domingo, 9 de junho de 2013

Mais agroecologia

Data: 03 Junho 2013

Osvaldo Russo

Diretor de Estudos e Políticas Sociais da Codeplan

No Brasil, a agricultura familiar responde por 84% dos estabelecimentos agropecuários e por 24% da área total, enquanto que no DF ela representa 46% dos estabelecimentos e 4% da área total. Se considerarmos os estabelecimentos agropecuários de menos de 20 hectares, ou seja, menos de quatro módulos (limite da pequena propriedade), estes somam 2.559 unidades (65% do total) ocupando 25 mil hectares (10% da área total).

No Brasil, os 12,8 milhões de produtores e trabalhadores familiares representam 77% do total de pessoas ocupadas no campo. Mesmo ocupando apenas ¼ da área total, a agricultura familiar responde por 38% do valor da produção, sendo responsável pela segurança alimentar ao gerar os produtos da cesta básica consumidos internamente. Apesar da elevada concentração fundiária, a agricultura familiar responde por 87% da produção de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 58% do leite, 59% do plantel de suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e, ainda, 21% do trigo.

As exportações de commodities agrícolas transformaram a alimentação em mercadoria, sem qualquer preocupação com o meio ambiente e a necessidade de alimentar as pessoas. A base de sustentação da agricultura familiar, a pequena propriedade, tornou-se guardiã da biodiversidade e do cumprimento da meta do milênio de abolir a fome.

Há, pois, novas perspectivas de afirmação da agricultura familiar como estratégica ao desenvolvimento sustentável, promovendo a transição para um modelo agroecológico e garantindo a soberania alimentar e a produção de alimentos saudáveis. O DF, por suas características territoriais, ambientais e legais, reúne as condições, como a concessão do direito de uso das terras públicas, para se tornar protagonista desse processo.

Jornal de Brasília, 01 de junho de 2013

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