Nome Ciêntífico: Euphorbia
millii Des Moulins
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coroa-de-cristo
Família botânica: Euphorbiaceae
Outros nomes populares: dois-irmãos, bem-casados,
coroa-de-nossa-senhora, duas-amigas
Sinonímia botânica: Euphorbia splendens Bojer
Arbusto perene,
latescente, com até 1,5m de altura, muito ramificado, com ramos compridos e
contorcidos, armados de numerosos espinhos com cerca de 2,5cm de comprimento. Folhas
alternas, simples, inteiras, obovadas ou espatuladas, glabras, membranosas,
curto pecioladas. Flores unissexuais, reunidas em inflorescências tipo ciátio,
longo-pedunculadas com brácteas vermelhas e invólucro campanulado com cinco
glândulas apicais. Fruto cápsula tricoca.
Originária da Ilha de
Madagascar, a espécie Euphorbia millii Des Moulins é muito difundida no
Brasil, onde duas variedades (var. hislopii, com folhas de ca. 7cm de
comprimento e a var. beoni, com folhas de ca.15cm de comprimento) são
cultivadas como ornamentais e como cercas-vivas.
Há uma extensa literatura relatando o potencial efeito moluscicida de várias
espécies do gênero Euphorbia. Teoricamente, estas plantas representam
uma solução de baixo custo e ecologicamente correta no controle de vetores da
esquistossomose. Porém, as propriedades tóxicas apresentadas pelos látices
diminuem a viabilidade do uso das mesmas. Vários estudos com ratos e com
coelhos estão sendo realizados por muitos autores na tentativa de encontrar
diluições apropriadas do látices, para que estes sejam aplicados em lagoas sem
prejuízos para seres humanos e outros animais.
Muitas espécies do
gênero Euphorbia são causadoras de intoxicações, principalmente E.
pulcherrima Willd (bico-de-papaguaio), E. lactea, E. tirucalli
L. (árvore-de-são-sebastião) e a própria E. millii Des Moulins
(coroa-de-cisto). Estas contêm em seus látices compostos que são irritantes
para a pele e para as mucosas (Freitas et al., 1991). O látex destas plantas é
um fluído leitoso que contém um aglomerado de materiais de baixa densidade,
comuns aos látices, e várias enzimas (conhecidas como forbaínas), bem como
terpenos, alcalóides, vitaminas, carboidratos, lipídeos e aminoácidos livres
(Lynn & Clevette-Radford, 1987). Não está esclarecido o princípio
responsável pela ação cáustica do gênero, no entanto, alguns autores (Lynn
& Clevette-Radford 1986/1987; Evans & Edwards, 1987; Schall et al.,
1991) relatam a presença de ésteres de forbol em todas as espécies.
Os ésteres de
forbol são uma complexa mistura do diterpeno tetracíclico, e são responsáveis
pela ação irritante de algumas plantas como, por exemplo, a espécie Jatropha
curcas L., pertencente a esta mesma família, e que será abordada mais
adiante. Estes compostos apresentam atividades promotoras de tumor em
exposições crônicas (Evans & Edwards, 1987). Um dos maiores ésteres de
diterpeno existentes, a resiniferatoxina, é encontrada no látex de E.
resinifera, e em várias outras espécies de Euphorbia. A resiniferatoxina é um
potente irritante, e tem ação semelhante à da capsaicina, excitando e então
dessensibilizando fibras nervosas aferentes primárias. Esta propriedade tem
sido usada na medicina para aliviar a dor através de aplicações tópicas
(Norton, 1996). Além da ação dos ésteres de forbol, a presença de proteases e o
baixo pH do látex (4,5 a
5,5) podem agravar a irritação.
As crianças com idades ente seis e nove anos de idade são as principais
vítimas dos casos de intoxicação com esta planta tóxica.
Os casos mais freqüentes estão associados ao contato do látex com a pele e com
as mucosas. Comuns são os incidentes em adultos em atividades de jardinagem,
provocados pelo contato do látex através com a pele ou o contato da mão suja de
látex com os olhos durante a poda. Em crianças, o contato ocorre freqüentemente
durante as brincadeiras, ao tirar leite da planta para fazer “comidinha”. Casos
de ingestão são mais raros, provavelmente devido ao sabor desagradável do
vegetal e ao rápido aparecimento dos sintomas irritativos da mucosa oral.
A exposição aguda da pele ao látex causa uma condição inflamatória direta sobre
a epiderme, que é caracterizada por vermelhidão, inchaço, dor e necrose dos
tecidos. Quando partes da planta são ingeridas, desenvolve-se uma sensação de
queimação nos lábios, na língua e na mucosa bucal. Subsequentemente surgem
dores intestinais, vômitos e diarreia O contato com os olhos pode levar ao
desenvolvimento de conjuntivites, queratites e uveites, juntamente com inchaço
das pálpebras e fechamento dos olhos devido ao edema. Todos os sintomas ocorrem
imediatamente e podem durar várias horas ou dias após a exposição (Evans &
Edwards, 1987). Karp & Schott (1996) relatam que os pacientes que tiveram
seus olhos acidentalmente instilados com o látex não apresentaram injúrias
oculares significantes, quando tratados imediatamente. Entretanto, pacientes
que demoraram em procurar ajuda médica apresentaram complicações como úlcera
corneal, perfuração da córnea e conseqüente cegueira.Em todas as ocorrências o
tratamento foi sintomático. No caso do contato com a pele, quando medidas de
higiene (como lavagem prolongada do local) forem tomadas a tempo, não ocorre o
desenvolvimento de lesões sérias. Em caso de formação de vesículas ou pústulas,
devem ser tomadas medidas de precauções contra o aparecimento de infecções
secundárias (Schvartsman, 1979). Se o contato for com os olhos, após lavagem
prolongada com grande quantidade de água corrente, é recomendado o uso de
colírios anti-sépticos. Em lesões mais graves, é aconselhado o uso de corticoides e anti-histamínicos. Nos casos de ingestão, a lavagem gástrica é
desnecessária, sendo recomendada somente se a quantidade de planta ingerida for
considerável. A administração de carvão ativado, de laxantes, de analgésicos e
de demulcentes, como leite e óleo de oliva, é recomendada (Schenkel et al.,
2001; Schvartsman, 1979; Ellenhorn e Barceloux, 1988).
Texto: Rejane
Barbosa de Oliveira
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