quarta-feira, 13 de abril de 2016

Extinção de espécies, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] O processo de extinção está relacionado ao desaparecimento de espécies ou grupos de espécies em um determinado ambiente ou ecossistema.

Semelhante ao surgimento de novas espécies, a extinção é um evento natural: espécies surgem por meio de eventos de especiação com longo isolamento geográfico, seguido de diferenciação genética, ou desaparecem devido a eventos de extinção como catástrofes naturais ou surgimento de competidores mais eficientes.

Normalmente o surgimento e a extinção de espécies são eventos extremamente lentos, demandando milhares ou mesmo milhões de anos para ocorrer.

Um exemplo disso foi a extinção dos dinossauros, ocorrida naturalmente há milhões de anos, muito antes do surgimento da espécie humana, ao que tudo indica devido à alterações climáticas decorrentes da queda de um grande meteorito. Ou a presença de predadores que se alimentavam dos ovos. Não há consenso sobre isto.

Ao longo do tempo, porém, o homem vem acelerando muito a taxa de extinção de espécies, a ponto de ter-se tornado o principal agente do processo de extinção. Em parte, essa situação deve-se ao mau uso dos recursos naturais, o que tem provocado um novo ciclo de extinção de espécies, agora sem precedentes na história geológica da terra.

As principais causas de extinção são a degradação e a fragmentação de ambientes naturais, resultado da abertura de grandes áreas para implantação de pastagens ou agricultura convencional, extrativismo desordenado, expansão urbana, ampliação da malha viária, poluição, incêndios florestais, formação de lagos para hidrelétricas e mineração de superfície.

Estes fatores reduzem o total de habitats disponíveis às espécies e aumentam o grau de isolamento entre suas populações, diminuindo o fluxo gênico entre estas, o que pode acarretar perdas de variabilidade genética e a extinção de espécies.

Outra causa importante que leva espécies à extinção é a introdução de espécies exóticas, ou seja, aquelas que são levadas para além dos limites de sua área de ocorrência original.

Estas espécies, por suas vantagens competitivas e favorecidas pela ausência de predadores e pela degradação dos ambientes naturais, dominam os nichos ocupados pelas espécies nativas.

Com o aumento do comércio internacional, muitas vezes indivíduos são transportados para áreas onde não encontram predadores naturais, ou ainda, onde são mais eficientes que as espécies nativas no uso dos recursos.

Dessa forma, multiplicam-se rapidamente, ocasionando o empobrecimento dos ambientes, a simplificação dos ecossistemas e a extinção de espécies nativas.

Espécies ameaçadas são aquelas cujas populações e habitats estão desaparecendo rapidamente, de forma a colocá-las em risco de tornarem-se extintas.

A conservação dos ecossistemas naturais, de sua flora, fauna e dos microrganismos, garante a sustentabilidade dos recursos naturais e permite a manutenção de vários serviços essenciais à manutenção da biodiversidade.

Que são a polinização, a reciclagem de nutrientes, a fixação de nitrogênio no solo, a dispersão de propágulos e sementes, a purificação da água e o controle biológico de populações de plantas, animais, insetos e microrganismos, entre outros.

Esses serviços garantem o bem estar das populações humanas e raramente são valorados economicamente como deviam. Já se disse várias vezes, meio ambiente para a economia clássica é uma “externalidade”.

A conservação da biodiversidade brasileira para as gerações presentes e futuras e a administração do conflito entre a conservação e o desenvolvimento não sustentável são, na atualidade, os maiores desafios do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

O MMA tem enormes responsabilidades em relação às espécies ameaçadas de extinção. Em primeiro lugar, destaca-se a elaboração das listas das espécies ameaçadas, com a finalidade de quantificar o problema e permitir o direcionamento de ações para solucioná-lo.

Em segundo, a proteção e a recuperação dessas espécies. E em terceiro, e derradeiro, o desenho de um modelo de desenvolvimento que assegure a utilização sustentável dos componentes da biodiversidade.

Estes objetivos não podem, entretanto, ser alcançados individualmente por um ministério ou isoladamente pelo governo.

Mas somente por meio de uma efetiva aliança e de uma consertação nacional, que deve envolver as esferas de governo federal, estadual e municipal, além dos setores acadêmico-científico, não-governamental, empresarial e a cidadania em geral.

Referência:

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 12/04/2016
"Extinção de espécies, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 12/04/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/04/12/extincao-de-especies-artigo-de-roberto-naime/.

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