quinta-feira, 17 de abril de 2014

Plantas Medicinais Brasileiras: Caminhos para a Descoberta da Quinina


12 de abril de 2014

Em 1882 Armand Séguin, escrevendo o resultado de suas investigações dizia que as quinas davam precipitado como tanino. Mas Seguin parou por ai. Se tivesse continuado os seus estudos teria talvez descoberto a quinina.

As dificuldades que surgem em uma época de guerra fazem muitas vezes, principalmente em uma guerra marítima, onde os meios de transporte são escassos. Rarear o material que os cientistas precisam para as suas investigações. Foi o que aconteceu com Séguin. O próprio Vauquelin, químico notável, ao isolar uma “substância resinoide” da quina, não prosseguiu na análise. Também Reuss não deu muita importância ao fato de ter isolafo o “amargo químico,” substância que por suas propriedades organoléticas, representava todos os alcaloides da quina.
Molécula de Quina

Mas não foram só as dificuldades surgidas com a guerra de então, que fizeram os pesquisadores abandonarem seus intentos. Teorias em voga não admitiam que no reino vegetal se pudesse produzir um composto de reação alcalina. Foi justamente nessa época que o Dr. Bernardino Gomes, ilustre médico português, descobriu o “Cinchonino” princípio amargo isolado da quina. Essa descoberta foi o ponto de partida para o grande problema da quinina. Daí por diante as investigações tomaram novos impulsos orientadas pela obra do grande sábio lusitano. Lubert transformou o cinchonino do Dr. Gomes em cinchonina depois de sucessivas cristalizações e Houton reconheceu-lhe as propriedades básicas. Dois grandes sábios Pelletier e Caventon farmacêuticos franceses, que já haviam descoberto a brucina e a estricnina, tendo conhecimento de todos esses estudos, isolaram completamente a quinina e a cinchonina dos respectivos sulfatos. Isto se passou em 1820 e as discussões em torno das bases extraídas dos vegetais já se achavam em franco declínio entre os químicos. Desse finalizar de discussões químicas surgiram as discussões médicas. As opiniões dividiram-se e os trabalhos de Pelletier e Caventou passram ao domínio público e as primeiras experiências terapêuticas foram feitas. A luta entre os defensores e os detratores da quinina foi longa e violenta. Destacaram-se nessa tremenda divergência de opiniões dos afamados médicos (Bazires e Broussais).

Bazires tinha uma fé ilimitada nas virtudes curativas do alcaloide e Brossais pretendendo resolver tudo com a sangria era adversário cruel da quinina até nos casos de paludismo. Mas ambos foram infelizes no calor de suas convicções: o primeiro, apaixonado, chegou ao exagero de empregar em si próprio quando uma vez foi atacado de febre intermitente, 60,0 de sulfato de quinina num pequeno espaço de tempo; veiu-lhe a surdez, a cegueira e por fim a morte. Conta-nos isto o Dr. Reveillon, chamado à última hora para socorrê-lo. O segundo tão notável em suas polêmicas viu cair por terra o predomínio de sua autoridade quando no hospital de Bône foi substituída a sangria pela quina.

Não pararam ai as discussões entre os partidários e os adversários dos alcaloides da quinina: elas continuaram ainda por muito tempo alimentando opiniões varias. Mesmo “agora em nosso século podemos encontrar no “tratado terapêutico” de Audhoui, de 1902 o seguinte: “O sulfato de quinino, em mãos pouco hábeis é um veneno. Por isso dizer-se que faz tantos ou mais danos do que a malaria”. Há cerca de 40 espécies de quina e cada autor conta a sua história a seu arbítrio. Constitui, mesmo um ponto vastíssimo em matéria médica devido as suas variedades. O Código farmacêutico brasileiro determina em suas páginas a quina amarela, suas variedades e híbridos. A Quina amarela ou Quina calisaya Cinchona Calisaka “Wedell-Quina vermelha ou quina rubra “Cinchona succiruba” Pavon. Quina do campo, Quina de cerrado ou Quina do Mato Grosso, “Strychnos pseudo-quina” Saint Hilaire. Quina mineira, Quina de Remigio, Quina da Serra, “Remigia ferruginea” Saint Hilaire.

Bibliografia: Revista Brasileira de Farmácia- julho de 1943 – pág 324 a 326 – Durval Torres.

Postado por Mara Danusa
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