terça-feira, 14 de maio de 2013

Incubada da Ineagro Cabugi investe em sorvete de pêlo

Por Passos Júnior

Quem é de Angicos certamente provou ou já ouviu falar no pêlo. Uma fruta nativa da caatinga comumente encontrada em toda a região do semiárido. Exótica, essa fruta é proveniente da palma – Opuntia fícus-indica – uma espécie de cacto nativo, que vem se transformando em matéria-prima para a produção de sorvete. A ideia partiu de uma pequena empresária do município de Angicos para fazer jus ao nome da empresa Sertão Gelado. A fábrica é uma das novas incubadas pela Incubadora Tecnológica e Multissetorial do Sertão do Cabugi, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido do Campus de Angicos.
“Temos como diferencial a inovação de sabores aproveitando as frutas da região”, afirma a proprietária da sorveteria Sertão Gelado, Kaline Cristine de Castro Felipe. Além das frutas mais comuns, como manga, caju, umbú e abacaxi, a novidade é o sorvete da fruta do pêlo. “Iniciarmos por sugestão de um vizinho, aceitei o desafio e quem degustou aprovou a novidade”, afirmou. Outros sabores regionais já foram testados com sucesso como: milho, tapioca e rapadura.
A fruta do pêlo remente a uma tradição antiga dos moradores de Angicos que tinham o hábito de consumir a fruta in natura com açúcar. “Quem é de Angicos conhece o pêlo e as muitas histórias envolvendo a fruta”, disse Kaline, adiantando que “para reconhecer um angicano basta olhar embaixo da língua para vê se tem pêlo, se tiver, não resta dúvida, é de Angicos”.
De sabor azedo, a fruta do pêlo possui uma polpa carnuda que também pode ser utilizada na produção de geleias, mouses e recheios (caldas). O quilo chega a custar R$ 10,00. O preço alto é devido à dificuldade no beneficiamento. O fruto deve ser manipulado com cuidado uma vez que a sua casca possui muitos pontinhos cheios de minúsculos espinhos, os pêlos, que penetram na pele. Para retirá-los se faz necessário o uso de uma pinça. Em toda a região nordeste a planta – palmatória ou forrageira – é utilizada como alimentação para os animais no período de seca. Em alguns Estados essa fruta é conhecida como figo da índia.
EMPREENDEDORISMO – O desejo de montar o próprio negócio motivou a pequena empresária a entrar no ramo da produção de sorvetes. Como acontece com a maioria dos pequenos empreendedores, as dificuldades eram proporcionais a vontade de vencer. “Começamos produzindo picolés para vender na escola, para depois iniciar o sorvete”, conta Kaline Castro. “Nem liquidificados nos tínhamos e todos os primeiros equipamentos foram comprados de segunda mão”, afirmou.
A empreendedora lembra que teve a convicção de que estava no caminho certo ao participar em 2010, do curso Empretec e, posteriormente, do Programa Agentes Locais de Inovação – ALI, ambos pelo Sebrae. Kaline também participou de cursos promovidos por empresas privadas fabricantes de maquinários para a produção de sorvete.
“O crescimento com qualidade é a minha meta”, afirma Kaline de Castro, que procurou a Ineagro Cabugi para aprimorar o seu produto e conquistar o mercado regional. Ela diz que os sorvetes do Sertão Gelado têm obtido boa aceitação e a fruta do pêlo veio para ser o grande diferencial, além de levar o nome de Angicos para outras localidades. Atualmente, a empresa tem uma produção mensal de 750 litros de sorvetes e 6.500 picolés, nos mais diversos sabores.

Data: 03.05.2013
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