocional abalado pode obstruir a aprendizagem.

2. Como na criança as conexões entre os neurônios ainda precisam se formar, o educando necessita de orientação, regras claras e definidas para construir uma boa rede neural sináptica. Não deve ser o filho quem dita as normas. O filho deve possuir rotina, disciplina e limites. A regularidade de hábitos, saber esperar, terminar o que se começou, obedecer, respeitar o educador, hierarquia entre educando e educador promovem a concentração.

Não segurar o desenvolvimento do filho, com atitudes que não o deixam amadurecer emocionalmente como: deixar dormir na cama dos pais, possuir objetos e atitudes de bebê após a fase escolar, retirar as frustrações normais da vida, -isso o deixa com ego fraco-, ou satisfazer todas suas vontades. É pela falta que surge o desejo de crescer, de aprender, já orientava Freud. Mas não pela falta de afeto.

Deve-se dar autonomia ao filho e não fazer tudo por e para ele, pois isso lhe dá o sentimento de que é incompetente para executar as coisas que já poderia fazer e torna-o preguiçoso. Os extremos, superproteção e abandono, acarretam o mesmo prejuízo emocional.

3. Crianças, adolescentes e adultos devem dormir cedo da noite. Dormindo, produz-se o hormônio do crescimento que também regenera o tecidos e protege o sistema neuro endócrino imunológico (CALLEGARO, 2006). Seu pico de produção se encontra entre 21h e 1 hora da manhã (TOUITOU,1999), o qual só acontece quando a pessoa está dormindo no escuro (ANDREWS, 2006). Durante o sono são armazenadas as informações adquiridas durante a vigília. A qualidade do sono influencia o sistema nervoso, a memória, a capacidade de aprendizagem, a hiperatividade ou a hipoatividade, a concentração e o equilíbrio emocional.(CALLEGARO, 2006)

4. A ingestão excessiva de açúcares e refinados como farinhas brancas degenera as proteínas do corpo (PERRICONE, 2007; CALLEGARO, 2006). E a camada que reveste o axônio do neurônio, a mielina, também possui em sua composição proteína, bem como, a hemoglobina do sangue, que deve levar oxigênio às células. Em um axônio bem mielinizado o impulso nervoso cumpre de maneira eficaz sua função. Já com mielina deteriorada o impulso nervoso corre devagar (NEUBAUER, 2004), podendo se dispersar no meio do caminho, estafando anormalmente as pessoas, promovendo dificuldades de aprendizagem. O açúcar desmineraliza, descalcifica, desvitaminiza (TRUCOM, 2007) e compete com as vitaminas B que são essenciais para um bom funcionamento neural (AMARAL, 1998).

5. Movimento e sol: pelo movimento formam-se mais conexões neurais, e as atividades do corpo e do pensamento são interdependentes aumentando a capacidade de aprendizagem (LEVIN, 2005). Na hiperatividade e na falta de concentração têm-se deficiência de dopamina e após 20 min de movimento contínuo, o corpo começa a produzir dopamina, serotonina, noradrenalina, endorfina e o recém descoberto irisim. Já o sol estimula a produção de vitamina D que estimula a dopamina que por sua vez estimula a produção da serotonina, hormônio da alegria. A alegria favorece a concentração e a vontade de viver.

Entretanto mesmo levando em conta todos esses cuidados a pessoa pode ter uma deficiência mineral e vitamínica, precisando-se fornecer vitaminas e minerais ao cérebro para eliminar os sintomas nefastos acima descritos.

6. O ser humano é um composto de minerais e vitaminas, provenientes dos alimentos que vêm do solo. Somente no sangue foram encontrados noventa elementos químicos entre macro, micro e traços de elementos (BOWEN,1966,p.81), que um ser humano saudável precisa no mínimo. Como atualmente a maioria dos alimentos é oriunda de solos exauridos, nossa alimentação não possui mais o que deveria conter para uma saúde desejada. Uma planta sadia possui 45 macro e micro elementos segundo o Serviço de Pesquisa Agrícola americano e inúmeros traços de elementos químicos, chegando em torno de 80 elementos nutrientes necessários à uma nutrição saudável. Assim, um organismo deficiente em nutrientes essenciais, fica predisposto a inúmeros riscos de saúde, entre eles o déficit de atenção.

