Texto e foto: Médica
Veterinária Carolina Granconato de Abreu
Entre os
manjericões, há uma espécie com forte aroma de anis, o que gera confusão com
outras plantas com aroma semelhante. Esse manjericão recebe nomes populares,
como, por exemplo, elixir paregórico, anis-do-campo, alfavaca-do-mato,
alfavaca-anis, alfavaquinha, erva-doce-silvestre e atroveran.
Pertence à família
Lamiaceae e recebe a denominação científica de Ocimum selloi. O gênero Ocimum possui diversos
representantes empregados na indústria farmacêutica, alimentícia e de
perfumaria devido, principalmente, aos seus óleos essenciais.
A espécie O.
selloi é herbácea, perene e pode atingir até 1,20m de altura. Suas folhas
são ovaladas, as flores de tons azulados a róseos e os frutos amarronzados. É
uma planta nativa das regiões Sul e Sudeste brasileiras e empregada
popularmente contra distúrbios digestivos como anti-espasmódico, antiinflamatório
e anti-diarreico.
Devido à presença de substâncias
com ação antimicrobiana presentes em extratos das plantas pertencentes a esse
gênero, como os flavonoides, levou uma pesquisa realizada na Universidade
Estadual de Ponta Grossa a pesquisar a atividade no óleo da alfavaquinha
frente a cepas de Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas
aeruginosa, bactérias causadoras de doenças em humanos e animais e que
resultam em doenças de trato respiratório e digestório. Os autores observaram
que houve discreta inibição das duas primeiras espécies de bactéria, enquanto
muito pouca da terceira citada. No entanto, os autores enfatizam a necessidade
de maiores concentrações do óleo a serem estudadas, visto que outros estudos
evidenciaram boa ação contra outros patógenos.
Outro estudo detectou eficácia como
repelente do extrato etanólico do óleo essencial da alfavaca contra o mosquito Anopheles
braziliensis, reduzindo em média 98% o número de picadas quando utilizado o
extrato e sem causar nenhum tipo de injúria à pele. O eugenol, um
fenilpropanóide derivado do metabolismo secundário da planta, foi o composto
mais presente detectado na essência da planta, sendo então definido como agente
ativo. Mas os autores enfatizam a necessidade de estudos para conhecermos o
tempo conferido pelo óleo de proteção ao mosquito, além da ação sobre outras
espécies de insetos, inclusive e principalmente os transmissores de
doenças.
Vários compostos do metabolismo
secundário também têm ação antifúngica como alcaloides esteroidais,
glicoalcalóides, quinonas, e taninos, cada um com seu método de interferir na
sobrevivência do fungo. Tais compostos estão presentes nos óleos essenciais em
diferentes concentrações e por isso, junto dos métodos de ação distintos,
dificultam a criação de resistência por parte dos patógenos. Os terpenos são a
principal classe presente nas essências. É importante frisar que a composição
bem como concentração dos compostos ativos varia nas plantas de acordo com
fatores ambientais, como temperatura, umidade, época do ano, incidência solar,
e fatores da planta, como idade, região da planta, estado nutricional e de
desenvolvimento da mesma.
Na área veterinária, já foi realizado
um estudo direcionado à ação anti-fúngica do óleo essencial da planta sobre Microsporum
canis e Candida spp que causam dermatose e infecção sistêmica
respectivamente em cães e gatos, sendo também zoonoses. Sendo que os princípios
ativos em maiores quantidades no óleo testado foram o cineol e o lialol, os
quais tiveram ação antifúngica sobre todas as cepas de patógenos testadas, o
que torna promissor o desenvolvimento de fitoterápicos de custo reduzido e
menor chance de resistência, que já tem sido observada por cepas de Candida
spp.
Referências
FARAGO, P. V. et al. Atividade
antibacteriana de óleos essenciais de Ocimum selloi Benth. (Lamiaceae). Publ. UEPG Ci. Biol.
Saúde, v.10, n.3/4, p.59-63, 2004.
PAULA,
J. P. et al. Atividade
Repelente do Óleo Essencial de Ocimum
selloi Benth. (variedade eugenol) contra o Anopheles braziliensis Chagas. Acta Farmacéutica Bonaerense - v. 23 n. 3,
2004.
VIEIRA, P. R. N. Atividade antifúngica dos
óleos essenciais de espécies de Ocimum frente
a cepas de Candida SPP. e Microsporum canis. Dissertação apresentada ao
Programa de Pós- Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de Veterinária
da Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2009.
Eu cultivo esta planta. Trouxe-a da Madeira. Tem um aroma muito intenso a anis.Contudo desconhecia quase por completo as suas aplicações. Sabia apenas que era usado como repelente de insectos e para aromatizar bebidas. Agora fiquei muito bem esclarecido. Obrigado!
ResponderExcluirJoão Carlos
Grato pelo comentário. Ela tem o aroma forte de anis, e, por isso, é confundida com o anis (Pimpinella anisum).
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa noite
ResponderExcluirOnde poderei arranjar esta espécie para plantar no meu jardim de aromáticas?
Obrigado,
Gonçalo Santos
Olá, Gonçalo! A planta nasce espontaneamente, sendo raro encontrar sementes para comprar. Você mora onde?
ExcluirEu não fazia a mínima ideia... Eu ando à procura desse ocimum e da variedade sanctum (tenuiflorum) e do grantissimum mas aqui em Lisboa não encontro
ResponderExcluirBOA TARDE POR FAVOR PRECISO MUITO DESTA PLANTA.
ResponderExcluirALGUÉM PODERIA ME VENDER UMA MUDA ?
SOU DE RIBEIRÃO PRETO-SP.
Essa planta é comum. Tem aroma de anis. Me passe seu e-mail e quando conseguir sementes, te aviso
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