terça-feira, 9 de julho de 2013

Rejeito de caulim na produção de mudas, uma solução para redução da poluição ambiental

Por Lamartine Soares Bezerra de Oliveira e Mércia de Oliveira Cardoso*

09/08/2010 - As atividades mineradoras de caulim têm uma grande importância sócio-econômica no Brasil. O qual detém a segunda maior reserva mundial, com uma extração de 6,7 milhões de toneladas, de acordo com o último levantamento do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). Sua elevada produtividade gera uma quantidade expressiva de rejeitos, os quais são dispostos de diversas formas no meio ambiente. Assim, a empregabilidade desse rejeito é essencial.

O processo de extração do caulim, dependendo do nível tecnológico empregado, gera entre 40 e 60% de rejeito, alçando taxas de aproveitamento também bastante variáveis, 20 a 70%. Esse rejeito produzido ocasiona diversos impactos, dentre eles: a completa descaracterização física e biológica das áreas de depósito; poluição do ar; transporte e deposição de resíduos sólidos para as áreas circunvizinhas, pelo vento; contaminação dos solos e dos recursos hídricos, pelo arraste das águas das chuvas, podendo ser ainda mais grave e preocupante, quando o rejeito contém substâncias tóxicas e metais pesados oriundos do processo de beneficiamento.

O uso agrícola do rejeito de caulim é uma alternativa para minimizar a poluição e a degradação do meio ambiente. Em princípio, se prestaria para cultivos não alimentares, como as espécies florestais, fazendo parte da composição de substratos que são utilizados na produção de mudas, contribuindo na melhoria físico-química e biológica destes. Entretanto, sua utilização deve ser criteriosa, observando-se o percentual a ser adicionado e, principalmente, associar a alguma matéria orgânica, com o intuito de reduzir o efeito dos resíduos tóxicos oriundos dos processos de beneficiamento.

O uso do mesmo já foi testado em diversas espécies florestais, sempre avaliando percentuais crescentes e misturados a diferentes componentes usualmente utilizados na formulação de substratos: terra de subsolo, areia, esterco e composto orgânico. 

O percentual de rejeito de caulim a ser utilizado na composição do substrato é bastante variável, de acordo com a espécie a ser produzida: 12,5% na produção de mudas de moringa (Moringa oleifera Lam.); até 20% para angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa Brenan); jatobá (Hymenea courbaril L.) e jenipapo (Genipa americana L.); até 25% para gliricidia (Gliricidia sepium (Jacq.) Steud.); até 30% para mamona (Ricinus communis L.), sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia Benth.) e paineira (Chorisia speciosa St. Hill.); e até 50% na produção de mudas de pinhão manso (Jatropha curcas L.).

Por fim, a utilização do rejeito de caulim, como constituinte de substratos na produção de mudas florestais, é uma alternativa viável para o aproveitamento desse rejeito, contribuindo, dessa maneira, na redução da poluição ambiental. Explicitando a necessidade da geração de mais conhecimentos acerca de outras espécies florestais e os percentuais aceitáveis no desenvolvimento de suas mudas. 

*Lamartine Soares Bezerra de Oliveira é mestrando em Ciências Florestais - UFRPE (soareslt@hotmail.com) e Mércia de Oliveira Cardoso é mestre em Engenharia Agrícola - UFRPE (mercia.cardoso@yahoo.com.br)


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Fonte: Envolverde

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