quarta-feira, 26 de junho de 2013

Estudo avalia impactos socioambientais da produção de agrocombustíveis em Mato Grosso

Concentração de terra, diminuição da oferta de emprego, contaminação por agrotóxicos, uso intensivo da água. Pesquisa realizada por dois anos em Lucas do Rio Verde e Barra do Bugres, municípios do Mato Grosso, mostram o desequilíbrio socioambiental e os impactos sobre a vida da população causados pela expansão das lavouras de cana-de-açúcar e soja.

O levantamento realizado pelo Fórum Mato-grossense de Meio Ambienta e Desenvolvimento, sob coordenação da FASE, está sendo lançado na próxima semana e indica, por exemplo, os impactos da expansão da cana-de-açúcar em direção à Amazônia e dos rios da região da Bacia do Alto Paraguai, onde nascem os principais rios do Pantanal. Além da contaminação pela vinhaça e outros resíduos da produção do etanol, é impressionante o gasto de água: para atingir o montante esmagado na safra 2007/2008, por exemplo, foram gastos mais de 895 milhões de m³ de água, o suficiente para abastecer por um ano 5,3 milhões de domicílios!

Também é interessante perceber que a expansão da cana-de-açúcar está fortemente relacionada a campanha do governo brasileiro para tornar-se grande exportador de etanol. Com a crise econômica de 2008 diminui as exportações, mas o aumento da frota brasileira – influenciada por escolhas como a redução do IPI – seguiu pressionando o campo a produzir o agrocombustível. Neste momento de protestos a respeito o transporte público – que não deixa de chamar atenção para a prevalência de investimento do governo no modo individual de deslocamento – temos aí um modo de ligar a vida urbana com a produção do espaço rural.

Muitos outros impactos da cana-de-açúcar se assemelham os gerados pela soja. A alta produtividade do grão nada tem a ver com a geração de empregos, por exemplo: entre 1985 e 2006 o volume produzido saltou de 18,278 toneladas para 52,464 milhões de toneladas, mas os postos de trabalho minguaram de 1,694 milhão para 419 mil. A especulação sobre o preço da terra – com valorização de 75% entre 2010 e 2012 em Sinop, por exemplo – amplificam os conflitos na região pela pressão do agronegócio sobre os pequenos agricultores. Outro fator importante é a alta contaminação por agrotóxicos: o Brasil é o maior consumidor do mundo destas substâncias e 45% deste consumo é destinado ao monocultivo da soja. Enquanto as populações sofrem com a situação no território, a maior parte da produção (e da riqueza) é exportada – na forma de grãos ou ração para alimentação de animais.

Acesse o livro: http://www.fase.org.br/v2/pagina.php?id=3877 (a partir do link para o site ISSUU é possível acessar/baixar)

Colaboração de Lívia Duarte, da FASE, para o EcoDebate, 26/06/2013
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