Autor: Gabriel Soares de Sousa
Importante obra, onde já são realçadas as qualidades das plantas medicinais. Há capítulos específicos sobre árvores medicinais, sobre "ervas" medicinais, e como os índios tratam suas doenças.
Sobre as árvores, destaque para embaíba, caraobuçu, caraobamirim e almécega. Por não haver a identificação por meio dos nomes científicos, não é possível precisar quais são as espécies.
Alguns trechos do livro:
Caju
"A natureza destes cajus é fria, e são medicinais para doentes de febres, e para quem tem fastio, os quais fazem bom estômago e muitas pessoas lhes tomam o sumo pelas manhãs em jejum, para conservação
do estômago, e fazem bom bafo a quem os come pela manhã, e por mais que se coma deles não fazem mal a nenhuma hora do dia, e são de tal digestão que em dois credos se esmoem."
Mangaba
"Quando estas mangabas não estão bem maduras, travam na boca como as sorvas verdes em Portugal, e quando estão inchadas são boas para conserva de açúcar, que é muito medicinal e gostosa."
Mandioca
"Estas raízes da mandioca curtida têm grande virtude para curar postemas, as quais se pisam muito bem sem se espremerem; e, feito da massa um emplasto, posto sobre a postema a mole fica de maneira que a faz arrebentar por si, se a não querem furar."
Ananás
"A natureza deste fruto é quente e úmida, e muito danosa para quem tem ferida ou chaga aberta; os quais ananases sendo verdes são proveitosos para curar chagas com eles, cujo sumo come todo o câncer e a carne podre, do que se aproveita o gentio; e com tanta maneira como esta fruta, que alimpam com as suas cascas a ferrugem das espadas e facas, e tiram com elas as nódoas da roupa ao lavar; de cujo sumo, quando são maduras, ..."
Bálsamo
"Não se podiam arrumar em outra parte que melhor estivessem as árvores de virtude que após das que dão fruto; e seja a primeira a árvore do bálsamo, que se chama cabureíba, que são árvores mui grandes de que se fazem eixos para engenhos, cuja madeira é pardaça e incorruptível. Quando lavram esta madeira cheira a rua toda a bálsamo, e todas as vezes que se queira cheira muito bem. Desta árvore se tira o bálsamo suavíssimo, dando-lhe piques até um certo lugar, de onde começa de chorar este suavíssimo licor na mesma hora, o qual se recolhe em algodões, que lhe metem nos golpes; e como estão bem molhados do bálsamo, os espremem numa prensa, onde tiram este licor, que é grosso e da cor do arrobe, o qual é milagroso para curar feridas frescas, e para tirar os sinais delas no rosto. O caruncho deste pau, que se cria no lugar de onde saiu o bálsamo, é preciosíssimo no cheiro; e amassa-se com o mesmo bálsamo, e fazem desta massa contas, que depois de secas ficam de maravilhoso cheiro."
E muitas informações interessantes sobre uso na cura ou prevenção de doenças, e também sobre o uso de plantas, pouco utilizadas atualmente, na alimentação.
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