As plantas medicinais apresentam um ponto de colheita ideal, que é o momento de maior concentração de princípios ativos, quando devemos finalmente colhê-las
As plantas medicinais, da mesma forma que outras plantas, como as hortaliças apresentam um ponto de colheita ideal, que é o momento de maior concentração dos princípios ativos. As substâncias com atividade terapêutica, ou princípios ativos, encontrados nas plantas, geralmente concentram-se em maior quantidade em um determinado órgão. Assim, em algumas plantas, os princípios ativos estão em maior concentração nas folhas e hastes, em outras, estão nas flores.
Os flavonoides, de modo geral, estão mais concentrados na parte aérea da planta. É o caso da rutina, encontrada na arruda. Já na camomila, as substâncias com atividade terapêutica estão mais concentradas nas flores. Quanto ao dente-de-leão (Taraxacum officinale), os compostos fenólicos estão mais concentrados nas flores e nas folhas. Devido a tal variação, é necessário conhecer que parte deve ser colhida para se estabelecer o ponto ideal de colheita para cada planta medicinal.
A colheita das folhas deve ser feita antes que a planta medicinal floresça.
O ponto de colheita ideal das plantas medicinais
→Quando as partes a serem colhidas são as folhas e os talos, a coleta deve ser feita antes que a planta medicinal floresça, pois haverá maior concentração de substâncias com fins medicinais nesses órgãos. Este é o caso da tanchagem, cujas folhas são colhidas antes da emissão do pendão.
→ Em algumas plantas medicinais, os princípios ativos encontram-se igualmente nas folhas e flores. Portanto, podem ser colhidas antes ou durante o florescimento como o alecrim, a catinga-de-mulata, a mil-folhas, o manjericão, o guaco e a manjerona.
→As cascas são colhidas quando a planta medicinal atinge a plenitude do seu crescimento, ao fim do ciclo anual, ou antes da floração, nas plantas perenes. Por isso, você deve se informar sobre a época do ano em que a espécie floresce e colher a casca antes desse acontecimento. Por exemplo, o mulungu floresce no inverno, na região Sudeste do Brasil. Assim, a retirada de casca deve ser feita no final do outono.
→No caso das sementes da planta medicinal, recomenda-se esperar até o seu completo amadurecimento. Em casos de frutos que caem, quando maduros, a colheita deve ser antecipada. É o que acontece com o funcho, cuja colheita é feita com os frutos ainda não maduros.
→Os frutos carnosos com finalidade medicinal são coletados completamente maduros, como a romã.
As flores das plantas medicinais devem ser colhidas plenamente desenvolvidas e abertas.
→As raízes são colhidas em plantas adultas, no final do seu ciclo de vida, momento em que atingem o máximo desenvolvimento e concentração de princípios ativos. No gengibre, elas são colhidas quando a parte aérea começa a definhar. As raízes da bardana são colhidas depois da frutificação, que indica o fim de um ciclo. Já as raízes da alteia devem ser retiradas no final do seu segundo ano de vida.
→As flores das plantas medicinais devem ser colhidas plenamente desenvolvidas e abertas. É o caso da camomila, da calêndula e do sabugueiro, cujas flores devem ser colhidas sem o pedúnculo, quando estão com as pétalas abertas e formando um ângulo reto com o eixo do pedúnculo.
Como coletar cascas?
As cascas devem ser coletadas de forma racional tanto em espécies cultivadas quanto em espécies nativas. Se você tirar a casca em volta de todo o tronco da árvore, estará fazendo o seu anelamento, que pode levá-la à morte, pois interrompe o fluxo de seiva para as raízes. Entretanto, existe uma forma racional de se fazer a coleta de cascas de árvores, que não compromete a sua sobrevivência.
Técnica criada pelos índios Guaranis
A coleta se dá em etapas, caminhando em torno da planta, no sentido horário. No primeiro ano, coletam-se cascas na face do tronco voltada para leste, do lado que o sol nasce; no segundo ano, na face sul; no terceiro, na face oeste; e no quarto ano, na face norte.
Na primeira colheita, retiram-se pedaços de cascas com vinte centímetros de altura e largura, que ocupe no máximo um quarto do diâmetro do tronco, começando de uma altura de pelo menos um metro do solo. Deve-se deixar um espaço de vinte centímetros e retirar outro pedaço, como o primeiro. Isso deve ser feito, sucessivamente, subindo pelo tronco até onde houver casca madura.
No ano seguinte, deve-se retirar pedaços na face voltada para o sul, da mesma forma que foi feito na face leste. O mesmo deve ser feito nos lados oeste e norte, nos dois anos consecutivos. Dessa forma, não haverá injúrias à arvore nem a sua morte por procedimentos mal feitos.
Por Andréa Oliveira.
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