sábado, 19 de maio de 2012

Pesquisa caracteriza a diversidade genética de inhame

O inhame (Dioscorea spp.), também conhecido como “cará” em algumas regiões do Brasil, constitui alimentação básica para mais de 100 milhões de pessoas e representa, atualmente, uma das mais importantes culturas de raízes e tubérculos do mundo. Neste cenário, a África detém a hegemonia, sendo responsável por cerca de 96% da produção mundial de inhame, onde destaca-se países como Gana, Costa do Marfim e Nigéria.
Embora o Brasil possua registros de cultivo de inhame desde os primórdios da colonização e apresente condições favoráveis para o cultivo e exploração dessa cultura, sua participação no mercado mundial ainda é pequena, cerca de 0,5%.
Entre as espécies importantes economicamente no cenário mundial, destaca-se D. cayenensis (inhame amarelo) e D. rotundata (inhame branco). Atualmente, existem ainda controvérsias sobre a taxonomia dessas espécies. Visto que existem atualmente no Brasil poucas pesquisas relacionadas ao inhame, um estudo desenvolvido no programa de pós-graduação em Genética e Melhoramento de Plantas, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), procurou caracterizar a diversidade genética de variedades de Dioscorea cayenensis e D. rotundata provenientes de diversos municípios das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do país, utilizando marcadores morfológicos e moleculares.
Os resultados demonstraram elevada variabilidade genética para ambos os marcadores, morfológicos e microssatélites, entre os acessos. Observou-se que a maior parte dessa variabilidade encontra-se entre regiões e entre espécies, e que essa variabilidade encontra-se estruturada no espaço, havendo alta e significativa correlação entre distâncias genéticas e distâncias geográficas, bem como alta correlação entre ambos os marcadores.
Tanto as análises de agrupamento, como as análises de coordenadas principais, indicaram a separação dos acessos em dois grupos distintos: grupo I, com acessos coletados na região Nordeste e em sua maioria identificados como pertencentes à espécie D. rotundata, e grupo II, com acessos coletados na região Sudeste e em sua maioria identificados como pertencentes à espécie D. cayenensis, sendo que os três acessos coletados na região Sul ficaram ou na zona intermediária entre os dois grupos, ou em um dos grupos. Diante desses dados pode-se inferir que no Brasil ocorre, aparentemente, uma separação entre as espécies em estudo, sendo que D. cayenensis ocorre principalmente na região Sudeste, e D. rotundata ocorre predominantemente na região do Nordeste.

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