No momento em que uma planta é atacada por uma praga é porque ela está deficiente de alguns minerais, os quais trabalham em rede, em proporções especificas entre si e a falta de um elemento desativa a absorção de uma série de outros elementos, mesmo estando disponíveis (PRIMAVESI, 2006). A praga serve para eliminar o que não serve para o consumo humano. No entanto, aplicam-se defensivos e aquela planta, não só com resíduos tóxicos mas deficiente em nutrientes, é posta nas prateleiras para o comércio. Com essa oferta de alimentos pobres nutricionalmente, faz se necessária uma suplementação vitamínica mineral.

Por exemplo, uma fruta sã por fora, mas podre por dentro possui deficiência de cálcio, uma fruta com polpa seca está deficiente de fósforo. Uma banana empedrada possui deficiência de boro, casca rachada é deficiência de cobre, casca de fruta muito grossa é deficiência de fósforo. Muita fina, de potássio.(PRIMAVESI, 2003)

Carência de boro, pode se manifestar como um nervosismo relacionado a ruídos diversos(MILANESE, 2007). O zinco é responsável pela eliminação de CO2 dos hematócitos, permitindo a oxigenação do sangue (PENLAND, 1999; PFEIFFER, 1978). As vitaminas B estão envolvidas em sínteses cruciais para o bom funcionamento cerebral, sua deficiência está associada à disfunção de memória e aprendizagem (ROSENBERG, 2007; HOMUTH, 2001/2002). Esses são alguns exemplos da importância de diversos elementos químicos necessários para uma boa constituição e funcionamento do sistema nervoso.

7. Verminoses: nosso cérebro possui por volta de cem bilhões de neurônios, enquanto o intestino, considerado nosso segundo cérebro, possui trezentos milhões de neurônios. 90% da serotonina (favorece o aprendizado por vários mecanismos) é produzida pelos neurônios do intestino. (CALLEGARO, 2006)

Entramos frequentemente em contato com vermes, mas esses só se instalam no organismo quando se tem alguma deficiência mineral (CALLEGARO, 2006). Portanto o combate à verminose é muito importante e posteriormente a reparação de minerais e vitaminas para deixar o organismo saudável. Muitos alunos conseguem se concentrar simplesmente após eliminação de parasitas intestinais.

Bibliografia

ANDREWS,S. “A nutrição do sono”. Época, 18/9/2006.

BOWEN,H.J.M. Trace Elements in Biochemistry. Londres: Academic Press, 1966, p.81.

CALLEGARO, J.N. Mente criativa: a aventura do cérebro bem nutrido. Petrópolis: Vozes,2006

HOMUTH,C. Melhorando a função cerebral. Cérebro e Mente, no.14, nov. 2001-mar. 2002.

LEVIN,E. “O corpo ajuda o aluno a aprender”, Nova Escola, jan.-fev. 2005.

MILANESE, F.E. Materia médica homeopática ampliada pela Antroposofia – Boro. São Paulo: (s.n), 2007.

NEUBAUER,A.C. “Chaves da inteligência”. Revista Viver Mente e Cérebro. Tradução de Luciano V. Machado. São Paulo: Duetto, Nov. 2004.

PENLAND,J.G. “Zinc and speed of recall”. Agricultural Research, nov. 1999. E-mail: jpenland@gfhnrc.ars.usda.gov

PERRICONE, N. A dieta Perricone. São Paulo: Campus, 2007.

PFEIFFER, C. Zinc and another micro-nutrients. Keats: New Canaan, 1978.

PRIMAVESI, A. “Agroecologia: solo, planta, água, nutrição, saúde”. Anais do Encontro de Agroecologia. Campinas, nov. 2003.

_____, Manejo Ecológico do Solo, 18ª ed. São Paulo: Nobel, 2006.

ROSENBERG, I.H. “Boosting our knowledge of brain food”, Agricultural Research, nov./dez. 2007.

TOUITOU,Y. “Biological clocks”. International Congress on Chronobiology/Université Pierre et Marie Curie. Paris: Elsevier Science, 1999.

TRUCOM,C. “Açúcar: gostoso veneno ou doce ilusão?”Vegetarianos, n.13, 2007.

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